Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Os 80 anos da visita do dirigível Hindenburg ao Rio de Janeiro

Por André Araújo

80 ANOS DO DIRIGÍVEL HINDENBURG NO RIO DE JANEIRO – Em 31 de março de 1936, o navio aéreo HINDENBURG, fabricado pela Zeppelin, chegava ao Rio de Janeiro, um das suas 7 viagens ao Brasil, que ao lado de 10 viagens aos EUA, foram as únicas travessias do Atlântico desse dirigível, a maior nave aérea que cruzou os céus até hoje.

Com potência de 4 motores Mercedes Benz de 1.200 HP cada, 200.000 metros cúbicos de hidrogênio, o dirigível tinha 245 metros de comprimento, levava 50 passageiros e 40 tripulantes, com grande luxo e conforto, cozinha com chef premiado, cabines-leito privativas. A nave tinha 16.000 quilômetros de autonomia de voo, a 115 quilômetros por hora.

Sua impecável engenharia era orgulho da Alemanha e foi veículo de propaganda do Terceiro Reich. A única estação especialmente construída, com mastro de aço, para ancorar o Zepellin que permanece como era é a de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, não há nenhuma outra estação preservada.

O Hindenburg terminou sua vida em um desastre quando estava em fase de ancoragem em Lakehurst, nos EUA, incendiando-se e causando a morte de dez passageiros e onze tripulantes, com causas definidas como faísca nos cabos de aço de amarração que, em contato com a tela e o hidrogênio, provocaram uma explosão, encerrando a vida dos Zeppelins.

A firma Zepellin continua em plena existência com grandes fábricas na Alemanha e no Brasil, manufaturando caixas de câmbio e engrenagens para a indústria automobilística. O desastre provocou o abandono da própria ideia do dirigível por décadas, que agora volta como veículo para diversos usos, como por exemplo supervisão de linhas de transmissão, áreas de fronteira e transporte de carga, funções em operação nos EUA e também no Brasil.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

14 Comentários

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  1. Só que o nome da empresa é outro:

    ZF – Zahnradfabrik Friedrischhafen. 

    A propósito, como o tratado de Versalhes proibia a Alemanha de produzir uma série de produtos, os alemães encontraram um jeito de burlar a lei: instalaram na Suiça, junto ao Bodensee uma fábrica, operada por alemães que iam atravessar a fronteira de barca.

  2. Zeppelin
    Oxente!! O povo daqui de Recife tambem vive dizendo que a torre que tem aqui no bairro do Jiquiá é a unica preservada no mundo. Vôte!!

      1. O Mito do Empire State

           É da cultura popular o mito da “torre de amarração ” do Empire State Building, o Smitshonian tem uma foto montada, mas com o “Los Angeles”, em : http://www.airspacemag.com/daily-planet/docking-on-the-empire-state-building/12525534/?no-ist

            E AA, não esqueça do unico hangar de Zeppelin preservado no mundo e ainda em utilização, na Base Aerea de Santa Cruz , ainda sede do 1o Grupo de Aviação de Caça.

  3. Aerostatos, dirigiveis e Airship Brasil

       Varios projetos de dirigiveis modernos estão em pauta, no Brasil a Airship ( http://www.airshipdobrasil.com.br ), apresentou varios bastante interessantes, inclusive um com capacidade de 300 toneladas de carga, e outros menores destinados a missóes de persistência ( Patrulha ) e principalmente plataformas para equipamentos C4ISR ( Comando – Controle – Comunicações – Computadores – Inteligência – Vigilancia e Reconhecimento ), onde estes equipamentos, os dirigiveis ,com sua baixa velocidade, estabilidade e persistência, podem ser ideais em alguns cenários – e mais baratos, tanto de adquirir como de operar.

        Um ponto até interessante, foi que a unica aeronave destinada especificamente a renovada 4a Frota da US Navy, tratou-se de um dirigivel, um MZ 3 A ( American Blimp Corporation ), todo equipado para missão C4ISR, que ficou em testes até 2013, com base na Flórida, mas o contrato foi denegado em principios de 2014.

         Já os “aerostatos” ( parentes dos dirigiveis ), mas “ancorados” em terra, são desde os anos 90, bastante utilizados como plataformas de vigilancia não tripuladas, sendo israelenses ( exército ) e Estados Unidos ( Exército, Guarda Costeira, ICE/Border Patrol ) os maiores utilizadores.

         P.S. : A foto que ilustra a matéria, é do LZ 127 ” Graf Zeppelin ” e não do LZ 129 ” Hindenburg “.

  4. A minha mãe que faleceu

    A minha mãe que faleceu recentemente ao 92 anos, viu esse dirigível.

    Ela conta que quando esse “monstro” passou na cidade do interior do RJ, onde morava, as pessoas não sabiam do que se tratava, e corriam de um lado para o outro desesperada sem saber o que fazer. Como era muito grande, a impressão que se tinha é que ele estava em baixa altitude.

    Muitas pessoas daquelas época que viram o Zepellin, ainda hoje tem a lembrança do “monstro” assustador.

    Nesta época, principalmente no meio das pessoas simples, ainda não se tinha a ideia de OVNIs.

  5. Nos anos 90/2000 a GoodYear

    Nos anos 90/2000 a GoodYear usou um balão com este desenho como publicidade em SP. Parece que parou devido ao ”congestionamento’ aréreo de helicópteros a perder de vista.

  6. Acidentes

     O acidente de Lakehurst com o LZ 129 em 1937, foi o mais famoso, afinal foi “filmado”, rodou o mundo inteiro, alem de ter consequencias politicas importantes, mas não foi o que mais teve vitimas, alguns forma estes :

      1. Marinha Francesa, o ” Dixmude ” : Como reparação da 1a GM, a França recebeu o Zeppelin L72/LZ 114*, o qual em rota da França para o Norte da Africa, explodiu próximo a Sicilia em 1923, com 52 mortos.

      2. O Royal Navy R 101 : Explodiu em rota da Inglaterra – Karachi em 4/10/1930, sobre a França, deixando 48 mortos.

     3. O USS Akron ( US Navy – classe ZRS ): Diferente dos LZs germanicos, mas utilizando motorização alemã da Maybach, era “enchido” não de hidrogenio, mas de hélio ( não inflamavel ), e de origem de projeto/doutrina, poderia ser considerado um “porta aviões aereo”, pois podia levar como “parasitas”**, até 4 caças Curtiss F9C em suas laterais, mas o USS Akron foi destruido por uma tempestade na costa de New Jersey em 03/04/1933, ocasionando 73 mortes, sendo o maior acidente com dirigiveis da história.

       Pitada histórica : Por muito pouco a FAB não teve dirigiveis, pois durante a 2a Guerra Mundial, duas unidades da US Navy, ficaram baseadas no Brasil, a ZPN-41 em São Luiz ( responsavel pela patrulha ASW *** de Fortaleza a Macapá ), e a ZPN – 42 em Maceió ( responsavel pela patrulha de Maceió até Rio de Janeiro ), cada unidade com 8 dirigiveis semi – rigidos ZNP-K, e oficiais e graduados da FAB operaram estas aeronaves em conjunto com a US Navy, e pelos acordos de Lend Lease, no pós guerra estes engenhos ficariam de posse da FAB, o que não ocorreu, foram trocados por Lockheeds Ventura.

       * L72 ou LZ 114 : O primeiro numeral refere-se a Marinha Imperial Alemã, já o segundo é o que chamamos de “c/n” ( construction number ).

      ** “parasitas” : um tipo de guindaste lançava os caças, e este mesmo aparato os recolhia em voo.

      *** ASW : luta anti submarino.

  7. O hidrogênio não se usa mais,
    O hidrogênio não se usa mais, mas os dirigíveis estão sendo reprojetados usando tudo que a tecnologia pode oferecer. Tem muitas vantagens em certos casos se a velocidade não for a prioridade. São ecológicos, silenciosos e, sem o hidrogênio, extremamente seguros já que não caem. Têm futuro.

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