Os brasileiros nas companhias de balé dos EUA

Do G1

Jovens brasileiros se destacam em companhias de balé dos EUA 

Jovem de 17 anos vai integrar o Miami City Ballet como profissional. Casal de namorados participa de turnê da The Albany Berkshire Ballet. 

Mariana Oliveira
Do G1, em São Paulo 

Erick e Bruna durante apresentação da companhia jovem do Bolshoi no Brasil

Três jovens bailarinos brasileiros, que estudam no Teatro Bolshoi no Brasil, escola em Joinville (SC) da famosa companhia de balé russa, se destacam em companhias de dança dos Estados Unidos. 

O bailarino Jovani Furlan Junior, de 17 anos, embarca no fim deste mês para Miami, onde passará a atuar, a partir de janeiro de 2011, como bailarino do Miami City Ballet, no estado da Flórida. Ele passará seis meses na escola da companhia para se adaptar ao método e, depois, será contratado como bailarino profissional.

Já o casal de namorados, Bruna Gaglianone, de 19 anos, e Erick Swolkin, de 20, participa como protagonista da turnê da companhia The Albany Berkshire Ballet, que ocorre até o dia 20 de dezembro em cidades de três estados norte-americanos. O tradicional espetáculo natalino “O Quebra Nozes” já passou por Vermont e Massachusetts – a estreia foi no fim de novembro. As apresentações continuam neste fim de semana e a turnê se encerra em 20 de dezembro, na cidade de Albany, em Nova York.

Profissional em Miami
A carreira internacional deve virar realidade para o jovem catarinense Jovani. Nascido em Joinville, ele começou no balé aos 10 anos e entrou no Bolshoi sem saber nada sobre dança. A um ano de se formar como bailarino, o que aconteceria no fim de 2011, teve o talento descoberto em junho durante um dos principais concursos de dança do mundo, o USA International Ballet Competition (IBC), no estado do Mississippi, que acontece a cada quatro anos. 

Com ajuda da direção do Bolshoi no Brasil, ele e outros alunos se inscreveram. Tinham de ficar depois do horário da aula para ensaiar para o concurso. Os bailarinos participantes tinham direito a alojamento, mas tiveram que pagar a passagem. “Meu avô comprou a passagem parcelada e meus pais estão pagando até hoje. Mas valeu a pena”, conta.

O jovem não passou da primeira etapa do concurso, mas permaneceu fazendo aulas disponíveis para os participantes. Quando voltou ao Brasil, recebeu uma boa notícia: um diretor do Miami City Ballet havia ligado para seu professor dizendo que estava interessado em contratar Jovani. 

Estados Unidos eles têm outro método. Aqui usamos o método russo. Fico seis meses como aluno, sem receber. Depois entro para o corpo de baile com um salário. Estou bastante ansioso”, diz o rapaz. Jovani diz que há oito brasileiros atualmente no Miami City Ballet.

A única preocupação, diz Jovani, é a saudade que sentirá da família. “Eu sou o único filho e muito apegado aos meus pais. Eu sei que eles vão sentir minha falta, mas querem que eu vá. E fico imaginando quando puder voltar, para ficar de férias. Eu pretendo vir sempre para cá nas férias.”

O jovem diz ainda que também pretende dançar na Europa. “A companhia de Miami é a terceira maior dos Estados unidos. Mas eu nunca penso que cheguei ao limite, não quero ficar estagnado. Quero ficar lá por um tempo, aprender. Um dia pretendo ir para Europa, onde estão os melhores.” 

Turnê pelos EUA
Os namorados Bruna e Erick estão nos Estados Unidos desde a segunda semana de novembro para os ensaios da turnê de “O Quebra Nozes” do Berkshire Ballet. Após enviarem um vídeo com os dois dançando, Bruna foi selecionada para ser Clara, protagonista do espetáculo que ganha um boneco que se transforma em príncipe, que, por sua vez,será interpretado por Erick. 

Nascida em Caxias, no Maranhão, a bailarina diz que nem ela nem o namorado haviam participado antes de audições de balé de companhias brasileiras ou internacionais. Apesar disso, ela sempre acompanha os sites que divulgam as seleções que acontecem pelo mundo. “Nós enviamos um e-mail com um vídeo que tem no Youtube. Logo depois eles responderam dizendo que a diretora do Albany Ballet tinha ficado muito interessada e pediu que nós enviássemos currículo. Logo depois, eles mandaram outro e-mail nos convidando para a turnê. E disseram que pagariam nossas despesas, além do cachê.” 

A maranhense diz que recebeu o resultado da seletiva com muita alegria. “É uma grande chance dançar com outra companhia, levar o nome da Companhia Jovem da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil para outro país, e mostrar que no Brasil não tem só futebol e samba”, afirmou. Tanto ela quanto o namorado Erick integram a companhia jovem, que é um grupo formado por bailarinos que se formam preferencialmente na escola de Joinville.

Desde que chegaram nos Estados Unidos, foram oito horas de ensaio diário para a turnê. E essa dedicação à dança começou na infância, relata a bailarina. “Comecei a fazer balé aos 8 anos em São Luís. Em 2002, alguns professores da Escola Bolshoi visitaram a minha escola e fizeram a divulgação. Minha professora me incentivou a fazer o teste. Eu fiz e passei em primeiro lugar, ganhei uma bolsa e fui pra Joinville. A princípio eu me mudei para Joinville somente com a minha mãe, depois de 2 anos, quando meu pai realmente soube que era isso que eu queria, ele se mudou para Joinville também”, relembra. 

O namorado Erick nasceu em São Paulo, mas mudou com a família para Joinville antes de conhecer o balé. Acabou entrando em uma das seletivas para a escola do Bolshoi.

Bruna e Erick namoram há dois anos e se conheceram na escola do Bolshoi. A vida deles, diz a jovem, é o balé. “Nós só brigamos por causa de balé. É muito engraçado, porque geralmente o nosso assunto é sempre sempre balé. Não dá pra separar as duas coisas. Quem quer ser bailarino profissional tem que viver 100% pra dança. E as vezes ensaiamos quando estamos fora do Bolshoi também”, conta.

Eles pretendem usar a experiência na companhia norte-americana para tentar carreira de bailarinos internacionais. “Nós dois temos muita vontade de dançar fora, pois, no Brasil não existem muitas companhias clássicas. Com certeza, essa turnê pode ser um grande passo pra isso, pois seremos assistidos por muitos profissionais nas cidades que passaremos. O que nós esperamos, na verdade, é que possam surgir grandes companhias clássicas no Brasil, para que os talentos brasileiros não saim para outras companhias do mundo por não ter opção no seu próprio país.” 

Luis Nassif

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