Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Pirarucu, o bacalhau do norte

Pirarucu

do site Só História

A lenda do Pirarucu teve sua origem nas águas amazônicas. O Pirarucu é um dos maiores peixes de escama do Brasil. E para explicar sua origem os índios costumam contar a seguinte lenda. O Pirarucu era um índio guerreiro da nação dos Nalas e que este jovem índio era muito valente e muito orgulhoso, vaidoso e injusto e gostava de praticar a maldade. Foi então que o Deus Tupã resolveu castigá-lo por todas as suas maldades e pediu a Deusa Luruauaçu que fizesse cair uma grande tempestade e assim aconteceu. Uma forte chuva caiu do céu sobre a floresta de Xandoré, o demônio que odeia os homens começou a mandar raios e trovões tornando a floresta toda eletrizada pelos fortes relâmpagos e o  forte guerreiro chamado de Pirarucu encontrava-se na hora da chuva caçando na floresta e tentou fugir, mas não conseguiu, vencido pela força do vento caiu ao chão e um raio partiu uma árvore muito grande que caiu sobre a cabeça do jovem guerreiro, achatando-lhe totalmente. O jovem guerreiro teve seu corpo desfalecido, carregado facilmente pela enxurrada para as profundezas do rio Tocantins, mas na floresta Xandoré o Deus Tupã ainda não estava satisfeito e resolveu transformá-lo aplicando-lhe um castigo severo e transformou o jovem guerreiro num peixe avermelhado de grandes escamas e cabeça chata e é este peixe Pirarucu que habita os rios da Amazônia.

***

Mamãe narrava a gaiatice de um papagaio que existia na escola de Dona Sinhorinha, na velha e boa São Bernardo das Russas (Russas). Algum engraçadinho ensinou ao louro uma modinha folclórica que tinha versos rimados com Iguatu e Pirarucu. Só que ensinou assim:

Na Fortaleza não tem mais dotô

Já foram todos para o Iguatu

Foram pra lá pra tratar do povo

Que comeu da carne do piraru…

Do piraru…

E a meninada indócil: Canta meu louro!

– Do piraru, do piraru…

 

Fazia muito tempo que procurava resgatar esse mote folclórico. Ontem, por mera coincidência, dei de cara com Jamelão interpretando PIRARUCU, do  folclore, adaptado e recriado por Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, em gravação Odeon 13.048, de outubro de 1950. Prazerosamente, divido esse PIRARUCU com todos os amigos do Blog Luis Nassif e com quem quiser ouvi-lo e saboreá-lo.

 Hoje lá no Crato não  tem mais dotô

Já foram todos para o Iguatu

Foram pra lá pra tratar do povo

Que comeu da carne do pirarucu

 

Pirarucu, que peixe mais reimoso

Que carne forte, Deus Nosso Senhor

Cumadi Rosa ficou indisposta

De barriga inchada, que foi um horror

 

Mas o cumpadi disse pro dotô

Pirarucu não pode fazer má

Tão saboroso, o bacalhau do norte

Que apesar de forte é carne especiá

 

 

 

 

 

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

42 Comentários

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  1. Quem vai ao Pará, parou

    Tomou açaí, ficou!

    Mas além do açaí experimente um belo pirarucu frito com salada de feijão manteiguinha. Ou o pirarucu no leite da castanha, que é ainda melhor!

    E aproveite que já está lá e peça uma pratiqueira frita com farinha baguda. Ou uma sopa de caranguejo. Ou um filhote com arroz de jambu. Pra sobremesa uma torta de cupuaçu com queijo do reino. E nem vou falar do tradicional tacacá das cinco, do arroz paraense e da maniçoba…

    1. “Caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento…” apenas

      com Luna junto  a mim, recordei de um texto que escrevi em 2009 para uma personagem amazônica da vida real.

      Tratava-se da mãe de minha cunhada e esta me encomendou- como se precisasse- um texto em homenagem à mãe que acabara de falecer.

      Nunca havia feito nada parecido, que louvo a vida (mal sabia eu que em 2014 haveria de escrever um tributo ao meu sobrinho jovem e assassino em um assalto no Rio),  mas para essa xamã amazônica escrevi sim umas linhas

      Era assim:

       

      Dona Ana Inajosa:

       

      Gosto de lembrar da Dona Ana que conheci nos anos sessenta:

      o rosto redondo, a pele morena, índia do sorriso doce, uma xamã,

      sempre de fala calma, como se dissesse que tudo um dia iria se resolver …

      doce, que criou filhos a leite condensado,

      doce porque ajudou a todos os seus, os dos outros, os dos outros …

      doce, que gostava de novelas, dos personagens todos, 

      que quando teve que voltar a Macapá reclamou de não poder mais de lá acompanhar seu  Sheik de Agadir

      doce, que cozinhava delícias e comia com netos no colo,

      enfeitando a paisagem com cena de filme italiano

      doce, de costurar muitas coisas,

      ter zelo e capricho

      de fazer tudo ficar bonito

      doce, de gostar de ouvir as coisas que a gente ia lá contar a ela

      “Minha filha, mas não ligue pra isso, não”- com um acento no falar, perfumado à tacacá, tucupi e doce, como leite condensado.

      Sempre rezando.

      Do tempo que convivi com Dona Ana, sempre me recomendou que se alguém nos atormentasse, que se rezasse uma oração para ele.  

      Nos últimos tempos, fui visitá-la e foi sua vez de me ouvir e querer adivinhar, apenas pelo ouvido, como eu e meu filho estávamos.

      Rezava ainda e com bravura tentava sobreviver.

      Guardo comigo doces e sábias palavras de Dona Ana, das quais jamais vou me esquecer.

       

      Com carinho e eterna gratidão.

      Odonir Oliveira

      2009

       

       

       

       

       

      1. É a ventrecha!

        A posta suculenta e deliciosa do peixe que fica logo atrás da cabeça e antes de começar as espinhas da costela. Mas vamos cominar assim: deixo encomendado aqui um pirarucu frito com salada de feijão manteiguinha e uma ventrecha de filhote com vinagrete e macaxeira frita, pode ser?

        E chama Verequete!

      1. Véim

                           Apertei um tecla sacana

                           e a mensagem seguiu

                           antes da hora profana.

                           O Mineirinho nunca erra.

                           Ele apenas se engana.

                          

        O comentário completo, pra arrasar o seu postinho suspeito, tá vindo aí, se a Equipe de Demoração deixar.

        Doi um boi pra SSMB fazer uma churrascada, só prá ver a sua reação e a sua cara chata, vermelha e nervosa, como um Zeus cearense, depois de ler o desconstrutivo comentário do Mineirinho.

        Pra festejar o seu colapso total e tentar recuperar o coração do Véim, darei uma boiada par pastar nos últimos vestígios da vegatação do maaguezal do finado Parque do Cocó.

      2. fui

                           Nem só de lambanças

                           vive o abençoado cearense.

                           Mandou bem, Meu Pança,

                           a deusa da viola mato-grossense

                        

    1. O Velho do Rio

                         aquí não tem Iara e nenhum pirarucu

                         nem guerreiro caçador de anum

                         pintado com a tinta do urucum

                         o rio secou

      [video:https://youtu.be/7LbghgcICaw width:600]

  2. A lambança cearense

    Ninguém merece compartilhar este bacalhau confuso e mal temperado

    1 – “… guerreiro da nação dos Nalas, jovem muito valente, muito orgulhoso, vaidoso, injusto e gostava de praticar a maldade”

    – era o embaçado Mineirinho

    Deus grego Zeus, em God of War

    2 – “Foi então que Zeus (?) resolveu castigá-lo por todas as suas maldades e pediu a Deusa Tucanuçu que fizesse cair uma grande tempestade e assim aconteceu”

    – São Pedro in action now

     3 – “Uma forte chuva caiu do céu sobre a floresta de Xandoré”

    – não tenham dúvidas: era São Pedro despejando raios e trovoadas

    4 – “… o demônio, que odeia os homens, começou a mandar raios e trovões, tornando a floresta toda eletrizada pelos fortes relâmpagos”

    – a reportagem de Dante Alighieri foi publicada no blog da “Poetisa das Aguardentes Gregas”

    5 – “… o  forte guerreiro – caçador de anum, pintado com a tinta do urucum -, chamado de Pirarucu, encontrava-se, na hora da chuva, caçando na floresta e tentou fugir’

    – ele não era um guerreiro de verdade, mas um lerdão que viajava na maionese e não sabia ler os sinais de chuva

    [video:https://youtu.be/8UqktoGBBf4 width:600]

    6 – “… mas não conseguiu, vencido pela força do vento’

    – o guerreiro espartano não fez nada, porque ouvia, no fone de ouvido, uma hipnótica canção do Baú do Lulu

    [video:https://youtu.be/XRJAihiZz18 width:600]

    7 – ‘… caiu ao chão e um raio partiu uma árvore muito grande – era uma figueira do Parque Estadual do Rio Doce -, que caiu sobre a cabeça do jovem guerreiro”

    – A LENITA JÁ VINHA ALERTANDO SOBRE AS REINCIDENTES LAMBANÇAS

    cometidas no blog do Lulu, que se apresenta como musical e nós fazemos de conta que acreditamos.

    8 – FECHA O PANO!

         RÁPIDO!

         FUI!

    1. Procura-se o monstro

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=lxaLosEQBoc%5D

       

       

      O MONSTRO DO LAGO LARGO

       

      Nas águas estáticas

      o oculto ser eclipsado de dor

      rumina sua sina água barro lodo chão

       

      Cabeça disforme 

      corpo bipartido

      membros quase resignados.

       

      Entretanto, com um mínimo movimento,

      águas estáticas se chocam

      levemente

      se chocam

      promovendo duas mãos 

      estendidas

      acima do lodo.

       

      Mãos que exalam perfume

      Mãos que adoçam o ar

      Mãos que murmuram, 

      como bocas,

      uma lírica

      desconhecida,

      estrangeira,

      incomum.

       

      Odonir Oliveira

      1. Matador de Pirarucu

        Um parça enviava meus vídeos para um parceiro dele, metido a aviador & otras presepadas más (más; com acento) e eles se divertiam, porque são roceiros juramentados, como eu.

        Depois que o Nikinho me contou que o Zezé Batata matou um imenso pirarucu, que foi criado e engordado na lagoa do pai dele, em Central de Minas, eu “tomei raiva” desse cara.

        Não me falem mais dele.

        Por favor!

        1. Mineirinho, câmbio … hoje estou meio assim, meio assado (a)

          que nem biruta no aeroporto de claudio, com letra minúscula e negrito.

          Mas é BÃO TAMEM, ok.

           

          Queria deixar aqui registrada a pegada da Luna, mas a amiguinha poetisa dela não sabe capturar da máquina suas belíssimas fotos de forma a expô-la publicamente.

          Entretanto, achou a poetisa uma sósia bem menos bonita porque essa aqui é meio vira-lata com border collie e a que exporei agora de perfil (para considerações mais ternas que as dirigidas aos pirarucus salgados ou abacalhoados, sei lá,) não é vira-lata como a daqui de casa.

           

          1. O perrengue do Véim do Mar

            Tubarucu, o bacalhau da morte,

            o monstro que nunca se viu.

            No dia primeiro de abril

            ele engoliu o Véim

            e fugiu.

      2. Mineirinho burro

                            Poetisa das Águas Bentas,

                            um certo dia, estava o Mineirinho

                            dando um perdido nas águas bispantes

                            da chocante Lagoa do Bispo.

                            Nesta ponta do terreno,

                            que avança para dentro do lago,

                            descobri vários jacarezinhos entre os juncos.

                            Bem feito pra mim, por não ter registrado

                            aquele acontecimento extraordinário

                            – único.

         

        1. Mangava?

          Isso aí é som de mutuca. Aqui, quando alguém está repetindo muito as mesmíssimas coisas e enchendo o saco da gente, dizemos:

          NEM ESCUTO A ZOADA DA MUTUCA!

          Fui!

          1. Se lig

             Grande, pirarucuculosa e invocadinha Mutuca do Ceará,

            Uma das minhas amiguinhas mais especializadas nas artes e manhas do murucututu xonado, ouviu esse som doideira, agora.

            Sem ver as imagens, ela disse que era escapamento de uma motocicleta.

            SE LIGA:

            “Cada um de nós vê o mundo com os olhos que tem, e os olhos vêem o que querem, os olhos fazem a diversidade do mundo e fabricam as maravilhas, ainda que sejam de pedra, e altas proas, ainda que sejam de ilusão.”

            – José Saramago

  3. Elegância

                        Uma garça com essa cor

                       “É muito mais elegante
                        Caminha assim de lado
                        Como se chegando atrasada
                        Chegasse mais adiante”

                        Trecho de “Dor elegante” de Leminski

    GreatEgret_Flight_HS4772

    A danada é elegante até pra fazer garcinha!

    [video:https://youtu.be/0wKsxonGuVc width:600]

    1. Garça Linda

      Dor elegante

      Um homem com uma dor
      É muito mais elegante
      Caminha assim de lado
      Com se chegando atrasado
      Chegasse mais adiante

      Carrega o peso da dor
      Como se portasse medalhas
      Uma coroa, um milhão de dólares
      Ou coisa que os valha

      Ópios, édens, analgésicos
      Não me toquem nessa dor
      Ela é tudo o que me sobra
      Sofrer vai ser a minha última obra

      Paulo Leminski

  4. Science Daily

    Os Maias cultivavam a mandioca há 1400 anos

    ScienceDaily (17 de junho de 2009) – Uma equipe da Universidade do Colorado, em Boulder, descobriu um antigo e desconhecido sistema agrícola Maia, que revelou ser um grande campo de mandioca intensamente cultivado, sepultado e requintadamente preservado sob um manto de cinzas expelidas por uma erupção vulcânica na atual El Salvador, há 1.400 anos atrás.

    Estima-se que os campos de plantação em Ceren teriam produzido cerca de 10 toneladas de mandioca por ano para apenas os 100 a 200 aldeões, que acreditam ter vivido lá. “A questão agora é o que essas pessoas da aldeia estavam fazendo com tudo o que era produzido e foi colhido de uma só vez”, disse o Professor Payson Sheets. “Mesmo que eles se empanturrassem, eles não poderiam ter consumido muito.”

    Quer dizer, então, que os selvagens ignorantes poderiam realmente trocar seus excedentes? Isso é impossível.

    Os povos indígenas na América do Sul tropical usam a mandioca, até hoje, para preparar bebidas alcoólicas, incluindo a cerveja.

    A equipe da CU-Boulder estará testando os vasos de cerâmica com vestígios de mandioca, recuperados de várias estruturas em Ceren. 

    Até o momento, 12 estruturas foram escavadas e outras, que foram detectadas pelo radar de penetração no solo, permanecem enterradas disse Sheets.

    Fonte: http://oilismastery.blogspot.com.br/2009/06/maya-more-advanced-than-racists-had.html

    Mais informações:

    http://www.colorado.edu/news/releases/2011/10/05/cu-boulder-team-discovers-ancient-road-maya-village-buried-volcanic-ash

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