Esta semana, em Poços de Caldas, conheci o seu Pedro, pedreiro. Sua mãe foi uma das fundadoras da primeira escola de samba de Poços, militante do Chico Rei Clube.
E ele confirmou uma história que já conhecia sobre o grande Zé do Caé, filho do Caé da funerária, pessoa mais forte que jamais passou por Poços.
Alguém da escola de samba mexeu com o Caé, que resolveu enfrentar a escola inteira no braço. Botou todo mundo para correr. O mais forte deles, o Vinicius, dono de um caminhão, terminou encarapitado em um poste e o Caé balançando o poste para ver se ele caía.
Caé era um dos comunistas de Poços. Nos anos 50, nos fins de semana alguns dos internos do Colégio Marista – dentre os quais o futuro grande jornalista Luiz Fernando Mercadante – iam até a funerária ouvir as pregações políticas do Caé. Iam até uma sala, onde ficavam expostos os caixões. Caé abria os caixões e cada qual deitava em um deles para tocar a discussão.
Depois de 64, cada problema que havia na cidade, levavam o Caé preso. Ficava alguns dias por BH e depois retornava. No grupo de presos entravam subversivos de outras partes do país, acho que até o futuro jornalista Talvani Guedes da Fonseca.
Caé botava todo mundo para jambrar. Acordava cedo e comandava as sessões de ginástica na cela.
Até que um dia se irritou com tanta prisão, arrumou a mala, rumou para BH e pediu para falar com o chefe do DOPS. Levaram até sua sala. Caé bateu a mala na mesa e desafiou:
– Veja aí se tem alguma coisa mais contra mim. Me prende de uma vez ou para de me encher o saco.
Conseguiu. Nunca mais vieram encher o seu saco.
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Muito boa!
Rindo muito!
Meu panteão tem mais um herói: Caé.