Schopenhauer e a verdade sobre o amor

Enviado por jns

A verdade acerca do amor

“Nos submetemos a telefonemas ansiosos e jantares caríssimos, à luz de velas, por uma única razão: o impulso biológico para perpetuar a espécie.”

O escritor Alain de Botton analisa as ideias do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) acerca do amor.

Redação

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  1. A felicidade é experiência difícil

    Acerca do amor e algumas de suas particularidades na psicose

    Com uma lucidez que agredia sua época, Freud constatou no amor a fonte de valiosos vínculos entre os humanos, mas registrou que, por seus caminhos, a felicidade é experiência difícil. Em uma forma lacaniana de dizer, principal orientação do que se dispõe a escrever, ele se deparou com um circuito inconsciente de desejo e gozo favorecendo a construção de uma fórmula secreta para a condição de amar, ou seja, para a escolha de objeto sexual que cada sujeito se impõe. 

    Ilka Franco Ferrari

    Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

    RESUMO

    O tema do amor é percorrido e articulado às questões próprias de parcerias na psicose, tendo a Psicanálise lacaniana como principal referência. São abordadas algumas formalizações consideradas essenciais para ponderar a dificuldade de sua existência na psicose: amor como paixão do ser que acalma a falta-a-ser, portanto associado a dar o que não se tem; amor como sublimação do desejo, como afeto que para de escrever-se, contingencial; amor suplência da não relação sexual e diferenciador do parceiro de um puro sintoma. Considera-se a possibilidade de se dizer do amor na psicose, mas como amor morto, em função da própria constituição subjetiva desses sujeitos. Consequentemente se localiza a posição subjetiva do parceiro do psicótico que não é sintoma do inconsciente e a posição do sujeito psicótico na relação sexual que faz existir. Abordam-se, também, o uso do órgão e de certos indicadores que possibilitam parcerias duradouras, atestadas pela clínica e pela vida diária.

    Confira o estudo na íntegra:

    http://seer.psicologia.ufrj.br/index.php/abp/article/view/553/363

  2. Ah, diz-me a verdade acerca do amor

    Há quem diga que o amor é um rapazinho,

                E quem diga que ele é um pássaro;

    Há quem diga que faz o mundo girar,

                E quem diga que é um absurdo,

    E quando perguntei ao meu vizinho,

                Que tinha ar de quem sabia,

    A sua mulher zangou-se mesmo muito,

                E disse que isso não servia para nada.

     

          Será parecido com uns pijamas,

             Ou com o presunto num hotel de abstinência?

          O seu odor faz lembrar o dos lamas,

             Ou tem um cheiro agradável?

          É áspero ao tacto como uma sebe espinhosa

             Ou é fofo como um edredão de penas?

          É cortante ou muito polido nos seus bordos?

             Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

     

    Os nossos livros de história fazem-lhe referências

               Em curtas notas crípticas,

    É um assunto de conversa muito vulgar

               Nos transatlânticos;

    Descobri que o assunto era mencionado

               Em relatos de suicidas,

    E até o vi escrevinhado

               Nas costas dos guias ferroviários.

     

          Uiva como um cão de Alsácia esfomeado,

             Ou ribomba como uma banda militar?

          Poderá alguém fazer uma imitação perfeita

             Com um serrote ou um Steinway de concerto?

          O seu canto é estrondoso nas festas?

             Ou gosta apenas de música clássica?

          Interrompe-se quando queremos estar sossegados?

             Ah! diz-me a verdade acerca do amor.

     

    Espreitei a casa de verão,

                 E não estava lá,

    Tentei o Tamisa em Maidenhead

                 E o ar tonificante de Brighton,

    Não sei o que cantava o melro,

                 Ou o que a tulipa dizia;

    Mas não estava na capoeira,

                 Nem debaixo da cama.

     

          Fará esgares extraordinários?

             Enjoa sempre num baloiço?

          Passa todo o seu tempo nas corridas?

             Ou a tocar violino em pedaços de cordel?

          Tem ideias próprias sobre o dinheiro?

             Pensa ser o patriotismo suficiente?

         As suas histórias são vulgares mas divertidas?

            Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

     

         Chega sem avisar no instante

            Em que meto o dedo no nariz?

         Virá bater-me à porta de manhã,

            Ou pisar-me os pés no autocarro?

         Virá como uma súbita mudança de tempo?

            O seu acolhimento será rude ou delicado?

         Virá alterar toda a minha vida?

            Ah, diz-me a verdade acerca do amor.

           Janeiro, 1938

    W.H. Auden , DIZ-ME A VERDADE ACERCA DO AMOR

    Tradução de Maria de Lourdes Guimarães , Relógio d´Água , 1994

    Fonte: http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/w_h_auden/poetas_whauden_ahdizme01.htm

  3. A reinvenção virtual na irrealidade

    CARÊNCIA AFETIVA E NECESSIDADE DE AUTO-AFIRMAÇÃO NAS REDES SOCIAIS

    OBVIOUS | Soraya Rodrigues de Aragão

              Redes Sociais.png

    Com a democratização do acesso à internet e redes sociais, foram internalizados novos aspectos comportamentais e agregados novos valores sociais. Através destes contextos,criamos muitas vezes uma realidade pré-fabricada a partir das nossas carências afetivas e emocionais, sendo as redes sociais o grande termômetro da insatisfação e insegurança das pessoas consigo mesmas.

    Mas… até que ponto podemos nos satisfazer nos reinventando muitas vezes na irrealidade?

    Vivemos em uma época em que a maioria dos internautas se classificam nas gerações y e z. São jovens adultos e adolescentes que nos trouxeram mudanças comportamentais a partir de novos paradigmas tecnológicos relacionais, e que as gerações anteriores de certa forma foram compelidas a se atualizar.

    Com a democratização do acesso a internet e redes sociais, foram internalizados novos aspectos comportamentais e agregados novos valores sociais. Presenciamos as transformações sociais reconfigurando o processo de subjetivação das novas maneiras de se relacionar com o mundo e com o outro.

    No entanto, junto às conexões, fotos, selfies e check-ins, podemos concluir que as redes sociais foi o propulsor importante para denunciar a nossa fragilidade egoica. Necessitamos incessantemente da aprovação do outro através dos likes e comentários que elevam a nossa auto-estima. Necessitamos da validação, da aprovação do outro, em busca de convencermo-nos daquilo que não temos certeza em nós mesmos.

    Esse olhar perscrutador, avaliador e validativo do outro acerca dos nossos estados emocionais, do nosso sucesso e bem estar nos leva à conclusão de que nós não estamos convencidos internamente daquilo que somos e do que sentimos. Existe uma fragilidade em tudo isto e não foi a internet que desenvolveu. Na realidade estas questões já existiam; a internet foi apenas a ferramenta eliciadora para a eclosão dos conteúdos que presenciamos dia a dia nas redes sociais.

    Somos seres gregários e nos realizamos nos relacionamentos interpessoais que nos validam através do olhar do outro e isto além de legitimo, é necessário. No entanto, o que percebo nas redes sociais é uma necessidade premente e constante de autoafirmação, onde percebe-se o movimento de convencer o outro do que ainda não estamos convencidos em nós mesmos. Em outras palavras, as redes sociais é o grande termômetro da insatisfação e insegurança das pessoas consigo mesmas.

    Isto é comprovado pelo simples raciocínio de que se não conseguimos nos satisfazer em um nível mais profundo, necessariamente precisamos buscar isto fora.

              Redes Sociais 2.jpg

    E’ fato que não somos e nunca fomos e nem seremos autossuficientes, portanto, não podemos satisfazer sozinhos as nossas próprias necessidades e carências. Precisamos do outro, é do humano. Mas na internet existe uma caricaturização, uma exacerbação do nosso narcisismo.

    Sendo assim, as redes sociais “cairam como uma luva” para a insatisfação humana e pra necessidade fundamental do olhar de aprovação do outro enquanto sujeito que necessita ser valorado e reconhecido, causando um aprisionamento desta necessidade constante de criar muitas vezes uma personalidade fictícia, uma realidade muitas vezes mascarada para satisfazermos as nossas fantasias e necessidades profundas.

    Até que ponto acreditamos nesta realidade da felicidade constante, dos amores de contos de fadas, em uma vida sem problemas?

    Nos afugentamos nas redes sociais para criarmos esta possibilidade. Criamos muitas vezes uma realidade pré-fabricada a partir das nossas carências afetivas e emocionais. Vivemos o que gostaríamos de viver na realidade e isto agora foi possibilitado pela socialização da internet.

    …Mas… até que ponto podemos nos satisfazer nos reinventando muitas vezes na irrealidade?

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