Unesco recebe sugestão do Cais do Valongo como Patrimônio

Enviado por Helio J. Rocha-Pinto

Do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)

Estavam presentes o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, a presidente do Iphan, Jurema Machado, e os membros da equipe que elaboraram o trabalhoEm encontro realizado na última segunda-feira, 21 de setembro de 2015, no Seminário Cultura e Desenvolvimento, na cidade do Rio de Janeiro, foi entregue a Sra. Secretária Geral da Unesco Irena Bokova o dossiê da candidatura do Cais do Valongo a Patrimônio da Humanidade. O evento foi promovido pelo Ministério da Cultura. Estavam presentes o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Jurema Machado, e os membros da equipe que elaboraram o trabalho.

O Brasil recebeu mais de 4 milhões de escravos nos mais de três séculos de duração do regime escravagista. O Cais do Valongo, na região portuária do Rio de Janeiro, recebeu mais de 1 milhão em cerca de 40 anos, o que o tornou o maior porto receptor de escravos do mundo. O dossiê elaborado ao longo de um ano de trabalho, coordenado pelo antropólogo Milton Guran, resgata a história trágica e cruel do tráfico negreiro e analisa com detalhes a importância histórica e o simbolismo do sítio arqueológico para todos os brasileiros, em especial os afrodescendentes. 

Cais do Valongo

Revelado em 2011 durante as obras do Porto Maravilha, o Cais do Valongo foi construído em 1811 pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de Janeiro. O objetivo era retirar da Rua Direita, atual 1º de Março, o desembarque e comércio de africanos escravizados. Os escravos acabavam nas plantações de café, fumo e açúcar do interior e de outras regiões do Brasil. Os que ficavam geralmente eram os escravos domésticos, ou usados como força de trabalho nas obras públicas. A vinda da família real portuguesa para o Brasil e a intensificação da cafeicultura ampliaram consideravelmente o tráfico.

O Cais do Valongo foi construído em 1811 pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de JaneiroEm 1831, o Valongo foi fechado, quando o tráfico transatlântico foi proibido por pressão da Inglaterra. A norma foi solenemente ignorada e recebeu a denominação irônica de lei para inglês ver. A cidade do Rio de Janeiro, em quase quatro séculos de escravidão, recebeu sozinha cerca de 20% de todos os africanos escravizados que chegaram vivos às Américas. Isso faz da cidade e do Cais do Valongo referência do que foi a maior transferência forçada de população na história da humanidade.

Ao longo dos anos, o Cais sofreu sucessivas transformações. Na primeira intervenção, em 1843, foi remodelado com requinte para receber a Princesa das Duas Sicílias, Teresa Cristina Maria de Bourbon, noiva do (então) futuro Imperador D. Pedro II, e passou a se chamar Cais da Imperatriz. Com a assinatura da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, pôs-se fim verdadeiramente ao tráfico para o Brasil, embora a última remessa conhecida date de 1872 e a escravidão tenha persistido até a Abolição, em 1888. Em 1911, com as reformas urbanísticas da cidade, o Cais da Imperatriz foi aterrado.

No entanto, durante as obras do Porto Maravilha, com as escavações realizadas no local em 2011, foram encontrados milhares de objetos como partes de calçados, botões feitos com ossos, colares, amuletos, anéis e pulseiras em piaçava de extrema delicadeza, jogos de búzios e outras peças usadas em rituais religiosos. Entre os achados raros, há uma caixinha de joias, esculpida em antimônio, com desenhos de uma caravela e de figuras geométricas na tampa.

 

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