Tesouros ao mar

Atualizado

Dario de Almeida Magalhães é um dos nomes da história do Brasil e do Rio. Participou do “Manifesto dos Mineiros” e de todos os episódios importantes da vida nacional dos anos 40 em diante.

Sua biblioteca é das mais ricas do Rio de Janeiro. Aliás, era. Coleções preciosas, dedicatórias dos mais relevantes autores.

Pois foi vendida pela família para um sebo. Inacreditável, sabendo que seu filho é Raphael de Almeida Magalhães.

Por Clara

Sou neta de Dario de Almeida Magalhães e Raphael, seu filho, é meu tio-avô. Sempre admirei aquela linda biblioteca. Mas as informações colocadas nos posts estão erradas. O que aconteceu foi o seguinte:

1- A biblioteca foi vendida para três colecionadores particulares. Apenas o que sobrou e foi recusado por eles – pouquíssimos exemplares – acabou sendo vendido para o tal sebo.

2- Os livros autografados foram mantidos pela nossa família.

3- A biblioteca foi oferecida ao José Mindlin, que não se interessou em adquiri-la.

A razão da venda é de foro íntimo familiar e não vou discuti-la aqui, mas asseguro que foi decidida com tristeza e dor. Eu apenas quis corrigir as imprecisões difundidas a respeito dessa história.

Luis Nassif

21 Comentários

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  1. Não tem nada de
    Não tem nada de inacreditável.

    É fácil ser honesto sem necessidade.E muitos, mesmo sem necessidades, são desonestos.

    Agora, quando necessidades preementes bate a porta,não tem nada de inacreditável em vender coleções.Como eles serão lidos se a luz irá ser cortada? E como degusta-los se a barriga está vazia?

    INACREDITÁVEL é não entener issso.Aliás ninguém entende antes de passar pelo processo. Esse papo furado:

    ”Eu entendo o que está passando”.Passou por isso?

    Se não passou não entende nada.Qual a dor maior?

    A sua leve dor de cabeça ou dente, ou minha tremenda cólica de rins?
    A dor maior não se mede pelo sofrimento quantitativo.

    A dor maior é a nossa.É a que estamos sentindo.

    Muito se escreve ao contrário.E pouco se sente no coração.

  2. Mesmo sabendo que os livros
    Mesmo sabendo que os livros pertenciam a família Almeida Magalhães, não há como não se sentir consternado.Eu passei parte da minha infância e início da minha adolescência frequentando uma biblioteca que ficava num Sesc perto de casa, sei bem a importância que isso tem para a comunidade. Qual foi o motivo da venda ?

    Não tenho a menor idéia. Dinheiro, certamente não foi.

  3. E vamos deixar de
    E vamos deixar de filosofar.

    E tbm de fazer analogias.

    Vamos aos finalmentes.

    Tesouro ao mar?

    literalmente?

    É ostra.

    Não pra saborea-las(há muitas estragadas que acabam com o organismo)

    Estou me refirindo as….

    PÉROLAS.

  4. Não foi o Raphael que foi
    Não foi o Raphael que foi governador do RJ depois do Lacerda? Ainda está vivo? Se estiver deve estar com uns 80 anos. Os filhos devem ter passado os livros prá frente porque estavam ocupando espaço, juntando poeira, traças, essas coisas que incomodam. E, afinal, ninguém lia nada mesmo, então prá quê guardar?

    Não dá mesmo para entender. Se não quisessem doar para alguma instituição, que vendessem para um colecionador, não num sebo.
    Gostaria de saber o que pensa o Mindlin a respesito disso.

  5. Que lástima Nassif. Se
    Que lástima Nassif. Se dinheiro não foi o motivo, porque não doar para a Fundação Casa de Rui Barbosa, para o IEB da USP, para o Instituto Moreira Salles?

    Bom se você considerar que a biblioteca de Cecília Meireles ficou décadas apodrecendo, entregue às traças, porque uma das filhas não permitia que ninguém entrasse na casa, até que os outros dois herdeiros se juntassem e conseguissem na justiça ganhar a guarda de tudo.

    Um país sem memória.
    Você apurou para qual sebo foi vendido?

    Me disseram, mas me esqueci agora.

  6. Certamente dinheiro não foi,
    Certamente dinheiro não foi, isto porque os sebos pagam muito abaixo do real valor, digo isto por experiência própia. Gostaria de saber em qual sebo foi parar tal coleção, quem tiver alguma informação, cartas para a redação, abraços.

  7. Nassif, vamos ver se dessa
    Nassif, vamos ver se dessa vez vai. É que tentei postar isso no fim de semana e deu aquela mensagem que muitos estão reclamando:”que eu estava publicando mensagens rápido demais.”
    Conversei no último sábado com o Prof. Dr. Pedro Puntoni, diretor do IEB(Instituto de Estudos Brasileiros). Ele me falava sobre o projeto Brasiliana USP. Um prédio está sendo construído no Campus Butantã da USP e abrigará os acervos documentais e bibliográficos do IEB e os da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindin. Além disso, o projeto irá digitalizar boa parte do acervo e disponibilizar na Internet. Segue o link para mais informações: http://www.brasiliana.usp.br/
    Forte abraço.

  8. Luís, não é aprimeira
    Luís, não é aprimeira vez,que surge aviso ,depois de expedido comentário:
    “está rápido demais”,ou coisa semelhante.E, o comentário some,não é postado.Quem é o “autor”?

  9. Nassif,
    não adianta culpar a
    Nassif,
    não adianta culpar a familia, os herdeiros, os cuidadores dos acervos privados. A culpa é do descaso que as instituições públicas têm com os acervos particulares. Doar um livro para uma universidade pode ser um processo doloroso para a familia. Na minha faculdade, para doar um acervo, o doador tem que fazer uma listagem detalhada de tudo o que está doando para a Biblioteca verificar o que pode ter interesse. O sebo, ao menos, não faz exigência…. e ainda dá uns trocados, ou, pelo menos, leva os livros desocupando o espaço. Nossa política de bibliotecas é absurdamente mesquinha: não compra, não cuida, não tem interesse pelos acervos particulares.

  10. O sebo é na rua do Rosário,
    O sebo é na rua do Rosário, no Rio de Janeiro. A Biblioteca é variada,assuntos jurídicos e gerais.A família ,retirou de venda os exemplares autografados. Desinteresse de mante-la deve-se,possivelmente, ao custo de manutenção,espaço requerido,sucessores com outros interesses profissionais,inapetência bibliófila e pragmatismo burguês.

  11. No contexto.

    O alfarrabista
    No contexto.

    O alfarrabista é o antiquário de preciosidades livrescas. Na vida, uns acumulam moedas, outros colecionam selos, outros amealham coisas velhas, entre elas, livros, manuscritos, in-fólios, escritos de toda natureza.

    O alfarrabista é o colecionador iluminado. Acumula inteligência para vendê-la a retalhos.

    E, o que é mais curioso, amontoa inteligência velha, que é, muitas vezes, tão boa quanto o vinho das velhas pipas. sabemos que tanto os vinhos como os livros, quanto mais velhos, melhores para beber, e para ler.

    O erudito, em busca de novos conhecimentos, através dos livros, é o homem que, na observação de Coelho Neto, por curiosidade, “descia ao fundo do inferno, se lhe descobrissem o caminho, ainda que todo ele fosse assoalhado de pés ardentes”… Não obstante o saber vasto, esse homem fascinado pelas edições invulgares deixa afazeres urgentes, compromissos diversos, encontros de muita representação, para visitar a vetusta loja do alfarrabista, a livraria que Chesterfield chamou de “preciosa catacumba, onde estão embalsamados e imortalmente conservados os espíritos dos mortos que não morrem”…

    Sê é certo que a curiosidade não envelhece nos que amam os livros , podemos assegurar que os antiquários e os eruditos são daqueles homens que não envelhecerão jamais, porque conservam, sempre, a alma de criança e o dom da imortalidade.

    http://tinyurl.com/dlyob6

  12. Raphael está vivíssimo.
    Raphael está vivíssimo.
    Trabalha até hoje para algumas das famílias mais ricas do Brasil.
    Tudo indica que é um homem sério e atento às causas públicas.
    Realmente, é estranho a falta de interesse com a coleção.

  13. Sou neta de Dario de Almeida
    Sou neta de Dario de Almeida Magalhães e Raphael, seu filho, é meu tio-avô. Sempre admirei aquela linda biblioteca. Mas as informações colocadas nos posts estão erradas. O que aconteceu foi o seguinte:

    1- A biblioteca foi vendida para três colecionadores particulares. Apenas o que sobrou e foi recusado por eles – pouquíssimos exemplares – acabou sendo vendido para o tal sebo.

    2- Os livros autografados foram mantidos pela nossa família.

    3- A biblioteca foi oferecida ao José Mindlin, que não se interessou em adquiri-la.

    A razão da venda é de foro íntimo familiar e não vou discuti-la aqui, mas asseguro que foi decidida com tristeza e dor. Eu apenas quis corrigir as imprecisões difundidas a respeito dessa história.

  14. Clara, certamente cada um faz
    Clara, certamente cada um faz o que quer com aquilo que tem. mas fosse a cultura nacional um bem preservado pelas nossas elites, com certeza esta biblioteca não seria VENDIDA, pprque não uma doação, ou mesmo a criação de um espaço cultural voltado para a leitura?

    esta prática é muito comum entre membros da elite de outros países. estou lembrando que a biblioteca da universidade de harvard foi construída por doação de um milionário cujo filho morreu no naufrágio do titanic… a única exigência da famíli, preservada até hoje, é que aos alunos que não sabem, seja ensinada natação.

    não precisava tanto, mas uma sala de leitura? mas, acho, isto é pedir demais!

  15. Vocês ainda não acordaram.
    Vocês ainda não acordaram. Nós vivemos no Brasil, neste país não existe nenhuma política pública.
    O Rafhael de Almeida Magalhães ainda está vivo e trabalhando, ele foi vice governador do Carlos Lacerda, mas vocês tem idéia de quanto custa manter uma biblioteca do porte desta.
    Ficar palpitando sem conhecer o assunto em todas as suas situações é só para quem quer dar pitaco na vida dos outros.

  16. É o que o Antonio Luiz disse:
    É o que o Antonio Luiz disse: manter uma grande biblioteca custa caríssimo. Aos que sugerem a doação, sugiro que procurem quem aceite recebê-la. Outra preciosíssima biblioteca, do Rodrigo de Mello Franco de Andrade, pai do cineasta Joaquim Pedro, não encontrava quem a abrigasse. A família andou batalhando nesse sentido, mas creio que perdeu a briga. Há várias outras bibliotecas e coleções importantíssimas por aí, à cata de uma instituição que as abrigue. Como já disseram, teria de haver uma política pública de conservação dessas preciosidades, que deveriam ser consideradas patrimônio cultural nacional.

  17. Tudo bem que a genética
    Tudo bem que a genética esteja muito avançada atualmente. Mas não consegui entender como a Clara pode ser neta do Dario e o filho deste ser seu tio-avô. Não seria somente tio?

  18. É verdade, na pressa escrevi
    É verdade, na pressa escrevi errado. Raphael de Almeida Magalhães é meu tio (e não tio-avô), irmão da minha mãe. Acho que, como falava da biblioteca de meu avô, essa palavra acabou entrando inadvertidamente na história .

    Clara

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