Alta de importação de pneus não baixa preços no Brasil

Jornal GGN – O crescimento em mais de 40% do volume de importações de pneus pela indústria nacional, se comparados os meses de janeiro e agosto de 2013 e o mesmo período do ano passado, não tem tido impactos positivos ao consumidor. De acordo com levantamento feito pelo Departamento de Economia da ABIDIP (Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus), o preço final dos pneus ao consumidor chegou a registrar, ainda este ano, aumento médio de 5% em relação a 2012.

Somente este ano, foram mais de 670 mil pneus de carga importados pela indústria, principalmente para serem usados para o transporte rodoviário e urbano – o que corresponde à participação média de 43,5% sobre todas as importações de pneus realizadas pelo Brasil. Já em 2012, as empresas nacionais haviam importado mais de 463 mil unidades, detendo participação de 34,1% das operações. Em termos de participação de mercado, houve aumento de 9,4 pontos percentuais sobre os primeiros oito meses de 2013.

De acordo com a ABIDIP, o setor de pneus é considerado um dos mais críticos em relação à importação de bens e produtos. Os preços finais, contudo, não tem acompanhado a alta das importações. Apenas a marca Michelin apresentou aumento médio de 5% desde janeiro, enquanto os da Pirelli e Bridgestone variaram, para cima, 2,80% e 2,99%, respectivamente. A pesquisa foi realizada junto a transportadoras e frotistas em todo o país.

A única fabricante que não aumentou suas vendas, acompanhando a tendência do ano, foi a Bridgestone, que seguiu caminho inverso e reduziu suas importações em 73% no período. “Os números apresentados mostram no mínimo uma situação paradoxal”, afirma o diretor executivo da ABIDIP, Milton Favaro Júnior, que aponta forte contradição entre a postura dos fabricantes e o que é realmente relizado.

Novas regras para “antidumping” passam a valer a partir de hoje

“De um lado a indústria brasileira de pneus, que desde 2008 instaurou uma verdadeira guerra contra o pneu importado e contra importadores de pneus, através de processos sucessivos por dumping, agora mostra que de cada 10 pneus que são importados pelo Brasil, 4,4 pneus são importados por quem tem fábrica aqui. Essa é uma situação paradoxal na medida em que eles atacam a importação e os importadores independentes. Dizem que quem importa pratica dumping, sendo que eles mesmos, possivelmente, podem estar praticando isso”, afirma.

Dumping

O setor de pneus já foi alvo de medidas por dumping em 2008 contra produtos vindos da China. Desde então, o governo vem cobrando uma taxa adicional por quilo de pneu para que os mesmos possam ser vendidos no Brasil. O que o governo avalia hoje, a partir de solicitação da indústria nacional de pneus, é a possibilidade de aplicar dumping definitivo e provisório sobre outros seis países que exportam pneus para o Brasil.

“O governo está fazendo investigação para uma possível aplicação de dumping sobre seis países que exportam pneus de carga para o Brasil. Essa investigação termina no ano que vem, mas pode ser aplicado um dumping provisório ainda este ano. Essa é, possivelmente, a real intenção das indústrias nacionais e tal fato pode causar grande problema ao mercado. O que não dá para entender é que a maioria desses países investigados exporta com preços maiores que os preços pagos pela indústria nacional em suas importações”, diz Milton Favaro Junior.

Redação

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