Casca de banana ajuda a purificar águas poluídas por pesticidas

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A casca da banana processada é mais eficaz na purificação de água poluída por pesticidas que outros métodos convencionais, como o carvão. A constatação é dos laboratórios de Ecotoxicologia e Química Analítica do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP), que realizou experimentos de purificação contra os pesticidas atrazina e ametrina, geralmente usados em plantações de cana-de-açúcar e milho. 

A pesquisa foi desenvolvida com amostras coletadas nos rios Piracicaba e Capivari e na estação de tratamento de água de Piracicaba (SP). As águas contaminadas com esses pesticidas ficaram livres dos componentes após o tratamento. Além disso, constatou-se que o processo também é eficaz para absorver metais pesados das águas.

A purificação é realizada com o trituramento das cascas, que passam por um processo de peneiragem e depois são secadas em um forno com temperatura de 60º C. O material resultante é despejado na amostra de água poluída, e o composto é agitado para, em seguida, ser filtrado e analisado em um aparelho chamado cromatógrafo, que fica acoplado a um espectrômetro de massas.

Após os testes, ficou comprovada a eficácia do procedimento. Os métodos atuais, de acordo com as pesquisadoras Claudinéia Silva e Graziela Moura Andrade, não garantem níveis de potabilidade suficientes na água – ao contrário do método que utiliza a casca da banana processada.

A pesquisa pode ser mais um caminho a ser usado para as cascas da banana, que correspondem de 30% a 40% do peso total da fruta. Boa parte da casca é usada, hoje em dia, para a fabricação de adubos orgânicos, ração e produção de proteínas.

Absorção de metais

A própria composição físico-química da casca da fruta, constituída por celulose, hemicelulose, pectina, clorofila e outras compostos de baixo peso molecular, contribuem para a eficácia no trabalho de purificação da água e, ainda, na absorção de metais pesados e compostos orgânicos.

O método usado na pesquisa pode ser adotado como padrão de tratamento de água no serviço público em regiões com atividades agrícolas, a exemplo da área onde foi realizado o estudo e que é mais suscetível a esse tipo de contaminação aquífera.

“Os estudos para aplicação em grande escala ainda devem ser realizados, mas acreditamos que esse processo de remediação seja a melhor alternativa”, defende Sérgio Monteiro, um dos autores da pesquisa, estudante de doutorado do laboratório de Ecotoxicologia do Cena/USP e pesquisador científico do Instituto Biológico da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.

Os resultados da pesquisa foram publicados na edição 61 do mês de abril da revista American Chemical Society e do Journal of Agricultural and Food Chemistry.

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Lourdes Nassif

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