Brasileiro cria empresa de biotecnologia que é vendida por R$ 1,5 bi

Sugerido por Free Walker
 
 
Jornal GGN – O cientista brasileiro Leonardo Maestri Teixeira ajudou a fundar uma empresa de biotecnologia nos Estados Unidos, vendida por cerca de R$ 1,5 bilhão (US$ 425 milhões) à Roche. A GeneWEAVE produz um kit rápido de diagnóstico bacteriano, que foi desenvolvido, inicialmente, com o foco no diagnóstico de tuberculose, depois para descobrir outros tipos de infecções hospitalares.
 
Em entrevista ao G1, Maestri Teixeira, contou que entre 2010 e 2014 a empresa captou US$ 25,2 milhões levando os investidores a ficarem com a maior parte do valor da venda, “o que é normal em uma empresa que recebe recursos de capital de risco. (…) Enfatizo isto para os que não são familiarizados com estes negócios acharem que fiquei bilionário”, arrematou. 
 
O jovem cientista desenvolveu os estudos enquanto fazia doutorado na Universidade de Cornell, como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligado ao Ministério da Educação.
 
G1 
 
Cientista brasileiro vende empresa de biotecnologia por R$ 1,5 bilhão
 
Brasileiro fez doutorado na Universidade de Cornell nos Estados Unidos.
Ele fundou empresa que faz kit rápido de diagnóstico bacteriano.
 
Uma empresa de biotecnologia fundada nos Estados Unidos com a ajuda de um pesquisador brasileiro foi vendida neste mês para a Roche por US$ 425 milhões (pouco mais de R$ 1,5 bilhão no câmbio atual).
 
A GeneWEAVE Biosciences foi cofundada por Leonardo Maestri Teixeira junto com outro amigo durante o período em que estava na  Universidade de Cornellpara desenvolver o doutorado.
 
Teixeira foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). De acordo com a Capes, a ideia da empresa surgiu em uma disciplina sobre empreendedorismo e acabou executada paralelamente às atividades do bolsista.
 
“Tínhamos que trabalhar um plano de negócios conceitual em cima de uma ideia. Discutimos sobre diversas ideias, até resolvermos buscar um problema de países em desenvolvimento como o Brasil”, explicou.
 
O diagnóstico da tuberculose foi o primeiro foco, depois alterado para infecção hospitalar.
“Buscamos uma solução para a erradicação da tuberculose, focando no diagnóstico. Daí surgiu o conceito da tecnologia, que posteriormente patenteamos e aprovamos um projeto para o desenvolvimento da prova de conceito da ideia que tivemos”, relatou o brasileiro para a Capes.
 
Diante dos primeiros bons resultados, Teixeira partiu para obter recursos em competições para empreendedores. Com os prêmios em dinheiro conquistado nessas “disputas de plano de negócio”, a equipe foi ampliada e o foco, alterado.
 
“Para conseguirmos capital semente, mudamos o foco do nosso kit de diagnóstico de tuberculose para infecção hospitalar, já que este era um problema dos EUA, e consequentemente facilitaria a captação de recursos”, disse.
 
Investimento e retorno
 
Entre 2010 e 2014, a empresa captou US$ 25,2 milhões de dólares junto a investidores. Por isso, Teixera lembra que na venda da empresa, como ocorre com a maioria das start-ups, os investidores ficarão com boa parte do valor da venda.
 
“(…) Sofri uma grande diluição durante os investimentos, o que é normal em uma empresa que recebe recursos de capital de risco. E que estes investidores ficam com a maior parte do retorno da venda. Isto é normal, já que o risco de capital é todo deles. Enfatizo isto para os que não são familiarizados com estes negócios acharem que fiquei bilionário”, disse.
 
Segundo o pesquisador, a venda da GeneWEAVE sempre foi uma das hipóteses consideradas pelo grupo. “Desde 2014 já temos alguns equipamentos em teste em alguns hospitais, e começamos a apresentar os resultados em algumas feiras setoriais, já no intuito de divulgar o produto e a empresa para uma possível venda, que ocorreu no início de agosto”, contou Leonardo.
 
“A aquisição teve um aporte inicial de apenas 40% do valor, ficando o restante dependendo dos resultados e metas negociadas. Ou seja, apenas começou. Nosso objetivo é realmente ver o produto em todos os hospitais, salvando milhares de vidas por ano, já que esta foi a proposta inicial”, explica.
 
Em nota, a Roche justificou a aquisição para seus investidores afirmando que a GeneWEAVE tem uma solução inovadora para diagnóstico molecular que identifica rapidamente organismos resistentes e avalia sensibilidade aos antibióticos diretamente a partir das amostras clínicas, sem processos complicados e demorados.
 
O produto desenvolvido pela empresa fundada pelo brasileiro foi considerado um “novo paradigma” pela Roche.
 
Trabalho paralelo
 
Apesar de a ideia do projeto ter surgido durante uma disciplina, todo o desenvolvimento ocorreu sem tratar do mesmo tema específico do doutorado, realizado entre os anos de 2004 e 2008.
 
“O trabalho da tecnologia da GeneWEAVE foi feito em paralelo por exigência do meu orientador, já que o desejo de trabalhar em algum projeto para iniciar uma empresa surgiu em uma disciplina de empreendedorismo”, explicou.
 
Teixeira resssalta que o trabalho da disciplina não tinha relação específica com o trabalho de conclusão da tese. “O projeto da empresa, assim como o modelo de negócios inicial foi elaborado nesta disciplina, ainda sem trabalho de bancada. Por incrível que pareça, nós dois ficamos com uma péssima nota nesta disciplina, na verdade a pior do meu histórico!”, lembra bem-humorado.
 
A trajetória acadêmica da Teixeira foi marcada pelo foco na pesquisa, com apoio da Capes. “Durante a minha graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios na UFV tive bolsa de iniciação científica e, posteriormente com bolsa da Capes, fiz meu mestrado em Microbiologia Agrícola nesta mesma instituição.”
 
De volta ao Brasil, Teixeira acredita que o conhecimento obtido no exterior está sendo revertido para o país. “Hoje sou diretor-presidente de um instituto (Instituto de Tecnologia e Pesquisa – em Sergipe), que é uma referência nas áreas de atuação, com mais de 60 pesquisadores doutores, muitos deles com bolsa de produtividade em pesquisa.”
 
Em imagem de arquivo de 2008, Leonardo Teixeira (camisa branca), Jason Springs e Diego Rey, da GeneWeave BioSciences recebem prêmio de empreendedorismo na Universidade de Cornell. (Foto: Divulgação)
Redação

11 Comentários

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  1. pouco a comemorar

    Exceto que a “decisão nacional” de enfiar dinheiro na educação como fim em si mesmo traz os resultados lógicos: nobel de matemática ali, primeiro lugar mundial em educação técnica, casos a granel de brasileiros ascendendo acadmicamente lá fora, recorde sobre recorde de produção científica “indexada” etc.

    O que enfiar dinheiro na educação sem projeto nacional e sem visão estratégica não faz é o que o trololó da teoria do capital humano e suas vulgatas variadas prometem: desenvolvimento econômico.

    Para isso, precisa casar a oferta de cursos de graduação, pósgraduação, dinheiro pra pesquisa etc, etc, com projetos de investimento da indústria e do setor produtivo nacional, alavancados por projetos nacionais avançados, minimamente ambiciosos. 

    Noutras palavras, há política educacional demais para política industrial de menos. E a esquerda (nao toda, por suposto) será apeada do poder sem ter conseguido compreender essa conexão deposi de 15 anos no comando … é de doer. 

  2. Qua! Qua! Qua! 15 anos?
     

    Pensei em 500 anos, há muita politica educacional e como fosse suficiente, o triste eh a politica industrial e produtiva que existe do descobrimento ate hoje. Se o governo e as instituições governamentais não investirem na inovação e pesquisa o capital brasileiro vai no exterior comprar. 

     

  3. lá nos states até eu que sou

    lá nos states até eu que sou tapado!

    queria ver este cientista brasileiro sebrae criar sua empresa inovadoura de biotecnologia no emaranhado gambiarra de fios desencapados da burocracia empreendedoura nacional… só pra patentear as bactérias cobaias já ficaria no meio do caminho tinha uma pedra esperando… esperando… esperando… a patente expirar.

  4. Já que ele desenvolveu a

    Já que ele desenvolveu a empresa enquanto era bolsita da Capes, portanto financiado com dinheiro publico, mesmo tendo captado recursos privados, será que alguma parte de desse recurso vai beneficar a União?

    alguem sabe?

    1. vc leu?

      De volta ao Brasil, Teixeira acredita que o conhecimento obtido no exterior está sendo revertido para o país. “Hoje sou diretor-presidente de um instituto (Instituto de Tecnologia e Pesquisa – em Sergipe), que é uma referência nas áreas de atuação, com mais de 60 pesquisadores doutores, muitos deles com bolsa de produtividade em pesquisa.”

  5. Um caminho de sucesso

    Está aí um caminho aberto a todos os brasileiros empreendedores. Lá nos EUA podem criar empresas, e depois venderem, pois é um país que leva a sério seus empreendedores. Com muita segurança jurídica, pois os EUA protegem suas empresas com unhas e dentes.

    Numa era pós Lava Jato este será um caminho de grande futuro.

  6. Sem entender nada

    Sabe como o empresário olha um PhD? Da mesma forma que um um burro olha um castelo: acha tudo muito bonito, mas não entende nada.

    Não entende por que não quer, não entende porque tem preguiça, não entende por que não precisa

    Afinal de contas pra que inovar se eu vou vai ganhar dinheiro mesmo assim, sucateando minha empresa , pagando mal ao meu empregado, e fazendo biquinho ppro governo dizendo que tá difícil.

    Queria ver quanto tempo duraria no Brasil um presidente que falasse “não pergunte o que seu pais pode fazer por você e sim diga o que você pode fazer pelo seu país”.

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