O novo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação

Jornal GGN – Na última terça-feira (12), a presidente Dilma sancionou o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, que veio para regular as relações entre os agentes públicos e privados e diminuir a burocracia para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras no território nacional.

Elogiada por professores e pesquisadores brasileiros, a lei promete iniciar um novo ciclo da produção científica nacional, ao reduzir a distância entre a academia e o setor produtivo e incentivar o trabalho conjunto, sem prejuízo para a carreira pública de pesquisadores que atuarem com o setor privado.

A intenção é desenvolver pesquisas até o momento de registrar patentes. A lei abre a possibilidade de sociedade minoritária de instituições públicas em projetos privados. Com isso, os royalties desses produtos trariam uma nova fonte de receita para os sistemas federal e estadual de universidades.

O governo ainda pretende, com juros abaixo do mercado, financiar a produção desses projetos. E adotar um sistema de compras públicas que no primeiro momento garanta a demanda e ofereça previsibilidade para o desenvolvimento. A intenção, daí, seria partir para a exportação, com os produtos já testados e aprovados no território nacional.

Entre setores tratados como estratégicas pelo Marco Legal estão o de biotecnologia, energia limpa, fármacos, nanotecnologia e aeroespacial.

O Jornal GGN entrevistou, com exclusividade, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, que comentou os pontos principais do novo marco.

Abaixo, a íntegra da entrevista:

Jornal GGN – A presidente Dilma sancionou o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação. Isso quer dizer apenas que ela transformou em lei a Emenda Constitucional 85, de fevereiro de 2015?

Celso Pansera – É mais complexo do que isso. A Emenda Constitucional foi determinante naquilo que trata da relação das carreiras dos professores e das universidades com o setor produtivo. Mas o projeto de lei é mais complexo do que isso.

Jornal GGN – O texto final diz que “A lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do País”, o senhor pode comentar algumas dessas medidas?

Celso Pansera – O foco é desburocratizar o sistema de pesquisa brasileiro e particularmente quebrar algumas barreiras do ponto de vista da relação do setor de pesquisas públicas com a iniciativa privada.

Porque no Brasil a pesquisa de base, e mesmo a pesquisa dirigida para determinados setores da economia, é majoritariamente feita por órgãos públicos. Tanto da rede do MCTI, como da rede das universidades federais e das universidades estaduais.

Então, como a pesquisa está muito focada em cima do poder público, nós precisamos tratar dessa questão dando segurança jurídica para as empresas que vão contratar um instituto público de pesquisa.

E também dando segurança jurídica para que as universidades e institutos de pesquisa possam de fato serem contratadas pela iniciativa privada para buscar resultado de pesquisa e depois transformar em produção.

Jornal GGN – Esses critérios foram simplificados no texto?

Celso Pansera – Não. Eles não foram simplificados. O que foi feito foi localizar todos os gargalos que havia na legislação. Como você mesmo viu, o Marco menciona uma série de artigos, de emendas, relativos à Constituição e às Leis.

Onde que estão os gargalos? Bom. E agora como é que a gente resolve? Então, a gente resolve mexendo nisso, naquilo. E tanto a academia, os pesquisadores, quanto a Câmara dos Deputados, fizeram um trabalho de quatro anos de debate, de interpretação de lei, até chegar a esse consenso.

Quando chegou a esse consenso, aí foi buscar o Governo, de 2013 a 2014, para fechar com o Governo uma pauta comum, que evitasse vetos depois da votação. Depois disso, foi feita a votação na Câmara.

Depois da Câmara a gente teve toda a negociação com o Senado, que foi para o Senado não fazer emendas, para que não tivesse que voltar para a Câmara novamente.

Aí depois disso o trabalho foi junto com a Casa Civil e os demais ministérios para evitar os vetos. Então, foi todo um ritual. Todo um conjunto de ações políticas de convencimento.

Jornal GGN – Quais foram os pontos a presidente vetou?

Celso Pansera – Vetou aqueles que tratam de impostos, que incidem impostos previdenciários. A Fazenda foi muito dura em relação a isso.

Vetou um artigo, aí por um pedido do sistema produtivo mesmo, que liberava de participação em licitação a venda de produtos para pequenas, micro e médias empresas, com faturamento de até R$ 90 milhões no ano anterior.

Muitas empresas que atuam no mercado pediram que o governo vetasse, porque ia tornar desleal a concorrência.

E vetou também um artigo que tratava da remuneração das fundações vinculadas às universidades, que podem contratar pesquisa. Ou seja, a lei previa que essas fundações poderiam cobrar uma taxa administrativa de 2,5%, chegando até a 5%. E a Fazenda também fez toda uma argumentação de que isso não seria uma iniciativa correta.

Então, foram diversos vetos, mas centralmente três questões: impostos previdenciários, liberação das licitações para micro pequenas e médias empresas e a questão do pagamento de taxas administrativas em projetos de pesquisa.

Jornal GGN – O texto menciona alguns princípios que devem ser atendidos por essas medidas. O primeiro que mais chama atenção é a “promoção das atividades científicas e tecnológicas como estratégicas para o desenvolvimento econômico e social”. Essa palavra “estratégicas” é importante. O Brasil finalmente quer desenvolver sua vocação para a inovação? O senhor enxerga isso de uma forma positiva?

Celso Pansera – Na página dos ministérios você vai encontrar uma consulta pública chamada ENCTI (Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação), que nós vamos fechar o texto até março junto com a comunidade científica e os setores produtivos nacionais.

Essa vai ser a nossa estratégia. Aqueles setores que estão dentro dessa Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia serão beneficiados primeiramente por essa lei, ou prioritariamente nessa lei.

E eu te cito desde já: biotecnologia é uma dessas áreas, energia limpa é outra área, fármacos é outra área e nanotecnologia. São as áreas que o Brasil tem um potencial muito grande de se destacar nos próximos anos em nível internacional e que serão alguns dos principais pontos que nós vamos trabalhar.

E também a questão da indústria aeroespacial. Nós estamos com uma janela de oportunidade em que a indústria aeroespacial pode representar para o Brasil em 2025, 2030, o que é a Embraer hoje, o que é a área espacial para o Brasil hoje. É uma área em que o Brasil se posiciona entre os cinco maiores produtores de tecnologia no mundo.

Jornal GGN – Outros dois pontos também chamam atenção no texto. “Redução das desigualdades regionais” e “descentralização da Ciência, Tecnologia e Inovação em cada esfera de governo”. Tem uma maneira de o governo descentralizar essa produção do sul e sudeste? Como se pretende fazer isso?

Celso Pansera – Os nossos editais de financiamento à inovação, todos agora estão preservando no mínimo 30% dos recursos para centro-oeste, nordeste e norte, que é uma forma de a gente produzir e espalhar a pesquisa científica no Brasil inteiro.

E também quando a gente faz ações aqui no Ministério, nós procuramos sempre tentar envolver iniciativas nessas regiões.

Por exemplo, no projeto agora de pesquisa da fosfoetanolamina, essa questão do combate ao câncer, um dos três laboratórios é da Universidade Federal do Ceará.

Um dos focos aqui do Ministério para os próximos meses é desenvolver um sistema de pesquisa para o bioma amazônico.

Então, isso vai descentralizar um pouquinho. Tirar desse eixo sudeste e sul e dar uma redistribuída nas verbas de pesquisa.

Jornal GGN – E quanto à cooperação entre o setor público e o privado? Como a lei vai facilitar esse processo de parceria?

Celso Pansera – Esse é o grande ganho. Como eu falei, a maior parte dos centros de pesquisa, hoje, está localizada em instituições públicas. Principalmente os institutos ligados ao MCTI e às universidades.

Essas instituições possuem carreiras em que tem um nível de progressão de acordo com o tempo, com a formação dos profissionais. E as universidades têm aquela questão chamada de “dedicação exclusiva” que o professor que tiver dedicação exclusiva àquela instituição de ensino ganha um adicional no seu salário.

A lei permite que esses professores dediquem até 416 horas por ano para a pesquisa científica, mesmo aquelas vinculadas à iniciativa privada, sem prejuízo da progressão de suas carreiras.

Por quê? Porque muitos pesquisadores acabavam indo fazer pesquisa e depois faziam questionamentos , do ponto de vista legal, tanto à Presidência, quanto ao TCU [Tribunal de Contas da União] e ao Ministério Público, porque muitas vezes isso prejudicava a progressão de suas carreiras.

Com a nova lei, esses profissionais terão a sua progressão profissional garantida, mesmo que eles sejam liberados dos salários das universidades para serem remunerados por uma instituição de pesquisa dentro de um convênio dessa universidade com uma empresa privada. O tempo de serviço dele continuará contando dentro da universidade. Esses critérios tendem a criar um círculo virtuoso.

A outra coisa é que institutos de pesquisa, fundações de pesquisa vinculados às universidades, poderão fazer parte de sociedades como sócios minoritários em projetos de pesquisa junto à iniciativa privada. O que permitirá a eles desenvolver patentes, produtos e serem remunerados a partir daí. Ou seja, criar uma nova fonte de receita para o sistema público de universidades.

Jornal GGN – E qual é a vantagem para as empresas de fazer essa parceria? É usar o aparelho público para desenvolver os projetos?

Celso Pansera – As universidades, o governo nos últimos anos, desenvolveu um programa chamado CT-Infra, que é para financiar laboratórios de pesquisa. Então, nós temos bons laboratórios hoje em dia, nas universidades e nos centros de pesquisa, que podem ser utilizados para desenvolver novas técnicas.

E a iniciativa privada tem o dinheiro muitas vezes para bancar essas pesquisas. Então, se junta aquilo que já tem de infraestrutura com o interesse do setor produtivo e acaba virando uma coisa de interesse público que é a criação de novos produtos, agregar valor àquilo que o Brasil produz para exportar e, obviamente, gerar bem estar social.

Jornal GGN – Que espécie de aperfeiçoamentos podemos esperar para os instrumentos de fomento e de crédito?

Celso Pansera – A Finep [Financiadora de Estudos e Projetos] está montando um projeto de financiamento para inovação de empresas junto com o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] que vai atingir a casa de bilhões de reais. Anunciaremos nos próximos dias isso.

Então, a empresa que já tem um produto e que precisa montar o seu sistema produtivo, incrementar a produção, que é um produto inovador, o governo colocará o dinheiro à disposição para isso.

Então, uma ponta é a gente desenvolver a patente, desenvolver a pesquisa, e na outra ponta é o governo ajudando a financiar a produção mesmo. Com juros baixos.

Jornal GGN – TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo)?

Celso Pansera – TJLP. Com carência de 24, 36, até 48 meses.

Jornal GGN – Até porque esses projetos têm um tempo de maturação mais longo.

Celso Pansera – Exatamente. Então, na Finep o empresário encontra esse apoio.

E também tem a linha de PDIs [Planos de Desenvolvimento Institucional].Os produtos na área de fármacos, por exemplo, que o SUS [Sistema Único de Saúde] faz o contrato e garante a compra dos produtos.

E tem a questão dos PPBs [Processos Produtivos Básicos], que passa aqui pelo nosso ministério e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que são aqueles produtos que têm um nível mínimo de produção nacional e que também são inovadores, que recebem um conjunto de incentivos do ponto de vista fiscal.

Jornal GGN – Sobre essa questão do conteúdo mínimo nacional. O projeto menciona a possibilidade de “indução da inovação por meio de compras públicas”. O governo tem condição de garantir demanda para essas empresas para dar previsibilidade para o desenvolvimento?

Celso Pansera – Exatamente. Agora vai ser um trabalho nosso com a lei. É um trabalho do Ministério de buscar os demais ministérios.

O SUS já tem isso e é muito positivo esse resultado. E a gente vai buscar em outras áreas que o governo compre esses produtos para incentivar a produção.

O Marco abre essa possibilidade, legaliza essa possibilidade.

Jornal GGN – Tem essa possibilidade, por exemplo, na Defesa, que é uma área na qual o Brasil está trabalhando junto com a Suécia para desenvolver o Gripen NX?

Celso Pansera – Tem. Na área de aeroespacial. Na área de biotecnologia existe uma expectativa muito grande do comércio exterior em relação a isso, do Brasil agregar valor na questão da produção agrícola e vender já o produto industrializado.

Então, o Brasil pode a partir das compras públicas desenvolver uma cadeia de produção que depois se reflita também nas vendas para o exterior.

Jornal GGN – O texto também falou sobre a utilização do mercado de capitais e de crédito em ações de inovação. Que tipo de instrumentos poderiam ser esses?

Celso Pansera – Nós vamos acertar isso com a Bolsa de Valores. Tem a ver com as associações que podem surgir entre a iniciativa privada e as instituições públicas. Os programas de startups, que nós vamos ampliar a oferta de dinheiro para startups e propriamente as empresas que já estão estabelecidas no Brasil e que têm interesse em ampliar seu parque tecnológico.

A lei abre essa possibilidade imensa para nós.

Jornal GGN – É possível prever quando a lei vai ser regulamentada?

Celso Pansera – Alguns artigos serão nos próximos dias. A lei já tem um valor, tem apenas três ou quatro artigos que pedem regulamentação. Mas nós já vamos começar a trabalhar a regulamentação deles.

Jornal GGN – Nós conversamos com algumas pessoas do setor. E a única ausência mencionada desse Marco Legal foi a possibilidade de um incentivo fiscal para doações em Ciência e Tecnologia. Uma espécie de Lei Rouanet da Ciência, Tecnologia e Inovação. É possível esperar alguma evolução nesse sentido num período próximo ou a crise desencoraja totalmente essa discussão?

Celso Pansera – Esse debate foi feito. A posição do governo é que não queria criar vinculação de receita nesse momento em que o Brasil tem que dar uma demonstração de austeridade fiscal. E isso vai na mesma linha das questões previdenciárias.

Jornal GGN – O senhor poderia dar um pouco da sua visão pessoal sobre a aprovação desse Marco?

Celso Pansera – É uma conquista do país. Nós atuamos muito no primeiro semestre com os estados e no segundo semestre, como ministro, com o Senado, junto ao governo, para que a lei fosse aprovada consensualmente no Senado e que depois o governo sancionasse.

Tivemos a felicidade de conseguir realizar esse processo. E que caminhemos agora para um novo momento da produção científica, que indica que o Brasil pode efetivamente ser um protagonista em inovação e produção de conhecimento para todo o mundo.

Redação

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  1. O governo não pode suspender o fluxo de recursos para programas

    O governo não pode suspender o fluxo de recursos para programas estratégicos como o Submarino Nuclear Brasileiro, a aeronave KC 390 da Embraer, os blindados Guaranis, os lançadores de foguetes Astros 2020, as corvetas classe Tamandaré. Enfim, o momento agora é preservar a capacidade do país em manter conhecimento e a mão de obra estratégica diante da crise.

    A Rússia está passando por uma crise econômica semelhante a brasileira. No entanto, o governo russo está mantendo os investimentos em sua indústria bélica altamente sofisticada. São constantes os anúncios de novas e sofisticadas armas russas. Acho que o Brasil deveria fazer o mesmo.

    1. Contingenciou

         Para o PROSUB, a queda foi de 41%, tanto que o programa foi postergado em no minimo mais 2 anos para os convencionais,  para o “nuclear” o horizonte original de 2022, foi estendido para 2025 ( na real, 2027 ).  

          Já no caso  ” KC390″ a divida do governo com a Embraer alcança mais de US$ 200 M ( alguns dizem que seria de US$ 350 M, mas esta cifra engloba todos os contratos, não apenas o do KC ), a Embraer continua o desenvolvimento pois tem contratos com fornecedores externos, e como é a “lead contractor”, tem que continuar o trabalho, mesmo que renegociando, pois cancelar envios gera multa contratual, alem do acordo com a Boeing, que está oferecendo o KC em varios mercados.

          CV03 ” Tamandaré ” : Sem chance de “start ” nos próximos anos – é simples: se não exsite orçamento disponivel para completar os patrulhas da classe “vigilante”, as do EISA – RJ e do INACE, pensar na CV03 nacional é delirio ( existem propostas e financiamentos abertos, caso fossem construidas/montadas e integradas em estaleiros europeus ). 

           Quanto a continuidade dos projetos da Avibrás, é esperar para saber o que irá ocorrer com a ODT ( Odebrecht Defesa & Tecnologia ), que está a venda, e varias iniciativas da Avibrás dependem desta solução. 

           Inclusive, uma noticia pouco divulgada pela midia, foi a da dissolução da Harpia Sistemas, uma joint venture entre a Embraer – Elbit – Avibrás, destinada a desenvolver UAVs /UCAVs no Brasil e avionica nacional para estes vetores ( evoluir operacionalmente, de inicio o ” Falcão ” ).

  2. Inúmeras associações de

    Inúmeras associações de pesquisadores são contra esse projeto que virou lei. O GGN deveria fazer contraponto entrevistando um representante dessas associações, como a Andes.

    Aqui, link da posição da Andes: http://www.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=7926

    Aqui carta pública:

    Associações pedem a Dilma que vete PLC 77 e denunciam ameaça à pesquisa pública no país Associações representativas de mais de uma centena de entidades ligadas a universidades, instituições públicas de pesquisa e organizações sociais protocolaram, às vésperas do início de 2016, no escritório da Presidência da República em São Paulo, uma carta dirigida à presidenta Dilma Roussef pedindo o veto total ao PLC (Projeto de Lei da Câmara) 77/2015, que propõe um conjunto de mudanças significativas no “Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação” e em outras legislações que regulamentam a pesquisa pública no Brasil.O projeto de lei foi aprovado na Câmara Federal e no Senado, em dezembro, poucos dias antes do recesso do Congresso Nacional, e encaminhado à Presidência da República para que seja sancionado ou vetado. De acordo com as entidades que assinam a carta, o PLC 77 foi aprovado nas duas Casas do Congresso sem uma discussão ampla com a comunidade acadêmica e de pesquisa ou com a sociedade; e representa “uma ameaça sem precedentes às instituições públicas de ensino superior e de pesquisa no Brasil”. As entidades signatárias afirmam que o projeto de lei estabelece diretrizes “completamente privatizantes às entidades públicas de pesquisa”. Caso o projeto seja sancionado, diz a carta, ele vai permitir que a área pública de pesquisa no Brasil seja “virtualmente ‘sequestrada’ por interesses privados e vultosos recursos destinados pelo Estado serão apropriados por interesses particulares”. O risco dos ICTs Uma das propostas do PLC 77 é a da criação dos chamados ICTs (Institutos Científico-Tecnológicos) que atuariam no desenvolvimento das atividades de pesquisa no país. Com o estatuto jurídico de OS (Organizações Sociais), os ICTs poderão receber recursos públicos de todos os entes federados e de fundações “de apoio” para a cobertura de todas as suas despesas, além de utilizar pesquisadores pagos com recursos públicos e a infraestrutura das universidades e institutos de pesquisa. As entidades afirmam que as novas regras propostas no PLC 77 aumentarão a “sangria do fundo público para empresas privadas”, com a substituição de instituições públicas de pesquisa por OS. E que isso levará professores e pesquisadores financiados com recursos públicos a atuar dentro de empresas privadas. Haverá ainda, afirma a carta, uma “drástica diminuição de concursos públicos para as carreiras de professores universitários e pesquisadores”. Na avaliação das entidades, essas e outras consequências do projeto de lei promoverão um verdadeiro desmonte das instituições públicas de pesquisa no país. Trechos da carta – “O Estado perderá o direito de autoria em caso de uma grande invenção ou descoberta científica, que serão revertidas para a empresa privada (royalties) e não para o bem da população”. – “Professores universitários e pesquisadores das instituições públicas (estatais) assumirão funções de diretores-presidentes de OS (Organizações Sociais) que desenvolvam atividades de pesquisa e inovação tecnológica, auferindo remuneração e/ou rendimentos pelas atividades desenvolvidas nos setores público e privado. Isso impactará negativamente o regime de trabalho de dedicação exclusiva nas instituições públicas de ensino superior”. – “Professores e pesquisadores financiados com recursos públicos atuarão dentro de empresas privadas”. – “Ocorrerá uma restrição à divulgação pública dos resultados de pesquisa, em função do interesse na apropriação do conhecimento pelas organizações de caráter privado que coordenam os projetos”. – “As entidades abaixo assinadas consideram o PLC 77/2015 um grave retrocesso que poderá gerar efeitos avassaladores para a pesquisa pública brasileira”. ______________________  A ÍNTEGRA DA CARTA Leia, abaixo, a integra da carta e, ao final, a relação das entidades signatárias (ou acesse aqui) Excelentíssima SenhoraDILMA ROUSSEFPresidenta da República Senhora Presidenta, As entidades abaixo assinadas, representantes de profissionais ligados a alguns dos principais institutos de pesquisa e universidades brasileiras, consideram que o Projeto de Lei da Câmara 77/2015 é uma ameaça sem precedentes às instituições públicas de ensino superior e de pesquisa no Brasil. Embora o projeto, que se encontra agora para apreciação de Vossa Excelência, tenha sido já aprovado pelas duas Casas do Congresso Nacional, isso ocorreu sem a realização de audiências públicas amplas que deveriam dar voz a todos os segmentos da comunidade acadêmica e de pesquisa pública do País. Assim, solicitamos que Vossa Excelência, utilizando os poderes que lhe são conferidos pela Constituição Federal, vete integralmente o referido projeto e convoque um amplo debate sobre os riscos que ele representa para as universidades e a pesquisa pública no Brasil, com base nas razões que a seguir relatamos: O PLC 77/2015 propõe mudanças no “Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação” e em outras legislações para o setor e estabelece diretrizes completamente privatizantes às entidades públicas de pesquisa, com repercussões diretas nas universidades e centros de pesquisa públicos. Se aprovado o projeto, a área pública de pesquisa no Brasil será virtualmente “sequestrada” por interesses privados e vultosos recursos destinados pelo Estado serão apropriados por interesses particulares. O Estado perderá o direito de autoria em caso de uma grande invenção ou descoberta científica, que serão revertidas para a empresa privada (royalties) e não para o bem da população. O PLC 77 propõe, entre outros quesitos, a criação de Institutos Científico-Tecnológicos (ICTs) com o estatuto jurídico de Organizações Sociais (OS), para o desenvolvimento de atividades de pesquisa no Brasil. Os ICTs poderão: 1 – Receber recursos públicos de todos os entes federados e de fundações ditas “de apoio” para a cobertura de todas as suas despesas. 2 – Usufruir de recursos humanos especializados (pesquisadores) pagos com recursos públicos. 3 – Utilizar a infraestrutura pública das universidades e institutos de pesquisa. As consequências são claras: – Aumento da sangria do fundo público para empresas privadas e a substituição de instituições públicas (estatais) de pesquisa por OS, apontando para drástica diminuição de concursos públicos para as carreiras de professores universitários e pesquisadores. – Professores universitários e pesquisadores das instituições públicas (estatais) assumirão funções de diretores-presidentes de OS que desenvolvam atividades de pesquisa e inovação tecnológica, auferindo remuneração e/ou rendimentos pelas atividades desenvolvidas nos setores público e privado. Isso impactará negativamente o regime de trabalho de dedicação exclusiva nas instituições públicas de ensino superior. – Professores e pesquisadores financiados com recursos públicos atuarão dentro de empresas privadas. – O gasto total em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) continuará a ser o mesmo ou poderá decair. Isso porque o Estado tende a manter ou ampliar seus gastos ao passo que as empresas tenderão a diminuí-los, uma vez que poderão ter acesso aos recursos estatais (financeiros e de pessoal). – O número de patentes registradas pelas universidades deverá cair, pois o registro passará a ser feito em nome dos pesquisadores envolvidos no processo e das OS a que eles estarão ligados. A fonte dos recursos financeiros para a manutenção dos registros continuará a mesma, ou seja: os cofres públicos; enquanto a apropriação dos benefícios será privada. – Ocorrerá uma restrição à divulgação pública dos resultados de pesquisa, em função do interesse na apropriação do conhecimento pelas organizações de caráter privado que coordenam os projetos. Assim, as entidades abaixo assinadas consideram o PLC 77/2015 um grave retrocesso que poderá gerar efeitos avassaladores para a pesquisa pública brasileira. Campinas e São Paulo, 21 de dezembro de 2015  Fórum das Seis, que congrega as entidades sindicais, estudantis e de servidores técnico-administrativos das universidades públicas paulistas e do Ceeteps (Centro Paula Souza): . Adunesp (Associação dos Docentes da Unesp). Adunicamp (Associação de Docentes da Unicamp). Adusp (Associação dos Docentes da USP). Sintunesp (Sindicato dos Trabalhadores da Unesp). STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp). Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP). Sinteps (Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza). DCE (Diretório Central dos Estudantes)-Livre da USP “Alexandre Vannucchi Leme”. DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Unicamp. Representação Estudantil da Unesp APqC (Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo), que congrega pesquisadores científicos de 19 institutos públicos do Estado de São Paulo: . Instituto Agronômico. Instituto Biológico. Instituto de Economia Agrícola. Instituto de Pesca. Instituto de Tecnologia de Alimentos. Instituto de Zootecnia. Departamento de Descentralização do Desenvolvimento. Instituto de Botânica. Instituto Florestal. Instituto Geológico da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Instituto Adolfo Lutz. Instituto Butantã. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Instituto Lauro de Souza Lima. Instituto Pasteur. Instituto de Saúde e a Superintendência do Controle de Endemias. Secretaria de Estado da Saúde. Laboratórios de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Seção Sindical Campinas e Jaguariúna do Sinpaf (Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário), que congrega trabalhadores dos seguintes centros de pesquisa da Embrapa:. Embrapa Gestão Territorial. Embrapa Informática Agropecuária. Embrapa Meio Ambiente. Embrapa Monitoramento por Satélite. Embrapa Produtos e Mercados – Escritório de Campinas-SP. Abra/SP (Associação Brasileira de Reforma Agrária). Centro de Estudos Rurais da Unicamp. CSA Brasil (Comunidade que Sustenta a Agricultura). IBNF (Instituto Brasileiro de Nutrição Funcional). GAPI/Unicamp (Grupo de Análise de Políticas de Inovação da Unicamp). Movimento Urbano de Agroecologia. VP Consultoria Nutricional. Mandato do vereador Pedro Tourinho – Câmara Municipal de Campinas. Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, movimento integrado pelas seguintes entidades:. ANA (Articulação Nacional de Agroecologia). Cimi (Conselho Indigenista Missionário). CP (Consulta Popular). CPT (Comissão Pastoral da Terra). FBES (Fórum Brasileiro de Economia Solidária). FBSSAN (Fórum Brasileiro de Segurança e Soberania Alimentar). LPJ (Levante Popular da Juventude). MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens). MMC (Movimento das Mulheres Camponesas). MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores). MPP (Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais). MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). PJMP (Pastoral da Juventude do Meio Popular). PJR (Pastoral da Juventude Rural). RADV (Rede de Alerta Contra o Deserto Verde). RECID (Rede de Educação Cidadã). REGA (Rede de Grupos de Agroecologia do Brasil). Via Campesina. Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz). Inca (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva). EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário-BA). EFA (Escola Família Agrícola de Conceição de Ipanema-MG). EFA (Escola Família Agrícola de Veredinha-MG). Gestru/UFMG (Grupo de Estudos em Saúde e Trabalho Rural da Universidade Federal de Minas Gerais-MG). NAC (Núcleo de Agroecologia e Campesinato/UFVJM-MG). Núcleo Tramas – Universidade Federal do Ceará. Soltec/UFRJ – Núcleo de Solidariedade Técnica (RJ). UFFS – Universidade Federal da Fronteira Sul. UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco). Nesc (Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva) da UFPR (Universidade Federal do Paraná). Asfoc (Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz). CFN (Conselho Federal de Nutricionistas). Contag (Confederação Nacional do Trabalhadores na Agricultura). Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia). CUT – Central Única dos Trabalhadores. Sinpaf (Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário). Adere-MG (Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais). Aeaba (Associação dos Engenheiros Agrônomos da Bahia). CRN9 (Conselho Regional de Nutricionistas da 9ª Região-MG). Fetamg (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais). FETQUIM/CUT ( Federação dos Trabalhadores Químicos da CUT no Estado de São Paulo). Senge-RJ (Sindicatos dos Engenheiros do Rio de Janeiro). Sepe-RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação do Rio de Janeiro). Sindicato dos Comerciantes de Petrolina-PE. SindiPetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro). Sintagro-BA (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Agrícolas da Bahia). Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Minas Gerais). STR (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibirité-MG). STR de Petrolina-PE. STTR (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Miradouro-MG). ABA (Associação Brasileira de Agroecologia). Apromac (Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte-PR). AS-PTA (Agricultura Familiar e Agroecologia). Cáritas Brasileira. Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional). Fundação Rosa Luxemburgo. Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. Terra de Direitos. Toxisphera Associação de Saúde Ambiental. Visão Mundial. Aarj (Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro). AAT (Associação Agroecológica de Teresópolis-RJ). AATR (Associação Advogados de Trabalhadores Rurais-BA). Acodefan (Associação Comunitária de Desenvolvimento Educacional, Familiar e Agropecuário de Veredinha-MG). AMA (Articulação Mineira de Agroecologia-MG). Amau (Articulação Metropolitana de Agricultura Urbana de Belo Horizonte-MG). Associação das Rendeiras de José e Maria. Associação de Moradores de Água Limpa Simonésia-MG. Associação de Moradores e Amigos de Itinga-MG. CAA (Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Rede Ecológica-RJ). CAT (Centro Agroecológico Tamanduá-MG). CAV (Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica-MG). Ceas (Centro de Estudos e Ação Social-BA). Ceifar/ZM (Centro de Estudo Integração Formação e Assessoria Rural da Zona da Mata-MG). Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá-PE. Cepedes (Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul-BA). Comissão de Segurança Alimentar do Médio Piracicaba-MG. Consea-MG (Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais). Coopaf (Cooperativa de Produção Muriaé-MG). CTA (Centro de Tecnologias Alternativas-MG). Eita (Cooperativa Educação, Informação e Tecnologias para Autogestão). Faap-BG (Fórum dos Atingidos pela Indústria do Petróleo e Petroquímica nas Cercanias da Baía de Guanabara-RJ). Formad (Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento-MT). Fórum Regional em Defesa da Vida e do Meio Ambiente-MG. GAU (Grupo de Agroecologia de Umbuzeiro-BA). Gias (Grupo de Intercâmbio em Agricultura Sustentável de Mato Grosso-MT). Grupo Aranã de Agroecologia-MG. Fundo Dema-AM. Instituto Ideazul-ES. Instituto Kairós-SP. Neppa (Núcleo de Estudos e Práticas em Políticas Agrárias-BA). Pacs (Políticas Alternativas para o Cone Sul-RJ). Radio Agência NP. Rede de Educadores do Vale do São Francisco-BA/PE. Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas-MG. Sasop (Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais-BA). Semeadores Urbanos. Vicariato Social/Arquidiocese de Belo Horizonte-MG. Abeef (Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal). Denem ( Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina). Enebio (Entidade Nacional de Estudantes de Biologia). Enen (Executiva Nacional dos Estudantes de Nutrição). Feab (Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil). DA de Agronomia da Uneb (Universidade Estadual da Bahia). DA de Agronomia da Univasf-PE/BA. DCE-Univasf-PE/B). Mandato do Deputado Estadual Simão Pedro (SP). Mandato Deputado Estadual Rogério Correia (MG). Mandato Deputado Federal Nilmário Miranda (MG). Mandato Deputado Federal Padre João (MG). Mandato do Deputado Estadual Marcelo Freixo (RJ). Mandato da Deputada Estadual Marisa Formolo (RS) Em nome das entidades acima, por delegação específica e restrita ao presente ato,Paulo Sampaio Xavier de OliveiraDiretoria ADunicamp – 1º Secretário 

  3. Sindicato Nacional dos

    Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES-SN

     

    Data: 11/01/2016

     

    Dilma sanciona lei que aprofunda privatização de ciência e tecnologia

    A presidente Dilma Rousseff sancionou, na manhã desta segunda-feira (11), o Código de Ciência, Tecnologia e Inovação proveniente do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 77/2015. O código aprofunda a privatização da ciência e tecnologia públicas, legalizando parcerias público-privadas na área e possibilitando transferência de recursos, estrutura, propriedade intelectual e pessoal de instituições públicas para usufruto da iniciativa privada. 
     
    A proposta, do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), regulamenta a Emenda Constitucional 85 e é um dos itens da Agenda Brasil, conjunto de medidas apresentadas pelo Senado para retirar direitos sociais e manter o superávit primário, favorecendo o uso de recursos públicos na iniciativa privada, e vice-versa. 
     
    Para Epitácio Macário, 2º vice-presidente do ANDES-SN e um dos coordenadores do Grupo de Trabalho de Ciência e Tecnologia (GTCT) do Sindicato Nacional, o Código de Ciência, Tecnologia e Inovação é um retrocesso, pois alarga as vias de privatização do fundo público na área, prejudicando o caráter público de universidades e institutos. 
     
    “Esse código traz para a ciência e tecnologia a promiscuidade das relações entre o público e o privado, possibilitando a criação de Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs) com estatuto de Organizações Sociais (OS). Essas ICTs podem captar recursos públicos e privados e intermediar a prestação de serviços entre as instituições públicas e o mercado. Em médio prazo, isso deve gerar uma maior transferência de fundos públicos, de estrutura e de pessoal para a iniciativa privada”, diz Macário. 
     
    As consequências do código para a carreira docente e as relações de trabalho nas instituições públicas também será perversa, aponta o docente. “O código estimula que os docentes se tornem empreendedores, criando ICTs dentro das instituições para captar recursos, o que cria tensões nas relações de poder dentro de universidades e institutos. O regime de dedicação exclusiva, por outro lado, passa a ser relativizado”, critica o 2ª vice-presidente do ANDES-SN. 
     
    “É um avanço vigoroso do processo de privatização dos recursos humanos e patrimônio científico públicos. Em médio prazo, temos a possibilidade do conhecimento desenvolvido nas instituições públicas não possam ser publicados pelos professores e pesquisadores, pois as ICTs vão deter a patente. Ou seja, a produção de conhecimento será patenteada e controlada por instituições privadas, que funcionarão dentro das instituições públicas”, detalha.
     
    Histórico do PLC
    Segundo Epitácio Macário, o projeto quando proposto em 2011 na forma de PL 2177 confrontava alguns preceitos da Constituição Federal de 1988 e, por isso, teve que ficar em espera, enquanto deputados elaboravam uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 290/13), aprovada em fevereiro de 2015, que originou a Emenda 85. O que abriu as portas para a tramitação do projeto.
     
    “A Constituição previa o investimento estatal prioritariamente para a ciência básica e essa mudança constitucional incluiu a inovação no mesmo patamar da ciência e tecnologia, para responder às demandas do mercado, e tirando o termo básico, o que implica uma mudança considerável, pois quando falamos em tecnologia e inovação falamos de produto. Outra mudança tem a ver com a garantia de oferta de educação e ciência. Agora o fundo público pode ser investido diretamente em empresas nacionais e estrangeiras que realizem atividades de pesquisa e desenvolvimento em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação”, ressalta o diretor.

     

    1. Eu entendo que o pessoal

      Eu entendo que o pessoal esteja a desejar um país que invista em ciência e tecnologia para que os pesquisadores fiquem com todo o mérito e pesquisa, mas devemos lembrar que a maioria destas pesquisas são justamente para o mercado consumidor e o desenvolvimento. Querer separar estas pesquisas do capital não é congruente, pois o país utiliza justamente do cpaital para incentivar as pesquisas. Se não houver um retorno prático, o investimento nunca será acelerado e nem alavancará as pesquisas. Por mais que seja a favor ao investimento do estado e que os pesquisadores fiquem a vida toda recebendo finheiro para suas pesquisas, um estado não pode ficar colocando dinheiro que nunca retornar, pois o estado representa o investimento de milhões de cidadãos. UM pesquisador sentado recebendo grana a toro e direito do estado e não oferecer nada produtivo é comodo para ele, mas ruim para o estado; querendo ou não a iniciativa privada, é sim, importante; nestes casos.

    2. Também não concordo, me

      Também não concordo, me desculpe, a sua frase embaixo que diz: “Nascem demasiados homens, para os supérfluos criou-se o Estado”.

      Na minha visão a frase correta seria: “Criou-se o Estado pois nascem demasiados homens.”

    3. Desculpa Bonna, eu que não

      Desculpa Bonna, eu que não entendi a frase. É irônica! rsrs Minha interpretação de texto que foi ignorante. Creio que a frase quis dizer o seguinte: “Para os homens que são supérfluos, ou seja, por haverem entre os homens que nascem demasiadamente, aqueles homens que são supérfluos; criou-se o estado. Pois o estado poderia dar abrigo aos homens que são vitimas daqueles outros homens, que são supérfluos.”

  4. “o Brasil pode efetivamente
    “o Brasil pode efetivamente ser um protagonista em inovação e produção de conhecimento para todo o mundo.”

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    Bastava uma canetada, era fácil. Agora pronto. Rumo a Lua!

  5. REPÚBLICA DA INTELIGÊNCIA NO ANTIGO REGIME ABSOLUTISTA

    “Até o fim da Idade Média, o saber pertence aos clérigos, ancestrais dos intelectuais, […] No mundo fechado dos conventos e das universidades, interpretam-se incansavelmente os textos sagrados e o corpus aristotélico, o que deixa pouco espaço para as descobertas que constituem o orgulho do cientista. O clérigo trabalha num quase-anonimato: isolado do restante da sociedade, o mundo exterior o ignora. A ordem clerical impõe silêncio, modéstia e amizade em suas fileiras.

    […]

    Só com advento do humanismo e da revolução intelectual do Renascimento o saber deixaria de ser apanágio exclusivo dos teólogos. A renovação científica é essencialmente obra de leigos que lançam por terra ao mesmo tempo o cosmos da Antiguidade e o cabresto escolástico. No século XVII, Descartes, Newton, Huygens, Fermat e Roberval lançam os princípios da ciência moderna, que dispensa a teologia. Com isto, propiciam numerosas descobertas científicas e técnicas que despertam o interesse do poder público. O rei e seus ministros dão-se conta das vantagens que podem advir do desenvolvimento das ciências – principalmente do progresso da astronomia, que facilita a navegação, e da ótica, cujos instrumentos mudam a visão humana. O saber torna-se fonte de riquezas e glória. O Estado quer agora transformá-lo em propriedade sua.”

  6. Sintonia

    O descompasso entre o desenvolvimento do tipo “universitário” e a realidade industrial é muito ruim. Produzimos, proporcionalmente, menos aço do que o Chile, mas queremos incentivar pesquisa aeroespacial. Estamos ainda num momento em que o nível técnico deve ser priorizado, assim como os professores primários ou de nível médio. Brasil gasta muito em teoria e muito pouco na prática e isso é perigoso, pois, na falta de aplicação prática das “descobertas” de um PhD, este tende a sair do Brasil. Brasil, com estas medidas continua aumentando a distância entre a academia e o setor produtivo. Afastamos bons profissionais do conceito básico do verbo “fazer”. Muita teoria para um país que exporta bananas, soja, carne e meninos para Disney.

    1. custos públicos, benefícios privados.

      Não é o Brasil que gasta pouco na prática. As Universidades Brasileiras, apesar de serem mantidas à mingua pelo governo federal, desde o PSDB até os do PT, produzem várias inovações e tecnologias – inclusive sociais, as cotas raciais ou o bolsa familia foram ‘gestados’ por ‘teorias’ – que beneficiam a toda a população de forma gratuita.

      Quem não se importa muito com a ‘prática’ são as empresas brasileiras que querem que as universidades ofereçam o treinamento que elas deveriam supostamente fornecer a força de trabalho que façam o trabalho de P &D que elas supostamente deveriam fazer. Custos públicos, beneficios privados é esse o lema do empresariado brasileiro.

  7. Com esse ministro Pau mandado do Cunha

    O Brasil é o país do futuro, um futuro cada vez mais distante. E a Dilma ainda coloca o dono do restaurante `A Barganha`

    comida a quilo em Duque de Caxias, como ministro da ciência e tecnologia.

  8. Nosso Ministro da Ciência é Formado em Letras

    O mais próximo que ele conhece de ciência são as experiências que suas cozinheiras faziam no seu restaurante por quilo.

    É o ó do borogodó.

    Passou por 4 partidos

    Nascido em São Valentim (RS), Pansera é um dos seis filhos de agricultores. É formado em letras. Aos 26 anos, mudou-se para o Rio. Foi filiado ao PT, que deixou em 1992 para aderir ao grupo que fundou o PSTU. Pansera foi depois para o PSB, que deixou quando Eduardo Campos lançou-se candidato a presidente. Aderiu então ao PMDB de Cunha, onde se elegeu pela primeira vez deputado federal

    Primeira eleição

    No PMDB desde 2013, foi eleito com 58.534 votos – a primeira vez que se candidatou. A campanha arrecadou R$ 1,2 milhão. Declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 575 mil em bens – um bar, um carro Sorento e um apartamento

    Dono de restaurante

    Pansera é dono de um restaurante em Caxias, o Barganha. “Achei o nome no dicionário. É um self-service.” Também dá aulas voluntárias de português para pessoas carentes

    Acusado de “pau-mandado”

    Celso Pansera foi acusado de ser “pau-mandado” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo doleiro Alberto Youssef, em depoimento na CPI da Petrobras. Pansera apresentou requerimentos para que a comissão investigasse familiares de Youssef, o que foi interpretado pelo doleiro como uma forma de o intimidar. Youssef foi quem primeiro citou o nome de Cunha como envolvido no esquema de corrupção da Petrobras e, por isso, chamou o deputado de “pau-mandado” de Cunha

    Currículo na Ciência

    Ele já foi secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro e é titular e membro ativo da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI). A convite do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), presidiu a Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (2007-2014). Por esse período, responde por processo movido pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que investiga violação aos princípios administrativos e improbidade administrativa

    Temas polêmicos

    Na Câmara, Pansera votou contra a redução da maioridade penal. Sobre casamento gay, diz que “as pessoas têm o direito de fazer sua opção”

  9. Aeroespacial, Não

      O carissimo ” Cunha Boy “, deveria informar-se melhor com seu “patrão”, ou no minimo com o MinDef , pois a area de C & T  ficará a cargo de seu ministério, até maio ou junho deste ano ( pode ser até antes ). A “ALADA ” ficará encarregada diretamente de todos os projetos e iniciativas nesta area especifica.

  10. É só analisarmos aquele

    É só analisarmos aquele filme, Decisões Extremas; Um pai tinha dois filhos com uma doença até então incurável. Pessquisando a cura, econtrou um cientista que pesquisava a cura no laboratório da universidade com recursos escassos. O pai apareceu no laboratório e convenceu o cientista a tirar seu poder encima da pesquisa e vendê-la para uma grande empresa farmaceutica com uma participação nos lucros. Embora o cientista tenha ficado irritado por ter visto sua pesquisa ser tomada pela empresa, a cura foi encontrada e salvou os filhos do homem. É baseado em uma história real.

    https://www.youtube.com/watch?v=7noxWQA14Bg

     

  11. Essa lei foi feita por

    Essa lei foi feita por “expert”  que estavam limitados nos ganhos. Vide quem subscreve o manifesto a favor (COPPE, IPT, FIOCRUZ…). Agora estão no melhor dos mundos, recebem um salário pago pelo contribuinte e podem usar a infra pública para ganhar  um extra, com a griff da instituição, e sem ter que gastar com os custos de energia, internet, pessoal técnico, etc….

    O pior é afirmar que empresas nacionais irão demandar pesquisas. Afinal que empresa nacional esta fazendo pesquisa? A última empresa nacional que fazia pesquisa  esta sendo destruída, a Embraer, uma montadora, faz tempo que esta nas mãos das senhoras pensionistas americanas. 

    O lobby da academia ligada aos farmacos  e nano tecnologia se deu bem, vai poder agora trabalhar para as multis. Essas estão rindo a toa, o governo brasileiro bancou os cursos de doutorado, só sabem usar equipamentos importados (que agora esta mais facil comprar com essa lei), só pesquisam temas de interesse das multi e segundo o ministro recebe financiamento dos orgão públicos para bancar a pesquisa e infra. Agora as multi podem utilizar essa mão de obra barata, vendem equipamentos das empresas desses paises, e se gerar algum produto vendem caro para quem financiou grande parte do produto. Depois o pessoal da “elite” irá entrar na justiça para obrigar o governo pagar o produto que ele mesmo bancou. Não venha afirmar que a patente será brasileira!

    Mais o tema do dia foi a reporter da globo no jornal da manhã, toda feliz afirmar que irá participar do Forum de Davos. O interessante que ela destacou, um pouco festiva,  o tema da quarta revolução industrial. 

    Segue o link

    http://www.weforum.org/agenda/2016/01/the-fourth-industrial-revolution-what-it-means-and-how-to-respond

    Fiquei com a impressão que ela acha que iremos participar desta revolução!

    Recomendo também é o documento do forum!

    http://www3.weforum.org/docs/GRR/WEF_GRR16.pdf

     

     

     

     

     

     

  12. O PT conseguiu o privatizar o Estado.

    Realmente o Brasil conseguiu inovar: transformou as Universidades Públicas em departamentos de P & D das grandes empresas. Ser empresário e falar que  o Estado é a encarnação do Mal, criticar sua interferencia na Economia,  mas de forma preguiçosa, mentirosa e oportunista se apropriar dos recursos públicos para não ter o trabalho, o custo e correr o risco de montar um departamento de P & D com recursos próprios, privados, tá valendo. Onde foi parar o discurso da meritocracia, do livre mercado, essa palhaçada neoliberal que a FIESP e os economistas ‘liberais’, por exemplo, enfia goela abaixo da população achando que esta é um bando de idiotas? Lucros privados não deveriam ser obtidos com recursos privados, não?

  13. Amarelaram – Cadê a fábrica de bicicletas elétricas competitiva?

    Ministério Lampedusa. Muda tudo para continuar tudo a mesma coisa.

    São uns derrotados incompetentes, que não servem para nada de bom. 

    Dilma, com esta equipe é melhor pedir para sair.

  14. os privateiros tucanos até

    os privateiros tucanos até que ganharam um boa grana e alguns trocados para o erário, mas essa turma vez literalmente quatrilhões de vezes pior, pois doaram todo patrimônio científicos das públicas para que a rede privada possa literalmente usar e abusar

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