Política para combustíveis ‘abastece’ greve de caminhoneiros e fragiliza o país

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Motoristas fazem protesto na Esplanada dos Ministérios contra aumentos sucessivos dos combustíveis (ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL)

da Rede Brasil Atual

Política para combustíveis ‘abastece’ greve de caminhoneiros e fragiliza o país

Trabalhadores em transportes fizeram paralisações em todo o país, nesta segunda-feira, contra aumento dos preços. Federação dos petroleiros alerta para impactos em outros setores

por Redação RBA

São Paulo – A política do governo Temer para os preços da gasolina e do diesel, levada pela gestão de Pedro Parente na Petrobras, põe mais combustível na greve nacional dos caminhoneiros, além de aumentar a fragilidade do país, avalia a Federação Única dos Petroleiros (FUP). A categoria já aprovou uma paralisação, ainda sem data definida, contra o processo “desmonte” da companhia.

“Colocado por Michel Temer no comando da Petrobrás, Pedro Parente alterou a política de preços das refinarias, em outubro de 2016, quatro meses após ser empossado. Por sua orientação, a estatal passou praticar a paridade com o mercado internacional, aumentando os preços de acordo com a variação do barril de petróleo, sem estabelecer qualquer mecanismo de proteção para o consumidor”, diz a FUP.

“Além de aumentar diariamente os preços dos derivados, Pedro Parente reduziu a carga das refinarias, que estão operando com 75% da capacidade em vários estados do País. Quem ganha com isso são as importadoras de combustíveis. Em 2017, foram importados mais de 200 milhões de barris de derivados de petróleo, número recorde da série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP).”

Segundo o economista Cloviomar Cararine, técnico do Dieese e assessor da federação, as importadoras aproveitam essa redução nas refinarias para entrar no mercado brasileiro. “Nosso país é o sétimo maior consumidor de derivados do mundo. A Petrobrás abriu mão de ofertar derivados ao país e passamos, assim, a depender, em grande medida, das importações de derivados de outros países, principalmente dos Estados Unidos”, afirma.

A entidade lembra que, após reajustar preços quatro vezes seguidas na semana passada, a Petrobras anunciou novo aumento dos derivados nas refinarias. “Os valores subirão quase 1% nesta terça-feira, 22, colocando mais combustível na greve dos caminhoneiros, que protestam em todo o país contra os altos preços do diesel, que só neste mês de maio, já aumentou 12,3%”, diz a FUP, lembrando que os combustíveis têm impacto direto no valor dos transportes públicos e dos fretes rodoviários.

E os fretes, acrescenta a federação, se refletem nos preços de alimentos e produtos industrializados. “Por isso, a redução dos preços dos derivados de petróleo é um dos eixos da greve que os petroleiros aprovaram para barrar o desmonte do Sistema Petrobrás. A retomada da produção das refinarias e o fim das importações de combustíveis estão também na pauta principal do movimento”, lembra a FUP, que já aprovou um calendário de resistência. Até 12 de junho, o Conselho Deliberativo, que reúne a federação e sindicatos filiados, deverá definir a data do movimento.

“Nos governos Lula e Dilma, as nossas refinarias estavam a plena carga, com condições de suprir o mercado interno e praticar preços acessíveis à população”, diz o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel. “Agora, por uma decisão do governo, a Petrobras reduziu drasticamente a carga processada em nossas refinarias e o país aumentou a importação.”

Segundo ele, se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) resolver “fechar as torneiras amanhã, os consumidores brasileiros vão pagar o preço e não saberão disso”. O dirigente afirma que a política de Temer e Parente “deixará o Brasil de novo completamente vulnerável a qualquer problema internacional e quem continuará pagando a conta é o povo”.

De acordo com a FUP, os aumentos “desenfreados” dos derivados nos anos 1990 fez a gasolina brasileira ficar entre as 20 mais caras do mundo. Isso mudou a partir do governo Lula. “Entre 1995 e 2002, o preço do combustível sofreu reajustes de 350%, uma média de 44% ao ano. De 2003 a 2015, o reajuste foi de 45%, uma média de 3,75% ao ano”, compara a entidade.

Greve dos caminhoneiros

Balanço da Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCam) aponta participação da categoria, nesta segunda-feira (21), em 17 unidades da federação. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, houve mobilização em 21 estados. A ABCam afirma que o diesel representa 42% dos custos do negócio, e 43% do preço do combustível na refinaria vem do ICMS, PIS, Cofins e Cide.

De acordo com a Polícia Rodoviária, os estados com mais pontos de bloqueio de estradas foram Paraná (20), Bahia (14), Rio de Janeiro (14), Minas Gerais (11) e Goiás (9). O movimento estaria mais intenso nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. 

Temer marcou reunião com ministros, para esta segunda-feira, para discutir o assunto. Até o momento, o governo não se manifestou oficialmente.

Com informações da FUP e da Agência Brasil 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

13 Comentários

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  1. Não tem que fazer

    Não tem que fazer manifestação nenhuma contra aumento de combustíveis.

    Se quiserem fazer um mea culpa devem fazê-lo por inteiro.

    O aumento dos combustíveis faz parte da política destruidora deste governo.

    Não é um ato isolado.Está atrelada a privatização da Petrobrás e a entrega do Pré-sal.

    Manisfestação tem que ser pela derrubada deste governo golpista e pelo pronto restabelecimento democrático do país com a liberdade imediata do presidente Lula,

    O resto é fumaça para distrair,mais uma vez,os manifestoches.

  2. O halal -4 litros- esta a

    O halal -4 litros- esta a 2.85 em dolar, aqui.  4 litros no Brasil estao custando mais de 5 dolares!

    Chupa, coxinhada…  Nao era destruicao do Brasil o que voces queriam?

  3. Falha cognitiva
    O que eu acho mais engraçado é que teve um monte de gente que achava que retirando o PT, o preço dos combustíveis ia cair, porque a petrobras se tornaria mais eficiente e sem roubalheira.

    “Não me filho, a crítica que eles fazem à gestão do PT na Petrobras é justamente NÃO ter aumentado os preços.”
    -Dogbert

  4. Caro Nassif
    Não vejo nenhum

    Caro Nassif

    Não vejo nenhum cartaz de “VoltaDilma”, “LulaLivre”, “ForaTemer”, “Foragolpistas”.

    É a direita em briga. Sei que perco, mas que se fodam.

    Saudações 

     

     

  5. Não há cabimento: a Petrobras

    Não há cabimento: a Petrobras desde o nascedouro tem sido um instrumento da política industrial do país, não só garantindo o fornecimento de derivados de petróleo, vale dizer energia, sempre o fez dentro de uma política equilibrada, precificando os produtos de modo compatível com uma gestão equilibrada, sem impactar os preços internos, onde na própria estrutura de preços estavam incluídas parcelas para amenizar as flutuações cambiais e do preço do petróleo bruto. Foi assim por mais de sessenta anos. Agora, os luminares do mercado, no seu comando e no afã de desestruturá-la, pratica a realidade burra dos preços, como se a Petrobras estivesse numa feira livre, tendo refletir imediatamente nos preços dos seus produtos, como se pudesse uma empresa, estruturalmente de mesma dimensão do mercado brasileiro de combustíveis, com concorrência mais forte somente na distribuição, sendo estatal, pudesse praticar essa política que atende mais os interesses de acionistas, como se fosse uma empresa privada, nada devendo ao país e sua população. A solução desse problema está em voltar a adotar as práticas de sempre, na precificação de derivados de petróleo, que permitiu o crescimento da empresa e do país, passou por conjunturas econômicas as mais diversas e serviu sem grandes problemas a população. O erro nisto tudo está em manter à sua frente gestores tão incompetentes, despreparados para atuarem no setor público, homens de confiança do mercado tão somente, ao ponto de não saberem que a Petrobras é uma empresa estatal brasileira, e deve em primeiro lugar servir ao país e seu povo. Como praticar os preços de derivados, o corpo técnico da Petrobras está mais do que qualificado para fazer, fez por mais de sessenta anos, com competência, sem maiores prejuízos para o país e seu povo. Fora, para essa cambada de vendilhões da pátria!

  6. A insana politica de preços

    A insana politica de preços dos combustiveis faz parte da lenda da “salvação da Petrobras” e da notavel sensibilidade politica e administrativa do gestão atual da empresa, que despreza seu propria Pais sede como mercado, está de olho em Nova York.

    O preço referencial do oleo BRENT é para o mercado “spot”, mercado de pronta entrega, 85% do abastecimento mundial de petroleo  é contratos a longo prazo e não no mercado spot, a Petrobras não é afetada pelo preço spot dia a dia, ela se abastece de petroleo majoritariamente por sua propria produção na bacia de Campos e no pre-sal que não são afetadas pelo preço spot.

    Os aumentos dia a dia são injustificaveis, é possivel ter uma politica de preços mais racional com ajustes a cada seis meses

    para cima ou para baixo, o mercado americano que essa gestão replica é COMPLETAMENTE diferente do mercado brasileiro,

    lá tem 70 bandeiras e metade do petroleo é importado.

    1. Algum de vocês notou que o

      Algum de vocês notou que o objetivo dessas altas diárias em pequenos valores é aumentar o preço dos combustíveis para um nível que causaria revoltas se fosse aplicado em uma única vez? Ao invés de aumentar 50% em uma única vez você pode aumentar 2% durante um período de vários dias.

      E o fato de ter funcionado mostra como a população brasileira é estúpida…

  7. Meu pai dizia que só era

    Meu pai dizia que só era possível aprender por duas maneiras: pela amor ou pela dor. Sempre achei isso muito brutal… Mas hoje, adulto, percebo que ele tinha total razão.

    Esses caminhoneiros escolheram o caminho da dor.

  8. Eu vejo muita reclamação

    Eu vejo muita reclamação contra os “altos impostos” dos combustíveis. Como se esses impostos tivessem aumentado nos últimos meses. Como se a petrobras auniciasse aumentos de impostos e nao dos preços quase todos os dias.

    Também não estou vendo “Fora Temer” em toda parte. Na paralização anterior, tinha “Fora Dilma” em todo lugar.

    Para aqueles que acham que os caminhoneiros “cairam em sí”, lamento desapontá-los…

  9. Quem Acredita?

    Nassif: não boto fé nessa “grevinha” particular da Máfia dos Transportes. O que querem, na verdade, é subsídio para aumentarem os lucros e poderem (eles e familiares) viajar ao exterior. É verão no hemisfério norte.

    Afinal, esse foi o governo que eles próprio promoveram. Não se pode esquecer eles estavam descontentes com o governo anterior. Fora isto, fora aquilo, era o lema. Colhem o que plantaram.

    Portanto, que não culpem o Mordomo do Jaburu e o Pedro (parente do Capeta). Eles estão cumprindo o script traçado por esses marginais e terroristas das estradas, a partir das organizações que dirigem. 

    Você viu paralização em São Paulo? Lógico que não. Os safados não dão tiro no pé. Aqui é o quartel general do bando PSDB/DEM/PPS. Pegaria mal movimento paredista, agora que tão lançando Xuxu pro governo federal. E se estão no Rio e em Brasilia é para aparecebem nos noticiários. 

    Porque caminhoneiro autêntico, aquele que se esforça diariamente nas sinuosas e perigosas rodovias do Pais, estes continuarão sua jornada de suor e lágrimas, como sempre.

  10. Impostos

    Não entendo essa lei maluca, de que exportação do barril é insento de impostos, enquanto dentro do país, o combustível sofre variação do preço devido aos impostos, é como eu esprestar dinheiro pra mim e ficar devendo pra mim mesmo!!!….

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