Por que Temer não quer entregar a Embraer? Por Geraldo Hasse

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Geraldo Hasse

Tico-tico no radar da Águia

Um governo dócil ao Mercado deveria entregar a Embraer à Boeing, não?

Toda vez que surge uma notícia como essa – “Boeing quer fazer acordo operacional com a Embraer” – vem à minha lembrança a frase de um empresário do interior paulista a propósito da abertura da economia brasileira aos capitais internacionais.

Por volta de 1982, quando eram fortíssimas as pressões para “entregar” ativos nacionais ao capital estrangeiro, aquele empresário disse: “Sou a favor da preservação das empresas brasileiras, mas o Brasil bem que pode seguir o caminho do Canadá, que adotou o dólar como moeda canadense e a bandeira dos Estados Unidos como símbolo nacional”.

Ele acreditava que o Canadá havia feito uma opção inteligente, tornando-se uma espécie de protetorado ianque com alto nível de vida – uma colônia moderna, por assim dizer, com muito mais peso econômico do que outros países anexados pelos EUA, como o Havaí e Porto Rico, para citar apenas territórios americanos. Além disso, o Canadá desfruta de alguns luxos, como a relativa autonomia da província francesa de Quebec. Com sua mania de bancar o independente, o governo canadense autorizou a indústria aeronáutica Bombardier a fazer uma aliança estratégica com a Airbus francobritânica. A Boeing não gostou e resolveu fazer uma proposta à Embraer, a grande concorrente da Bombardier no mercado de jatos comerciais de 100 a 150 assentos.

E daí?  

Daí que não há muitos meios de escapar da voz de comando emitida por Washington. Mais de 30 anos atrás o mesmo empresário paulista dizia realisticamente que “tudo volta para Manhattan”, numa alusão direta ao poder do dólar não apenas sobre a economia mundial, mas sobre o poder político das nações, os movimentos ecológicos e todos os serviços (justiça, diplomacia, segurança, educação, saúde) tutelados pelo Império ianque com a cumplicidade de seus sócios em Bonn, Londres, Tóquio etc.

Infelizmente, já nos acostumamos com a ingerência ianque nos negócios internos de outros países como Afeganistão, Coréia do Sul, Cuba, Guatemala, Honduras, Iraque, México, Nicarágua, Síria, Turquia, Vietname etc. E a pergunta da hora é: nessa batida, onde vamos parar?

Estamos vendo agora que a governança norte-americana impõe seus valores (e interesses) até sobre o mundo da bola (FIFA), que sempre desfrutou de total liberdade.

Logicamente, faz parte do jogo enquadrar o Brasil, um dos dez maiores PIB do mundo e dono de uma das principais reservas de petróleo do planeta.   

Assim, se a gigantesca Boeing deixou claro que está a fim de assenhorear-se da Embraer, a única coisa a estranhar é que o chefe de plantão no Palácio do Planalto tenha resolvido dar o contra.

Se o que caracteriza o governo-tampão presidido por Michel Temer é a submissão à vontade do(s) Mercado(s) – veja o que está acontecendo com a Embrapa, a Petrobras e a Eletrobras –, como se explica esse súbito NÃO?

Pode-se desconfiar que o NÃO dele seja um despiste ordinário para ganhar tempo — a clássica colocação de dificuldades para vender facilidades.

Mas há outra hipótese para a negativa presidencial: é que o meganegócio aeronáutico não agrada aos militares, já que a operação da Embraer tem a ver com a segurança nacional ou, seja, afeta de modo agudo a soberania nacional.

Em outras palavras, o negócio da Embraer foge à alçada do presidente em exercício.

Falta-lhe teto para esse voo.

Como na fábula célebre, o rei ficou nu.   

 

LEMBRETE DE OCASIÃO

“Deveis ter sempre em vista que é loucura o esperar uma nação favores desinteressados de outra; e que tudo quanto uma nação recebe como favor terá de pagar mais tarde como uma parte da sua independência”.

George Washington, citado por Golbery de Couto e Silva na página 62 de seu livro “Geopolítica do Brasil” (Editora José Olympio, 3ª.edição, 1981)

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

27 Comentários

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  1. por que….

    Quer entender o Brasil? Se citasse Golbery, há alguns anos seria linchado. E os Militares são um Patrimônio Nacional. Mesmo que alguns rosnem contra esta realidade. Só temos a EMBRAER e só a mantemos, graças aos Militares. Para quem não sabe ou ainda se ilude, em grande parte doada por forças esquerdopatas entreguistas, que se diziam (antes de ter o poder) serem contra o entreguismo, a desindustrialização, a sabotagem à soberania nacional em detrimento de interesses internacionais. Nada como um dia após o outro. A Verdade Vos Libertará. Mas não compare a Embraer à Bombardier. A empresa canadense é um moribundo à espera de salvação. A empresa brasileira é a líder do mercado mundial, só vendo seus horizontes serem ampliados. Coincidência, logo após o acerto de transferência de tecnologias com a SAAB, construtora dos Gripen, este tal interesse da norte-americana? Em 2018, ainda entram no mercado, a concorrência dos aviões chineses e russos. O mercado de voôs regionais é o filão deste século. Evoluimos ou estagnamos, nas nossa discussões e projetos? O Brasil/2018 responderá.  

    1. Essa é a famosa teoria do

      Essa é a famosa teoria do vira-latas. Só tem tecnologia nos USA Europa e Asia. Tudo que é desenvolvido no Brasil não presta. Logo, vendamos tudo aos gringos que eles farão melhor e nós seremos felizes para sempre. O exemplo é o desenvolviemnto de prospecção de petróleo em águas ultra- profundas que disseram que o Brasil não tiraria uma gota do pré-sal. Essa teoria de vira-ltas está nos custando muito caro é uma desculpa para liquidarmos tudo de bom que temos a preço de banans. Somos uns escravos do culturismo internaciona e de joelhos continuaremos ainda por muito tempo mesmo.

  2. Quando eu era criança,
    Quando eu era criança, experimentei a ditadura de duas maneiras. Ambas de maneira inconsciente.
    A primeira diz respeito a minha família. Meus pais se separaram, pois meu pai vivia sendo perseguido pela polícia – ele era comunista desde a década de 1950 e tinha sido preso algumas vezes antes de 1964 por causa de agitação partidária – e minha mãe não aguentava mais os sumissos dele as policiais violentas na nossa casa.
    A segunda diz respeito aos feitos da ditadura. Na época, como todo garoto no ginásio, sentia orgulho do Brasil estar construindo a maior represa do mundo e fabricar aviões a jato. O Xavante da Embraer era então o que existia de mais espetacular no país.
    Com a entrega da Embraer aos gringos as novas gerações não poderão sonhar com o Brasil. Elas aprenderão apenas a odiar os governantes entreguistas. Isso é bom é ruim. Bom porque o ódio impele as pessoas ao combate, ruim porque a guerra civil vai destruir o país inteiro.

  3. Vou ficar apenas num parágrafo

    “Mas há outra hipótese para a negativa presidencial: é que o meganegócio aeronáutico não agrada aos militares, já que a operação da Embraer tem a ver com a segurança nacional ou, seja, afeta de modo agudo a soberania nacional.”

     

    Pode até ser, não tenho a capacidae muito menos informações para analisar melhor, mas para efeito de lançar dúvidas quanto a afirmação segue o que já foi publicado aqui mesmo ( o texto é longo):

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-desnacionalizacao-da-industria-belica

     

    Por Marco Antonio L.

    Do Jornal Do Brasil

    O cerco à indústria brasileira de defesa

    Na contramão da tendência mundial, o Brasil desnacionaliza sua indústria bélica

    Mauro Santayana  

    As forças militares brasileiras só dispõem de munições para uma hora de resistência, segundo declarou o general Maynard Santa Rosa a O Globo. No caso de uma situação de guerra, dependeríamos de um grande esforço diplomático, a fim de ganhar tempo e mobilizar a nação às pressas para a defesa do território. É certo que uma ocupação militar do Brasil por força invasora é quase impossível, e que teríamos condições de expulsá-la depois de imensos sacrifícios da população civil. Mas, nos restaria a destruição de nossos centros industriais mais importantes.

    Guerra quer dizer tecnologia. Desde o arco e a flecha — invenção que surgiu, segundo os antropólogos, com o neolítico — os países mais poderosos são aqueles na vanguarda da produção de armamentos. Preservar a paz é preparar-se para a guerra, conforme a constatação dos romanos. Quer pela nossa índole, quer por desídia, ou por confiança na sorte, o Brasil talvez seja, relativamente, o país mais indefeso do mundo.

    O país procura investir na sua defesa, mas está muito moroso e comete um erro crasso, o de não produzir seus próprios armamentos e petrechos de combate. Estamos desnacionalizando o pouco de indústria bélica de que dispomos, com a entrada maciça de empresas estrangeiras (entre elas, e de forma agressiva, as de Israel) no parque industrial brasileiro, mediante a aquisição de firmas nacionais ou de sua associação com nossos empreendedores.

    No mundo inteiro, quem comanda a produção de armamentos – direta ou indiretamente — é o Estado. No Brasil, um bom caminho é a criação da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), vinculada ao Ministério da Defesa. Aprovada pelo Congresso, a estatal foi criada na semana passada pela presidente Dilma Rousseff, com  o objetivo, entre outros, de construir o primeiro submarino movido a energia nuclear feito pelo Brasil, em sociedade com os franceses.

    A cada ano, devido à Amazônia e ao Pré-sal, entre outras razões, cresce a importância de a nação aumentar — como acontece na Europa com complexos industriais militares como a Eads, a Navantia e a Finmecannica — a participação direta do Estado na indústria brasileira de defesa. Outra meta deve ser a de se buscar um maior grau de conteúdo nacional nas encomendas contratadas junto a empresas estrangeiras. 

    Posse da tecnologia

    Não se pode admitir — como ocorre com a projetada fabricação de 2 mil blindados ligeiros Guarani pela Iveco,  no município mineiro de Sete Lagoas — que apenas 60% das peças utilizadas sejam fabricadas no Brasil. Em caso de conflito, ou mera ameaça de confronto entre o Brasil e qualquer país da Otan (Europa e Estados Unidos), a produção desses tanques seria descontinuada e não teríamos como substituir o material perdido em combate. É de se recordar o exemplo da Argentina, que ficou literalmente a ver navios — nesse, caso, britânicos — na Guerra das Malvinas. 

    Por outro lado, há um verdadeiro cerco dos países geopoliticamente identificados como ocidentais à indústria bélica brasileira. Todas as nossas empresas que desenvolveram tecnologia militar nos últimos anos tiveram o seu controle adquirido por grupos internacionais recentemente. 

    Com isso, essas multinacionais se apossaram do conhecimento desenvolvido por técnicos e engenheiros brasileiros. Agora podem decidir a seu bel-prazer, seguindo a orientação estratégica dos governos de seus países, até que limite essas empresas — que antes pertenciam a empresários brasileiros — poderão ir, no desenvolvimento de novas tecnologias bélicas.

    A Aeroeletrônica, empresa brasileira que há mais de duas décadas se dedica ao projeto, desenvolvimento, fabricação, manutenção e suporte logístico de produtos eletrônicos para veículos aéreos, marítimos e terrestres é um exemplo. Ela, que forneceu sistemas de aviônica para o Tucano 27 e o Super Tucano, da Embraer, e para o caça ítalo-brasileiro AMX, foi adquirida, em 2001, pela Elbit, empresa israelense criada, em 1967, sob o estímulo do Ministério da Defesa de Israel.

    A Ares – Aeroespacial e Defesa foi outra a ter o  seu controle adquirido pela Elbit, no final de 2010, quando foi rebatizada como AEL Sistemas. Ela desenvolvia a Remax, uma estação de arma estabilizada servo-controlada, para metralhadoras, destinada a equipar os blindados Guarani dos quais falamos. Outros de seus produtos são os colimadores, indicadores visuais de rampa de aproximação, sistemas óticos de pontaria para tiro indireto de morteiros, sistemas de lançamento de torpedos, e foguetes de chaff, para defesa de navios. 

    Com sua desnacionalização, o Remax, desenvolvido inicialmente por técnicos do CTEX, foi substituído pelo UT30BR, e o contrato para o equipamento dos blindados Guarani com essas torretas automatizadas de armamento, no valor de mais de R$ 400 milhões, foi repassado para os israelenses.

    Apenas três meses depois, em janeiro de 2011, Israel dava mais um passo na sua estratégia de penetração na indústria bélica brasileira, com a compra da Periscópio Equipamentos Optrônicos S.A, especializada na área de defesa e sinalização aeroportuária.

    Lucro assegurado

    O que causa revolta no observador mais atento é o fato de que o retorno do baixo investimento feito por multinacionais estrangeiras para a compra dessas empresas, da ordem de algumas dezenas de milhões de reais, é líquido e certo. 

    O lucro, várias vezes maior do que os investimentos, é assegurado por encomendas já contratadas pela Marinha, Exército e Força Aérea. Em muitos casos, nossas forças armadas já desenvolviam sistemas em parceria com estas empresas que estão sendo desnacionalizadas quando ainda estavam sob controle acionário local.

    Empurrada pelas aquisições, a estratégia israelense no Brasil está indo de vento em popa. Em março de 2011, a AEL, controlada pela Elbit, criou com a Embraer uma nova empresa, a Harpia, que fabrica os Vants, veículos aéreos não tripulados para vigilância e ataque, do tipo utilizado pelos israelenses nos territórios palestinos e pelos norte-americanos no Paquistão e no Afeganistão.

    Outra empresa israelense, a IAL (Israel Aircraft Industries), fabricante do míssil Rafael, fornece os aviões-robôs do mesmo tipo (que os Vants) para o sistema de vigilância de fronteiras da Polícia Federal. Esses veículos telecomandados poderiam ser desenvolvidos no Brasil, onde já existem empresas incipientes formadas por universitários para atuar nesse segmento da tecnologia aérea.

    Assim, seja na área de blindados, na de aviônica, de optoeletrônica, como é o caso de periscópios, ou de aviões robóticos não tripulados, os israelenses — e, por meio deles, também seus aliados norte-americanos — podem monitorar, confortavelmente, da mesa de diretoria dessas empresas, cada passo que o Brasil dê nessas áreas. 

    Radares e helicópteros, e, agora, submarinos, são o campo de caça dos franceses, que completaram, em setembro de 2011, com o Grupo Thales, a aquisição, iniciada em 2006, de 100% do controle da brasileira Omnisys, empresa especializada no desenvolvimento e fabricação de radares de longo alcance, sediada em São José dos Campos.

    Encomendas de US$ 7 bilhões

    Em alguns casos a fabricação de armamentos é feita — sem subterfúgios ou hipocrisia — por empresas diretamente controladas por governos estrangeiros. Esse é o caso da DNCS (Direction des Constructions Navales), que tem 75% de suas ações nas mãos do governo francês. Ela se “associou” à Odebrecht para construir, em Itajaí, no Rio de Janeiro, quatro submarinos da classe Scorpéne e mais o casco do futuro submarino nuclear brasileiro — encomendados pela bagatela de 7 bilhões de dólares.

    O mais perto que já cheguei de um submersível foi quando li 20 mil léguas submarinas, de Júlio Verne. Mas, como disse Arquimedes, referindo-se à alavanca, “deem-me um ponto de apoio e moverei o céu e a terra”. Se derem a qualquer governo de um país, com um mínimo de planejamento, 7 bilhões de dólares, ele certamente construirá bela fábrica de submarinos, desde que haja tempo para contratar as pessoas certas — aqui e no estrangeiro — e adquirir os componentes adequados, sem precisar dividir o controle desse ativo estratégico com ninguém.

    Com uma parcela desse dinheiro, o Brasil poderia montar uma completa universidade naval, formando centenas de engenheiros especialistas na construção de belonaves, entre elas, submarinos, por ano, no lugar dos 26 brasileiros que passaram alguns meses na França, em uma escola de submergíveis, por conta do acordo. Por aí se pode ver que os especialistas brasileiros formados no âmbito desse contrato milionário — negociado pelo então Ministro da Defesa Nelson Jobim — cabem todos em um micro-ônibus. Rezemos para que não aconteça um acidente. 

    Considerando-se que o Brasil ficou anos sem investir um centavo em armamentos, e que teve a sua indústria bélica desmantelada durante a tragédia neoliberal dos anos 1990, devido á ojeriza a qualquer coisa que se aproximasse de uma política industrial decente, compreende-se que o governo Lula esteve, nessa área, movido por boas intenções. 

    Processo persistente

    Ocorre que a pressa não justifica a adoção de certo tipo de acordos, por parte do Brasil, principalmente quando se sabe que alguns contratos, como os assinados com os franceses, na área dos submarinos, ou com os italianos da Iveco, para a fabricação de blindados — com projeto do Exército Brasileiro — têm uma duração de 20 anos.

    A Helibras, única fábrica latino-americana de helicópteros, é controlada, em mais de 75%, pela Eurocopter francesa. Esta, por sua vez, pertence em 100% à Eads, consórcio europeu que conta com a participação, direta e indireta, dos governos franceses, alemão e espanhol. 

    Como muitos grupos de defesa multinacionais que funcionam no Brasil, a Helibras tem sido também irrigada com milionários contratos pelas Forças Armadas. É o caso da encomenda de 50 helicópteros pesados, destinados às três forças, apesar do conteúdo nacional de seus produtos ser baixo e de a maior parte dos lucros seguir todos os anos para a Europa. 

    É fácil ver que o avanço dos franceses — assim como o dos outros países geopoliticamente classificados como “ocidentais” — sobre a indústria nacional de armamento é um processo duradouro, organizado e persistente. 

    No dia 12 de junho de 2012, há menos de dois meses, portanto, a Optovac Mecânica Optoeletrônica Ltda, especializada em equipamentos de optrônica e visão noturna, parte de um seleto grupo de pequenas e médias empresas inovadoras, assim classificadas pelo Ministério da Defesa, foi também comprada — sem qualquer oposição — pela Sagen francesa, do grupo Safran, controlado em mais de 30% pelo governo daquele país.

    Navios patrulha ingleses

    Os ingleses, naturalmente, não poderiam ficar de fora do processo da tomada de controle de nossas empresas de defesa e das encomendas do governo. A British Aeroespace, ou BAE Systems, acaba de fornecer três navios de patrulha oceânica para a Marinha, por quase R$ 400 milhões, em uma compra de “oportunidade”. Eles estavam antes destinadas a Trinidad e Tobago. No final de 2011, essa empresa também assinou contrato — depois do necessário nihil obstat do governo norte-americano — para modernizar um primeiro lote de 150 veículos blindados sobre lagartas, o M-113, utilizados em transporte de tropas, avaliados em 43 milhões de dólares. O valor pode aumentar proporcionalmente, caso o processo se estenda para toda a frota brasileira desse tipo de veículos, que chega a 350 blindados.

    Na área aeroespacial, a BAE inglesa foi selecionada para fornecer os sistemas de controle eletrônico de voo do novo jato militar de transporte KC-390 da Embraer. Agora, como informam meios especializados, busca “parcerias estratégicas” para participar das licitações do Sisfron (Sistema Integrado de Fronteiras) e do Sisgaaz (Sistema de Monitoramento da Amazônia Azul), avaliados em 15 bilhões de dólares.

    Poderíamos falar aqui também dos planos e manobras da Finmeccanica, italiana, ou da Navantia, espanhola, no Brasil, ambas com participação acionária de seus respectivos governos.

    Tratamento diferenciado

    É preferível, no entanto, lembrar a diferença entre o tratamento que damos aos grupos estrangeiros de defesa — aqui representados, às vezes, por pessoal da reserva de nossas forças armadas que já serviu no exterior — e aquele que recebem as nossas empresas quando tentam penetrar no mercado de algum país do Hemisfério Norte. 

    Nos países ditos capitalistas e de suposto “livre mercado”, a compra de armamentos e a propriedade empresas fabricantes de material bélico costumam ser tratados como assuntos estratégicos e de segurança nacional. 

    Na Europa, para comprar um projétil que seja, procura-se, primeiro, uma empresa local. Depois, se por uma questão de preço ou de escala, a encomenda tiver de ser feita a uma empresa estrangeira, busca-se a que tenha participação acionária de algum grupo do país comprador. Em último caso, procura-se empresa que pertença a um dos enormes complexos militares controlados diretamente por governos europeus, como é o caso da Eads.

    Os Estados Unidos são ainda mais curtos — e grossos — nesse aspecto. Para vender qualquer arma ao governo dos Estados Unidos ou às suas Forças Armadas, a empresa estrangeira terá que estar instalada em seu território, onde obrigatoriamente deverá produzir a encomenda e estar associada “minoritariamente” a uma empresa diretamente controlada por capitais norte-americanos.

    Devido a essa postura — que deveríamos praticar aqui há muito tempo, se mais não fosse por uma questão de isonomia — a mera hipótese da entrada de uma empresa brasileira de tecnologia de defesa naquele mercado, como fornecedora das Forças Armadas norte-americanas, mesmo que cumprindo rigorosamente todos os requisitos a que nos referimos, acaba se transformando em uma questão nacional.

    Licitação anulada

    Foi o que descobriram os executivos da Embraer no ano passado. Após se associarem à norte-americana Sierra Nevada Corporation e vencerem uma licitação de menos de 400 milhões de dólares para o fornecimento de 20 aviões ligeiros Super Tucano a serem utilizados no Afeganistão, viram a concorrência ser anulada. 

    Uma campanha movida no país, com apoio de congressistas republicanos, pela Hawker Beechcraft, que teve seu avião desclassificado por problemas técnicos, levou a Força Aérea norte-americana a anular a concorrência conquistada pela Embraer. Isso, apesar do compromisso de a fabricação do avião ser em território norte-americano e de a maior parte das peças das aeronaves serem produzidas pelos Estados Unidos ou pelos seus parceiros do Nafta.

    Podemos imaginar o que não ocorreria no Brasil — e o escândalo que não fariam certos veículos de comunicação — caso ocorresse o mesmo por aqui e um contrato de fornecimento de armamento norte-americano para nossas forças armadas fosse bloqueado no Congresso, devido ao pedido de uma empresa concorrente de capital 100% nacional.

    Estratégia definida

    A estratégia dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, com relação ao Brasil, está cada vez mais clara:

    — Impedir o desenvolvimento de tecnologia nacional própria, com a compra de qualquer empresa que procurar desenvolvê-la;

    — Associar-se à empresa que não se puder comprar, oferecendo cooperação no desenvolvimento da tecnologia, com o intuito aparente de ajudar o país a queimar etapas. Na verdade, tenta-se impedir qualquer avanço à sua revelia, sem vigilância ou participação;

    — Impedir que o dinheiro gasto com o reaparelhamento das Forças Armadas chegue às mãos de empresas sob controle nacional, evitando ainda que esse dinheiro seja investido em avanços de caráter tecnológico que coloquem em risco a hegemonia de suas empresas no mercado brasileiro e no exterior;

    — Cooptar, com associações ou contratos de representação e de lobby, pessoal da reserva das forças armadas, principalmente ex-adidos militares brasileiros no exterior, para vender, como uma coisa ideologicamente natural, a associação do Brasil com empresas ocidentais para a produção de armamento, de forma a impedir que a nação recorra a outras opções;

    — Impedir a reunião, coordenada, de pequenas empresas brasileiras de grande potencial tecnológico, em grandes consórcios industriais militares de inspiração ou controle público, como os que existem no Ocidente, como a Lockheed Martin, ou a própria Eads;

    — Diminuir, via participação na maioria dos contratos, a realização de associação entre empresas brasileiras de defesa de qualquer porte e empresas não ocidentais, como as existentes nos países Brics. Se não puder impedir a cooperação entre uma empresa brasileira de defesa e uma congênere do Brics, estar presente acionariamente ou como participante do projeto, do lado brasileiro, para “controlar” essa aproximação;

    — Estabelecer, coordenadamente, via supervisão dos métodos de produção e administração, e aplicando baixos índices de conteúdo nacional, um alto grau de dependência da indústria nacional de defesa com relação aos seus “parceiros” e controladores ocidentais. Isto permitirá futura paralisação das linhas de montagem dos armamentos em nosso país, em caso de conflito ou de potencial conflito, entre o Brasil e esses países;

    Legislação perversa

    Ao enfrentar uma situação absurda e desastrosa, com a criminosa aprovação, no governo Fernando Henrique Cardoso, de emenda constitucional que transformou, para todos os efeitos, em “brasileira” qualquer empresa instalada no Brasil — mesmo que controlada por capitais públicos ou privados estrangeiros — a presidente Dilma tenta fazer o que pode, na área de defesa, embora não tenha conseguido impedir que o processo de desnacionalização chegasse ao ponto que chegou. 

    Temos uma legislação perversa, que faz com que o país, do ponto de vista da defesa do capital nacional, tenha que subir ao ringue com as duas mãos atadas. Somos obrigados a concorrer com empresas que contam com descarado apoio — direto e indireto — dos governos de seus países de origem. 

    As agências “reguladoras” nacionais, incluindo o Cade, não fazem nenhuma distinção entre empresas de capital nacional ou estrangeiro, até mesmo quando grandes grupos autenticamente nacionais tentam se expandir, via aquisições, no mercado internacional.

    Superavit com a Venezuela

    Além disso, o Brasil precisa ainda enfrentar a oposição de seus inimigos internos. 

    Nesse sentido, a pior herança que nos deixaram os anos 1990, foi toda uma geração de presumidos formadores de opinião que insistem em ser mais realistas que o rei, e mais neoliberais do que os executivos de Wall Street, na defesa do entreguismo e da capitulação da nação. 

    Isso em um mundo em que os países que mais intervêm na economia são justamente os que mais crescem, como é o caso da China; ou em que os países mais poderosos são justamente os mais nacionalistas, como é o caso da própria China, dos Estados Unidos, da Alemanha e do Japão.

    É nesse Brasil absurdo que alguns industriais defendem a elite paraguaia, que só nos manda armas e drogas e o mais maciço e rasteiro contrabando. É essa mesma gente que insiste em estreitar a “parceria” com os Estados Unidos — com quem temos mais de 5 bilhões de dólares de prejuízo no comércio exterior — enquanto ataca duramente a entrada da Venezuela — que nos compra quase 5 bilhões de dólares em alimentos e manufaturados com um superávit brasileiro de mais de 3 bilhões e 200 milhões de dólares — no Mercosul.

    O pior é que ninguém pergunta aos milhares de trabalhadores, empreendedores, pecuaristas, agricultores e empresários brasileiros que produziram e venderam esses 7 bilhões de reais aos venezuelanos em 2011 o que eles pensam sobre o assunto.

    Voltando à questão do cerco ocidental à indústria bélica, a entrada do BNDES no capital da Avibras, no final do governo Lula, ao permitir que essa empresa honrasse a entrega de importante pedido ao governo da Malásia, e a encomenda de um sistema Astros 2020 para os fuzileiros navais, apontam para a direção correta.

    A criação da Amazul (Amazônia Azul Tecnologias e Defesa) para cuidar da produção do propulsor nuclear que irá equipar o futuro submarino nuclear brasileiro, também foi um passo fundamental para a independência do Brasil na área de defesa. Isso, embora já se organize a resistência de conhecidos grupos a fim de sabotar a empresa.

    A Amazul, estatal que não pode ser vendida a nenhum grupo estrangeiro, representará — se houver decisão política nesse sentido por parte do governo — um divisor de águas na política brasileira de defesa.

    Importância das parcerias

    Ela poderá ser — e o Brasil precisa disso — a primeira de grandes empresas cem por cento nacionais, destinadas à produção de armamento. E se transformar no embrião de um grande estaleiro estatal, acoplado a uma importante escola de engenharia naval, para a Marinha, além de constituir exemplo para a criação de uma empresa desse porte também para a força terrestre. 

    Com complexos industriais desse nível, o Brasil estaria pronto para estabelecer parcerias com as grandes empresas estatais dos países Brics, para desenvolver, ainda nas próximas décadas, toda uma nova geração de armamentos.

    A cooperação de empresas brasileiras como a que está em curso entre a Mectron e a Denel sul-africana para a construção de um míssil A-Darter pode quebrar um pouco da antipatia que ainda existe com relação à cooperação com a Rússia, a Índia e a China, os outros Brics, no desenvolvimento de material de defesa.

    Não se trata de recusar a tecnologia ocidental, mas sim de impedir que se tome de assalto o nosso sistema de produção de armamentos. Além disso, a subordinação do Brasil às empresas norte-americanas, europeias e israelenses nos fechará o mercado de boa parte do mundo — como os próprios países árabes — que não são simpáticos a Israel ou aos Estados Unidos. Ou os próprios Brics, com quem teremos que cooperar, caso não queiramos colocar os nossos ovos — ou nossas empresas de armamento — em uma só cesta.

    Incentivos à indústria nacional

    Não podemos correr o risco de ficar desarmados e inermes frente a eventuais inimigos, por cooperar só com um lado do mundo, e com empresas que estão todas, política e corporativamente, ligadas entre si, até do ponto de vista acionário. 

    O governo federal está preparando novas medidas para a área bélica, que incluem maiores incentivos fiscais e de crédito para empresas que estejam sob baixo controle teoricamente brasileiro. 

    Com a aprovação, em março, da Lei 12.958, grupos que atuam na área de infraestrutura e construção civil, como a Odebrecht (já associada à Eads), OAS, Engevix, Queiroz Galvão, Camargo Correa e Synergy, além da própria Embraer, terão vantagens tributárias e condições especiais de crédito para participar de licitações na área de defesa.

    O problema é que todos esses grupos estão negociando a participação de empresas estrangeiras, todas dos Estados Unidos ou da Europa, na composição dessas novas empresas, em troca de “tecnologia”. 

    Estamos partindo do pressuposto de que a única maneira de ter acesso à tecnologia na indústria bélica mundial é a de nos associamos a um parceiro mais forte, e, ainda por cima, estrangeiro.

    Essa é uma premissa falsa, para não usar palavra mais forte. Com dinheiro e decisão política, qualquer um vai atrás da tecnologia. Pesquisa, planifica, copia projetos e contrata especialistas entre os milhares de engenheiros e cientistas estrangeiros que estão desempregados em razão da crise na Europa e nos Estados Unidos. 

    Ou se associa, em igualdade de condições, a países que desenvolveram de forma autônoma a sua própria indústria de defesa, como a China e a Rússia, sem depender de associações desse tipo com os países ocidentais. 

    No entanto, no lugar de aproveitar a janela de oportunidade aberta pela crise para nos apropriarmos de pessoal especializado e da tecnologia que está disponível lá fora, sem abrirmos mão de controlar, sozinhos, uma área que é estratégica para o país, o que estamos fazendo — e com financiamento público e benefícios fiscais — é aprofundar a nossa dependência a esse projeto geopolítico “ocidental”.

    Comprometemos o futuro de nosso povo, e, graças às emendas constitucionais de FHC, pagamos pela vassalagem. Isso já se fez nas telecomunicações, quando se usou o dinheiro do BNDES para a expansão e o fortalecimento, em nosso território de empresas estrangeiras — “associadas” ou não a grupos nacionais — que não têm e nunca terão o menor compromisso estratégico com o Brasil. 

    Como lembra a fábula de Jean de La Fontaine — ou a joint venture do porco com a galinha para vender ovos com bacon — não existe pacto possível entre lobos e cordeiros. Na associação de uma construtora brasileira com um grande grupo multinacional de defesa, com eventual participação estatal, ou golden share, do governo de seu país de origem, não seremos nós os lobos e eles os cordeiros.

    Essas joint ventures, se vierem a ocorrer, para o fornecimento — sem garantia de 100% de conteúdo nacional e de 100% de controle brasileiro — de armamentos que levam décadas para ser desenvolvidos e produzidos, equivalerão à entrega e capitulação de nossa indústria bélica, agora e no futuro, à Europa e aos Estados Unidos. O governo Dilma Rousseff, por pressão, pressa ou ingenuidade, poderá vir a ser responsabilizado perante a História se prosseguir nesse caminho.

    Serão necessárias medidas corajosas como as que levaram à queda dos juros. Crédito e condições fiscais especiais, em áreas estratégicas, dentro de projeto nacional de independência, poderão ser destinadas apenas a empresas que tenham 100% de capital nacional, com cláusulas que assegurem a intervenção soberana do governo e impeçam a sua venda e controle — como já ocorreu no passado e continua agora — por capitais estrangeiros.

    Tecnologia compra-se lá fora, quando existe dinheiro, sem ser preciso entregar uma única ação aos concorrentes. Além disso, a presença de empresas da Europa e dos Estados Unidos na composição acionária das futuras “superbélicas nacionais” irá impedir que essas empresas possam comprar tecnologia dos nossos parceiros nos Brics — como a Rússia, a China e a Índia — caso não haja interesse de países como a França ou a Itália em fornecê-la. 

    É preciso romper o cerco ocidental à indústria brasileira de defesa. Estamos assinando acordos que equivalem a entregar a alma ao diabo. A nossa indústria bélica deve nos defender. O exemplo do que houve com a Argentina, no caso das Malvinas, basta.

     

  4. O recado parece ser p/ Boeing “conversar” c/Moreira

    antes, o comandante-chefe do cofre das parcerias público-privadas, já que Eduardo Cunha está indisponível no momento.

    Quanto aos militares (tirando uma honrosa ala que me parece minoritária), sou cético, devido a seguidas decepções: não impediram nem a privatização para estrangeiros do programa de satélites, acabando com os Brasilsat’s, entregando de bandeja toda a espionagem militar para a NSA. Não vetaram a entrega do pré-sal, inclusive com enorme perdas para a Marinha. Não estão vetando a entrega da Eletrobras. O que parece é que querem garantir apenas as sinecuras que a Embraer ainda garante (patrocina Museu Aeroespacial no Campo dos Afonsos no Rio, deve injetar verbas no CTA e ITA). Se a Boeing garantir por algum tempo, e principalmente oferecer alguns penduricalhos a mais, adesão ao fundo de pensão da Boeing, duvido que haverá resistência.

    A palestra do general Mourão na maçonaria que causou rebuliço é mais assustadora pela mentalidade colonizada do que pelo golpismo. O general mostra-se preocupado com as “ameaças” de “potências” como a Bolívia e Honduras, e totalmente dócil à todas privatarias da infra-estrutura sob controle estrangeiro de países imperialistas de fato que usam e abusam do poder bélico, e declarou apoio até à venda indiscriminada de terras para estrangeiros. Não tem nenhuma visão da geopolítica dentro dos BRICS, tendo como referência apenas a dependência aos EUA. Confesso que não consigo nem entender o que se passa na cabeça dessa gente. Generais podem ser conservadores de direita, mas costumam ser nacionalistas pelo próprio conceito de exércitos nacionais. General neoliberal, defensor do capital estrangeiro e submissão à potências imperialistas, é um fenômeno único que só existe no Brasil.

    1. “(…)A palestra do general

      “(…)A palestra do general Mourão na maçonaria que causou rebuliço é mais assustadora pela mentalidade colonizada do que pelo golpismo(…)”

      Faço minhas suas palavras.

    1. verdade

      São muitas divergências históricas. Povos diferentes, línguas diferentes, etnias diferentes. Pra não falar na Guerra sangrenta entre ambos. Canadenses são deportados a todo momento dos EUA e vice-versa. A fronteira é tão cercada e vigiada que Trump até sugeriu fazer um muro entre os dois. Em retaliação, o Canada não se cansa de votar contra os EUA na ONU, OEA, G7 e no G20. 

  5. sei não…

    chegamos a primeira grande contradição do golpe de 2016.

    Até agora Temer fez tudo que o mercado exigiu, em troca não mexeu com nenhuma corporação poderosa do Estado. A extinção da extinção da Renca foi o primeira demonstração que os militares possuem poder de veto.

    Agora Temer piscou. Se não entregar a Embraer, junto com a previdência, cai. Mas se entregar, possivelmente será caído.

    O negócio é tão escandaloso que não há meio termo, negociaçãozinha de privilegios pra ca, clausulazinha pra cá. Os americanos querem a jóia da coroa intacta. E a Aeronáutica, bem, sem a Embraer perderá praticamente sua razão de existir.

    Será um duelo interessante. Mas infelizmente acho que os gringos vão levar. 

    1. O plano dos EUA p/ o Brasil é uma aeronáutica operacional

      pilotando caças da Boeing, como ocorre com o Chile. Os EUA não querem que o Brasil tenha seu pentágono, com sua indústria bélica própria (nunca quiz). Infelizmente as FFAA’s estão se submetendo a este plano gradualmente.

      A Embraer está presente dentro do Comando da Aeronáutica, mas a recíproca é cada vez menos verdadeira. O BNDESpar tem só 1/4 do controle acionário da Embraer, enquanto dois fundos estrangeiros já tem 3/4. Como impedir que fundos estrangeiros vendam sua participação à Boeing? Terão que deixar vender a outros. Que tal um fundo “novo” criado por um desses operadores espertalhões da época da privataria? Depois a Boeing simplesmente compra as cotas deste fundo nos EUA.

      Quando as FFAA abdicaram de um projeto nacional e submeteram-se ao consenso de Washington dá nisso.

        1. No papel daria. Na prática não pode vetar tudo.

          Se estivéssimos na China ou na Rússia com governos nacionais fortes te daria razão. Mas aqui, como um governo que corre com pires na mão atrás de investimentos estrangeiros vai proibir fundos como Black Rock e Brandes de venderem sua parte? Pode vetar uma vez uma venda direta para algum concorrente direto da Embraer. Mas não pode vetar para outros investidores, outros fundos. E aí um Daniel Dantas da vida forma um “fundo Santos Dumont” em Delaware, tendo como cotistas offshores, que compra as ações da Brandes e Black Rock na Embraer. Depois se uma offshore criada pela Boeing comprar cotas do fundo em Delware e assumir o controle do fundo, o que o governo brasileiro pode fazer? Nada. O fundo estrangeiro continua o mesmo acionista da Embraer aqui, mas lá fora a Boeing assume o controle. Daí passa ter poder de fogo para nomear a diretoria e controlar as decisões. Liberalismo bobo, sem projeto nacional, dá nisso.

    1. Desde 2014, a Boeing já fincou sua bandeira lá também.

      São José dos Campos,  04 de junho 2014 – A Boeing inaugurou hoje um novo centro de pesquisa e tecnologia no Parque Tecnológico de São José dos Campos, para trabalhar no desenvolvimento de tecnologias aeroespaciais com os principais pesquisadores e cientistas do país. As atuais áreas de foco do Centro de Pesquisa e Tecnologia da Boeing no Brasil (BR&T-Brasil) são: biocombustíveis sustentáveis para aviação; gerenciamento avançado de tráfego aéreo; sensoriamento remoto; metais e biomateriais avançados; tecnologias de apoio e serviços.

      http://www.boeing.com.br/noticias-e-sala-de-imprensa/releases/2014/june/boeing-inaugura-centro-de-pesquisa-e-tecnologia-em.page

      1. em pesquisas de materiais…

        está dentro dos principais laboratórios brasileiros desde 1980, com seus instrumentos de altíssima precisão e seus kits de padrões metálicos

         

         

         

         

  6. Ora, porque esqueceram de colocar Temer na negociata

    Alguém se preciptou no “anúncio”.

    Mas nada que não se possa “corrigir”…

    Aguardem.

    Brazil il il il !!!

  7. Ganhar tempo

    Acho que a razão com certeza é o primeiro ponto. Ganhar tempo para ver como as coisas vão andar em 2018. O segundo ponto quato a segurança nacional é falso. Se fosse verdadeiro o próprio presiente já teria caido fora pois ele é um obstáculo claro à segurança nacional e neinguém faz nada, nem o povo nem os militares..

    1. Como na ocasião da RENCA o
      Como na ocasião da RENCA, o governo provisório recuou em sua nova tentativa de entrega do patrimônio nacional. Certamente , gostaria, mas não pode desapontar setores nacionalistas, corrobora a essa narrativa o descongelamento do projeto PROSUPER este mês, em que a marinha assegurou mais uma etapa para aquisição da corveta classe Tamandaré, bem como nas iniciativas para aquisição de navio patrulha NPa 500BR. O movimento de adquirir o controle da EMBRAER pode ser observado como uma tentativa de evitar o surgimento no cone sul de uma ameaça a segurança nacional do Campeão da Democracia, mas em vão!

  8. O texto do artigo tem duas

    O texto do artigo tem duas inverdades absolutas, o DOLAR CANADENSE não tem nada a ver com o dolar americano.

    Dolar é uma palavre de origem europeia, derivada de “thaler”, moeda usada na Idade Media na Europa Central. O dolar canadense é moeda nacional do Canada tão antiga como o dolar americano e tem sua propria logica monetaria que

    não é vinculada ao dolar dos EUA.

    A bandeira canadense por sua vez é absolutamente diferente da bandeira dos EUA.

    E quem tem familiaridade com o Canada e os canadenses sabe que não há nada que mais irrete um canadense do que

    chama-lo de cidadão dos EUA, eles são muito DIFERENTES de americanos em tudo, no comportamente mais relaxado,

    no melhor nivel intelectual, na forma de trabalhar e negociar mais cavalheiresca e civilizada.

    E a politica exterior do Canda é ANTAGONICA a dos EUA. O Canada nunca rompeu relações com Cuba e muitas vezes se posiciona contra os interesses dos EUA em grandes questões internacionais.

    1. Quando canadenses viajam para
      Quando canadenses viajam para exterior cobrem sua bagagem com adesivos da bandeira canadense com a tradicional folha de bordo, árvore símbolo do país, de onde extraem a seiva matéria-prima do excelente xarope de bordo, especialidade nacional.

  9. Aqui e lá

    Uma ironia autêntica entrenhada de nacionalismo . Quanto ao Canadá temos de reconhecer que,  supostamente os canadenses estão  se dando muito bem , obrigado .

  10. Aqui e lá

    “Sou a favor da preservação das empresas brasileiras, mas o Brasil bem que pode seguir o caminho do Canadá, que adotou o dólar como moeda canadense e a bandeira dos Estados Unidos como símbolo nacional”.

     

    Uma ironia autêntica entrenhada de nacionalismo . Quanto ao Canadá temos de reconhecer que,  supostamente os canadenses no social estão se dando muito bem , obrigado .

  11. Tutela

    Na verdade, a Embraer já é tutelada por Washington há muito tempo. Um exemplo disso foi o veto do Governo Norte-americano a venda de caças AMX-T e Super Tucano à Venezuela na década passada. É que Embraer usa aviônica de tecnologia ianque e não poderia ser entregue a paises hostis aos EUA. Vale ressaltar que na época o nosso vizinho era governado por Hugo Chavez, um inimigo declarado dos EUA. Se a Embraer pretende ser independente, de fato, teria que desenvolver sua propria aviônica ou, então, buscar fornecedores menos intrometidos e imperialistas que os norte-americanos.

  12. O problema é que o apetite

    O problema é que o apetite dos açambarcadores não tem limites. O que tem limites é a capacidade do governo golpista de saciar esse apetite. E tais limites ainda não foram delimitados. Observando a completa submissão do país aos dominadores entreguistas e neoliberais, empresas e governos de fora vão fazendo suas reivindicações diante do país dominado e vulnerável, e avançam onde podem, não sendo até agora barrados em sua ousadia pantagruélica. Podem reivincar, por exemplo, regime de administração especial para vastas áreas da Amazônia, que flexibilizem o domínio nacional sobre elas. Porém, se é verdade que o governo de Temer recuou na entrega da Embraer, esta será a segunda vez que os atrevidos açambarcadores encontram limites. A primeira foi com o recuo dos golpistas na entrega da enorme reserva no Amapá-Pará para a exploração mineral internacional. Isso dá um certo alento para quem espera que outros limites sejam estabelecidos, e que haja recuo do golpismo diante da constatação crescente de que apenas a Democracia pode garantir a defesa adequada do país.

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