Tecnologia combate dengue, malária e pragas agrícolas

Jornal GGN – Pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, desenvolveram uma tecnologia capaz de identificar a quantidade e as espécies de mosquitos que estão em determinada área. O processo é feito por meio do reconhecimento automático das espécies. O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O resultado imediato do estudo foi o desenvolvimento de dois produtos, um sensor e uma armadilha. Ambos devem ajudar no combate de pragas agrícolas e insetos vetores de doenças em determinada região, sem prejudicar espécies benéficas, como abelhas, por exemplo. Além disso, a tecnologia tem potencial de comercialização, já que possui baixo custo de produção.

“Para medir a densidade dos insetos que há numa região, por exemplo, já existe uma armadilha não seletiva, ou ‘armadilha adesiva’, como é mais conhecida. O problema é que ela acaba capturando tudo, inclusive insetos que não precisariam ser capturados”, conta o coordenador da pesquisa, Gustavo Batista. O principal alvo do novo sistema são os mosquitos de gênero Anopheles, vetores da malária, e aos mosquitos do gênero Aedes, vetores da dengue e da febre amarela.

“Durante as campanhas de prevenção da dengue, é comum os agentes percorrerem bairros nos quais as pessoas foram diagnosticadas com dengue, entrando nas casas em busca de locais em que os mosquitos podem se reproduzir ou com a finalidade de pulverizar inseticida”, afirma Batista.
O sensor usa laser que ajuda na identificação dos insetos. Ao atravessar a luz emitida pelo laser, as asas do mosquito fazem um pequeno eclipse, além de causar pequenas variações. As vibrações são captadas por fototransistores que filtram, amplificam e gravam por meio de uma placa eletrônica de circuito. Como cada espécie analisada produz um sinal diferente da outra, isso possibilita aos pesquisadores compararem os sinais de cada uma e identificar as diferentes espécies.

O sistema tem baixo custo de produção. “É possível produzir o sensor investindo-se cerca de R$ 30,00, por isso, o equipamento pode ser amplamente comercializado”, avalia o professor. Além dos mosquitos da dengue e da malária, o sistema também reconhece as espécies mosca-de-banheiro, mosca-da-fruta, mosca doméstica, joaninha, besouro, abelha, entre outros. O trabalho mostrou, ainda, que é possível diferenciar mosquitos vetores de doenças dessas outras espécies com uma percentagem de acerto entre 98% e 99%.

A pesquisa teve início em 2011, quando o professor Batista estava fazendo seu pós-doutorado na Universidade da Califórnia, em Riverside, nos Estados Unidos. Nessa época, o Laboratório de Inteligência Computacional (LABIC) do ICMC estabeleceu uma parceria, que dura até hoje, com pesquisadores da universidade norte-americana. Além da Fapesp, o trabalho contou com apoio da Fundação Bill and Melinda Gates.

Com informações da Agência USP.

Redação

4 Comentários

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  1. Assinaura genérica não específica

    Olha, quero ver para crer. Além disso produzir um placa dessa, com laser e contador por 30 reais é muito dificil. De qualquer forma, notei um erro no post. A assinatura dos mosquitos deve ser genérica (de gênero) não específica (de espécie). O Aedes é um gênero diferente do Anopheles. Então eu acho que a assinatura é genérica e não específica. Exemplo, será que o sensor diferencia duas espécies diferentes de Aedes? Algumas diferenças genéricas são tão sutis morfologicamente que seria mesmo dificil, em alguns casos, uma assinatura genérica também. Mas, como se trata de especimens (não espécie) bem conhecidos que ao voar podem deixar uma assinatura no vôo medido pelo padrão de interferência luminosa com laser é possível se chegar à essa assinatura. Em todo caso, parabéns. O que se tem de ver é se um Aedes aegypti de diferentes regiões geográficas deixam a mesma assinatura.

    1. Ué, Ruy, nao faz sentido o que vc diz…

      Você ora diz que só deve haver diferenças na assinatura por gênero, e nao por espécie, ora se pergunta se membros da mesma espécie de diferentes localidades deixam a mesma assinatura. Ora, se variam até as assinaturas de variedades de uma mesma espécie, claro que variam as assinaturas de espécies diferentes. Ou as assinaturas só variam em gêneros diferentes, e aí nao faz sentido a segunda pergunta 

  2. pernilongos voam diferente de abelhas e águias.

    Um sensor dessa natureza, saberá diferenciar um homem andando de um urso ou gorila que deem alguns passos sobre duas patas. Um chinês na fronteira com  Mongólia e um brasileiro no interior de Goiás, caminham de forma semelhante, isso é genético e a interpretação eletrônica dos dados coletados pelos sensores pode diferenciar isso. Todo inseto de asas iguais vai produzir o mesmo padrão. O problema não são os dados, o problema é como interpretarão e usarão tais dados.

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