A banda larga na América Latina

Do Valor

América Latina planeja criar rede única 

Ana Luiza Mahlmeister, de Santiago
01/07/2010 

As autoridades reguladoras e o governo chileno ficaram mais atentos à questão da eficiência das telecomunicações e do papel do Estado como indutor da queda das tarifas e da difusão da banda larga, após o terremoto de fevereiro no país. Jorge Atton, secretário da Subsecretaria das Telecomunicações do Chile (Subtel), a agência reguladora do país, defendeu durante a Futurecom, em Santiago, o combate ao duopólio da Telefônica-América Móvil no Cone Sul. “O papel dos governos para a maior penetração da banda larga na América Latina é incentivar a competição”, afirma ele, durante a Futurecom Chile.

Essa iniciativa já começou. Na semana passada, aproveitando a realização de evento de telecomunicação que reuniu diversos países em São Paulo para discutir a banda larga, muitos participantes levaram o tema para debate em Brasília. Na reunião estiveram Jorge Atton, da Subtel do Chile; Cesar Alvarez, da Presidência da República; Roberto Pinto Martins, do Ministério das Comunicações, e representantes de agências reguladoras do Peru, Argentina, Chile e Uruguai. O assunto foi a formação de uma aliança regional para baixar custos de banda larga.

SegSegundo Atton, o custo da banda larga na Europa para as operadoras é de US$ 5 mensal por 1 Mbps, e entre US$ 40 e US$ 50 nos países latino-americanos. “Isso é devido aos custos de tráfego internacional via cabos submarinos, que passam pelos Estados Unidos para voltar à América Latina”, afirma. O executivo calcula que o tráfego internacional encarece em 40% o preço da banda larga nos países da região.

O plano prevê construir um grande backbone (infraestrutura de transmissão) latino-americano, com pontos de presença nas capitais dos países latino-americanos, com cabos e fibras nas principais cidades. “Falta oferta de tráfego. Nossa ideia é que cada país avalie sua demanda e façamos uma licitação conjunta de equipamentos que garanta queda de preços”, diz Atton. Os países com essa demanda explosiva vão atrair diferentes investidores, acredita ele: empresas nacionais como a Oi, Entel e VTR (as duas últimas chilenas), que poderiam fazer parcerias, inclusive com operadores europeias, para cabos submarinos e outras conexões do backbone.

“Podemos unir as capitais com redes de alta velocidade e baixar o custo da banda larga”, diz o secretário. O preço médio da banda larga no Chile é de US$ 24 por 1 Mbps mensal. A ideia é diminuir para US$ 15. Segundo Atton, ex-presidente da Telefónica Del Sur no Chile, “é possível chegar a esse preço”.

A união dos países latino-americanos para construir essa infraestrutura tem o apoio de agências reguladoras, ministérios e faz parte de uma comissão da Secretaria Executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). O primeiro passo é avaliar a demanda de banda larga regional. “O Brasil saiu na frente com o Plano Nacional de Banda Larga. Só a demanda brasileira justifica o projeto, pois é explosiva”, diz Atton.

Os países vão demandar serviços e equipamentos como fibras ópticas, o que deve atrair muitos investidores da região. A meta é cobrir 75% da população da região com banda larga.

No Chile, o governo vai subsidiar a oferta de banda larga em regiões rurais com incentivo de até 50% do custo ao assinante. A meta é subsidiar a infraestrutura das teles e atrair interessados, com a garantia de que terá demanda e o cliente poderá pagar. 

Luis Nassif

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