A busca do fundo do poço

O grande desafio da economia mundial é descobrir o fundo do poço. Enquanto isto não ocorrer, a economia mundial ficará à mercê do círculo vicioso da deflação, que opera mais ou menos assim:

1. A crise provoca uma queda abrupta nos preços dos ativos – que vinham sendo turbinados antes.

2. Caindo os preços, em um primeiro momento provocam desequilíbrios no mercado futuro, nos swaps, nas operações com derivativos. Para cobrir a posição em um mercado, investidores vendem ativos em outro, em um efeito cascata.

3. Em um segundo momento, o jogo deriva para a economia real. Empresas ficam com patrimônio líquido negativo, as garantias bancárias se tornam insuficientes, a queda na atividade global provoca novas rodadas de inadimplência. Com isso, preços de empresas e de ativos continuam caindo.

4. Há sempre os “pescadores”, aguardando boas oportunidades, que costumam brecas essas movimentos. Entram comprando, contrabalançando a queda nos preços por excesso de oferta. Só que o pescador só entrará no jogo quando perceber que o movimento de queda terminou.

5. No dia em que estiver clara a percepção de que se bateu no fundo do poço, a recuperação econômica será relativamente rápida, graças a esses movimentos de realocação de capitais. O desafio é saber quando esse dinheiro chegará. Nesse movimento de espiral, cada dia de vida nunca é mais, é sempre menos. Pelo menos até se chegar ao fundo do poço.

Dos alertas pré-Lehmann

Coluna Econômica – 21/07/2008

Na sexta-feira, o dólar atingiu a cotação mais baixa desde 1999 – véspera da maxidesvalorização. Se se corrigir o valor pela inflação do período, se terá a mais baixa cotação das últimas décadas.

Durante a semana, estudos da OMC (Organização Internacional do Comércio) indicaram que as exportações brasileiras cresceram menos do que o comércio mundial. Manteve-se o fluxo de dólares exclusivamente devido ao aumento no valor das cotações; do lado da quantidade, houve decréscimo mesmo nas exportações de produtos primários.

Significa que, quando houver a deflação mundial (queda abrupta nos preços das commodities) o país estará sinucado.

08/08/08 10:14

O guardião da imprevisibilidade

Não se trata de engenharia de obras feitas, porque escrevi várias vezes no Blog: havia uma tendência óbvia de queda do ritmo da inflação no segundo semestre. Primeiro, pela queda da renda, motivada pela inflação de alimentos. Segundo, pelo fim da própria inflação de alimentos.

Ora, as commodities internacionais estavam no preço mais alto da história. No primeiro semestre houve um “overshooting” expressivo. Qualquer especialista consultado tinha dois cenários para o segundo semestre: o pessimista, no qual considerava que os preços permaneceriam nesse patamar; e o otimista, considerando que haveria uma queda nas cotações. Tinha-se claro o quadro de desaquecimento mundial.

Tinha-se a possibilidade, não de todo clara, do dólar voltar a se apreciar – atraindo recursos aplicados em commodities.

No cenário pessimista, não haveria inflação de alimentos (já que inflação é variação); no otimista, haveria deflação.

Porque, então, o mercado inteiro apostando em inflação mais alta, em dificuldade para se atingir a meta, espalhando um terrorismo amplo? Porque, na Pesquisa Focus, o objetivo final do analista não é acertar individualmente a inflação: é chegar o mais perto possível da inflação que ele julga estar na cabeça do Banco Central.

Por Pedro

“No dia em que estiver clara a percepção de que se bateu no fundo do poço, a recuperação econômica será relativamente rápida” (LN).

Não concordo. A afirmação parte do postulado de que se trata de uma crise cíclica, dessas que possuem o condão de restaurar o equilíbrio do sistema. A crise, nessa perspectiva, baseia-se na idéia de que haverá uma espécie de saneamento econômico, promovendo logo depois a recuperação da atividade econômica num patamar mais “realista”: os ganhos fictícios, sem lastro na economia real, desaparecem e dão lugar a um crescimento da economia real, forjado pelo “veredito do mercado”.

Trata-se, na verdade, de uma crise ESTRUTURAL, que coloca em xeque não apenas os níveis de atividade econômica (produção, comércio, emprego etc.) mas a própria estabilidade do sistema capitalista. Isto porque seus efeitos se estendem para além da atividade econômica em sentido estrito, e tocam nas relações sociais, no meio ambiente, na correlação de forças entre os países envolvidos etc.

Os trabalhadores não aceitarão pagar os custos da crise (vejam o que está acontecendo na França, por exemplo). Nos EUA, existem algumas fábricas que foram ocupadas por operários. No Brasil, os trabalhadores da GM estão dando sinais de recuperação da atividade grevista. Essa crise é também uma crise de sociabilidade, que pode levar ao questionamento do própria sociedade de consumo de massa. A GM e a Toyota fabricaram, cada uma, cerca de 9 milhões de veículos somente no ano passado. Ora, será mesmo possível estender esse padrão de consumo de massa para bilhões de chineses, indianos e outros habitantes de países ditos emergentes? Haverá recursos para tantos? Ou será que teremos uma repetição do maio de 68, quando os protestos de trabalhadores e estudantes franceses, mais do que reivindicações por melhores salários, foram o resultado de um profundo mal-estar com o assim chamado “american way of life”???

Bom, não pretendo fazer um exercício de futurologia. A história está sempre aberta. Mas não compartilho do otimismo de que a restauração do equilíbrio ocorrerá assim tão simplesmente. Isso tem o sentido de wishful thinking ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Wishful_thinking ). Uma análise dos desdobramentos da crise exige uma discussão exaustiva. A crise de 1929 só foi entendida décadas depois. Em Davos, na Suíça, parafrasearam Sócrates até a exaustão: “só sabemos que nada sabemos”. Bom, é isso. Só procurei estabelecer um contraponto, visando contribuir um pouquinho para o debate.

Comentário

Obviamente quando falo em fundo do poço, me refiro especificamente ao fim da crise da economia real. Mas é evidente que as mudanças que vêm por aí, como salienta o Pedro, são muito mais amplas e profundas.

Luis Nassif

13 Comentários

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  1. Previsão:

    “Os donos do
    Previsão:

    “Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado”.

    Karl Marx, Das Kapital, 1867.

    Poucos o leram, todos o citam, mas o homem era fera mesmo!

  2. “No dia em que estiver clara
    “No dia em que estiver clara a percepção de que se bateu no fundo do poço, a recuperação econômica será relativamente rápida” (LN).
    Não concordo. A afirmação parte do postulado de que se trata de uma crise cíclica, dessas que possuem o condão de restaurar o equilíbrio do sistema. A crise, nessa perspectiva, baseia-se na idéia de que haverá uma espécie de saneamento econômico, promovendo logo depois a recuperação da atividade econômica num patamar mais “realista”: os ganhos fictícios, sem lastro na economia real, desaparecem e dão lugar a um crescimento da economia real, forjado pelo “veredito do mercado”.

    Trata-se, na verdade, de uma crise ESTRUTURAL, que coloca em xeque não apenas os níveis de atividade econômica (produção, comércio, emprego etc.) mas a própria estabilidade do sistema capitalista. Isto porque seus efeitos se estendem para além da atividade econômica em sentido estrito, e tocam nas relações sociais, no meio ambiente, na correlação de forças entre os países envolvidos etc.

    Os trabalhadores não aceitarão pagar os custos da crise (vejam o que está acontecendo na França, por exemplo). Nos EUA, existem algumas fábricas que foram ocupadas por operários. No Brasil, os trabalhadores da GM estão dando sinais de recuperação da atividade grevista. Essa crise é também uma crise de sociabilidade, que pode levar ao questionamento do própria sociedade de consumo de massa. A GM e a Toyota fabricaram, cada uma, cerca de 9 milhões de veículos somente no ano passado. Ora, será mesmo possível estender esse padrão de consumo de massa para bilhões de chineses, indianos e outros habitantes de países ditos emergentes? Haverá recursos para tantos? Ou será que teremos uma repetição do maio de 68, quando os protestos de trabalhadores e estudantes franceses, mais do que reivindicações por melhores salários, foram o resultado de um profundo mal-estar com o assim chamado “american way of life”???

    Bom, não pretendo fazer um exercício de futurologia. A história está sempre aberta. Mas não compartilho do otimismo de que a restauração do equilíbrio ocorrerá assim tão simplesmente. Isso tem o sentido de wishful thinking ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Wishful_thinking ). Uma análise dos desdobramentos da crise exige uma discussão exaustiva. A crise de 1929 só foi entendida décadas depois. Em Davos, na Suíça, parafrasearam Sócrates até a exaustão: “só sabemos que nada sabemos”. Bom, é isso. Só procurei estabelecer um contraponto, visando contribuir um pouquinho para o debate.
    Saudações.

  3. Nassif

    Existe sim a
    Nassif

    Existe sim a previsibilidade no BC quanto a inflação. Só que funciona somente no viés ascendente. Quando é para baixar a taxa selic, todos esquecem o diploma em casa.

    Será que COPOMBC enganará o país o tempo todo?

    Em tempos de comunicação em tempo real, eles “dormem” 45 dias, entre uma reunião e outra. Parecem que estão em outro mundo.
    Fatos econômicos para o COPOMBC devem chegar via sinal de fumaça.

  4. Creio que a realização dos
    Creio que a realização dos investimentos do públicos aprovados pelo congresso americano podem indicar o fundo do poço, a recuperação da economia mundial, e afastar o risco de uma depressão econômica, restabelecendo a confiança dos consumidores principalmente nos EUA, Europa e Japão.

    O risco de uma depressão econômica é a grande responsável pela queda da confiança do consumidores, o que está provocando uma queda nas vendas maiores que a queda ocorrida no emprego e na renda.

    A onda mundial liderada pelo EUA de aumento dos investimentos públicos irá provocar um aumento do nível de emprego em relação ao final de 2008.

    Mas em função da queda dos refinancimentos imobiliário nos EUA, a economia não se voltará a crescer nos mesmo níveis do período anterior ao estouro da bolha imobiliária, mas deve voltar crescer entre 1% e 2% ao ano.

  5. Caro Nassif,

    A questão é
    Caro Nassif,

    A questão é agir antes de esprerar o fundo do poço, ai que a porca torce o rabo no governo Lula-Meirelles, volto mais uma vez a frase do vice à quase dois anos: “O Lula conhece a área social no Brasil como ninguém, mas no economia estão enganando ele”.
    Os rombos do BC nessa balburdia, mal explicados e denunciados por você por diversas vezes, mostra a caminho das pedras.

    O Governo Já esta no penultimo ano e ainda não assumiu as rédeas da área econômica do país, inacreditável. Vai continuar centado na popularidade e vai pagar um preço alto, ele e o país, pois temos hoje uma clara disconeção entre a Mídia-elite e a nação.
    O Brasil e a mídia-elite não estão na mesma págna da história da nação.

    A mídia vai continuar no diapasão do modelo americano da era Bush e sua gang, as coincidências se afloram, embora eles estejam tentando virar a a página com Obama, aqui, quase sem chance aé 2010, e nem chegamos aos pés da diversidade da mídia de lá.

    Com Sarney e Temer no congresso, é de tremer, tremer e não crescer, com as eleições, sem papelzinho nas urnas, como alertava Brizola, podemos enfrentar uma catástrofe avassaladora no país. Alguém pode dizer, mas aí já é teoria conspiratória, pode até parecer hoje, mas é melhor prevenir que rmediar.

    O que não tem cabimento é o governo esperar o fundo do poço como alerta o Paulo Nogueira Batista Jr. hoje em artigo na FSP, evocando Celso Furtado.

    “O governo precisa agir rapidamente para impedir que se instale uma espiral recessiva”

    PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.

    Não à recessão e ao desemprego

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    É preciso tentar conter a retração da demanda, por meio de cortes no compulsório e no juro e de estímulo fiscal
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    A Celso Furtado

    COMEÇO, LEITOR , com um pedido de desculpas, extensivo à leitora. O artigo de hoje está sendo redigido às pressas -tenho uma hora e meia para terminá-lo. O trabalho aqui no Fundo está alucinante. Começa no café da manhã, continua o dia inteiro, inclusive almoço, e se estende noite adentro até durante o jantar. Já tem gente baixando hospital (espero não ser o próximo). Uma das assistentes no nosso escritório, que trabalha no Fundo há 25 anos, disse-me que nunca viu a Diretoria Executiva e o corpo técnico sob tanta pressão. Não é surpreendente: o FMI está no olho do furacão da mais grave crise internacional dos últimos 70 anos.
    O lado positivo, claro, é que a crise abre possibilidades de reforma e mudança que, em épocas normais, seriam mais limitadas.
    Mas é do Brasil que quero falar um pouco hoje, em particular do impacto da crise externa sobre o crescimento e o emprego no país. A ameaça de recessão e desemprego cresce a cada semana, em linha com a deterioração do ambiente mundial. Projeções feitas por analistas de mercado indicam crescimento de apenas 1,7% para o PIB brasileiro em 2009. Com esse ritmo muito modesto de crescimento, um aumento do desemprego é praticamente inevitável -mesmo que o governo adote, como pretende, medidas para aumentar a elasticidade do emprego em relação ao produto.
    O fundamental é tentar conter a retração da demanda, especialmente dos investimentos. O artigo de hoje é uma pequena homenagem a Celso Furtado, nosso maior economista, que publicou, em 1983, um livro com esse título. No início da década de 1980, a luta era a mesma, mas com duas diferenças importantes, uma para pior, outra para melhor. Hoje, a crise externa é mais grave do que naquela época. Em compensação, o estado da economia brasileira é agora mais sólido.
    Em parte por isso, o Brasil tem mais espaço para responder à tendência recessiva que vem de fora (os choques externos foram mais eficazes em derrubar a demanda do que o Copom). O governo tem tomado medidas nessa direção, mas há espaço para fazer mais.
    O Banco Central pode, por exemplo, diminuir a taxa básica de juro, que continua a ser a mais alta do mundo em termos reais, mesmo após o corte de um ponto percentual determinado pelo Copom na sua última reunião. O BC também pode diminuir os ainda elevados depósitos compulsórios sobre passivos bancários, o que injetaria liquidez na economia e contribuiria em princípio para reduzir os “spreads” bancários.
    Os bancos públicos podem ser mobilizados para compensar, pelo menos em parte, a retração da oferta de crédito internacional e dos bancos privados no Brasil. Além disso, há espaço para um estímulo fiscal. O superávit primário do setor público pode diminuir. O déficit fiscal total ou nominal é relativamente pequeno (1,5% do PIB em 2008, o menor resultado anual desde o início da série estatística, em 1991).
    O estímulo fiscal tende a derrubar o superávit primário e, portanto, a aumentar o déficit nominal (que corresponde, por definição, à diferença entre a carga de juros e o superávit primário). Mas esse efeito é compensado pela diminuição da taxa básica de juro. A depreciação cambial também ajuda as contas governamentais, pois o setor público se tornou nos anos recentes credor líquido em moeda estrangeira.
    O governo precisa agir rapidamente para impedir que se instale uma espiral recessiva.
    ——————————————————————————–
    PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. , 53, escreve às quintas-feiras nesta coluna. Diretor-executivo no FMI, representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago). .

  6. Seria necessário que a
    Seria necessário que a “economia chegasse ao fundo do poço,para então recomeçar um novo processo,e ela dar sinais de recuperação”para que os atores deste teatro,reavaliassem seus papeis e os governantes tivessem que entrar em ação,para evitar um mal maior?
    Os manuais de economia moderna sempre ensinaram que o mercado tem que ser regulado por normas técnicas,e fiscalizados pelo Estado, e mesmo tendo liberdade de ação,não deve esquecer que o excesso de flexibilidade pode gerar consequencias desastrosas,como ocorreu com este liberalismo exagerado que principalmente “os baróes de Wall Street”famosos exemplos de como “não se deve fazer”infringiram ao mercado financeiro.
    Agora foi preciso que o velho e bom Estado,usasse de suas prerrogativas constitucionais e viesse salvar o naufrágio,que estava em vias de matar a todos.

  7. Aqui do alto Xingu, os índios
    Aqui do alto Xingu, os índios lembram que o fundo do poço sempre é enxergado depois que foi formado e superado, nunca antes. Não há cientista, economista ou analista gráfico que possa prever o exato fundo do poço.

  8. O fundo do poço apenas é
    O fundo do poço apenas é esperado no momento em que a elite descobrir como passar a conta para os demais. No momento, o que vemos no Plano de Ajuda dos USA, é a camada mais rica tentar apossar-se ainda mais de bens atraves de beneficios fiscaise outras vantagens.
    Para mim estamos no final de uma era, que deverá evoluir (desejo!), como consta no I Ching ” o velho será automáticamente substituído pelo novo”, independentemente dos nossos desejos. Enquanto não mudarmos muito não haverá fundo de poço!

  9. Que poço é esse? Nassif,
    Que poço é esse? Nassif, confessa, você anda bebendo escondido, né?

    Fraude não tem posso, tem é otário as pencas, quando um perde – outro ganha. Jogo é jogo. Desta vez roubaram no atacado e saíram correndo, feio é não conseguir carregar.

    Tem é que sair um acordo antes que destruam muita coisa, fora isto, o povo tá certo, não mudou nada. Todo mundo andando de carro, comendo, morando e etc…

    Que acerto? Um secreto onde o perde ganha fique acordado, o combinado não é caro. Se vai sair, bem, sou otimista , acho que sai mas ainda não tá maduro, mais uns anos ainda.

  10. Pedro, mas a economia vai
    Pedro, mas a economia vai trocar automóveis por que outro produto? Que máquina custa caro, mexe com uma corrente de fornecedores e vende tanto quanto veículos?

    Cataventos produtores de energia elétrica, talvez… Mas carros moveram o século 20. Como mudar essa idéia na cabeça das pessoas?

  11. Caro José Antonio,
    A
    Caro José Antonio,
    A humanidade poderia viver com menos automóveis. Em São Paulo, já não cabem mais: a cada dia, entre 900 e 1000 novos carros são emplacados no Detran. Uma alternativa seria a conversão de parte da capacidade produtiva da indústria automobilística em outros meios de transporte: locomotivas e vagões, trens de subúrbio e metrô, ônibus, navios, trens de alta velocidade etc. Poderíamos fabricar mais ambulâncias, ônibus escolares, carros de bombeiros, aeronaves de combate a incêndio florestal etc.
    É verdade que os carros moveram o século XX. Mas, se o trânsito continuar assim, os carros não irão se mover no século XXI.
    Os pacotes de socorro às instituições financeiras ultrapassam, somados, o trilhão de dólares. Quantia suficiente para eliminar a fome do planeta, transformando a África numa imensa fazenda.
    Outras máquinas que “custam caro” poderiam ser produzidas após a conversão da indústria automobilística: tratores e máquinas agrícolas, colheitadeiras, tudo o que pode ajudar o preparo da terra, o plantio e a colheita. Assim, com o barateamento dos alimentos, ocorrerá também um aumento do poder aquisitivo (mediante a redução dos custos de reprodução da força de trabalho, que Marx chamava de mais-valia relativa).
    Insisto: trata-se de uma crise de sociabilidade, que vai além dos aspectos econômicos em sentido estrito. Você pergunta: “como mudar essa idéia na cabeça das pessoas?”. Sei que é muito difícil mudar os valores, mas não desisto de acreditar que um outro mundo é possível (não esqueçamos a importância do Fórum Social Mundial). Assim como John Lennon, sou um sonhador. E certamente não sou o único.

    Imagine… it is easy if you try.

    PS: o maior problema para sociedade capitalista reside justamente no excedente da produção, e não na sua incapacidade de produzir. A questão é que o “excesso” nunca é em relação ao quantum que cabe no estômago dos indivíduos, e sim que tal excedente é sempre em relação à capacidade de consumo em sua forma especificamente capitalista (produzir para a venda). Eis a chave para entendermos porque tanta gente passa fome, de um lado, enquanto há tanta abundância, de outro.

  12. Da Agência AFP divulgado pelo
    Da Agência AFP divulgado pelo Último Segundo
    http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/02/12/aumento+das+vendas+traz+esperanca+de+recuperacao+do+mercado+imobiliario+em+miami+4032905.html

    Aumento das vendas traz esperança de recuperação do mercado imobiliário em Miami /12/02/2009 – 21:47 – AFP
    Um aumento da venda de casas e condomínios em Miami e no sul da Flórida nos últimos meses pode refletir uma recuperação do mercado imobiliário, setor vital para a alquebrada economia do estado, segundo um relatório do setor, divulgado nesta quinta-feira.

    A venda de casas unifamiliares subiu 29% nos últimos meses de 2008 em relação ao mesmo período de 2007, enquanto a venda de condomínios aumentou 16%, indicou o relatório da Associação Imobiliária da Grande Miami e das Praias (RAMB, na sigla em inglês).

    Os dados revelam um forte avanço do mercado de propriedades no sul da Flórida, com um aumento das vendas que indicaria uma potencial recuperação da atividade, afirma a RAMB.

    “O mercado imobiliário no sul da Flórida oferece a seus potenciais compradores uma acessibilidade e oportunidades que não são vistas há mais de uma década”, considerou Rick Burch, presidente da RAMB.

    Devido ao crescente número de propriedades que entraram em processo de execução por falta de pagamento das hipotecas, os preços de venda continuam caindo, e espera-se que este processo dure até o próximo ano.

    As compras de imóveis por estrangeiros continuam tendo um impacto positivo no mercado imobiliário da região, correspondendo a 29% das aquisições, segundo a associação.

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