A China vai às compras na América Latina

De Folha.com

Brasil recebe maior investimento chinês

FABIANO MAISONNAVE

A aquisição de 30% da Petrogal Brasil, subsidiária da Galp Energia (Portugal), pela estatal Sinopec foi o maior investimento externo chinês durante o primeiro trimestre.

A constatação é da empresa de “private equity” (compra de participação em empresas) A Capital.

De janeiro a março, a China investiu US$ 21,4 bilhões no exterior, 118% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

Segundo o estudo, a Sinopec pagou U$ 4,8 bilhões para ser sócia da Petrogal Brasil, empresa com participação minoritária em quatro blocos de petróleo na bacia de Santos.

Um deles é o campo de Lula (ex-Tupi), o maior já descoberto pela Petrobras.

  Editoria de Arte/Folhapress  

O valor é um pouco inferior ao divulgado inicialmente no anúncio do acordo, em novembro –US$ 5,2 bilhões.

A Petrogal Brasil está dentro das principais tendências do investimento chinês no estrangeiro: são em geral negócios envolvendo energia e recursos naturais (92%), realizados por empresas estatais (98%) e com participação minoritária (78%).

Por causa do investimento da Sinopec, a América do Sul foi a região que mais recebeu investimentos, seguida pela Europa.

E ainda há muito mais investimento chinês no futuro próximo: baseado no ritmo de investimentos desde 2007, o estudo prevê que a segunda economia mundial desembolsará mais US$ 800 bilhões até 2016.

A empresa de “private equity” A Capital, autora do estudo, é especializada em atrair investidores chineses para aquisições na Europa.

ESTRATÉGIA

A estratégia de entrar como sócia minoritária em áreas de energia e recursos naturais vem sendo adotada desde a tentativa fracassada da estatal chinesa Cnooc de comprar sozinha a empresa americana Unocal, em 2005.

A perspectiva de uma empresa estatal chinesa controlar poços de petróleo na Califórnia provocou uma crescente oposição no Congresso americano. Diante da iminente rejeição do negócio, a Cnooc retirou a vultosa oferta de US$ 23 bilhões.

No Brasil, estatais petroleiras chinesas já compraram participação minoritária antes. A própria Sinopec adquiriu 40% da Repsol Brasil (US$ 7,1 bilhões) e a Sinochem pagou US$ 3,07 bilhões por 40% do campo Peregrino e agora é sócia da norueguesa Statoil.

OUTROS INVESTIMENTOS

Em maio, a também chinesa State Grid comprou, da espanhola Actividades de Construcción y Servicios, sete linhas de transmissão de energia elétrica no Brasil. Pagou US$ 531 milhões e assumiu US$ 411 milhões em dívidas.

Em março, a mesma State Grid juntou-se à paranaense Copel para arrematar, em leilão, a construção e a operação do sistema de transmissão que vai conectar as usinas do rio Teles Pires, que corta Mato Grosso e Pará, ao sistema elétrico nacional.

  Editoria de Arte/Folhapress  
Luis Nassif

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