A concentração de supermercados no Brasil

Da Folha

Concentração de supermercados sobe para 46% no país, diz estudo

Em 2004, percentual era de 40%, segundo o Provar/Ibevar; em São Paulo, índice chega a 60%

Consumidores não são beneficiados quando as opções de compra são reduzidas, segundo avaliação da ProTeste

MARIANA SALLOWICZ
CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

As cinco maiores redes de supermercados do país têm aumentado a participação no setor durante os últimos anos. Juntos, esses grupos faturaram R$ 93,46 bilhões em 2010 -o equivalente a 46% das receitas das empresas que atuam no segmento.

Em 2004, o percentual era de 40%. Os dados foram elaborados pela Felisoni Consultores e Provar/Ibevar, a partir de informações da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).

O estudo mostra que a concentração no setor de supermercados é uma tendência que deve se acentuar no país -principalmente se a fusão entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour de fato ocorrer.

CasoCaso a união seja aprovada, as duas redes terão, juntas, 2.386 pontos de venda em 178 municípios, com receita anual de R$ 65 bilhões.

No Estado de São Paulo, região de maior consumo do país, a estimativa é que a participação dos três principais grupos seja ainda maior: 60% se considerado o faturamento de Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart. Os dois primeiros respondem por 47%.

“O aumento na concentração é uma tendência porque os produtos vendidos nos supermercados têm margens [de lucro] reduzidas. Para aumentar os ganhos, os supermercados buscam mais escala com maior participação nesse mercado. É o que temos visto nos últimos anos”, diz Claudio Felisoni, coordenador do Provar/Ibevar.

Já a Apas (Associação Paulista de Supermercados) considera que a concentração no setor supermercadista é menor -de cerca de 42%.

“Esse percentual tem se mantido estável nos últimos sete anos se levado em conta somente o setor alimentar”, diz João Galassi, presidente da associação, ao se referir ao fato de o estudo do Provar incluir as operações das Casas Bahia e do Ponto Frio nos números do Pão de Açúcar.

Galassi considera “razoável” o nível de concentração no setor e afirma que, em 2000, o percentual era de 29%. “Após a compra de pequenas e médias empresas, houve estabilidade.”

Apesar do aumento na concentração nos últimos anos no Brasil, o percentual ainda é inferior ao de outros países, como França (70%), Reino Unido (63%), Portugal (63,2%) e a média da União Europeia (48,9%).

“O grau de concentração no Brasil é até baixo se comparado ao de outros países e se for considerada a polarização que existe entre as redes. Ou seja, as três primeiras detêm percentual expressivo do mercado. E a quarta e quinta colocadas têm 1,7% (G. Barbosa) e 1,2% (Bretas)”, diz João Carlos Lazarini, diretor do Provar/Ibevar.

CONSUMIDOR

A concentração no setor -e a proposta de fusão de Pão de Açúcar e Carrefour- não é benéfica ao consumidor, segundo Maria Inês Dolci, coordenadora da ProTeste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).

“Quanto maior é o mercado, maior é a disputa para atrair o consumidor com melhores preços, com qualidade de serviços e com investimento em tecnologia que beneficiem o consumidor”, diz.

Para Felisoni, em um primeiro momento a fusão poderá ser prejudicial aos consumidores. “Mas, com a atuação do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], os efeitos serão minimizados.” Isso porque o órgão determina a venda de algumas lojas em regiões onde a concentração supera o permitido pela legislação. 

Luis Nassif

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