Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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A crucial questão dos juros, por André Araújo

A crucial questão dos juros, por André Araújo

Comentei ontem o programa Roda Viva da TV Cultura com cinco economistas de primeira linha. Amir Khair chamou muito a atenção para a crítica situação da taxa de juros no Brasil, completamente destoante do resto do planeta. Outros, como Marcos Lisboa, rebateram dizendo que quando, por “voluntarismo” da Presidente Dilma, a taxa foi baixada para 7,25%, a inflação subiu e teve que ser novamente aumentada.

É um completo erro de avaliação. A taxa foi rebaixada e, A PRETEXTO DE QUE A INFLAÇÃO ESTAVA SUBINDO, se iniciou um movimento ininterrupto de alta, até chegar aos atuais 14,25%.  Esta subida sem parar da taxa NÃO FEZ BAIXAR A INFLAÇÃO, que era o pretexto quando a taxa estava em 7,25%. Não baixou a inflação MAS CAUSOU A RECESSÃO . O erro não foi baixar a taxa a 7,25%, o erro foi não construir força política para manter essa taxa baixa.

O Governo foi vencido pelas forças do mercado financeiro, representadas no Banco Central. Não houve massa crítica de poder no Governo para segurar a taxa em 7,25% MESMO QUE A INFLAÇÃO SUBISSE, SE SUBISSE. O erro foi aceitar a premissa ortodoxa, hoje completamente desacreditada, de que SÓ JUROS ALTOS COMBATEM A INFLAÇÃO.

Como disse Amir Khair, a TAXA REAL de juros do sistema bancário para seus clientes tomadores é ONZE VEZES A TAXA DE INFLAÇÃO, não há no mundo um paralelo com essa loucura. Marcos Lisboa não deu uma explicação clara e sólida do porque dessa taxa absurda. Todos os “economistas de mercado” dão desculpas esfarrapadas sobre o porquê dessas taxas elevadíssimas, ninguém dá uma resposta consistente com alguma lógica de política econômica.

A real razão da elevação da taxa balizadora SELIC é que é parte central do mercado financeiro a captação de dólares a taxas quase negativas e sua aplicação no mercado de juros no Brasil. Para garantir que o jogo de arbitragem de taxas sempre acerte há necessidade de que a taxa de câmbio fique estável durante o tempo da arbitragem.

Exemplo: Um banco traz 100 milhões de dólares  pagando 2%, aplicado aqui a 14%, há uma margem de 12%. Quer dizer, o banco ganha 10 milhões de dólares em um ano. Mas se o dólar subir estraga o negócio. Então essa necessidade obriga o Banco Central a vender swaps cambiais para garantir o especulador do carry trade (nome desse negócio).

Esses swaps cambiais CUSTARAM AO BC QUASE 100 BILHÕES DE REAIS EM 2015, operação feita para garantir quem faz o jogo do carry trade. Ora, o Brasil com 370 bilhões de dólares de reserva NÃO PRECISA DE DINHEIRO ESPECULATIVO para fechar contas do balanço de pagamento. Porque então faz esse jogo suicida de vender swaps cambiais que custam em um ano muito mais do que o fatídico “ajuste fiscal”? Esse custo dos swaps são DEZ vezes o que se pretende arrecadar com a CPMF.

Foi para garantir esse jogo que um dos diretores do BC votou no último COPOM pela alta da SELIC, exatamente o diretor importado do centro financeiro do Hemisfério Norte (quem será que foi o responsável por essa importação injustificável de um nome que não agrega nada ao BC?)

A questão dos juros é CENTRAL no processo de recuperação do crescimento, será preciso por o pé na mesa para enfrentar a forças pro-juros altos que dominam o BC, o Boletim Focus, a Rua Dias Ferreira e a Av. Faria Lima, quem vai encarar?

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

41 Comentários

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  1. Marcos Lisboa não deu uma

    Marcos Lisboa não deu uma explicação clara e sólida do porque dessa taxa absurda. Todos os “economistas de mercado” dão desculpas esfarrapadas sobre o porquê dessas taxas elevadíssimas, ninguém dá uma resposta consistente com alguma lógica de política econômica.

    Eu acho que isso se deve ao plano Real. Em anos anteriores, chegamos a ter taxas de inflação MENSAL superiores a 80%. Então é óbvio que os juros também eram altíssimos.

    Após o plano real, a taxa de inflação mensal ficou sempre dentro da faixa de um dígito. Mas como não houve (propositalmente ou não) uma preocupação do governo na época de criar algum teto ou regulamentação para os juros cobrados no mercado, os bancos simplesmente deram uma de “joão sem braço”, mantendo taxas próximas daquelas que eles praticavam antes do Real. Como temos no Brasil um CARTEL de bancos, ficou fácil combinar isso entre todos e manter uma imagem de “normalidade” em relação a essas taxas.

    O BC, é claro, é totalmente conivente com essa situação.

     

  2. Bancos Públicos

    Caro Sr. André Araújo,

    Algumas perguntas (considere que não entendo a linguagem dos economistas, sou somente um observador):

    Os bancos públicos, que estão entre os maiores agentes do nosso sistema financeiro, também fazem esse jogo?

    Não seria essa também uma parte importante do problema? Será que eles já não estariam em uma espécie de “privatização branca”, ao utilizar os mesmos mecanismos dos agentes financeiros privados, nacionais e globais?

    Grato.

    1. Bancos “públicos” com ações

      Bancos “públicos” com ações na bolsa. Mesmo o governo sendo acionista majoritário, é preciso muito mais do que isso para fazer uma dessas instituições nadar contra a corrente. Eles estão no “mercado” e fazem parte dele. É como aquele ditado: “Quando em Roma, faça como os romanos”.

  3. Nessa questão dos juros tem

    Nessa questão dos juros tem muito fetichismo, muito procura de culpados. Assim se confunde facilmente as coisas para poder colocar a questão dentro do modelo que cada um traz na cabeça. Para alguns, juro é coisa de banco, logo, coisa de exploradores, logo, coisa do mal, deve ser combatido. Mas os bancos fazem parte do sistema, um sistema finaceiro saudável é fundamental para a economia de um país. O juro é o equivalente ao lucro das empresas, eles são altos no Brasil basicamente pelo mesmo motivo que os lucros são altos: as pessoas aceitam pagá-los.

    Tanto os preços das coisas como a taxa dos bancos é fixada pelo mercado, ou seja, pelos bancos e empresas de um lado e pelos tomadores do dinheriro e das mercadorias pelo outro. No caso dos bancos nem tem muto sentido falar em cartel pois existem os bancos estatais, e os de fora que vieram aqui não se deram muito bem. A Selic alta, longe de ser interesse dos banqueiros, é CUSTO DOS BANCOS, pois ela baliza a taxa de captação do dinheiro. Se o governo colocar a Selic a zero os bancos agradecem, pois poderão pegar nosso dinheriro sem pagar nada. A quanto vão reemprestar? Bem, isso foi dito acima, depende deles e de quem pegar o dinheiro, mas é influenciado por várias coisas, como o próprio jeito do brasileiro querer antecipar o consumo (não estou criticando, é um modo de viver), até o próprio cenário da economia. Quando a Dilma baixou a Selic esperando que os bandos operassem com juro menor ela demonstrou não dominar muito bem o assunto, pois até as pedras sabem que uma queda abrupta da taxa básica de juros em um país emergente e com moeda fraca traz depreciação da moeda e inflação, e com elas o pessimismo, estganação e inadimplência. Os bancos não baixaram pois um dos componentes da taxa que operam é a inadimplência e a situação futura da economia.

    Não sei se é dificil entender isso, mas quem tem dinheiro busca o maior rendimento. Todos fazem isso (talvez o Papa não faça). Então, quem mantém a Selic alta são os rentistas daqui e de fora, talvez mesmo alguns dos que fazem posts contra a alta da Selic. Ora, tendo alternativas de maior rendimento, quem mantem na “poupancinha”? O investidor estrangeiro busca rendimentos, claro, e se ele comprou um titulos em reais e o real cai muito ele perde, então se protege com as swaps, ou seja, paga uma taxa, uma espécie de seguro, que se o dolar sobe o governo paga a diferença e ameniza suas perdas. Mas não se deve esquecer que quando o governo paga pela desvalorização do real (pois ele pode ganhar com sua não desvalorização, ou sua valorização) isso normalemnte tem como contrapartida títulos em reais comprados a juros nominais abaixo da desvalorização cambial, ou seja, o governo ficou com os dólares que valorizaram (ou trocou por reais e gastou uma parte). Se o governo não oferece essa segurança, o investidor não vem aqui, ou retira o dinhero aplicado, e aí a banca quebra. Não nos esqueçamos que a divida interna é 3,6 trilhões de reais aproximadamente. Nos últimos anos o governo mais pegou dinheiro do que pagou os rentisdtas pois trabalhou com deficit primário, ou seja, gastou mais do que arrecadou em impostos (até por que, junto com a queda da Selic a Dilma desonerou amplos setores empresariais). Ou seja, o governo precisa dos rentistas, sem eles teria de cortar mais despesas, por isso aumenta a Selic e oferece segurança, para que eles não fujam e comprem mais títulos.

    Sei que vai aparecer alguém pra dizer que EUA, Japão, etc, trabalham com juros baixos e não tem esse problema, mas é por que sua moeda é forte, o pessoal não sai vendendo por qualquer ameaça, e os EUA emitem a moeda internacional, a demanda por ela e pelos titulos atrelados a ela é alta, e nós temos de forçar a demanda oferecendo juros altos. Imagino que todo o governante gostaria de não pagar juros, se o governo aumentou a Selic de novo é por que percebeu que ia ter problemas. Uma alternativa talvez fosse a emissão de reais em grande quantidade para resgatar a dívida pública, ou mesmo para bancar a saída dos rentistas pela diminuição da Selic, mas isso teria implicações como inflação alta e, além disso, parece que existem óbices legais (Lei de Responsabilidade Fiscal?) que devem ser discutidos antes. Essa alternativa é interessante, foi o que EUA e Japão fizeram, os EUA inclusive reverteram a queda do dolar emitindo mais dolares, o que parece contraditório, mas é que no momento do mundo emitir moeda demonstra segurança, que é tudo o que conta no pavor atual.

  4. caro mota araujo, mas vamos

    caro mota araujo, mas vamos lá.. o fato de o brasil ter taxas de juros anormais decorre tão somente dos constantes deficits públicos.. o governo precisa se financiar, e o “mercado” claro cobra mais à medida que o volume da dívida federal aumenta e fica mais arriscado emprestar ao governo.. é um princípio universal o “risco x retorno”.. e claro, o mundo não é feito de lobinhos, claro que bancos, pessoas vão se aproveitar desse diferencial de juros.. 

    se tivéssemos um orçamento equilibrado ao longo dos anos essa taxa de juros seria muito menor… é um conceito tão simples, mas a experiência mostra uma enorme dificuldade que leigos em economia tem em entendêlo..

    1. Me espanta porque o Japão com

      Me espanta porque o Japão com maus de 200%de dívida em relação ao PIB, lá a selic é negativa. Deve ser porque japonês é bonzinho.

      1. prezado, a relação dívida/PIB

        prezado, a relação dívida/PIB é apenas uma dentre outros fatores a ser levados em conta, como histórico, poupança, capacidade de pagamento.. de novo, leigos em economia têm uma enorme dificuldade em entender este conceito simples de que os juros brasileiros vêm da dinâmica da dívida pública, talvez por não lidarem com conceitos econômicos de forma constante.

      2. A situação deles é tecnicamente pior do que a nossa.

        Mas isso não sai  na imprensa, porque daria à população a verdadeira noção do esforço que é feito para manter o país minimamente nos trilhos.

        http://www.brasil247.com/pt/247/economia/216890/Diretor-geral-da-OMC-economia-global-est%C3%A1-no-limite.htm

        O que significa o juro negativo ?

        Significa que os interessados na dívida pública japonesa têm que pagar pelos títulos.

        Isso seria maravilhoso para o Japão se ele tivesse na vanguarda comercial e tecnológica. Tal como  ocorreu nas décadas de 1980 até o ano 2000.

        Juros muito baixos e/ou negativos é uma questão absolutamente explosiva, porque mostra que o país perdeu  toda a margem de manobra na política monetária.

        http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/02/1738746-presidente-do-bc-dos-eua-admite-possibilidade-de-juros-negativos.shtml

        Com exceção de alguns países escandinavos e de alguns países da Europa central, os juros negativos apenas mostram dívidas enormes e totalmente fora de controle.

        Nós temos a tendência de achar que o Brasil é o pior lugar do mundo, mas não é bem assim.

        Evidentemente que as taxas de juros no Brasil são absurdas, mas, tal como redigi logo acima, o país tem um tamanho  absurdo e tem um défict estrutural absurdo.

        Isso é o que faz com que as taxas sejam absurdas.

        A taxa SELIC real no Brasil hoje é de cerca de 3,9 % ao ano, pois as críticas reacaem sobre as taxas nominais, mas há que ser descontada a inflação.

        É como eu tenho escrito  em todas as oportunidades, essa onda de disseminação de indignações com o governo é uma aula de amnésia coletiva e aumenta as chances da direita voltar.

        Aí, muita gente boa vai chorar, constatando que era feliz e não sabia.

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        Outra coisa que pouca gente sabe.

        A dívida pública brasileira não é totalmente lastreada em SELIC e que grande parte de títulos em SELIC estão próximo de serem quitados.

        O problema é a dependência tecnológica.

        Dê uma olhada ao seu redor e constate o quanto de produtos mannufaturados estrangeiros há.

        Com a inflação de custos / preços administrados não é diferente.

        O governo tem que instalar e manter um parque muito vinculado a interesses estrangeiros.

        Isso  está nos remédios, nos equipamentos do setor de petróleo, setor elétrico, equipamentos hospitalares, na nanotecnologia, na parafernália eletrônica e por aí vai.

        Veja. O Brasil não produz lâmpadas…. O Brasil não produz trens, caminhões… tudo isso está altamente vinculado a setores estrangeiros.

        E quando o Brasil começa a se destacar em algum ramo ( tal como  a Odebrtecht defesa ) … um bando de reacionários macartistas, maçons, fascistas e tudo de ruim… surge em forma de Lava Jato para causar impacto negativo.

        Juro negativo é fria, amigo.

         

    2. Negativo. Em todo o mundo

      Negativo. Em todo o mundo bancos, seguradoras e fundos de penão NAO TEM ONDE APLICAR a não ser em titulos do Tesouro ou deixar o dinheiro dem deposito a vista rendendo zero.

      Se foram para CDBs e debentures não há no mercado volume de papeis para trilhões de Reais.

      A unica opção e LFT com qualquer taxa. Assim é no Japão, Brasil e EUA.

      O volume de aplicação voluntaria de pessoas em titulos do Tesouro é muito pequeno, o grosso é institucional.

      1. caro mota araujo.. se a

        caro mota araujo.. se a percepção de que o risco está maior do que o retorno o detentor do capital seguramente vai entrar com recursos em outras aplicações, é um dado da natureza a relação “risco X retorno”, caro advogado.. balela essa história de “trilhões” que ficariam a deriva.. onde estão os trilhões de dólares, euros e yens, cujos títulos dos respectivos tesouros rendem próximo a zero? eles não têm onde aplicar?  desenvolva melhor sua tese..rs

      2. complementando,  no caso

        complementando,  no caso brasileiro se o governo baixar a selic, os detentores de capital vão preferir não investir nos títulos e ficar com o dinheiro na mão que seja, para evitar o default.. realmente vc não entendeu o significado de “risco x retorno” caro mota araujo..

  5. Taxa de juros não é um problema que se resolva com voluntarismo.

    Entre meados de 2012 e meados de 2013, a taxa referencial SELIC foi  reduzida por voluntarismo sim.

    Marcos Lisboa não está equivocado na causa. Talvez, tenha faltado explicar.

    A nossa presidenta entendeu que poderia fazer economia, baixando as taxas para refescar a questão  da relação  superavit primário  / nominal.

    E conseguiu.

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    É muito comum a crítica às taxas de juros elevadas para combater inflação.

    Note-se que quando o orçamento é feito ( PPA / LDO / LOA ) o orçamento é fixado e a receita é prevista.

    No orçamento, há despesas obrigatórias ( cerca de 88% ) e despesas discricionárias (cerca de 12 % ).

    As depesas obrigatórias são as partes vinculadas do orçamento. São de ordem constitucional, de ordem vinculatória direta e de ordem legal ordinária. Não há como  não  executá-las : são  transferências a entes federados, gastos com saúde, educação, segurança, instalação, manutenção do parque e amortização da dívida pública ( a dívida é toda subdividida ).

    As despesas discricionárias ( cerca de 270 bilhões de reais em 2015 ) é a parte livre que o  governo tem para fazer alguma coisa : PAC, Brasil sem Miséria, setor de defesa, setor de educação, setor de saúde,  setor de ciência e tecnologia etc.   Alguns setores aqui apresentados nas despesas discricionárias também recebem recursos das despesas obrigatórias.

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    Levando-se em conta todo o orçamento, a amortização da dívida fica com cerca de 34,4 %; as despesas financeiras da dívida ficam com 4,4 % e os  juros mais outros encargos da dívida ficam com 8,0 %.

    Esse total dá cerca de 47 % de todo o orçamento.

    Se for considerado o  resultado primário (exigido pelo modelo econômico adotado / herdado, como uma meta na LDO , lei 12.708 / 2012)  há que se somar mais algo em torno de 190 bilhões , o que leva o Brasil a ter aproximadamente 53 % do orçamento envolvido com a dívida.

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    Esse comprometimento financeiro com a dívida leva, por exemplo, a um grande gargalo com a parcela destinada aos quase seis mil municípios existentes no país ( 5.656 com mais de 400 pedidos de emancipação ) .

    A parcela destinada aos municípios é de cerca de dez por cento do orçamento e é insuficiente para fazer a União cumprir a Constituição .

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    A política econômica adotada é dividida em : política monetária, política fiscal, política tributária e política cambial.

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    A questão dos juros está associada à política econômica.

    É falaciosa a tese de que o aumento da taxa de juros combate a inflação no Brasil .

    As elevadas taxas de juros não combatem a inflação no Brasil , porque a inflação brasileire é majoritariamente de custos e não  de demanda. 

    Correto.

    Mas, quando se fala em elevadas taxas de juros, a grande maioria dos economistas não atina para algo que afeta diretamente a inacapacidade do governo de administrar preços e de  financiar a máquina.

    1)  a falta de poupança interna das famílias. O Japão possui  uma dívida de 200 % do PIB e ainda consegue se livrar dos efeitos dessa colossal massa de dinheiro, porque há ( ou havia )  poupança interna. Depois eu comentarei por que as taxas de juros no Japão são, hoje, negativas;

    2) a gigantesca dependência tecnológica. O Brasil mantém uma elevadissima relação  de dependência tecnológica. Isso faz com que a inflação de custos obrigue o governo a ceder, para que o parque continue sendo instalado e mantido;

    3)  deficiência crônica de infra-estrutura, de indústria de base e de mão de obra qualificada;

    4) a relação juros por quantidade de títulos negociados. É um item complexo para se tratar em área de comentários.

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    Rapidamente, a questão do “swap cambial” é necessária para proteger empresas brasileiras, que contraem dívidas em moeda estrangeitra. A falta de legislação que selecione o que é hedge e o que é especulação caberia ao Congresso que a população vota e que prefere ficar fazendo CPI, trabalhando de terça a quinta, bolando golpes e que não legisla.

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    Resumo: O Brasil perdeu todas as três revoluções industriais.  Perdeu receitas estratégicas com a privataria tucana.

    Os juros altos são  decorrentes da facilidade com que os “dealers” contam para pressionar o país a menter as contas razoavelmente em dia.

    Uma medida excelente para reduzir juros já foi proposta por San Thiago Dantas e por Celso Furtado em 1962. Disciplinar a farra da remessa de lucros das empresas multinacionais.

    Quando alguém diz que é possível baixar juros no Brasil, eu pergunto como e peço detalhes.

    Até agora, ninguém respondeu.

    Fato é que ficar disseminando indignação contra o governo o enfraquece.

    Se a direita ganhar em 2018. O sonho acaba para muita gente, porque serão  décadas e décadas de desmanche e de achaque… até que a população decida prestar atenção à realidade e não à imprensa.

    1. Discursos indignados me enchem de pavor.

      Prezado Orides…

      A inflação do ano passado ficou em torno de 10,5 %.

      Se a SELIC está em 14,25 % ao ano, a taxa real é de pouco mais de 3,9 % e ainda há que se considerar os impostos a serem pagos por quem empresta ao governo.

      Fico repleto de medo, quando alguém embarca no primeiro bonde e ataca o governo , achando que isso seria motivo para o impedimento da presidenta.

      Reflita bem, antes de ficar com ódio da presidenta, porque se a direita retornar… o seu futuro estará diretamente relacionado  a excrescências tais como a tal PLS 555.

      Na minha opinião, você é feliz e nem sabe.

  6. E fiscal?

    André, vc ignora que o governo precisa de taxas de juros mais altas para buscar dinheiro no mercado para justamente financiar o déficit público?

     

    1. Aí você entra num loop

      Aí você entra num loop infinito. Paga uma fortuna de juros porque precisa de dinheiro para pagar uma fortuna de juros. Uma hora dessas essa ciranda acaba. Ou alguém com coragem rompe essa corrente, ou vai chegar um momento onde o governo não terá mais dinheiro para a dívida e também para as despesas obrigatórias. Nesse caso, a opção é a moratória.

      O problema não é só a SELIC. Eu ficaria muito feliz se pudesse fazer um empréstimo pessoal pagando a taxa SELIC. O que os bancos cobram da população e das empresas é vergonhoso.

      1. Pirâmide

                   A Pirâmede que quebra o país;se já não quebou!

          O governo está mantendo uma taxa que já leva 80% do que é arrecadado,com a recessão podemos chegar a um empate,depois será o canto de Carlos Drumond:E agora José…..

         

    2. Negativo. Os grandes

      Negativo. Os grandes aplicadores, fundos de pensão e bancos NÃO TEM ALTERNATIVA a não ser tirulos do Tesouro ou então deixar o dinheiro em deposito a vista sem render nada.Na Europa, EUA e Japão esses grandes aplicadores PAGAM ao Banco Central para guardar dinheiro lá, aplicam 1000 e no fim de um ano recebem 970.  Se a Selic for 7,5% esses grandes aplicadores não terão outra opção a não ser se contentar com qualquer taxa.

  7. crucial questão dos juros

    O Brasil pratica há mais de 30 anos uma absurda taxa de juros reais. Primeiramente foi apresentada a justificativa da ancoragem cambial do programa de ajuste, depois pelo sistema de metas e controle inflacionário. A ousadia de Guido Mantega e sua equipe minaram nágua por muitas razões. Infelizmente. Há uma captura históica do BACEN pelo sistema financeiro. A hegemonia do pensamento econômico ditada pelos bancos e pela mídia, que critica ” voluntarismos” esconde o real voluntarismo de interesses do capital especulativo, ou seja, gente que não gosta de produzir para cumprir o círculo econômico básico necessário á reprodução do sistema, que é ofertar bens e serviços para satisfazer as necessidades humanas. 

    A alta de um plano de contingência, abordada por Andé Singer,  o purismo da aplicação do manual macroeconômico, enim, a alta de estratégia politica agressiva de u m estado interventor com controle de gestão forte ( que seria mais a cara da Dilma) e a continuidade de nosso governo de pacto de governabilidade construído por Lula, com Dilma não funciona. 

    Eu quero a cara dela. Agressiva, decidida, cobrando resultados, e o que é mais difícil, atuando nas bases sociais e no congresso (fisiológico) em busca da governabilidade em novos eixos pois os de Lula a oposição, seja a que tem um bocão e também as lágrimas de jacaré ou a irrácível, esquisofrênica  e autoritária não deixam mais acontecer. 

    Portanto, é preciso inovar também nas formas de controle exteno orientador e pevenivo das obras públicas. a princípio a ideia é contratar as universidades com estudantes para tal 9onde as obras acontecerem), isso reduzirá desvios de recursos, garantira a eficicácia e a eficiência das obras e ações públicas, alem, é claro de no âmbito pedagógico, envolver estudantes e professores no ãmbio da politica pisitva, propositiva e implementadora. Mas isso é outra conversa…

  8. Excelente análise

     

    A inflação – pelo conservadorismo econômico – deve ser combatida, na sua essência, ou seja, inflação é o  aumento do dinheiro no meio circulante. Então, a fórmula tradicional para retirar o excesso dele e que causaria o aumento dos preços é o aumento dos tributos, o incentivo à poupança, a diminuição da oferta do crédito e ainda o aumento dos juros

    Agora, não há dinheiro sobrando na circulação. Para que aumento dos juros? Para que majoração dos tributos? Para que diminuição dos gastos governamentais? Para que diminuição da oferta de crédito?

    E a lei da oferta e da procura? Se não há dinheiro sobrando na circulação, como podem os preços de bens e serviços subirem? Está mais do que provado que o aumento

    O que temos, na verdade, é preço aumentado na produção e no consumo, basicamente pelo juros aumentados

    O aumento dos juros, na verdade, aumenta e muito o preço da produção, caindo nas costas do consumidor, do povo em geral, e aumentando as despesas governamental.

    E pune também os produtores que estão cada vez mais vendo seu lucro diminuir, além de muitos amargurarem prejuízos.

    Juros extorsivos não irão ajudar a economia do Brasil, jamais.

    Temos que voltar à formula Keines, que se opõe às ideias economicas neoclássicas, acima mencionadas. Precisamos dar um basta nesta política de ajuste fiscal, porém buscar o correto emprego do dinheiro público, acima de tudo.

    Temos que retornar ao modelo de aumentar o crédito  e o baratear, incentivando o consumo interno.

    Temos que tornar nossas empresas rentáveis, com horizontes voltados aos investimentos.

    Ao mesmo tempo, retornaremos ao aumento dos empregos e de trabalho.

    Com produção maior, aí a lei da oferta e procura funciona, barateando o preço dos produtos e serviços.

    O Estado não pode ser diminuito, deve ser forte no sentido de possibilitar a intervação na economia, com objetivos de trazer melhorias ao povo em geral.

    Hoje, o dinheiro está no bolso das minorias, principalmente os rentistas.

     

     

     

  9. Os juros sao o maior item de
    Os juros sao o maior item de despesa publica. Eh cansativo repetir por decadas.
    O que chama atenção eh que pela própria cartilha liberaloide a taxa de juros brasileira EH causa de inflação, pois eleva a despesa publica.

  10. Outra inverdade que se repete

    Outra inverdade que se repete é que os juros consumiriam 45% do orçamento público e seria a nossa maior despesa pública. Isso é uma inverdade e pode ser aferido de diversas modos. Se pegarmos todas as despesas com educação, saude, seguridade social 9que é nosso aior gasto público, em torno de 15% do PIB), chegaremos ao total das despesas públicas, menos os juros, que no ano de 2012 foi 1,5 trilhões e em 2015 em torno de 2 trilhoes. Os valores são um pouco maires do que a arrecadação de impostos total, como poderia se pagar os juros apontados?

    Na verdade a maior parte dos juros não são pagos, são rolados, e os que são pagos usa-se mais emissão de títulos para pagar. É como se eu estivesse construindo e pego dinheiro com um amigo, ele não me cobra juros nem principal, vou pagar um dia. Aí ele começa a pedir parte dos juros, mas eu pego com outro amigo. No somatório final não pago, pelo contrário, estou tomando mais dinheiro que um dia vou pagar, ou dar o calote. Ou pago somente uma parte pequena (o superavit primário, quando tem).

    O pessoal confunde juros da dívida pública, que na maioria são rolados, com juros que os bancos cobram de quem toma emprestado ou usa cartão de crédito ou seu limite da conta corrente, esse último entra na economia como lucro dos bancos.

    Um dia teremos de pagar, certo? Sim sim, mas diga isso também aos EUA que deve um PIB (de 60 trilhões de reais) ou o Japão ou a Italia, ou, ou, ou…..Todos eles financiam parte das despesas públicas com o dinheiro dos rentistas. Negar isso ao Brasil é uma faceta do complexo de vira-latas, só os países ricos podem emitir moeda e títulos……. E sobre a Selic ser alta, não devemos esquecer que aqui tem inflação, no final a taxa real não é tão alta…..

    Em todo o caso se não queremos emitir moeda e titulos, temos dois caminhos: ou cortamos gastos, ou aumentamos impostos. Ou sou pela última via, mas no Barsil os impopstos são satanizados, parece que existe dinheiro aos montes, os gestor4s públicos não fazem certo pois são maus e corruptos, nem parece que aqui a arrecadação per capita é menos de 1/3 dos paises ricos…. Você vai falar em aumentar impostos, sempre tem desculpa, uma delas é que devemos cortar dos juros excessivos!!!!!!!

    1. “aqui a arrecadação per capita é menos de 1/3 dos paises ricos”

      Ora, mas a renda média também é muito menor que nos países ricos. Além disso, o sistema tributário aqui penaliza a produção e os mais pobres, então esse 1/3 está principalmente pesando sobre onde não deveria. No mais, se você acha que nossa gestão estatal é excelente e não precisa ser reformada, deve imaginar que o estado brasileiro é mais eficiente que o da Suécia… É muito fácil aumentar impostos na canetada, já fazer o dever de casa e aumentar a eficiência estatal – que é a única coisa que pode trazer algum benefício em uma crise como essa – nem pensar né? Todas as empresas já se reformularam inúmeras vezes desde o começo da crise para se adaptar. Só o mastodonte estatal brasileiro é que não quer mexer a bunda de jeito nenhum…

      1. Felipe, justamente, por

        Felipe, justamente, por termos renda média mensal de 2 mil, reais não podemos ser comparados com países que tem renda média mensal de 8 ou 10 mil reais, como fazem esses picaretas que vendem o serviço de “planejamento tributário”, e pelo visto você concorda com eles. Ora, o cidadão brasileiro ganha em média 2 mil reais, fica com 1300 e paga ao “mastodôntico” estado 700. Já o cidadão dos países ricos ganha em média de 8 a 10 mil reais por mês, fica com 6500 e paga ao “maravilhososo e eficentíssimo, além de mínimo, estado”, de 2500 a 3000 mil por mês. Sinceramente, não entendo como alguém possa ter coragem de comparar IDH dessas duas realidade, e repetidamente, em cadeia nacional. Uma canalhice brasileira da pior espécie.

        Para dar um pouco de concretude a esse debate, dos 700 que o Barsil arrecada por mês por cidadão EM MÉDIA, ele gasta em torno de 300 em transferências de seguridade social e previdência (15% do PIB). Ou seja, dos 700 arrecadados, o “mastodôntico” estado brasileiro devolve imediatamente 300. Você deve achar que é um desperdício, só vou concordar se não tiver nehum aposentado em sua familia, o que duvido. Nas familias de TODOS os que mais reclamam do retorno dos impostos tem inúmeros aposentados, às vezes o própiro que reclama. Algum tempo atrás havia poucos aposentados,os filhos cuidavam dos pais na velhice, e isso era um problema. O mundo, não somente o Brasil, evoluiu para a seguridade social, um bem inestimável, mas tem custo. Não é Deus que manda o dinheiro, é o contribuinte.

        As demais despesas, educação (R$ 100,00), saúde (R$90), segurança (R$ 25), juros liquidos (para familias que tem dinheiro aplicado – R$ 100 em 2012), mais infra (R$ 60,00), Justiça (R$ 35,00), parlamentos, demais secretarias, etc. consomem tudo, e em cada quisito o retorno é muito maior por real que nos paises ricos, por um motivo óbvio, o salário aqui é menor, e outro não tanto óbvio, nós brasileiros somos criativos e nos viramos nos 30. Cada uma dessas demandas são postas pela sociedade, e cada uma delas tem um preço para ser feita com qualidade. Por exemplo, em educação a OCDE diz que o minimo para conseguir qualidade é 250 por mes por cidadão, e gastamos 100, nunca conseguiremos qualidade com esses valores. Em saúde gastamos 90, o Reino Unido gasta 500, a Noruega 900, e os picaretas querem nos comparar com eles!!!!!

        Mais uma coisa, da renda nacional o Brasil destina 40% para remuneração do capita (lucros, juros, dividendos, aluguéis), enquanto os paises que possuem o “maravilhoso e eficentíssimo estado minimo” da Europa 11%. Ou seja, quando você compra algo, no preço estão embutidos os impostos, mas junto com eles também os lucros exagerados, os cartéis, a ineficiencia empresarial, a propaganda que constitui o faturamento da mídia, até mesmo um valorzinho para investir em campanhas depreciando a esfera pública brasileira, pois isso facilita o trabalho de vender essa picaretagem, que no Barsil chamam “planejamento tributário”. Um planejamento para avançar sobre os serviços públicos que atendem a todos, a fim de acumular ainda mais a renda do andar de cima.

  11. Como combater a inflação, então? Desindexar!!!

    Falar contra os juros é fácil, difícil é propor alternativas no combate à inflação. A primeira proposta é desindexar a economia brasileira.  Além disso aumentar a produtividade econômica por meio de reformas na burocracia estatal, no caos tributário (o novo ICMS é o contrário do que deveria ser feito, é o caos personificado), etc. O problema é que os desenvolvimentistas brasileiros têm pavor de reformas e adoram uma indexação. Não querem inflação, mas não querem desindexar a economia nem reformar nada. Parecem crianças mimadas que querem tudo no ato, e sem nenhum esforço.
     

    1. Então. Eu também sou

      Então. Eu também sou favorável a acabar com a indexação. Mas isso teria que ser feito gradualmente, nos anos em que a inflação estava mais baixa. Agora? Com a inflação passando dos 10%? Não tem a menor condição de propor isso.

      1. pois é, Jorge

        Lula foi o presidente que mais condições teve para tocar as reformas. Teve tudo na mão para modernizar o país, mas nunca conseguiu pensar além das próximas eleições. E aqui estamos nós outra vez, de novo às voltas com problemas que nos assombravam 30 anos atrás. Quando digo que a esquerda brasileira é reacionária é por essas coisas. Estamos na era digital e nossa esquerda ainda pensa com a mesma mentalidade da época dos militares, 50 anos atrás. Exatamente nesse ponto a esquerda brasileira é idêntica à direita mais reacionária e arcaica que temos.

  12. Talvez aumentem os juros pois

    Talvez aumentem os juros pois sabem que a economia aguenta ser sugada sem abrir o bico. Começaram sorrateiramente, diante de uma negativa ampliaram os problemas para continuarem com o aumento, só que agora não mais sorrateiramente.

  13. Porque os juros não entram no cálculo da inflação?

    Essa é uma questão essencial: os juros constituem despesa importante no orçamento das familias brasileiras, porém o IBGE não inclui esse item no cálculo da inflação. Estimativas indicam que as despesas financeiras representam cerca de 18% do dispendio das familias, um dos maiores gastos das familias, portanto JAMAIS poderia ficar de fora do cálculo da inflação.

    Dados do BC mostram que cerca de 60% do crédito tomado pelas familias correspondem ao cheque especial e ao rotativo do cartão, as modalidades mais caras e que mais subiram nos ultimos dois anos, vejam:

    Imaginem os indices captando esse efeito! Além desse impacto direto, o aumento dos juros também resulta em aumento dos preços a prazo, no entanto sómente são pesquisados os preços a vista, deixando de captar portanto o impacto inflacionario da alta dos juros sobre um grande leque de bens duráveis cuja venda é predominantemente financiada.

    Se os juros fossem incluidos no calculo da inflação, teriamos a bizarra situação de constarmos que o vilão da inflação do mês não foi o tomate, mais os juros, elevados sob o pretexto de combater a própria inflação.

    Falta mobilização da sociedade para reagir contra esse absurdo. Não temos ONGs dedicadas a isso, não fazemos passeata ou ocupações do BC para protestarmos, nem sequer temos um discurso afinado ou uma estratégia definida para lutar contra essa vergonha nacional.

    Talvez a transparencia dos indices de inflação para captar esse impacto pudesse ajudar no escancaramento da questão e na mobilização.

     

     

     

    1. A resposta é simples…

      Se os juros de mercado entrarem na inflação a SELIC vai a 70% ao ano….. fácil, fácil.

      Os juros não entram, porque quem empresta ao  governo não usa cartão de crédito  e nem cheque especial.

      Ao contrário… quem empresta ao governo são exatamente os mesmos que emprestam pelo cheque especial e pelo cartão de crédito.

      ———————————–

      Pense comigo… se o governo embute os juros de mercado na inflação a mesma vai  a uns 60 % ao ano… quem empresta ao governo vai embutir essa inflação  e mais uns 4 %…. ou  seja, a SELIC vai a 64 % na hora !

      A inflação  do ano passado ficou em 10,5 % ao ano e a taxa SELIC em 14,25 % ao ano.

      Os juros reais são de pouco mais que 3,9 % ao ano.

      Moral da história…. você tem que torcer para o  governo NÂO embutir essas coisas na inflação.

      Deixe do jeito que está.

      ———————————-

        1. Se não compreende e ainda acha bom, por que reclama ?

          Concorda comigo ?

          Vou  desenhar….

          Se o governo coloca os juros de mercado na inflação,  os bancos aumentam absurdamente as taxas de mercado emprrando a inflação para a estratosfera…

          Ou seja, pelo seu texto, o governo daria aos bancos o controle indireto da inflação.

          Na hora que o governo fosse tomar dinheiro para financiar a máquina pública… adivinhe para onde iria a SELIC.

          Entendeu agora ?

          ———————————

          Num outro  enfoque fica também o  gancho para explicar à pessoas indignadas por que as taxas de juros estão em 14,25 % ao ano.

          Tal como o  governo brasileiro, as pessoas ( famílias em economês ) aceitam pagar juros altíssimos, porque não têm opção… o  dinheiro não dá e as crianças estão com fome… fazer o quê ?

          Use o cartão de crédito… use o  cheque especial…

          Nessa hora, ninguém vê taxa de juro… Com o  governo é exatamente a mesma coisa.

          Valeu.

           

           

           

           

           

           

           

      1. Juros REAIS?

        Existe alguma lei determinando que os juros têm estar acima da inflação?

        Parece que não. Vários países tem juros abaixo da inflação mas no Brasil parece que existe uma norma não escrita: juros sempre acima da inflação.

        Até hoje foi assim e chegamos neste ponto.

        Se o governo estabelecesse um patamar de juros mais baixo os rentistas iriam deixar de comprar títulos públicos e investir no que?

        1. Em teoria você está correto, mas a prática tem sido outra.

          Por gentileza, se possível leia a matéria do link:

          http://www.valor.com.br/valor-investe/o-consultor-financeiro/2946858/brasil-volta-ter-juros-reais-negativos

          ————-

          Gostaria de me ater ao caso brasileiro.

          De fato, não há nada que impeça o BC de reajustar a taxa SELIC para baixo.

          A questão está no que a Dra. Maria Lúcia Fattorelli chama de “sistema da dívida”.

          O  sistema da dívida age concatenado, a fim de manter o  rentismo  em alta.

          O governo da presidenta Dilma está conseguindo algo inédito na história.

          Nunca o Brasil conseguiu captar a 2,75% ao ano, sem provocar desabastecimento ou disparada do preço de insumos muito  específicos à operação da máquina.

          Vamos ver:  14,25 – 10,7 = 3,55  menos o imposto de renda = 2,75 %.

          Não  dá para reclamar.

          ——————–

          E por que os juros não podem ficar abaixo da inflação ?

          É porque quando isso acontece, o preço dos insumos muito específicos  dispara, influenciando os gastos públicos de forma muito agressiva.

          ——————-

          Um caso muito concreto ocorreu recentemente, quando a inflação estava em 5,8 % e os juros a 7,3 %.

          Os juros reais estavam em 1,5 % e, depois de descontados os impostos caía para 0,99 % ao ano.

          A empresa Baxter domina o  fornacimento de bolsas de sangue para todo o SUS e para todos os governos estaduais e municipais.  Essas bolsas subiram em dois meses o equivalente a 5.000%.

          As cubetas descartáveis , empregadas em exames bioquímicos tiveram reajustes de 6.500 %……

          E assim foi com muitos insumos que só o governo compra.

          Quando isso ocorre, as contas explodem e o governo chega rapidamente à conclusão de que tem que captar recursos para que o  sistema de saúde não entre em colapso.

          E os bancos… que são os donos dessas empresas… voltam a comprar títulos, desde que os juros voltem a um patamar não inferior a 2,5 % ou 3 %.

          Repare que na era PSDB esse patamar mínimo era de 18 % … 20 %.    Estamos com 2,75 % hoje.

          ———————

          Então, respondendo à sua pergunta eu digo que isso só melhora com aumento de receita.

          Da mesma forma que uma pessoa pendurada no cheque especial só sai dessa situação  com dinheiro novo.

          ———————

          Aumento de receita no Brasil significa a volta dos compradores de minérios em grandes quantidades.

          Ou de CPMF´s… ajustes fiscais, etc….

          A presidenta Dilma não  tem culpa… ela tem que cumprir os compromissos.

          Volto a dizer, perdemos as três revoluções industriais.

          A privataria tucana arrebentou a constituição.

          Não  temos infra-estrutura e nem mão  de obra especializada.  O “custo Brasil é alto”.

          Tudo isso faz com que os tais preços administrados fiquem não administráveis.

          ——————-

          Estou há trinta anos em campanha pelo  voto consciente ao Parlamento.

          É no Parlamento que o Brasil acontece.

          O Parlamento que surgiu das urnas em 2014 só tende a piorar as coisas.

          Valeu, abraço.

          Sergio Govea.   [email protected]

          ———————————————————————————-

  14. O governo deixou se levar,de

    O governo deixou se levar,de propósito, e há algum interesse oculto nisso tudo!

    Não creio que a Presidenta acredita nesta FALÁCIA absurda que juros segura a inflação!!

    Se acreditou,é muita inocência e falta de malícia,será q ela está se fazendo de tchonga monga!!??

     

  15. Então…………

    Lí totalmente o artigo, mas não os comentários. Explico o meu ponto de vista, embora não entenda quase nada de mercado financeiro, economia, juros ou seja lá o que for, em matéria econômica.

    Contudo, é até do conhecimento do mundo mineral (como gosta o Mino), de que a Banca, faz o que quer em matéria de manipulações financeiras a nível global, tendo como parceiros suas agências de risco.

    Assim, os lucros auferidos com a exploração de nós outros, continuará ainda por muito tempo, mesmo porque, segundo dizem, não temos poupança interna (?).

    Outro ponto a considerar é a resposta ao que indaga o AA – ” … quem irá enfrentar a forças pro-juros altos que dominam o BC, o Boletim Focus, a Rua Dias Ferreira e a Av. Faria Lima, quem vai encarar?

    Há que se ter culhões, ou útero !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

     

     

  16. Recordar é viver: ontem sonhei com você

    Gosto de puxar pela memória já que os ‘bankeiros’ não precisam da memória. Nem de puxar os fatos. Só lembram ‘puxar’ os juros. Para riba. Quando a presidenta governava, há bons cinco anos atrás, o ‘raid’ sobre os bancos e seus inomináveis juros, ou seja a definição clássica ( a remuneração sobre o capital empregado ), descortinou duas ou três linhas ou incisões, que deixaram os referidos ‘bunkers’ do subdesenvolvimento, os expoentes bancários brasileiros – nus e mudos.  A portabilidade e migração consequente das linhas de credito / débito fizeram as carteiras do BB e caixa explodirem. A auditoria a seguir que, expondo jornalisticamente, disse que risco e administração da carteira geravam custos e proteção bancária ao segmento de negócio ( do empréstimo ao tomador final ) da ordem de trinta por cento; e que SETENTA POR CENTO restante ERA LUCRO ( e a nossa casta, magistral, com a teoria do enriquecimento ilícito nas costas e goela dos pobres, os quais pedem cem mil de indenização, e são aquinhoados com 17, 18, 15 mil, em vistude do “…princípio…” da vedação ao enriquecimento ilícito ); o terceiro fato foi a crítica do setor produtivo: afinal, bancos são permissionários públicos dentro do setor econômico para…emprestar a quem produz e poderia remunerar os juros ( de novo – a remuneração, não a extorsão remuneratória, sobre o capital empregado ). 

    Agora, ficar como aquele personagem inesquecível do enternecido Ary Leite “ca..qui…cá…qui….cá…qui..”, pra justificar Copom et caterva subindo juros, em 2016 de recessão elefante é, além do papelão, rir da memória do povo. Se não a têm, outros têm-na.    

  17. O dinheiro é uma mercadoria e o juro é o seu preço

    O juro nada mais é do que o preço do dinheiro, e fixar um valor arbitrário para a taxa de juros surte o mesmo efeito que tabelar os preços dos hortifrutis: eles simplesmente somem das prateleiras, como no tempo do Sarney.

    Portanto, não há solução tirada da cartola tendo como instrumento apenas o  voluntarismo. Não adianta ficar dando explicações parciais, como essa de que a alta dos juros fez aumentrar a recessão mas não diminuiu a inflação. Não adianta ficar lançando teorias conspiratórias acerca da ganância dos banqueiros e da malignidade dos rentistas. Os banqueiros não são mais gananciosos do que o padeiro da esquina ou qualquer outro comerciante. Os rentistas se aproveitam se uma situação de incerteza, mas não são eles que criam o quadro de incerteza, assim como os fabricantes de rmédios se aproveitam de uma epidemia mas não são eles que criam a doença. No fim das contas, a mercadoria-dinheiro está tão sujeita às leis banais da economia quanto o pãozinho, o tomate ou o remédio da farmácia.

    Se uma mercadoria é escassa e a procura é alta, seu preço sobe. Quem produz a mercadoria-dinheiro? O governo, seja imprimindo moeda ou emitindo títulos. Mas o governo age como um padeiro que vende pãozinho a preço abaixo de custo para um grupo de amigos seletos, e para que seu negócio continue viável, ele obviamente precisa vender o pão mais caro para os fregueses restantes. Se o governo despeja dinheiro a juros baixos por intermédio dos bancos estatais para um séquito de empresários amigos, então para os bancos privados sobra a velha lei da oferta e da procura: tendo pouco dinheiro e muita procura, o equilíbrio só pode ser obtido com juros altos. Portanto, a única maneira dos juros baixarem será o governo parar de sugar a poupança do país, para que essa poupança fique nas caixas dos bancos privados e eles possam emprestar ao Zé da Couves e a todos os demais que não fazem parte do séquito dos empresários amigos-do-rei. Para isso é necessário que o governo encolha, diminua, reduza suas despesas, privatize suas companhias. O mais é falatório.

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