A curva de Phillips

Enviado por: Carlos de Brito

Nassif:

Essa discussão sobre a curva de Phillips reflete o fato de haver dois tipos de “leis” em Economia: algumas baseadas em observações (indução), outras baseadas em dedução da teoria.

A curva de Phillips está na primeira categoria, enquanto seus críticos, na segunda. Phillpis observou a relação entre salários nominais e desemprego para a Grã-Bretanha no período 1861-1957. Ou seja, a princípio o que fez foi “induzir” uma lei.

Friedman e depois Phelps primeiro deduziram que a “longo prazo” (aquele no qual estaremos todos mortos, segundo Keynes) isto não faria sentido teoricamente. A partir daí, usando outros dados, mostraram que a longo prazo políticas para gerar emprego apenas geram mais inflação (a curva de Phillips seria vertical).

O problema, obviamente, são as premissas do modelo utilizado para aceitar ou rejeitar a curva de Phillips (racionalidade, informação etc.). Friedman sempre foi o paladino da irrelevância de as premissas serem realistas, desde que as previsões estejam corretas.

A curva de Phillips certamente não morreu. Apenas é preciso qualificar melhor em quais condições esse fenômeno ocorre e ter a coragem de mudar a teoria, caso não seja confirmada pela realidade. O problema é que a “realidade” em economia depende da técnica econométrica utilizada. Batizei esse fenômeno de “econometria de Lerna”: se uma variável não funciona, coloca-se outra. Tudo para salvar a teoria.

Finalmente, por questão de honestidade, preciso citar a fonte de algumas informações que usei neste comentário: os manuais de Macroeconomia de 1) Blanchard e 2) Burda & Wyplosz.

Abraço do seu leitor Carlos de Brito.

Luis Nassif

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