A ironia trágica é ter 70% dos agricultores do mundo com fome

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Do Instituto Humanitas Unisinos

Eric Holt-Gimenez, presidente da Food First, organização não-governamental americana, defende que a forma como hoje a comida chega ao prato, num complexo percurso que vai do campo ao supermercado, tem de sofrer “reformas estruturais” e não ficar refém dos 1% mais ricos do planeta.

A entrevista é de Ana Rute Silva, publicada por Público, 16-11-2015.

O pretexto para a vinda de Eric Holt-Gimenez a Portugal era uma conferência sobre o polêmico Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento que está a ser negociado entre os Estados Unidos e a União Europeia. O convite partiu do CIDAC (Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral), e, em conversa com o PÚBLICO, o presidente da organização não-governamental Food First, defensora da soberania alimentar, traçou o seu retrato do que é hoje o sistema alimentar do mundo, ou seja, a forma como a comida nos chega ao prato: Agricultores com cada vez menos terra para cultivar (a maioria hipotecada e vendida nos mercados de crédito internacionais), que comercializam os seus produtos a preços cada vez mais reduzidos. Quando chegam às prateleiras, os alimentos são ultra-processados para que possam aguentar ciclos longos de distribuição, num mundo em que se come soja plantada no Brasil, processada nos EUA e consumida na China.

Eis a entrevista.

Defende que há um sistema alimentar capitalista a operar no mundo. O que é que isso significa?

Trata-se de um regime alimentar corporativo. Basicamente há uma série de instituições e regras que determinam a forma como cultivamos, processamos, vendemos e consumimos a nossa comida. Este é o terceiro de três sistemas. O primeiro foi o colonialista, no qual os países do Sul forneciam alimentos baratos e matérias-primas à indústria do Norte, para que o Norte se pudesse industrializar. A revolução industrial teve sucesso porque as matérias-primas e a comida eram muito baratas e não era preciso pagar muito aos agricultores. A cesta básica era muito barata.

O segundo sistema nasce depois da II Guerra Mundial. Os Estados Unidos criaram uma capacidade industrial tremenda depois da guerra, que permaneceu intocável, assim como uma capacidade tremenda de produzir comida. Acumulou nitratos, que transformou em fertilizantes, e venenos que transformou em insecticidas. Estes produtos geram uma produção massiva de alimentos. Chegou à Europa, durante a reconstrução.

Até essa altura não se usavam fertilizantes e inseticidas?

Havia mas não eram baratos, e tornaram-se baratos depois da Guerra. Os Estados Unidos emprestaram dinheiro à Europa para que reconstruísse e a Europa comprou estes químicos e rapidamente começou a produzir em excesso. Foi, por isso, preciso exportar esta comida para o hemisfério Sul, que até agora tinha alimentado os Estados Unidos e a Europa. O Norte teve de tornar o Sul dependente no acesso a alimentos, tudo ajudado pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. O regime alimentar corporativo nasce depois de meio século de produção alimentar excessiva. Há, agora, a globalização do controlo corporativo.

Existem cadeias longas de abastecimento, mas concentradas em poucas mãos. Produz-se soja no Brasil, que é processada por uma empresa norte-americana e é enviada para a China onde é usada para alimentar para animais. Dá-se ainda a emergência das grandes cadeias de distribuição alimentar, como a Tesco, a Walmart ou a Carrefour, que controlam grande parte da cadeia de valor. São monopólios. Os acordos de comércio “determinam o preço das sementes em todo o mundo e nada disto é democrático, não o votámos”

Algumas dessas empresas também estão a investir na produção alimentar. Em Portugal, por exemplo, um dos maiores operadores é dono de uma fábrica de transformação de leite. Não estão apenas a distribuir, estão a produzir.

Essa é uma tendência muito perigosa, porque a comida passa a ser controlada por muito poucas mãos. A comida não é uma commodity elástica, comemos até um certo ponto e tendemos a entrar em fases de produção excessiva. O que se faz com toda esta comida? O único mercado que está a crescer é o dos pobres. De repente torna-se muito importante alimentar os pobres. Isto é cíclico. De tempos a tempos, quando o mercado precisa de se expandir, preocupamo-nos muito com os pobres. Atualmente, a pobreza está a crescer 13% ao ano e não podemos vender-lhesiPads ou carros Tesla. Mas podemos vender-lhes comida, sementes e fertilizante.

Há muitos monopólios hoje: o das sementes, o dos supermercados, as instituições como o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos [USDA na sigla inglesa] que é global. As regras em vigor são as dos acordos de comércio livre, a da Política Agrícola Comum na União Europeia ou a do Farm Bill nos Estados Unidos [lei agrícola]. Determinam o preço das sementes em todo o mundo e nada disto é democrático, não o votámos. Nada disto é feito por necessidade e há [795 milhões] de pessoas com fome no mundo.

Ao mesmo tempo, temos um elevado desperdício alimentar.

Produzimos 1,5 vezes mais de comida do que o necessário por cada mulher e criança no planeta. Fazemos isso há meio século porque a comida não é distribuída com base na necessidade. É distribuída com base na procura. Há fome porque as pessoas não têm dinheiro para comprar alimentos, não por falta de comida.

Os consumidores das sociedades desenvolvidas abastecem-se nas grandes cadeias de distribuição. Estão também a contribuir para esta realidade?

Absolutamente. Os supermercados dependem dos clientes e mantêm os preços baixos. E isso faz com que tenham de esmagar os lucros dos produtores e, ao mesmo tempo, tirar vantagem de uma enorme economia de escala. Para garantir essa economia de escala têm de usar muitos conservantes nos alimentos, processam muita comida, o que faz com que contribuam de forma expressiva para o aparecimento de doenças relacionadas com a alimentação. Doenças cardíacas, obesidade, diabetes… Produzem comida em massa que está a ser cada vez mais consumida pelos pobres, que representam a maioria da população do planeta. São muito poucos os que podem pagar comida de qualidade…

Refere-se a comida biológica, produtos frescos…

Sim, comida produzida localmente, diversidade nos vegetais, na carne. Esse tipo de dieta está apenas disponível a uma classe média alta.

Não acho que o poder esteja nos consumidores. Penso que são os cidadãos que têm o poder. É um problema estrutural e não vamos poder votar com o nosso garfo porque a maioria das pessoas do mundo são demasiado pobres para o fazer. Não têm o poder de compra que pode fazer mudanças.

O acesso a terra não poderia mudar essa realidade? Numa lógica de produção para auto-sustento?

A ironia trágica é ter 70% dos agricultores do mundo com fome. E a maioria são mulheres. Podemos dizer que a maioria das pessoas que alimentam o mundo têm fome e são mulheres. Este é um problema de injustiça e de alocação de recursos. Porque hoje os produtores já não têm terra suficiente. Têm cada vez menos terra para cultivar, vendem os seus produtos mas não têm capacidade financeira para os comprar. As diferentes crises e as bolhas (a tecnológica, a imobiliária, a financeira) fazem com que a riqueza fique concentrada num número muito pequeno de pessoas. Perante a insegurança, já não há onde investir esse dinheiro e não é sensato, como capitalista, manter a riqueza em forma de dinheiro.

Por isso compram terra?

Exato. Há aquisições de terra por todo o mundo, não necessariamente para produção. Há compras de terra para produzir, sobretudo, soja ou óleo de palma, mas parte é pura especulação. É um bom local para investir em tempos de grande volatilidade.

Quem lidera essas aquisições de terra?

Os 1% da população mais rica do mundo.

TTIP “vai fazer descer os preços pagos à produção, vai fazer aumentar a volatilidade do preço dos alimentos, vamos assistir a uma concentração da posse de terra e a uma ‘financeirização’ da terra”.

O consumidor não terá o poder de inverter essa lógica ao, por exemplo, escolher produtos produzidos de forma socialmente responsável, ou exigindo à indústria preços justos aos produtores?

Não acho que o poder esteja nos consumidores. Penso que são os cidadãos que têm o poder. É um problema estrutural e não vamos poder votar com o nosso garfo porque a maioria das pessoas do mundo são demasiado pobres para o fazer. Não têm o poder de compra que pode fazer mudanças. Não digo que não devemos comer de acordo com determinados valores, se tivermos essa capacidade financeira, mas isso não vai resolver o problema. O que vai resolver são reformas estruturais no sistema alimentar que vão afectar o sistema político e financeiro.

Que reformas são essas?

Primeiro que tudo, os agricultores devem receber um preço justo pelos seus produtos, o que não acontece hoje. Falamos muitos em subsídios para compensar, sobretudo, os maiores produtores, e isso tem como consequência o aumento do preço dos alimentos. Mas a verdade é que a maioria do valor de um alimento é gerado no processo de transformação e distribuição. Em segundo lugar, o poder político dos monopólios na alimentação deveria ser retirado. O que pode ser produzido localmente, deve ser produzido localmente. Isto deve ser incentivado e a melhor forma de o fazer é tornar o campo um bom local para viver. Por outras palavras, melhorar os salários, ter bons sistemas de saúde, água, saneamento, estradas no campo para que as pessoas não tenham de sair para ter uma vida boa. Em terceiro lugar, a comida não devia estar sob alçada da Organização Mundial do Comércio (OMC). Diria até para acabarmos com a OMC. Outra medida seria anular os acordos livres de comércio e imediatamente suspender as negociações do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento [TTIP na sigla inglesa]. São muito perigosos para as economias locais, que podemos ajudar a reconstruir, reparando o sistema alimentar.

A negociação do TTIP tem gerado muita polémica. Qual é a leitura que faz do impacto deste acordo para os agricultores?

Vai fazer descer os preços pagos à produção, vai fazer aumentar a volatilidade do preço dos alimentos, vamos assistir a uma concentração da posse de terra e a uma “financeirização” da terra. O que se passa agora nos Estados Unidos é que a maior parte da terra agrícola é hipotecada. Essas hipotecas são vendidas nos mercados internacionais de crédito. São divididas, distribuídas e vendidas no mundo continuamente. Pequenos pedaços de terra são vendidos à volta do globo e é do interesse do sector financeiro fazer aumentar o seu preço. O valor da terra está, por isso, a aumentar. Contudo, devido à volatilidade do preço dos alimentos, o valor da produção (que é excessiva) é muito inferior ao da própria terra. Com o TTIP é de esperar a “financeirização” da terra na União Europeia, como aconteceu nos Estados Unidos.

O que se passa agora nos Estados Unidos é que a maior parte da terra agrícola é hipotecada. Essas hipotecas são vendidas nos mercados internacionais de crédito. São divididas, distribuídas e vendidas no mundo continuamente.

Os alimentos deveriam ser protegidos dessa volatilidade, tratando-se de bens essenciais à sobrevivência humana?

Mais importante do que isso, são os salários justos. Se as pessoas fossem remuneradas de forma justa não teriam de se preocupar com o preço da comida. O maior empregador privado do mundo é a Walmart. E sempre que esta cadeia de supermercados americana abre uma loja, a comunidade paga um milhão de dólares de subsídios. É dinheiro público. Quem trabalha no Walmart não ganha dinheiro suficiente para comprar coisas na loja e precisam de recorrer aos vales de refeições. Se o Walmart fosse forçado a pagar um salário mínimo, os cofres públicos não teriam de suportar esses vales. A questão do preço é, por isso, uma questão laboral.

Qual é a diferença de preço entre o que o produtor ganha e o que o consumidor paga?

Há 50 anos os produtores recebiam 80 cêntimos por cada dólar, ou seja, 80%. Agora recebem 10%. O restante fica nas mãos da indústria transformadora e da distribuição.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. mercado

    as grandes cadeias de mercados estão ditando preços e cobrndo para vender produtos. O CADE n~so coloca nenhum obstáculo a estas manobrs e a destruição do pequeno cemerciante.

  2. Deu vontade de comentar sobre

    Deu vontade de comentar sobre o que diz o Boaventura sobre a atuação das grandes do agronegócio brasileiro  e de outras nacionalidades (?) na África, mas me toquei de que aqui não é o lugar apropriado.

    1. Pois é

      Pró Savana em Moçambique gerando sem-terras e o Blairo Maggi convidado do Lula para ir a Cuba, preparando o assalto para assim que o sistema vier abaixo. 

  3. … depois do lulopetismo no poder

    … depois do lulopetismo no poder e deste momentoso baile da ilha fiscal do regime das esquerdas, animado pelo fim de festa governo Dilma…

    A REVOLUÇÃO AGRÍCOLA – há exatos 12 mil anos atrás – foi a maior fraude da HISTÓRIA!

    “Acadêmicos um dia declararam que a Revolução Agrícola foi um grande salto para a humanidade. Eles contaram uma história de progresso alimentado pela capacidade intelectual humana. A evolução, pouco a pouco, produziu pessoas cada vez mais inteligentes. As pessoas acabaram por se tornar tão inteligentes que foram capazes de decifrar os segredos da natureza, o que lhes permitiu domar ovelhas e cultivar trigo. Assim que isso ocorreu, elas abandonaram alegremente a vida espartana, perigosa e muitas vezes parca dos caçadores-coletores, estabelecendo-se em uma região para aproveitar a vida farta e agradável dos agricultores.

    Essa história é uma fantasia. Não há indícios de que as pessoas tenham se tornado mais inteligentes com o tempo. Os caçadores-coletores conheciam os segredos da natureza muito antes da Revolução Agrícola, já que sua sobrevivência dependia de um conhecimento íntimo dos animais que eles caçavam e das plantas que coletavam. Em vez de prenunciar uma nova era de vida tranquila, a Revolução Agrícola proporcionou aos agricultores uma vida em geral mais difícil e menos gratificante que a dos caçadores-coletores. Estes passavam o tempo com atividades mais variadas e estimulantes e estavam menos expostos à ameaça de fome e doença. A Revolução Agrícola certamente aumentou o total de alimentos à disposição da humanidade, mas os alimentos extras não se traduziram em uma dieta melhor ou em mais lazer. Em vez disso, se traduziram em explosões populacionais e elites favorecidas. Em média, um agricultor trabalhava mais que um caçador-coletor e obtinha em troca uma dieta pior. A Revolução Agrícola foi a maior fraude da história.

    Quem foi o responsável? Nem reis, nem padres, nem mercadores. Os culpados foram um punhado de espécies vegetais, entre as quais o trigo, o arroz e a batata. As plantas domesticaram o Homo sapiens, e não o contrário.

    […]

    O trigo fez isso manipulando o Homo sapiens a seu bel-prazer. Esse primata vivia uma vida confortável como caçador-coletor até por volta de 10 mil anos atrás, quando começou a dedicar cada vez mais esforços ao cultivo do trigo. Em poucos milênios, os humanos em muitas partes do mundo estavam fazendo não muito mais do que cuidar de plantas de trigo do amanhecer ao entardecer.

    […]

    O corpo do Homo sapiens não havia evoluído para tais tarefas. Estava adaptado para subir em macieiras e correr atrás de gazelas, não para remover rochas e carregar baldes de água. A coluna, os joelhos, o pescoço e os arcos plantares dos humanos pagaram o preço. Estudos de esqueletos antigos indicam que a transição para a agricultura causou uma série de males, como deslocamento de disco, artrite e hérnia. Além disso, as novas tarefas agrícolas demandavam tanto tempo que as pessoas eram forçadas a se instalar permanentemente ao lado de seus campos de trigo. Isso mudou por completo seu estilo de vida. Nós não domesticamos o trigo; o trigo nos domesticou. A palavra “domesticar” vem do latim domus, que significa “casa”. Quem é que estava vivendo em uma casa? Não o trigo. Os sapiens.

    Como o trigo convenceu o Homo sapiens a trocar uma vida boa por uma existência mais miserável? O que ofereceu em troca? Não ofereceu uma dieta melhor. Lembre-se, os humanos são primatas onívoros, que prosperam com uma grande variedade de alimentos. Antes da Revolução Agrícola, os grãos compunham apenas uma pequena parte da dieta humana. Uma dieta baseada em cereais é pobre em vitaminas e sais minerais, difícil de digerir e péssima para os dentes e as gengivas.

    O trigo não deu às pessoas segurança econômica. A vida de um camponês é menos segura que a de um caçador-coletor. Os caçadores-coletores contavam com dezenas de espécies para sobreviver e, portanto, conseguiam resistir a anos difíceis mesmo quando não tinham estoques de alimentos em conserva. Se uma espécie se tornava menos disponível, eles podiam caçar e coletar mais de outra espécie. As sociedades agrícolas, até bem recentemente, dependiam de uma pequena variedade de plantas domesticadas para a maior parte das calorias que ingeriam. Em muitas regiões, elas dependiam de um único alimento, como trigo, batata ou arroz. Se não chovia, ou se as plantações eram atacadas por uma nuvem de gafanhotos ou infectadas por um fungo, os camponeses morriam aos milhares e aos milhões.

    O trigo tampouco podia oferecer segurança contra a violência humana. Os primeiros agricultores eram pelo menos tão violentos quanto seus ancestrais caçadores-coletores, se não mais. Os agricultores tinham mais posses e necessitavam de terra para plantar. A perda de pasto para vizinhos inimigos podia significar a diferença entre a subsistência e a fome, e por isso havia muito menos possibilidade de acordos. Quando um bando de caçadores-coletores era ameaçado por um rival mais forte, geralmente podia ir embora. Era difícil e perigoso, mas viável. Quando um inimigo forte ameaçava um vilarejo agrícola, recuar significava abrir mão de campos, casas e celeiros. Em muitos casos, isso condenou os refugiados à fome. Os agricultores, portanto, tendiam a ficar e lutar até o fim.

    […]

    A moeda da evolução não é fome nem dor, e sim cópias de hélices de DNA. Assim como o sucesso econômico de uma empresa é medido apenas pelo número de dólares em sua conta bancária, não pela felicidade de seus empregados, o sucesso evolutivo de uma espécie é medido pelo número de cópias de seu DNA. Se não restam cópias de DNA, a espécie está extinta, assim como a empresa sem dinheiro está falida. Se uma espécie ostenta muitas cópias de DNA, é um sucesso, e a espécie prospera. Em tal perspectiva, mil cópias é sempre melhor do que cem cópias. Essa é a essência da Revolução Agrícola: a capacidade de manter mais pessoas vivas em condições piores. 

    Mas por que os indivíduos deveriam se importar com esse cálculo evolutivo? Por que uma pessoa em sã consciência reduziria seu padrão de vida só para multiplicar o número de cópias do genoma do Homo sapiens? Ninguém concordou com isso: a Revolução Agrícola foi uma armadilha.”

    Sapiens – Uma breve história da humanidade, de Yuval Noah Harari. Trad. Janaína Marcoantonio. L&PM, 2015.

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