A Líbia e o FMI europeu

Por MiriamL

Do UOL

Crise na Líbia adia mais uma vez a criação do “FMI” da União Europeia

Luiz Felipe de Alencastro 
Colunista do UOL Notícias

A reunião do Conselho Europeu em Bruxelas, neste fim de semana, foi marcada por dois embates simultâneos. A ofensiva militar dos europeus e da coalizão aliada na Líbia, e a batalha financeira pela segurança do euro, novamente ameaçado pela crise econômica e política portuguesa.

Verdadeiro governo da União Européia (UE), o Conselho Europeu reúne os chefes de Estado e de governo dos 27 membros da União Européia. O evento ocorre pelo menos quatro vezes por ano, sob a direção do presidente do Conselho, o belga Herman Van Rompuy.

A pauta da reunião deste final de março era outra. Depois de muitas reflexões e controvérsias, os dirigentes europeus, e sobretudo Angela Merkel, chefe do governo alemão, contavam completar agora um ponto que está pendente desde a crise financeira de 2008 : a efetivação do acordo para criar Mecanismo Europeu de Estabilidade (MES). Considerado como o FMI da União Europeia, o MES vai dispor de 440 bilhões de euros de capacidade efetiva de empréstimo, para os países membros que atravessam dificuldades financeiras.

Diante da guerra na Líbia, do acidente nuclear no Japão e, sobretudo, da crise portuguesa, a decisão sobre o MES foi adiada. Existe atualmente um Fundo de Estabilidade Financeira, com 250 bilhões de euros, que já realizou empréstimos para a Irlanda e para a Grécia. O próximo país a passar no caixa deste Fundo será Portugal.

De fato, a demissão do governo do primeiro-ministro José Socrates adiciona uma crise política à crise econômica e financeira que atinge Portugal. As discussões em Bruxelas e em Lisboa envolvem a constituição de um governo provisório português para assegurar a gestão do país até a formação de um novo governo até maio ou junho, quando ocorrem as eleições legislativas. De todo modo, Portugal terá que lidar com o socorro financeiro -, e com a intervenção -, da União Européia e do FMI. O agravamento da situação portuguesa, levantou outra questão : a Espanha, que também atravessa dificuldades, será a bola da vez nas próximas semanas? Assim, a batalha pela consolidação do euro voltou às manchetes dos jornais.

O segundo enfrentamento discutido pelo Conselho Europeu é propriamente militar e tem como teatro a Líbia. A maioria dos especialistas reconhece agora que a capacidade de resistência do coronel Gaddafi foi subestimada pelos americanos e pelos europeus. Liquidar a aviação e as defesas anti-aéreas do regime foi uma tarefa relativamente fácil para os aviões e os submarinos lançadores de mísseis que cercam o litoral da Líbia. Outra coisa é por em cheque os 40 mil homens do exército de Gaddafi, bem equipados e incrustados no terreno. Sobretudo quando a coalizão ocidental não pode, conforme o mandato da ONU, lançar incursões com suas forças terrestres. Além do mais, tornou-se claro que os contingentes rebeldes líbios, mal organizados e pior comandados, não tem condições de passar ao ataque.

Patenteou-se, mais uma vez, um fato apontado por todos os especialistas militares: quando se declara uma guerra, tem que se ir até o fim, utilizando as forças disponíveis.

A sentença também serve para ilustrar o impasse em que as crises irlandesa, grega e portuguesa, jogaram o euro. Posto em circulação em 2002, o euro se tornou a moeda de 17 países e de 322 milhões de europeus. Mas ao contrário do que havia sido planejado, a zona euro ainda não conseguiu “ir até o fim”, constituindo um governo econômico comum. Uma nova reunião do Conselho Europeu está prevista para o mês de junho, outras reuniões virão antes que os países europeus da zona euro possam, finalmente, sair deste impasse.=

http://noticias.uol.com.br/blogs-colunas/colunas/luiz-felipe-alencastro/…

Luis Nassif

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