A lógica econômica dos rolezinhos

Foi Fernando Collor que, no início do seu governo, anunciou que deixaria a esquerda perplexa e a direita indignada – ou vice-versa. É o que está ocorrendo com o fenômeno dos “rolês” em Shoppings.

Nem baderneiros, como supõe a direita, nem ativistas políticos, como imagina a esquerda. Apenas consumidores, clientes dos shoppings, querendo seu espaço.

E por que nos shoppings? Porque são seguros, têm praça de alimentação, tem boas lojas e tem “minas” (meninas no seu jargão). Simples assim.

As conclusões são de Renato Meirelles, presidente do Data Popular, primeiro instituto a estudar seriamente o fenômeno dos novos consumidores, das classes C e D.

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O país tem 30,7 milhões de jovens com idade entre 16 e 24 anos, e 9 milhões deles pertencem a essa nova classe média, com um poder de consumo da ordem de R$ 129,9 bilhões. É muito mais do que a soma de poder de consumo dos jovens de classe alta e baixa, que possuem respectivamente  R$ 80 bi e R$ 19,9 bilhões. Boa parte desses jovens usa roupas de marca que comprou no próprio shopping.

Desses 30,7 milhões de jovens, 16,6 milhões foram ao shopping pelo menos uma vez no último mês. A média mensal é de 3,3 vezes.

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Trata-se de um jovem totalmente distinto dos jovens da classe A.

Estes costumam gastar consigo próprio o dinheiro que ganham. Aqueles, em sua maioria ajudam no orçamento doméstico.

Além disso, são a primeira geração da família que não passou necessidade. Esse fato os dotou de características estimulantes: querem ser donos do seu próprio nariz. Ralam, pagam sua faculdade, acreditam no poder do esforço. Tem mais instrução que os pais e vão buscar na Internet as informações com que abastecem suas casas.

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Para comprovar sua independência, é interessante o fenômeno que ocorre com as igrejas evangélicas.

Muitos jovens foram atraídos pelo discurso da melhoria de vida, o que Renato denomina de Teoria da Prosperidade. Nas igrejas, montaram rede de relacionamentos que ajudaram a conseguir empregos melhores. Conheceram suas futuras esposas, que ajudaram a dividir as despesas familiares.

Depois que mudaram de patamar, passaram a olhar os pastores de forma mais crítica e a duvidar de suas boas intenções. Hoje em dia existem 9 milhões de evangélicos não praticantes – um fenômeno ainda pouco difundido.

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A idade de Renato não lhe permitiu acompanhar uma primeira leva de inclusão na classe média, registrada nos anos 70 e 80. Na época, entraram no mercado os filhos da urbanização e da ampliação da oferta de empregos em grandes corporações. E também os novos ricos dos bairros periféricos das grandes metrópoles.

Chegavam com seus símbolos de status e riqueza, provocando incômodo nos já estabelecidos. Lembro-me do desconforto de velhos senhores com o que consideravam popularização excessiva dos aeroportos e dos shoppings.

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Agora, repete-se o ritual. Só que, de acordo com as pesquisas do Data Popular, o futuro está muito mais nesses jovens do que nos jovens de outras classes. São os mais otimistas, aqueles que acreditam no futuro, no empreendedorismo, no trabalho e no país.

Os rolezinhos são apenas uma maneira mais barulhenta de avisarem o país que eles vieram para ficar.

Luis Nassif

64 Comentários

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  1. Jovem precisa viver “ao vivo”

    Falta à juventude espaço para se manifestar e para ver mais gente. O mundo virtual da TV e da telefonia móvel não é suficiente para prender o jovem em casa. O jovem está sufocado pelo espaço e os seus hormônios gritam por companhia de amigos, por paquera, por correr de carro, por testar o seu sexo, por ser um pouco “rebelde”, por mostrar habilidades aos colegas, etc. O comércio se escondeu em shopping Center e o shopping Center se esconde da juventude. Os parques têm grades. As cachoeiras têm dono. A Lei do Silêncio tira o direito de milhares de pessoas que querem manifestar alegria, num barzinho, a se submeter ao “direito” de tranquilidade de uma única pessoa que ligou para policia. Foi-nos tirado o direito de viver a vida “ao vivo”.

      1. Obrigado

        Lionel, você é generoso demais, mas, valeu por somar-se a esta ideia. Não devemos dramatizar, o assunto é simples de compreender, embora exija mudanças fortes e permanentes na postura geral dos nossos governantes e das leis.

        Seria bom desenvolver a ideia exposta para não apenas compreender a esses jovens, mas para criar opções definitivas e politicas permanentes. na escola, universidades, no serviço militar, nas atividades esportivas, etc. Um parque especial para embutir meninos, como quer o Alckmin não é solução, até porque jovem não gosta de ser mandado.

    1. jovem precisa viver ao vivo

      Alexis, tenho 50 anos e tive uma juventude ao vivo.  Posso dizer para você que fazer barulho de madrugada perturbando a paz do trabalhador ou do idoso não é direito do jovem.  Correr de carro colocando a vida dos outros em risco também não é direito do jovem e nem dos velhos bêbados (isso é tão decrépito quanto fumar tabaco ou crack).  Eu fui para a rua pedir um Brasil melhor nas diretas já e no fora Collor.  Não pude ir agora porque os black blocs não deixaram.  Enfrentei polícia em piquete de trabalhador, pulei carnaval de rua, carnaval em clube, em bloco e em escola de samba.  Percorri os bares da Lapa a Penha em uma só noite, tomei café na padaria e dormi na praia.  Cantei com violão e amigos nas esquinas e praias, acampei, escalei, frequentei albergue da juventude.  Gritei muito torcendo pelo meu time no velho Maracanã mas nunca participei de torcida organizada.  Antes de poder frequentar boite e gafieira ia às matinés das danceterias.  Fui a shows no parque Laje, na praça  do convento Santo Antonio, na Quinta da Boa Vista, na Apoteose, no morro da urca, conversa fiada na Vista Chinesa.  Não posso dizer aqui tudo que fiz na juventude mas digo que foram experiência de liberdade, sempre com a preocupação de não prejudicar ninguém, porque eu queria crescer como indivíduo mas não queria estar afastada da minha família nem da sociedade.  Fique muito triste com seu depoimento, vendo como o jovem está perdido, desperdiçando um tempo tão bom.  Não sei onde você mora mas já morei em cidades pequenas também e sei que o comércio de rua ainda não acabou em lugar nenhum do Brasil, em todos os lugares existem praças e parques onde podem ser realizados eventos a noite com permissão pública, existem igrejas e escolas onde se pode formar grupos de teatro e música e bons psicólogos para ajudar jovens com tendências suicidas.  Shopping Center é lugar de consumo, nunca vi nenhum lojista recusar dinheiro, seja de rico ou pobre.  Aliás, como boa carioca, sempre fui ao shopping de short e sandália havaiana (nem sempre legítima).  Ir  ao shopping de vez em quanto com uma galeria é legal mas achar que é espaço de lazer para todo fim de semana é muuuuito pobre, a vida ao vivo é mais que isso.  Vai andar de skate, fazer tatuagem, aprender a tocar violão, a dançar, vai acampar, pois nem toda cachoeira tem dono, vai jogar futebol ou outro esporte coletivo para mostrar suas habilidades, teste seu sexo com camisinha pois você não tem maturidade nenhuma para ser pai.  Respeite os direitos do próximo e exija que respeitem os seus.

      1. Bom comentário

        Obrigado Maria, reconheço que posso ter me excedido em alguns comentários. Sobre a lei de Silêncio, não se trata de madrugada, falo apenas de que nem num simples Happy Hour a gente pode expressar alegria e um sadio barulho, às vezes musical.

        Em geral, no jovem, acabou o interesse pela pelada de final de semana ou de sair a correr por aí. Nem espaço tem mais, nem na rua nem na arquibancada, pois está tudo caro, até para torcer por outro. A obesidade é crescente nos jovens. A população brasileira duplicou e, em compensação, a média nos estádios caiu para menos de ¼ do que era nos anos do bom futebol. Eu tive um conjunto de bossa nova, em Belo Horizonte, que conseguiu levar 504 pessoas numa apresentação simples numa terça-feira (media de 300 pessoas durante vários anos). A última sessão (que terminava exatamente na ½ noite) foi suspensa por um senhor importante que morava a dois quarteirões e que ligou para a polícia por conta da Lei do Silêncio. Esse e centenas de outros barzinhos fecharam em BH (em tese, a cidade dos barzinhos). Que aconteceu nestes últimos 50 anos? Woodstock nunca mais?

        Por um lado, avança a tecnologia (que nos individualiza) e o mercado de consumo, com o objetivo de nos prender em casa e consumir mais, em forma isolada. Fazemos compras pela internet. Os jovens não sabem nem falar (muito menos escrever) direito o português. A vida coletiva quase não existe. Nem cerveja em garrafa poderá ser dividida com os amigos. As famílias são atomizadas, justamente visando à multiplicação do numero de entes consumidores. O mundo virtual de hoje nos divide, nos seduz, e nos faz viver isolados como bichos consumidores e carentes. Ouvimos músicas no youtube. Vivemos uma vida virtual, sofrendo ou rindo com personagens de novela de TV. Soltamos as nossas energias olhando lutas MMA. Trocamos a caminhada no parque por um vídeo game. Eu acabo de te conhecer neste blog e, provavelmente nunca te veja pessoalmente. Fosse eu mais jovem te convidava para um rolezinho no Shopping (no fundo, é isso o que os meninos hoje fazem)

        Com esta moda de atender apenas às minorias, o país esqueceu-se da sua maioria silenciosa, que hoje explode de reivindicações por todas as partes. Novas Leis têm agido como tesouras cortando assas da gente comum, que não fala, mas que vota e que se revolta algum dia.

         

  2. O primeiro Grande Irmão Marx

    engraçado os economistas correrem, correrem, e sempre chegarem ao materialismo histórico. 

    Por uma Universidade Estadual no Espírito Santo, com Teatro, Ginásio, Campos de Futebol e “espaço” para o Circo.

  3. Nove milhões

    O artigo está corretíssimo. Faço parte da primeira leva de inclusão. Mas prefiro chamar a atenção para um detalhe: “Hoje em dia existem 9 milhões de evangélicos não praticantes”. Viemos do catolicismo, passamos pelo pentecostalismo e caminhamos para não ter religião. Aconteceu comigo e meus amigos e vai acontecer com eles.

    Essa geração e a próxima deve aumentar em muito o número de pessoas que não frequentam igrejas no Brasil, a ponto de aproximar-se dos que levam religião a sério. Isso vai, de fato, ser novo.

  4. Até que enfim…

    Acharam o ouro???

    São adultos querendo entender os jovens. Esqueceram que já foram jovens.

    Jovem quer atenção. Mas sem pedir, sem anunciar e sem ser anunciado.

    O cavalo passa selado. Poucos vão ver e, menos ainda, vão ver e montar nele.

  5. .
    .
    E o Denarc, ontem, deu um

    .

    .

    E o Denarc, ontem, deu um rolezinho no centro de São Paulo !!!

    Esse Denarc…bem que o Juan Carlos Abadia já avisava: Para acabar com o trafico em SP basta fechar o DENARC !!!

    1. Muito bom mesmo!

      a melhor parte foi:

      “Como se fosse possível fazer so­brar só os pobres e pardos que estão aí para servir (manobristas, fren­tistas e garotos que carregam paco­tes no supermercado entre eles). “

  6. Concorrência

    É Nassif isso que vc falou é ao mesmo tempo empolgante, mas também preocupante:

    “(o jovens dos rolezinhos) São os mais otimistas, aqueles que acreditam no futuro, no empreendedorismo, no trabalho e no país.”

    É bom os filhos da classe média tradicional começar a se mexer, começar a se dedicar de verdade aos estudos, ao trabalho, porque essa molecada da periferia vai ser uma concorrência “braba” pra eles. 

    A garotada da perferia vai buscar melhoria da qualidade de vida, com muita luta e esforço. Coisa que os coxinhas da classe média tradicional não estão muito acostumdos a fazer, já que são gerações e gerações que se beneficiaram da exclusão social.

    Minha preocupação é isso gerar mais confusão e confronto, mas aí a gente escolhe um lado e vai pra luta.

  7. “Rolezinho”, uma batalha involuntária da nossa luta de classes.

    Não nos enganemos, vivemos a última década envolvidos em uma luta de classes como nunca antes neste país. Luta de classes singular, invertida, onde as classes dominantes são protagonistas. Reagem ao avanço das classes populares que marcham inconscientes da própria luta em que estão inseridas. Adiada desde 1808 até 2002, nossa luta de classes tem na reação aos “rolezinhos” só mais uma das suas batalhas. Outras virão.

    Ao novo não é dado espaço, ele é tomado do velho. Ou, só os dominantes estão interessados na manutenção do status quo.

    A gênese da nossa luta de classes unilateral.

    Da corte carola de Dona Maria I até a eleição de Lula, o Brasil sempre foi governado pelo conservadorismo retrógrado ou por regimes de força, quando não de exceção. O absolutismo, mantido mesmo na nossa monarquia constitucional – vide Nabuco, caiu junto com D. Pedro II. Um regime oligárquico até 1930 e três períodos ditatoriais forjaram na nossa psique nacional uma secção entre o Estado, representado pelo governo (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a Nação, representada pelo povo. No Brasil, o Estado e a Nação são entidades apartadas. Somos um país democrático, não somos um país republicano.

    No imaginário nacional, o “governo” faz as vezes do Imperador e no seu entorno gravita a mesma corte, desde 1808. Imperador e corte governando quase que baseados na autoridade emanada do poder divino e mantidos pelo povo, em muito ainda, como que por dever de vassalagem.

    Dois séculos desse modelo de organização social calcificaram relações de poder, simbólicas e efetivas, que a chegada do governo Lula vem fraturar, embora, sem afetar seriamente o sistema de prioridades e privilégios da nossa “nobiliarquia” – a burguesia, a classe média consolidada e a plutocracias nacionais. Não confundi-las com uma elite.

    Sentido a fissura no seu poder, o conservadorismo inicia a luta de reação.

    Nossa pequena Bastilha, sem revolução e sem guilhotina. Ou, Lula não é Robespierre.

    A chegada de Lula ao poder é um divisor de águas no nosso modelo de governo.  Mas é uma obra inconclusa no sentido de unificar Estado e Nação. Dos três pilares da construção da cidadania – liberdade, igualdade e fraternidade, avançamos muito no segundo – igualdade.

    Quem sabe como a polícia age nas periferias e favelas, quem já leu algum trabalho sobre “gente invisível” ou conhece o controle aplicado sobre os trabalhadores em nossos “call centers” – as novas senzalas – sabe que a liberdade ainda é uma característica associada à classe social.

    Fraternos decididamente não somos. Somos uma sociedade estamental. O filho do rico será rico, o filho do classe-média será classe média e o filho do pobre será pobre. Isso é cultivado em nossa sociedade quase que ao nível da naturalidade dessa distorção. Cultivado pelo nosso conservadorismo retrógrado e reacionário. Basta ver as reações a recomposição do valor do salário mínimo – causa inflação. A reação ao Bolsa Família – esmola que desencoraja o trabalho. Qualquer programa social é apresentado como aumento dos custos e não como investimento social. Melhoria do serviço público- aumento do custeio. E qualquer iniciativa igualitária considerada como medida populista e eleitoreira. A ponto de nossa classe-média e grande imprensa propor que quem as receba não possa votar.

    A nossa sociedade conservadora era formada por 60 milhões de cidadãos-consumidores e 140 milhões de não-cidadãos, mas contribuintes. É essa sociedade que as forças conservadoras querem restaurar.

    “O Terror é a luta da liberdade contra seus inimigos”.

    Lula não é Robespierre, é um conciliador, quis-se por republicano, jamais confrontou as forças conservadoras. Elas, no entanto, o têm como inimigo.

    Nesse ponto, retroagiu-se a um estágio anterior aos anos 80, quando o movimento sindical combativo botou a burguesia a observá-lo amedrontada por de trás das persianas de seus escritórios e conquistou o respeito pelas classes operárias. Respeito por medo, respeito ainda assim.

    A partir do governo Lula, o próprio movimento sindical e as organizações sociais populares, que sempre militaram na oposição aos governos pré-Lula, não perceberam que era chegado o momento de apoiarem o “seu” governo. Sentiram-se encabulados, constrangidos mesmo, de necessitar ser, agora, a favor. Baixaram a guarda.

    O lado progressista perdeu força de mobilização social.  Nossa luta de classes restou unilateral. O conservadorismo partiu para o ataque, as forças progressistas não reagiram. Julgaram que derrotá-lo nas urnas seria o suficientes.  

    O campo de batalha da nossa luta de classes é, porém, muito mais amplo.

    Em tudo que depender de “um homem, um voto” o lado progressista sairá vencedor, ainda por um tempo. Restava ao conservadorismo, o poder não democrático. Foi aí que se aglutinaram.

    O conservadorismo retrógrado.

    Mas quem forma as tais forças conservadoras e reacionárias – os 60 milhões de cidadãos-consumidores?

    Em outras sociedades, seriam os detentores do capital e dos meios de produção e de comunicação.

    Aqui também o são.

    Porém, a burguesia – que em alguns países é fator de contrapeso, ora oscilando para o lado progressista ora para o conservador, aqui, se alia invariavelmente ao conservadorismo. Isso se dá porque nas nossas relações intra e inter classes sociais ainda vigoram as relações de compadrio e de suserania e vassalagem. Embora nossas classes-médias se queiram meritocráticas, confundem mérito com “eu mereço” por “direito de classe”.

    Dadas nossas relações de compadrio e de suserania e vassalagem, os altos postos, e os melhores dos médios, na economia privada, no setor público, aí incluindos a Polícia Federal, as Universidades, o Ministério Público e o Judiciário, são ocupados por elementos oriundos da burguesia.

    Tal situação é, ainda hoje, mantida por um sistema de mobilidade social dificultado, quando não interditado, pois passa pela saúde e educação de qualidade. Somos uma capitania hereditária. Somos uma sociedade estamental com um profundo sentimento de classe nos seus estamentos superiores.

    A aversão às melhorias da condição de vida das classes populares não se dá por outro motivo que não a percepção da diminuição de vantagens simbólicas que tais melhorias trazem para esses estamentos superiores.

    A luta do conservadorismo retrógrado pela restauração do “ancien régime”.

    A primeira tentativa de restauração se deu já em 2005 com as CPIs em torno do caso do Mensalão. Tentaram o impeachment de Lula “a La Collor”. Mas faltaram os “caras-pintadas”.

    Lula é o mais carismático político brasileiro do último meio século, sua vitória em 2006 e o sucesso do seu segundo mandato, incluindo o acerto de suas decisões na crise de 2008, blindaram-no contra tentativas de golpe. Fez seu sucessor, Dilma Rousseff.

    Mas Dilma não é Lula e a “marolinha” enfim bateu em nossa costa.

    Com Lula nos bastidores e enfrentando um câncer, e a economia em ritmo de espera, as forças do conservadorismo sentiram-se fortes o suficiente para o confronto direto.  

    Em 2012, o julgamento do “mensalão” serviu de pretexto.  Na sua maior parte, não era da condenação dos réus que se tratava, mas da interdição do modelo democrático em vigor que passara a não ser favorável ao conservadorismo.

    O golpe institucional frequentou o imaginário de muita gente. O STF transformado no Poder Moderador do antigo Império. Um STF alinhado, naquele momento, em sua maioria, ao conservadorismo mais militante.

    As palavras do Ministro Celso Mello, ao votar pela prerrogativa do STF de cassar mandatos, em contrário ao que define o artigo 55 da Constituição, e seu próprio entendimento anterior, que estabelece ao Congresso essa prerrogativa, me causaram profunda preocupação, nesse sentido.

    “… o Supremo Tribunal Federal…, que incumbido como guardião da Constituição pela própria Assembléia Constituinte, tem o monopólio da última palavra em matéria de interpretação da Constituição”.

    Não havia interpretação possível, tratava-se de declarar sem efeito parte do texto constitucional – o artigo 55.

    Mas o Ministro ia além: 

    “a insubordinação legislativa ou executiva diante de decisão judicial revela-se comportamento intolerável, inaceitável e incompreensível”.

    Pronto, o STF não tinha somente o “monopólio da última palavra”, “subordinava” também o Executivo e o Legislativo.

    Era o sonho do conservadorismo, a democracia sem povo.

    A vitória do PT nas eleições municipais de 2012, o recesso daquele fim de ano e uma nova composição do STF, que, aliás, devolveu ao Congresso a prerrogativa da cassação de mandatos, restabeleceu um equilíbrio precário, já que a judicialização da política parece que será, daqui para frente, uma componente do nosso modelo de governo e uma ferramenta à disposição das forças reacionárias.

    Porém, enquanto o poder democrático sobreviver, nele, um homem valerá um voto, independente de sua classe social.

    O Império contra-ataca: A grande batalha de Junho e a outra.

    E assim chegamos a 2013. Afastada a via judicial, as forças do conservadorismo passam a atacar as expectativas racionais relacionadas ao sucesso do governo Dilma na área econômica.

    Decidem pelo terrorismo econômico. Apagão e inflação do tomate. Os fatos as desmentem.

    Começam a relativizar todas as notícias positivas. “Petrobras tem lucro 39% menor”, tem lucro, mas é menor. “Produtividade do Brasil cresce menos que a de outros países”, cresce, mas cresce menos que os outros. Ou qualquer outra manchete onde a um fato positivo fosse possível se associar uma vírgula e a conjunção adversativa “mas…”.

    Se dados estatísticos necessitassem ser torturados para tanto isso não os sensibilizaria.

    A “The Economist” de Londres passa a criticar a condução da economia brasileira e a ridicularizar o Ministro Mantega.  A internet acusa a possível presença de digitais de um poderoso banco brasileiro e de um alto funcionário do governo FHC nesses ataques.

    Mas, com a Europa em recessão, a “The Economist” acaba por soar como ridícula, por aqui.

    Até que o inesperado vem ao auxílio do conservadorismo.  Em junho, uma violenta repressão, por parte da polícia paulista, aliás, sob comando do partido aliado das forças conservadoras há 16 anos, a uma manifestação estudantil contra o aumento das passagens de ônibus causa indignação popular e é magistralmente instrumentalizada pela grande mídia.

    A classe-média, intoxicada por anos de noticiário ácido contra o governo, vai para a rua em gigantescos protestos que nada tem mais a ver com a reivindicação inicial dos estudantes. Não é mais por vinte centavos, é contra “tudo isso que está aí” e por qualquer coisa “padrão FIFA”.

    E, paradoxalmente, é justamente a partir daí que o jogo muda novamente contra o conservadorismo retrógrado. Dilma vai à televisão, fala ao povo e propõe medidas. Entre elas o “Mais Médicos”.

    Começa outra batalha. A classe médica brasileira se volta contra a medida e a grande mídia a acompanha. É um suicídio coletivo de imagem. As cenas de preconceito chegam a tal ponto que os efeitos se revertem: Dilma e os médicos cubanos estão cuidando do povo pobre, os médicos ricos – coxinhas – não querem os postos oferecidos e tentam impedir os que querem de trabalhar.

    Setembro chega, esperam-se novos grandes protestos nas ruas para o dia da independência. A classe-média resolve aproveitar o feriado e não comparece. As “grandes jornadas de junho” estão encerradas. Pelas ruas, por mais dois meses, só um bando de malucos vestidos de preto misturados à criminalidade comum incendiando as ruas.

    Depois, nem mais isso.

    Rolezinho, uma batalha involuntária da nossa luta de classes.

    E, então, chegamos a 2014 com mais uma batalha, ainda que involuntária, da nossa luta de classes.

    É nesse contexto, creio, que se enquadram os rolezinhos.

    Nossas classes populares não possuem historicamente um sentimento de classe que as antagonize com a estrutura social injusta em que estão inseridas. Não são protagonistas de nenhuma luta que não seja a da própria sobrevivência.

    Não estranharia se aqueles meninos e meninas que marcaram um prosaico encontro em um shopping center sequer tivessem noção de que eram vistos, por negros e pobres, como um risco pelos donos do poder. E, como desde sempre, em um país ainda muito marcado pela noção de casa grande e senzala, um perigo quando não estão sob o controle das relações patrão-empregado. Essa condição deve ter-lhes sido apresentada pela PM quando os expulsou do local.

    Não que não conhecessem o modus operandi dessa polícia. Conhecem-no desde a idade escolar. O uso dessa força e do aparato judiciário por traz dela como ferramentas de exclusão social é que era-lhes apresentado naquele momento.

    Perceberam os mecanismos cruéis de nossa sociedade estamental?

    Tanto quanto os que são atendidos nos postos de saúde de nossos rincões perceberam que o atendimento médico lhes era sonegado com a tentativa de interditar o “Mais Médicos”.

    No entanto, parece que, tal como nos últimos anos do nosso Império, as forças civilizatórias estão em uma marcha que não é possível às forças reacionárias impedir de avançar.

    Mas, tal qual então, há um risco. No fim do Império, a vitória do abolicionismo trouxe como reação uma oligarquia que governou e paralisou o país por mais de 30 anos.

    Enquanto os nossos 140 milhões de cidadãos desapercebidos de sua cidadania dela não se derem conta, correremos esse risco. Não nos enganemos, vivemos em uma luta de classes como nunca antes neste país. Porém, uma luta desacautelada por parte de um dos seus combatentes, o mais fraco deles.

    1. Bravo!!! A judicialização a

      Bravo!!! A judicialização a serviço do conservadorismo e aliados, grande problema, pois não passam pelo crivo do voto!!!

    2. Gostei muito, Sérgio. Acho

      Gostei muito, Sérgio. Acho tua análise bastante clara e abrangente. Não tinha conseguido analisar dentro do contexto histórico e a tua análise indicou-me um caminho muito promissor. Espero que vire POST e enseje bons debates.

    3. Sérgio, sua redação é do

      Sérgio, sua redação é do jeito que gosto: ampla, univérsica. Raramente eu dispendo meu tempo para ler os comentários costumeiros porque, geralmente, não têm estrutura: começo, meio e fim. O seu texto, além de claro, é abrangente e gostoso de ler, e nele vi certos aspectos do tema “rolezinhos” que eu não havia refletido. Obrigado, Sérgio, por me proporcionar bons minutos de leitura. Deus te abençõe.

  8. Pode ser que tenha uma parte

    Pode ser que tenha uma parte da esquerda que esteja vendo ativismo político nos tais rolezinhos, mas certamente não é ninguém de meu relacionamento.

    O que eu ví foi pessoas de esquerda preocupadas com a questão da discriminação utilizada na abordagem dos shoppings para “enfrentar” a questão desses eventos e principalmente a anuência da justiça para esse tipo de ação discriminatória.

    A questão para as pessoas de esquerda que eu conheço é a discriminação, não em relação aos rolezinhos em si, mas em relação à seleção de quem pode e quem não pode adentrar aos shoppings.

    Eu não gosto de shoppings, não frequento e aconselho as pessoas que eu conheço a não frequentar. Também não tenho nada a ver com rolês, pequenos ou grandes. A questão é que os estabelecimentos abertos ao público não podem segregar seus clientes nem impedir o acesso usando critérios de classe social, raça, credo religioso, etc, conforme defiido na Constituição. A  justiça dar aval a uma ação flagrantemente inconstitucional, que afronta os mais básicos principios de igualdade da República, é um fato extremamente preocupante.

    Essa atitude dos shoppings, principalmente a partir do momento que um juiz toma a atitude absurda de permitir a discriminação, gerou protestos e OS PROTESTOS (e não os rolezinhos) são sim atos de ativismo político.

    Pessoalmente acho que os shoppings estão tomando uma atitude burra provocada por puro preconceito. Os jovens que participam desses eventos são clientes dos shoppings e são bastante consumistas. Havia (e ainda há) um espaço enorme para os shoppings aproveitarem tais rolezinhos para ações de marketing, estimulando os jovens a consumir e levando-os a estimular o consumismo dos demais clientes. Esses jovens não são os clientes tradicionais dos shoppings. São da nova classe média que ascendeu recentemente  um patamar de consumo que os permitem superar as barreiras urbanisticas e arquitetônics criadas pelos shoppings para restringir o acesso para as classes sociais com menor poder aquisitivo. MAs são clientes e poderiam gerar um bom aumento de lucro aos comerciantes. São jovens que querem aderir ao sistema e não ativistas políticos, muito menos criminosos. Excessos são comuns em encontros de jovens, então os shoppings teriam que reforçar a segurança de forma discreta, o que implica em custos maiores, porém esses custos podem ser recompensados pelo consumo dos jovens e pela transformação de um evento que poderia espantar clientes em um atrativo a mais.

    Faltou senso de oportunidade, visão comercial e capacidade de adaptação a novas realidades. Sobrou preconceito, truculência e burrice.

     

    1. Ótima análise ruy.  
      É por aí

      Ótima análise ruy.  

      É por aí mesmo, faltou tato e visão para os donos de shopping e lojistas para lidar com o novo fenômeno.

  9. Mais blá blá blá.

    Concordo que estes jovens não são bandidos, obviamente não devem ser tratados como tal, concordo que não há nenhum viés político nestes passeios coletivos de desconhecidos, até porque (e ainda bem) eles nem sabem o que é “esquerda”, e deveria acabar aí.

    Isto nada tem a ver com nova classe média, ex-excluídos, jovens querendo ocupar espaços na sociedade, é só mais blá blá blá. Jovens “zoando” pela cidade, adolescentes “zoando” no shopping é a coisa mais velha que existe, desde sempre, a diferença é que a 30/40 anos eramos 10, 15 no máximo, quem nunca fez isso? É a natureza deles, o problema é apenas a dimensão, bombados que são pelas redes sociais, estes passeios simplesmente estragam o passeio de todas as outras pessoas, sim, existem outras pessoas, e não são ricos incomodados com a bagunça, são gente, pessoas como eles, e tem o direito de se divertir de outra forma, a comum, ou não?

    A maioria destes passeios coletivos de desconhecidos ocorre em shopping populares, então parem com teorias descabidas, não comecem uma postagem criticando direita e esquerda para depois fazer a mesma coisa, analisar o óbvio e chegar a conclusões erradas. A única verdade é que a forma com que você faz seu “passeio” nunca deve impedir que outras pessoas possam fazer o seu. Quando saio para tomar uma cerveja com meu amigos nunco convido 2.000 pessoas. Não há grupo de amigos com 2.000 pessoas, é artificial, apenas bagunça de adolescentes neo-consumistas.

  10. > Nem baderneiros, como supõe

    > Nem baderneiros, como supõe a direita, nem ativistas políticos, como imagina a esquerda.

    Sem querer tomar lado na questão mas já tomando (não tenho medo de rótulos), tenho que discordar do dono do blog.  Seis mil jovens correndo e gritando num lugar fechado (foi o que se noticiou que aconteceu naquele shopping de “luxo”, frequentado pelas “elites de olhos azuis”, lá em Itaquera) é baderna. Ou então vamos redefinir o que seja “baderna”. Baile funk no meio da rua, até altas horas da noite, incomodando a vizinhança, é baderna. Ou então vamos redefinir o que seja “baderna”. Dezenas de skatistas e patinistas voando nas calçadas da Avenida Paulista, arriscando choques com pedestres (eu mesmo, involuntariamente, acertei uma cotovelada em uma moça; foi sorte ela não ter caído nem se machucado, na velocidade  em que estava), é baderna.Ou então vamos redefinir o que seja “baderna”. Falta espaço pra essa “moçada” se divertir? Pode faltar. Falta hospital. Falta educação de qualidade. Falta muita coisa neste país. Muito se avançou em muitos aspectos, mas ainda falta muita coisa. Vai todo mundo chutar o pau da barraca agora e fazer o que dá vontade se escorando nesse argumento? A “moçada” agora está dispensada das regras de civlidade que tornam a vida na urbe minimamente possível? As pessoas, principalmente as bem informadas, deveriam tomar cuidado com as teses que abraçam. Elas têm consequências.

    1. Sobre a definição de

      Sobre a definição de baderna…

      Fonte: http://noticias.terra.com.br/educacao/voce-sabia/qual-a-origem-da-palavra-baderna,b3e033f966dcf310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

      Qual a origem da palavra “baderna”?

      Termo servia para caracterizar fãs barulhentos da dançarina Maria Baderna

      Retrato da dançarina italiana Marietta Baderna Foto: Reprodução

      Retrato da dançarina italiana Marietta Baderna

      Foto: Reprodução·          

      ·          

      Baderna é uma palavra exclusiva do português brasileiro que significa confusão, desordem, bagunça. Mas sua origem é bem peculiar: servia para classificar, de maneira pejorativa, os seguidores barulhentos de uma dançarina italiana que causou furor no País. Seu nome? Maria Baderna.

      A palavra que hoje define a ausência de regras surgiu no final do século 19, quando uma companhia de dança italiana veio à então capital do Império do Brasil, o Rio de Janeiro. A viagem era uma forma de manifestação contra a perseguição politica: ocupada pela Áustria, a Itália mantinha como forma de protesto entre os revolucionários a decisão de não promover a vida artística enquanto a ocupação durasse.

      Parte dessa companhia, a bailarina Marietta Maria Baderna, filha do médico e músico Antônio Baderna, teria buscado o Brasil como exílio em 1849. Talentosa, logo conquistou uma legião de fãs, admiradores tanto de seus passos de dança quanto de seu espírito rebelde e contestador. Inovadora, ela foi alvo de críticas ao introduzir elementos do lundum (dança afrobrasileira praticada por escravos) entre os passos da dança clássica – em meio a uma sociedade conservadora e escravista.

      Maria Baderna esteve no Rio de Janeiro em 1851, provocando “um certo frisson”, de acordo com o dicionário Houaiss. O termo “baderna” está associado aos seus admiradores, chamados de “os badernas”, que entoavam o nome da musa ao final de suas apresentações. O coro era mal visto pela sociedade da época, que associou o barulho e a paixão incontida dos fãs a algo ruim.

       

  11. Paradigma do Nassif é contaminado! e sua fonte tambem.

              Visão consumista e não cidadã e é dificil de acreditar de tanto comentarios positivos, sem nenhum senso crítico e pelo que  percebi sem interpretação das vis e venenosas insinuações e quis lincar com a pesquisa da Data popular e o pior o Sr. Renato fez por si só as Conclusões dos fatos relatados na pesquisa, sem mostrar a pesquisa!!! Certa vez o falecido Buzunga( Casseta e Planeta)perguntou ao Rei Pelé de quem o brasileiro gosta menos dos Negros e dos Indios? Pelé com sua visão prevelegiada de garoto propaganda das Multis, (pois empresas brasileiras não gostam dele ou não conseguem pagar o seu cachê)  por sua vez ele respondeu: DO POBRE!  Agora é um paradigma consumista ou cidadã do Pelé? uns diriam é da Vida! o Nelson diria da Vida como ela é! O que eu sei é que as pessoas são muito mais que classes, cartões de credito e consumo.

          Prefiro  “Eu só quero é ser Feliz e viver tranquilamente na favela que eu nasci”. Reconheço que sou bom, que o lugar onde vivo é bom que as pessoas que estão ali são boas. Que sem a pertubação, sem o sabotamento e sem a perseguição do “sistema”….

           Prefiro a burquesia subindo ao morro, não atraz de “bagulho” como esta costumaz e sim de cultura, de identidade de um paradigma coerente, pois sabia que o que vivia era uma ilusão sustentada por poderes artificiais e totalmente contaminados com visões deturpadas da periferia.

          Posso dizer com tristeza estes jovens estão sendo  iludidos com paradigmas de consumos ,”o que importa é o TERES e sem precisar de SERES e acreditando que não necessita dos fazeres” , sentira a dor do vazio existencial (insensibilidade total ao sofrimento alheio, depressão, sindromes do diabo a quatro, invejas assassinas, inadequações insuportaveis e suicidios)  e tudo isto sem conhecerem os  filosofos franceses contemporâneos modernos, os germanicos  e prussianos. Pois como sugeriu uma das “conclusões”da pesquisa ” Depois que mudaram de patamar, passaram a olhar os pastores de forma mais crítica e a duvidar de suas boas intenções.”  quem muda de patamar, muda o Olhar(o paradigma)! Mas não acreditem nesta mentira pois é justamente ao contrario. A outra mentira intrínsicamente sugerida é quem muda de patamar não precisa dos Sacerdotes, da Igreja e consequentemente de Deus. Pois você ja tem um novo deus O DINHEIRO.

     

  12. acabaram com as praças..

    acabaram com as praças, campos de futebol e os espaços públicos para os jovens e direcionaram tudo para os “templos do consumo” tentando torná-los apenas em consumidores e agora querem o que? Haddad tá certo: tem de abrir os CEUs, criar espaços para bailes públicos e Pontos de Cultura onde sejam  manifestados a riqueza de nossos ritmos, mais quadras e campos de futebol e etc..os jovens querem o seu espaço na cidade como a maioria aqui quando jovem tb teve..essa movimentação não tem nada de revolucionária em termos políticos eles querem apenas se divertir..que o rolezinho se um instrumento de luta, consciente ou não, para que esses jovens se divirtam e não sejam reduzidos à consumidores..

    ‘é o capitalismo seu estupido”

    1. Concordo com você. As praças,

      Concordo com você. As praças, que são locais públicos de fato, foram progressivamente deixadas de lado e isso é um erro: o cidadão perdeu espaço para o consumidor. Os shoppings não são locais públicos, são locais privados e a sinuca de bico que os donos do pedaço se meteram é que eles podem até fechar para todos, mas não podem discriminar.

      O rolezinho no shopping é um programa tão antigo quanto a existência dos mesmos (eu mesma já fui ao shopping só para olhar vitrine), a diferença hoje está na aglomeração causada pela comunicação em massa – e olha que os rolezeiros devem estar adorando toda essa polêmica em torno deles.

      Pegar um cinema e fazer um lanche no shopping todo fim de semana pode ser um programa muito caro para a maioria deles e essa é uma questão importante: que alternativas de lazer mais baratas eles tem? Uma lição que vem daí é a carência de eventos culturais e esportivos a preços populares. Porque não retomar as praças, lonas culturais e utilizar melhor todos os espaços públicos que dispomos? Sinto falta da presença mais atuante dos ministérios da cultura e dos esportes neste debate. É claro que o Brasil é imenso e o governo federal não pode arcar com tudo, mas chamar as prefeituras para desenvolver projetos em parceria é uma opção interessante. Um governo inclusivo tem que também tem que ter um olhar para o alimento da alma do povo. Do jeito que está, só estamos criando consumistas e não cidadãos.

      Frequento uma cidade litorânea com reduzidíssimas opções de lazer. Pude perceber que um dos motivos para o aumento das igrejas evangélicas naquele local se deu justamente pela necessidade das pessoas de se socializarem. A igreja era o local que eles tinham para conversar com outras pessoas, ouvir musica, fazer eventos, etc. O financiamento dessas atividades acaba sendo feito pelos próprios fiéis, a igreja coordena e cede espaço. Portanto, só posso ver como falta de interesse e criatividade o abandono do poder público em atividades de integração, mesmo prefeituras pobres poderiam coordenar eventos de baixo custo.

       

    2. As praças e espaços públicos

      As praças e espaços públicos e ruas não acabaram, ainda estão aí. O problema é que ninguém ( pebres ou ricos) mais têm coragem de frequenta-las por medo da violência. O Haddad não está certo coisa nenhuma, tratando marginais, traficantes e delinquentes em geral como “menimos” para dar uma de moderninho e fazer média. Em qualquer cidade grande relativamente segura, as leis são duras e lugar de bandido é na dadeia, sem dó. A sociedade vai se adaptando a situação, não pode mais andar na rua, vai pro shopping. O shopping não pode mais oferecer segurança, fecha a entrada de pedestres ( Pobres) e passam a cobrar caríssimo pelo estacionamento, e assim vai, ação/reação/ação….

      1. Bandidos? Só se for você, por crime de calúnia

        Em que esses jovens sao bandidos? Por acaso é crime gente de periferia ir a shoppings? 

        Se os shopoings quiserem, podem proibir a entrada de pedestres. E amargar o prejuízo que virá daí. E será bem feito. 

  13. Eterna incapacidade de lidar com segurança

    Diziam que tirando a bebida alcoólica dos estádios, acabaria a violência nas arquibancadas. Pois é, já que os poderes públicos são incompetentes para punir os reais criminosos, restou criminalizar e punir…os fabricantes de cerveja!

    Com os rolezinhos é a mesma coisa: melhor proibir tudo (e politizar tudo) tudo do que fazer o simples: prender quem estiver fazendo algo errado. Na média, as pessoas querem apenas se divertir. Os delinquentes são poucos, mas nunca são punidos. 

    O fato é que não sabemos, até hoje, lidar com segurança pública. Não temos técnicos, não temos estadistas. O que temos são, de um lado animadores de auditório turbinados com dinheiro público e voto e, de outro, policiais que pensam com o coturno. Nossas cidades, assim como nossas fronteiras são um convite à delinquência privada e estatal.

    E vêm aí os dois maiores eventos esportivos do mundo… Tomara que a Al Qaeda não leia jornal brasileiro. Honestamente, só não farão algo aqui se não quiserem, porque está fácil demais. 

  14. A direita brasileira não quer

    A direita brasileira não quer ver jovens pobres e escurinhos nos Shoppings. E também não os quer recutrados pelo Exército para que o país possa projetar externamente seu poder concorrendo a tiros de canhão com os EUA/Inglaterra/Russia e China.

    O que a direita brasileira quer? Que os jovens pobres e escurinhos morram de tédio, em silêncio e escondidos em suas casas na periferia? TÁ QUERENDO DEMAIS! 

  15. Bem que o PSDB falou
    que

    Bem que o PSDB falou

    que elevar a condição dos pobres iria dar problemas

    uns baderneiros.

    A esquerda que sempre defendeu a política livre

    fala em ativistas políticos?

  16. Nassif, 
    Você esqueceu de

    Nassif, 

    Você esqueceu de dizer que eles são capitalistas. 

    Aliás, são tipicamente liberal-burgueses: acreditam no valor do trabalho (como vc mesmo disse), querem prosperar (ou seja, querem ganhar dinheiro) e nao querem depender do Estado.

    Eu penso exatamente como eles.

    Meus pais sao retirantes do nordeste. Chegaram ao Rio na década de 60. Ralaram feito loucos para dar educação a mim e ao meu irmão. Abriram mão de muita coisa.

    Hoje eu tenho 30 anos e penso mais ou menos como essa molecada. Acredito no trabalho, gosto muito de dinheiro e tenho verdadeira fixação por independência.

    Daí, meus queridos, que eles (nós) somos o tal “novo”.

    E daí que o PT e quetais nao tem mais nada para dizer para nós. Nós queremos que o Estado nos dê retorno em serviços e que nao encha o saco.

    O PT vai fazer isso? Claro que não. A única coisa que o PT e sua militância sabem fazer é usar essas pessoas para encher planilha. A Presidente adora dizer que “somos um país de classe média”

    No entanto quando apresentamos nossas reinvindicações, perguntando, por exemplo, por que se constroem mais estádios que hospitais e escolas, o pessoal do PT vem dizer que é “choro de classe média”, “fascismo” e quetais.

    Ou seja, aos olhos do PT, a classe média só é boa quando age como um bando de cordeirinhos. Quando começa a agir sem pedir licença, o Governo se assusta e daí viramos um monte de fascistas.

    Ocorre, no entanto, que isso acabou. A classe média está se tornando maioria e nao quer saber de ser cordeirinho de PT (ou quem quer que seja). Queremos trabalhar, ganhar nosso dinheiro e viver nossa vida de forma independente.

    O Estado? Ora, o Estado que entregue o que é pago para fazer: serviços públicos de qualidade, que podem ser resumidos em saúde, educação, infraestrutura e segurança. Qualquer coisa fora disso deve ser excepcional.

    Vocês podem discordar, jogar pedras, ridicularizar, menosprezar, enfim. Mas as evidências estão aí.

    abs,

     

     

     

     

    1. Rodrigo,
      prepare-se para ser

      Rodrigo,

      prepare-se para ser massacrado e “difamado”. O massacre, por se assumir liberal, por querer ser independente do Estado – tendo com ele apenas o relacionamento típico de contribuinte, gerando os impostos e  esperando a contrapartida – , por querer andar por suas próprias pernas, por querer ganhar seu próprio dinheiro, por não ser um cordeirinho ideológico. E “difamado”, porque vão lhe chamar de “tucanófilo”. Vc é um ser politizado, na verdadeira acepção da palavra. Mas, vc vai perceber, como vc não reza na cartilha esquerdista, sua politização vai ser encarada como alienação e rendição ao deus mercado. Saúde e paciência, véi!

       

  17. Tô adorando esta invasão da

    Tô adorando esta invasão da periferia nos templos maiores do consumo.

    A velha classe média se apavora,

    a exclusividade acabou

  18. Lamento!

    Fico impressionado como se pode criar tantas justificativas para o que é simplesmente falta de educação, princípios, desrespeito e oportunismo para promoção pessoal ou eleitoral de um fato que é consequencia de uma sociedade delinquenciada pela desvalorização da educação pelo objetivo imperialista através da ditadura militar e posteriormente pelo neoliberalisnmo que absorveu o principio capital de consumo como sustentaibilidade, e nada de social. Lamentável que as pessoas que durante decadas constituiram suas famílias e condutas dignas, negras brancas, pardas, amarelas, homossexuais e outros, que se preocupam em respeitar o princípio básico da necessidade gragária do homem como pessoa e sociedade, hoje ficam reféns de uma sociedade delinquente, mal educada que se ilude quando chamada de “nova classe média” e sofre da necessidade percebida de consumo. E para consumir não se precisa de educação e cultura, ou melhor, para consumir, quanto menos educação e cultura mais convém, pois assim se reduz o custo de qualidade de qualquer produto, seja o aparelho que voce compra e quebra no primeiro uso, seja no curto tempo de vida dos tecnológicos para que voce continue coimprando o modelo mais recente, com o princípio da Xuxa de que: ” eu tenho voce não tem”, seja num rélis programa de tv: BBB, casos de família e outros lixos que a sociedade consome de boca aberta e rindo, sem perceber o mal que lhe causa. Lamento, pensei que nunca fosse ver uma geração realmente perdida, e vejo agora.

  19. O rolezinho seria aceito se todos jovens fossem “gente bonita”.

    O medo dos rolezinho é pelos perfil dos participantes.

    Qual shopping que não gostaria de ver um grupo de jovens entrando e saindo de suas dependência ?

    Se esses rolezinhos, com o mesmo numeros de participantes, com o mesmo tipo de convocação, via redes sociais, se fossem jovens da verdadeira classe média, moradores das área nobres de suas cidades, seriam muito bem aceito. E mais. alguns fariam até elegios, do tipo, que juventude sadia,jovens alegres, só tem gente bonita.

    Ou seja, o que “estraga” os rolezinhos, é pelo fato de ter muitos jovens pretos e brancos com cara de pobre, simples não ?

     

    1. Nao.
      O que estraga são os

      Nao.

      O que estraga são os baderneiros.

      Como comerciante de loja te falo que todos os clientes sao bem vindos.

      O que ocorre é que, eu por exemplo, que possuo um quiosque em um shopping de SP, recebi emails e telefones desesperados de mães preocupadas com a segurança de seus filhos (meus empregados)

      Mas que mania de se querer inferiorizar os dividir as pessoas em classe e/ou cor.

       

      Não importa a classe. A idéia inicial do rolezinha “se encontrar em um lugar bacana” é ótima. O que estraga são os “espírito-de-porco” que tumultuam.

      Não importa a classe.. A, B,C

      O que estraga são os baderneiros.. “boyzinho” baderneiro, filhinho de papai ou baderneiro pobre

      1. “Mas que mania de se querer

        “Mas que mania de se querer inferiorizar os dividir as pessoas em classe e/ou cor”

        Peraí, tem certeza que estamos falando do mesmo país ?

        Estou no Brasil, você está onde ?

    2. resposta

      Se fossem ordeiros e educados jamais seriam percebidos,mas essa juventude de hoje quer causar ,aparecer e do pior modo possivel fazendo baderna.

    3. Gilson, acho não!

      Seja lá de que classe for, 300 ou mais jovens reunidos num shopping, não pode dar certo. Atualmente, o comportamento dos jovens são semelhantes sejam eles de que classe forem. Claro que num local fechado e começando qualquer balbúdia, vai assustar, haja vista, o que aconteceu nas manifestações recentes. E havia muitos jovens de classe A. Na época, subia eu  no elevador da Casa de Saúde São José, onde uma amiga havia sido operada, e comigo subiram dois mauricinhos com roupas de marca, possivelmente para visita a doente também. Falavam sobre a manifestação da véspera, rindo muito e um deles falou: Pô cara, só assim apareci na Globo!  Esses, com certeza não eram jovens pobres da periferia do Rio. Esse assunto é muito complexo e não podemos generalizar. Infelizmente a grande maioria dos jovens de hoje, independente de classe A, B, ou C, perderam o respeito e temo muito pelo futuro que se deslumbra.     

  20. Empirismo

    Triste ver como quem escreve e estuda a respeito do assunto não sabe do que ta falando…

    Quem convive com os participantes dos “rolezinhos” sabem que eles não trabalham, que adquirem roupas de marca com o dinheiro que o pai deles recebem trabalhando exaustivamente e pagando em parcelas infinitas.

    Os que trabalham para ajudar a renda familiar e estudar, não tem tempo para “rolezinhos”.

    Falta conhecimento empírico aí.

    Os livros e teses infelizmente não são fontes suficientes de conhecimento social.

    1. Empirismo

      Caramba! Pensei q estava ficando louco, esta materia não tem nada a ver com os rolezinhos.

      Voce foi preciso! parabens

      Quem fez a pesquisa e quem escreveu estão falando de outra classe.

       

  21. A praça

    Resolveram “fazer a praça” nos shoopings, só isso … o grande problema é sempre essa turminha do esculacho com umas de “e aí Tio, vamo de boa ..?” Shooping sempre foi um local de acesso irrestrito, não duvido do lançamento de projetos e propostas da classe comercial de impor cobranças ($$) para o acesso …já fizeram isso com os estacionamentos.. 

  22. Rolezinho

    Interessante como nossos intelctuais representativos têm em seu sangue revolta e necessidade de criar revoltas. Tenho acompanhado o assunto do rolezinho e não vejo nada do que este ESPECIALISTAS DE PLANTÃO afirmam. Parece que o que os Shoppings defendem é o direito de propriedade. É o direito de gerar impostos, postos de trabalho, GERAR RIQUEZA PARA A SOCIEDADE.EM UMA EMPRESA, 10% SÃO LUCROS E 90% FICAM COM A SOCIEDADE, ENTRE SALÁRIOS E IMPOSTOS.  O que os shoppings parecem estar solicitando é o direito de respeito à maioria, solicitando educação, primórdio de sociedade civilizada, condição essencial para a melhoria da qualidade de vida de todos. Entro nos shoppings e sempre vejo uma variedade de cultura, classes sociais, raça. Nunca percebi nenhuma critica ou animozidade dos shoppings com relação ao que estes ESPECIALISTA estão colocando.  É pura necessidade de vender o mau e plantar a discórdia. Amigos, acordem, TEMOS QUE PARAR COM TAL INSINUAÇÃO. O POVO VAI ACORDAR E ENTENDER QUE ESTA FALSA PROTEÇÃO DÁ GRANDES LUCROS. DÁ HIBOPE. VENDE JORNAIS REVISTAS E MATÉRIAS COMO ESTA. JÁ PARARAM PARA ANALISAR QUE POR EXEMPLO, NÃO MAIS CONSEGUIMOS LER NOTICIAS COM TRANQUILIDADE NO IG. A TODO MOMENTO E A TODA HORA, SOMOS INVADIDOS COM PROPAGANDAS, ANUNCIOS. ESTÁ UM TERROR. SEM ESTAS MATÉRIAS SENSACIONALISTAS, TALVEZ ELES NÃO ESTARIAM CONSEGUINDO GANHAR TANTO DINHEIRO VENDENDO ESPAÇOS.

  23. A Direita Gosta!

    A Direita quer sim estes jovens de classe baixa ou média baixa comprando seus produtos, mas, de maneira “ordeira”, como se estivesse batendo o cartão ponto. Nunca reunido em classe, sempre individual e anônimo, com visitas feitas com capa de invisibilidade.

    Como a boa e velha direita gosta: entrar de dois em dois, em fila indiana, cantando o hino nacional, com bandeiras do Brasil, gritando o gigante acordou.

    Aqui em Curitiba eu vi um rolezinho dos estudantes do “Bom Jesus”, todos bixos, com faixas, tambores, loirinhos, loirinhas, nutridos! Todo segurança era só sorriso. Esses podem se reunir em “Classe”.

  24. Não concordo!

    É impressionante e absurda essa discussão. Os verdadeiros jovens pobres, trabalhadores, que tem educação, da periferia, não praticam este tipo de ato ou vão a “PANCADÃO”. É inadmissível e inaceitável considerar isso como movimento cultural. Que movimento cultural é esse? Estes jovens são realmente diferenciados, mas de toda as classes exesitentes de uma sociedade civilizada. Analise o que presenciei num deste “rolezinhos”.  Estava eu e minha esposa realizando compras no Sábado no Shopping Tatuapé em meados de Novembro/2013. Havia um grupo feminino e outro masculino (entre os “participantes” brancos(as), negros(as), loiros(as) e morenos(as)), não eram somente negros como estão avaliando na mídia,  não eram crianças e sabiam o que desejam fazer e expressar. Corriam em grupos pelos corredores do Shopping. O grupo masculino andava pelos corredores, gritando em direção do grupo feminino – “Eu quero comer o seu c……” e o grupo feminino gritavam palavrões em direção ao grupo masculino. Que cultura é essa??? Gostaria que os ilustres comentaristas participassem de um “rolezinho”, (sem câmeras e microfones ou quem sabe com os mesmos escondidos paras efetuarem seus registros),  mas vá com a família participar deste “EVENTO CULTURAL” e tenho certeza que todos vão ficar “ENVERGONHADOS” com o que as “CRIANÇAS, JOVENS E ADOLESCENTES” praticam e gritam. Ficar num escritório ou num estúdio de radio, tv e etc. analisando os fatos……………… é muito fácil e acredito que seja é correto. Gostaria muito que presenciassem o “movimento”, sem qualquer combinação com os participantes. Gostaria de esclarecer que respeito todos os comentários e comentaristas.

    1. resposta

      Apoio totalmente seu comentario.Ja nao se faz jovem como antigamente.Hoje eles adoram chamar a atençao pelo feio,pelo mal educado,pelo sem noçao.Nao respeitam nada nem ninguem perderam a noçao dos bons valores,por isso matam e estao se matando tambem,a vida é uma banalidade só.

  25. É diferente

    Esses jovens descritos no texto, trabalhadores e com senso crítico, existem e são muitos, mas não são os que estão nos rolezinhos. Como um verdadeiro “lado B” do perfil descrito, há também uma grande quantidade de jovens que desprezam os valores do trabalho e do estudo, que se acham rebeldes mas não tem cabedal para oferecer contestação real a qualquer valor antiquado de forma relevante. Eles cresceram em um ambiente de cultura de massas erotizada em excesso, e acham que a vida pode ser vivida como um videoclipe da Shakira. Não estudam ou trabalham, apesar da multiplicação de oportunidades dos últimos anos, e vivem parasitando os pais, avós e mesmo os irmãos. Quando se vêem sem dinheiro para adquirir os símbolos de status que tanto veneram – pois não tem o nível cultural necessário para contestar o consumismo e refletir sobre a futilidade de venerar empresas – flertam com o crime e a contravenção. Agora, por último, quando se vêem excluídos da festinha do capital, resolveram organizar-se em hordas para “reivindicar” tênis e smartphones da moda, cantando essa ode à imbecilidade batizada de “funk da ostentação”.

    Nassif, jovens ambiciosos de forma positiva, ousados, estudiosos e trabalhadores, têm maior resistência às armadillhas da propaganda capitalista, embora todos sejamos afetados por ela. Tem maior tendência a dar valor ao dinheiro que ganham com muito custo, lêem a literatura de auto-ajuda que ensina o básico de administração de finanças pessoais, e não se organizam para estragar a diversão alheia – pois têm mais o que fazer e não querem se misturar com o outro tipo.

  26. PENSANDO EM SOLUÇÕES

    Seguem algumas idéias para melhorar a “vida ao vivo” da juventude.

    Desenvolver iniciativas para permitir aos jovens voltar a ocupar o seu tempo, os espaços e as ruas, canalizando a sua energia em forma positiva e cívica.Escola: Integral, com artes, cultura geral, esportes e recreação, saúde e alimentação;Esporte: Política nacional utilizando como elemento irradiador as universidades federais e, junto com elas, penetrar em colégios e escolas. Educação física obrigatória nas escolas. Campeonatos coordenados e planejados pelas universidades de cada área: inter escolas, inter colégios e até universitários – estes últimos em nível nacional; com torcidas, bandas e até meninas “animadoras de torcida”. Fazer ao jovem praticar e viver mais o esporte;Serviço cívico-militar: Trazer à juventude para a construção do país. Cursos técnicos profissionalizantes, atividades comunitárias, estudantes de medicina no interior, etc. Um serviço militar bem servido, qual fosse um mutirão cívico, irá fornecer ao jovem disciplina, amor ao Brasil, e a receita com a qual os chineses são hoje a maior potência econômica do planeta. O jovem vai parar de pichar muros e de jogar lixo na rua e, quem sabe, até parar de cheirar e fumar bobagens;Priorizar direitos de todos ao invés de submeter à maioria da população a super direitos de pequenas minorias (flexibilizar a Lei do Silêncio, por exemplo).  Com esta moda de atender apenas às minorias, o país esqueceu-se da sua maioria silenciosa, que hoje explode de reivindicações por todas as partes. Novas Leis têm agido como tesouras cortando assas da gente comum, que não fala, mas que vota e que se revolta algum dia.

     

  27. Acabei de aprender que os

    Acabei de aprender que os movimentos pelos direitos civis nos EUA não eram ações políticas: eram apenas alguns milhões de negros que queriam poder frequentar os mesmos onibus, escolas e restaurantes que os brancos, sem nenhum viés político, como diz o Nassif.

    Aprendi também com esse post e seus comentários que a desobediência civil na Índia não foi uma ação política: eram apenas milhões de indianos que não tinham praças nem shoppings para frequentar e então resolveram fazer um rolezão.

    Aprendi que já existem três explicações claras para o fenômeno dos rolezinhos: ou é baderna, ou é agitação política de esquerda ou é apenas tentativa de diversão de cidadãos apoltizados.

    E temos que nos filiar a uma delas e ficar xingando de ignorantes ou de mal intencionados os que escolheram outras explicações.

    Nunca vi tanta pressa em se explicar as coisas, especialmente as coisas que nos surpreendem.

     

  28. O Nassif esta equivocado

    O Nassif esta equivocado quando diz que na ação dos rolezinhos não há ativismo político. Como não? De onde os garotos tiraram o motivo para o movimento. Alguma coisa incomodou a garotada para impor ostensivamente a presença no shopping. Não é só direito ao consumo o que os move, é direito ao espaço.

    De outro lado quem tenta dar um  ativismo político ostensivo aos rolezinhos não é a esquerda. É a direita que tenta transformar o movimento num levante contra o governo, vide Eliane Catanhede.

  29. Quem nunca deu o seu rolê? Ou

    Quem nunca deu o seu rolê? Ou rolé, para os cariocas.

    Mino Carta lembra hoje de uma canção dos Mamonas Assisinas. Bem legal!

    Lembro de outra, sem comparação, do genial Chico Science.

    Para quem não conhece, começa com a frase:

    “Um passo a frente e você não está mais no mesmo lugar”.

    E o nome da música é “Um passeio no mundo livre”.

    Vale a pena ouvir:

    http://www.youtube.com/watch?v=EWZNRlZTNLo[video:http://www.youtube.com/watch?v=EWZNRlZTNLo]

  30. Mano Brown pergunta aos fãs

    Mano Brown pergunta aos fãs no Instagram o que pensam sobre ‘rolezinho’

     

    23 de Janeiro de 2014 às 16:35 • Da redaçãosend emailreport error fonte: Divulgação/Rodrigo Acedo

    Mano Brown, do grupo Racionais MCs

    O rapper Mano Brown, do grupo Racionais MCs, postou nesta quinta-feira (23) em seu Instragram uma pesquisa informal sobre o que seus seguidores pensam sobre pesquisa do Datafolha que apontou que 82% dos paulistanos são contra os “rolezinhos”. 

     “E vc?”, ele perguntou. Em uma hora, 146 comentários foram postados, a maioria se declarou a favor dos rolês, mas houveram opiniões contrárias e outras que apontavam os dois lados da história.

    O usuário evandro4p escreveu: “Na boa, shopping é para se fazer compras, esses rolezinhos só atrapalham a rapa que trabalha nas lojas… os donos são ricos e tal, mas os vendedores são sofredores e dependem das vendas para sobreviver… então, não tem nada a ver arrastar nos shoppings para fazer ‘encontros'”, questionou.

    Já picachuccb levantou uma contradição: “A burguesia é contra nós nos lugares que eles frequentam, mas quando os filhos deles vem na quebrada e na periferia buscar drogas são bem recebidos”, apontou.

    Por sua vez jeholiveira buscou ver os dois lados: “Desde que seja algo civilizado e não interfira no desenvolvimento do comércio e o direito de ir e vir de outros frequentadores, sou a favor! Agora os que tem sido televisionado onde fazem baderna, destroem patrimônio, esses deveriam ser punidos”.

    E você?

    http://virgula.uol.com.br/musica/black-music/mano-brown-pergunta-aos-fas-no-instagram-o-que-pensam-sobre-rolezinho

  31. Dia desses eu estava ouvindo

    Dia desses eu estava ouvindo uma pesquisadora que estudou o comportamento do jovem de periferia. Não quero me estender muito, mas o que ela concluíu basicamente foi o seguinte: que para esses jovens o consumo de objetos de marca é visto como uma forma de inclusão social, quanto mais caro o produto, melhor, isto os faz sentir que pertencem a uma classe mais abastada, e sitou o exemplo de um garoto que morava em um barraco, trabalhava, mal ganhava o salário mínimo e comprou um boné de mais de 500 paus. Ou seja, podem morar precariamente, comer precariamente, nem estudar, não ter acesso a nenhum serviço de saúde, mas enxergam o produto de última tecnologia como uma forma de inclusão e também querem ter acesso a ele, pouco importando que lhes falte tudo do básico.

    Não tenho elementos para contestar ou negar esse estudo, mas como professor convivo com todo tipo de gente e posso dizer que  muitos alunos meus que trabalham morram em barracos, em locais sem saneamento básico, com o serviço de saúde do postão e no meio do tráfico, todavia, todos tem celular de última geração, e conversando com eles descobri que quase todos de TV de LCD e aparelhagem de som de último tipo. Sim, vivem mal, mas a ostentação de coisas de luxo os faz sentir que pertencem a uma classe superior. Me parece que esse rolezinho é um pouco disso: uma espécie de droga que traz a sensação de pertencer a um outro mundo.

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