A pauta do álcool

Coluna Econômica – 07/03/2007

A montagem de um programa brasileiro que permita ao país consolidar-se na liderança da bioenergia, passa por um conjunto de pontos abrangentes. Nesse sentido, o Summit do Etanol, que ocorrerá em julho em São Paulo, poderá ser o fórum adequado para aprofundar esses temas:

1. Questão tecnológica.

O Brasil sai na dianteira graças às conquistas tecnológicas da Embrapa e às pesquisas do próprio setor sucro-alcooleiro. No momento, há ampla vantagem do álcool de cana sobre os concorrentes. Mas as grandes potências estão começando a acelerar seus programas de pesquisas, especialmente em torno da aposta no álcool celulósico. No Cenpes (o centro de pesquisas da Petrobrás) há ainda quem aposte no hidrogênio como o grande combustível daqui a quinze ou vinte anos. Por isso mesmo, o sistema de pesquisa e inovação têm que entrar de cabeça nessa discussão, através da coordenação do Ministério de Ciências e Tecnologia, e da canalização de verbas dos fundos tecnológicos para pesquisa aplicada.

2. Geopolítica do álcool.

Um eventual acordo com os Estados Unidos poderá resultar em ganhos expressivos para o país se houver clareza sobre nossos interesses, ou em perda da liderança na bioenergia se não houver foco. Os EUA são fundamentalmente consumidores; o Brasil, basicamente produtor. Ao consumidor interessa preços baratos; ao produtor, preços elevados. Esse paradoxo terá que ser resolvido com concessões dos EUA, para reduzir sua dependência do petróleo, e convencer o Brasil a abrir mão de sua vantagem estratégica atual por uma atuação compartilhada.

Havendo coordenação interna, o Brasil teria condições efetivas de montar grupos de empresas (nas áreas de produção do álcool, de máquinas e equipamentos, de tecnologia agrícola) para avançar em territórios promissores, como o norte da África, norte da Argentina, Bolívia, América Central.

Até que ponto uma aliança com os EUA comprometeria essas possibilidades? Até que ponto pode-se abrir mão da aliança e ter a garantia de que haverá competência interna -governo e setor privado—para um papel de liderança?

***

3. Conflito energia x alimentos.

Há uma competição clara entre alimentos e energia. Quando os preços dos energéticos sobem, essas culturas ocupam espaço dos alimentos; e vice-versa. Se os preços internacionais do álcool dispararem, poderão afetar os preços dos alimentos internos. Esse é um desafio grande, que terá que ser solucionado o mais rapidamente possível, seja com zoneamento agrícola ou com taxas que permitam equalizar os preços sem explodir o preço dos alimentos, e sem comprometer a rentabilidade do álcool.

4. Política industrial.

Um dos grandes desafios brasileiros será converter sua liderança atual em ganhos efetivos para os setores e para o país. As vantagens competitivas, além de terra e tradição, estão nas pesquisas da Embrapa e na tecnologia da indústria de base, que desenvolveu usinas de esmagamento multi-grãos. Numa primeira etapa, haverá enorme demanda interna pelos equipamentos. Mas haverá também enorme demanda internacional. De alguma forma, terá que se analisar a capacidade do aumento da produção dessas empresas, através de abertura de capital ou de mecanismos de indução.

Para incluir na lista Coluna Econômica*

Luis Nassif

27 Comentários

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  1. Nassif
    Vc viu o JN hoje a
    Nassif
    Vc viu o JN hoje a noite? Tem canaveiro derrubando mata nativa e mata ciliar na calada da noite e enterrando as árvores. Um crime ambiental em SP, imagina no restante do Brasil. Poderia acrescentar mais um ponto: conflito energia X meio ambiente.
    Abs
    Rafael

  2. Estive hoje com Israel Klabin
    Estive hoje com Israel Klabin no Rio, que estará em breve montando um seminário específico sobre isso. Em breve esse material estará no site do Projeto Brasil.

  3. AMIGO NASSIF…

    É progresso
    AMIGO NASSIF…

    É progresso para ninguém botar defeito ou duvidar da capacidade brasileiríssima de sambar, assobiar, chupar cana e ainda alimentar a sede de energia dos automóveis americanos e europeus. E de brinde: o Brasil contribui para o não aquecimento global.

    Restam algumas barreiras para o pulo do gato: bóias frias, mananciais e terras contaminadas com agrotóxicos, baixos salários pagos ao trabalhador rural, falta de moradia, escolas e transporte no campo, desmatamento e queima das florestas para o plantio da cana, e o mais importante – como distribuir o lucro do Projeto Etanol? Quem pega no facão e corta toneladas de cana, recebe uma esmola como pagamento… E ainda contribui para os altos índices de morte por esforço repetitivo…

    Dispomos de vasta tecnologia e solo para o plantio da cana-de-açúcar, colheita, e subprodutos recheados de velhos problemas do campo – principalmente a monocultura.

    Somos chiques e repetitivos nos modelos ultrapassados e maldosos de desenvolvimento. Superamos o Haiti! Já não negociamos bananas… Somos a Nova República do Açúcar e da Cachaça!

    Abraços.

    Lailton Araújo

    OBS. o Projeto 100 ANOS DE FREVO – SESC ITAQUERA, foi ótimo… Público: 7.000 mil pessoas.

  4. Nassif, sou completamente
    Nassif, sou completamente leigo no assunto, mas não creio que o álcool (etanol) seja uma grande solução para o problema decorrente do binômio carência de energia x necessidade de ambiente saudável. As grandes extensões de terra necessárias para o cultivo litigam contra a idéia da mesma forma que as grandes áreas alagadas são um óbice para as hidrelétricas. Pode ser um paliativo para o futuro próximo, mas a longo prazo, creio que as efetivas soluções para uma energia limpa, abundante e barata (no futuro, com os avanços tecnológicos) estarão mesmo no desenvolvimento de técnicas de aproveitamento da energia solar, eólica, nuclear, hidrogênio e nitrogênio. Creio que, afora interesses econômicos contrários, a energia, de um modo geral, caminha para ser completamente descentralizada, com cada carro, cada casa, gerando sua própria energia através de uma dessas fontes que citei. Abraços.

  5. Jornalista Nassif, hoje ouvi
    Jornalista Nassif, hoje ouvi uma entrevista estarrecedora na rádio CBN com uma dirigente de uma oenege em SP, que trata das questões trabalhistas dos trabalhadores dos canaviais.
    O trabalho de cortador de cana é alucinante. Há sobrecarga de horas de serviço, como 40 horas seguidas e já há gente morrendo de pura exaustão.
    No entanto, em toda essa questão, o principal , ou seja, as condições de trabalho do cortador de cana é deixado de lado.
    Alguém já viu como eles trabalham ? Todo enfaixado ( por causa da folha que possuem bordas cortantes), sob um sol escaldante, enfim sob condições medievais.
    É esse o futuro de milhões de brasileiros ?

  6. O difícil Nassif é a união
    O difícil Nassif é a união Estado X Privado em prol da liderança e sustentabilidade no setor… Sabemos que ha interesses maiores – políticos – em embates comerciais, onde a parte supera as perspectivas do todo. Seria bom para o Pais , Mercosul e aliados uma nova cultura – bioenergia – e cultivo em relação a substituição dos derivados de petróleo, gerando uma cadeia progressista nos diversos setores diretos e indiretos envolvidos na produção – agregado e tecnológico.
    Os compradores estão às portas, e o planeta clama por mudanças – efeito estufa X camada de ozônio, talvez possamos ajudar nas necessidades atuais, vai depender da estratégia e dos meios para consegui-lo.

  7. Nassif,

    Por que se discute
    Nassif,

    Por que se discute tão pouco a substituição das usinas termoeletricas por usinas nucleares?
    Apesar do senso comum em contrario, elas são seguras(qual outro acidente de grandes proporções, fora Chernobyl 20 anos atrás?), produzem uma energia limpa e isso diminuiria enormemente o consumo de comustivel fossil.
    Além disso é uma tecnologia que já opera comercialmente e mais barato do que as alternativas eólica e solar.
    Com certeza deve haver grandes interesses economicos e estratégicos que são contrariados e como sempre as ONG’s e ambientalistas , ingenuos ou mal intencionados, acabam servindo a esses intresses.

  8. Nassif, há o Fator Ambiental
    Nassif, há o Fator Ambiental que é cada vez mais estratégico em qualquer planejamento.

    O documento “Brasil em Três Tempos” do NAE / Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, contém observações sobre aspectos que não devem ser negligenciados, inclusive em relação à saúde do trabalhador e da população, decorrentes do processo de queima por exemplo.

    Um trecho do relatório de 2004 diz o seguinte: “Para que o álcool combustível venha a ser uma alternativa sócio-ambientalmente sustentável, alguns problemas importantes necessitam ser superados, em boa parte gerados pelo primitivo processo de plantio e colheita e pelas precárias condições de organização social do trabalho. É assim que, por exemplo, a queima da palha do canavial visa facilitar e baratear o corte manual, fazendo com que a produtividade do trabalho do cortador aumente de 2 para 5 toneladas por dia. Os custos do carregamento e transporte também são reduzidos e aumenta a eficiência das moendas, que não precisam interromper o seu funcionamento para limpeza da palha. Tal prática é empregada em aproximadamente 3,5 milhões de hectares e tem conseqüências reconhecidamente nocivas para o meio-ambiente. Estudos afirmam que a queima libera gás carbônico, ozônio, gases de nitrogênio e de
    enxofre (responsáveis pelas chuvas ácidas), além da indesejada fuligem da palha queimada (que contém substâncias cancerígenas) e de perdas significativas de nutrientes para as plantas, Além disso, facilitam o aparecimento de ervas daninhas e a erosão, devido à redução da proteção do solo. As internações por problemas respiratórios, intoxicações e asfixias aumentam consideravelmente durante a “safra” da fuligem. Há também graves problemas associados aos efluentes do processo industrial da cana-de-açúcar, que deveriam ser tratados e reaproveitados na forma de fertilizantes. Sem isso, os efluentes lançados nos rios comprometem gravemente as condições de vida do ecossistema.´”

    Mais detalhes no http://www.nae.gov.br/index_arquivos/dimensaoambiental/dimensaoambiental.pdf

    Outro estudo interessante é “Em Direção à Sustentabilidade da Produção de etanol de Cana de Açúcar no Brasil” no endereço http://www.vitaecivilis.org.br/anexos/etanol_sustentabilidade.pdf

  9. Gostaria de priorizar o papel
    Gostaria de priorizar o papel do CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, na pesquisa, desenvolvimento e transferência das tecnologias que colocaram o Brasil na vanguarda da produção de álcool.

  10. Para qualquer intento, é
    Para qualquer intento, é necessário ter um grau mínimo (não absoluto) de seriedade.
    Ainda que aparentemente fora do assunto, segue abaixo um exemplo desse grau mínimo de seriedade e senso de limites, quando se trata do bem comum, partindo tanto da imprensa, que divulga a informação, quanto do Congresso (de lá), que faz o mínimo o que dele se espera para proteger seus constituintes..:

    ” WASHINGTON – A Senate panel today is examining complex billing and interest-rate practices for credit cards that critics say confuse consumers and can push them deeper into debt.
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    Sen. Carl Levin (news, bio, voting record), D-Mich., chairman of the Senate
    Homeland Security and Government Affairs subcommittee, said an investigation by his panel found “abusive” and confusing practices by credit card companies that can increase financial pain for many families.

    “The penalties are repeated and they keep you in debt,” Levin told reporters in advance of a hearing Wednesday at which major credit card issuers were expected to testify.

    While the credit card practices in question are legal, Levin is threatening possible legislation to outlaw them as a spur to the banking industry for voluntary changes.

    Scrutiny from Congress in recent months of the credit card industry already has caused several major banks to begin to eliminate or temper some of those practices, said Levin, who was joined at a briefing by Sen. Norm Coleman (news, bio, voting record) of Minnesota, the panel’s senior Republican.

    Stricter rules for banks laid down by regulators such as the
    Federal Reserve also may be needed, the two senators said.

    Senate Banking Committee Chairman Christopher Dodd (news, bio, voting record) and other Democratic senators challenged credit card executives at a hearing in January over rising late fees and other penalties and marketing practices they portrayed as predatory. Dodd, D-Conn., said he was putting the industry on notice that if it doesn’t improve practices on its own, legislation may be warranted.

    Since Democrats assumed control of Congress in January, they have put a number of consumer issues on the legislative agenda. With Americans weighed down by some $850 billion in consumer debt, the practices of the robustly profitable credit card industry is a compelling subject for scrutiny.

    Levin and Coleman denounced practices they said brought in tens of millions of dollars to banks issuing credit cards, such as charging interest on balances that are paid on time but not in full, and so-called double-cycle billing, which eliminates the interest-free period of a consumer who moves from paying his full balance every month to carrying a balance.

    “This investigation has already had some impact,” Coleman said.

    Citigroup, the nation’s largest financial company, announced last week that it was eliminating the practice of so-called universal default — raising interest rates for card customers because of their failure to pay other creditors on time. In addition, Citigroup said it would no longer make “any time for any reason” increases to the interest rates and fees charged to customers before a card expires and a new one is issued.

    Credit card issuers will raise customers’ rates and fees, for example, when they believe it is warranted by conditions in the financial markets.

    Under Citigroup’s new policy, rates and fees will be increased before a card expires only if the customer pays late, exceeds his credit limit or pays with a check that bounces. If the rate is linked to the prime interest rate, it would rise or fall in tandem.

    Carter Franke, chief marketing officer of Chase Bank, said Tuesday the company has decided it no longer will charge over-the-credit-limit fees to customers who have been “in a chronic overlimit position” for 90 days.

    Aides to the Senate subcommittee highlighted the case of Wesley Wannemacher of Lima, Ohio, a Chase card customer who they said got into trouble in his account and ended up paying interest of 30 percent with a $4,400 balance as of Feb. 1.

    Wannemacher had $3,200 in purchases, interest charges of $4,900, 47 overlimit charges totaling $1,500, late fees of $1,100, for total charges of $10,700, according to the subcommittee. He paid $6,300, leaving the $4,400 balance — which Chase agreed to waive after he contacted the subcommittee staff.”

    Enquanto isso, no Brasil…

  11. Acho que o Brasil deveria
    Acho que o Brasil deveria investir mais em tecnologias realmente limpas e renovaveis, alem das “agro-energias”. Primeiro, as “agro-energias” queimam o oxigenio e com isso quer se queira ou nao, se produz um residuo que e um tipo de poluicao. Segundo, na Europa paises como Holanda e Reino Unido usam fazendas de energia proveniente dos ventos, os grandes Cata-ventos. E Portugal e agora a Escocia tem fazendas de energia provenientes das mares. Estes tipos de Energia vao gerar eletricidade, nao terao residuos e sao infinitas. No Brasil alem destas, principalmente devido a nossa costa ser grande, podemos pesquisar ainda a energia solar como alternativa. Ja sei vao dizer que sao energias caras, mas vejam bem nao temos muito tempo para discutir, as calotas polares estao derretendo e as mudancas climaticas todos ja estao vendo e sentindo.
    A titulo de curiosidade, muitas fazendas de energia proveniente dos ventos sao colocadas dentro do mar.
    Estas sao, na minha opiniao, as verdadeiras energias verdes.

  12. Será que dá pra incluir um
    Será que dá pra incluir um outro ponto o 5? 5.Gestão Ambiental?
    Lembremo-nos que o álcool está na berlinda, sim, por causa do petróleo. Tudo bem. Porém a questão ambiental se reveste de relevância visto que para alguns seria uma energia renovável. Particularmente, acho que em parte. Outra coisa é: até quando o álcool será usado como combustível? Sim, acho também que investimentos da magnitude devem comtemplar não mais que dez anos. Por que? Porque a energia elétrica como combustível nos carros deverá ser uma realidade. Além naturalmente do hidrogênio que dá como resultado água ao invés de CO2! Aí o que vai se fazer com as usinas e contingente humano mobilizado? Dez anos é muito? Pois é o Brasil detém há quase 40 anos a tecnologia, utiliza há 30, dentro dos quais até passou um período esquecida…

  13. Caro Nassif:

    A
    Caro Nassif:

    A cana-de-açúcar é um organismo biológico, não uma máquina. Tanto quanto você e seus leitores, ela é susceptível a doenças, precisa se adaptar ao meio-ambiente em que vive e também sofre com eventuais problemas genéticos.

    Esse último item é complicado, porque cada variedade de cana-de-açúcar cultivada é constituída por clones. Imensas áreas são cultivadas com plantas geneticamente idênticas e, se algum microorganismo maléfico conseguir quebrar algum mecanismo de resistência da variedade, as plantas serão dizimadas.

    Com a ampliação dos plantios, a legislação deveria ser bastante rigorosa em obrigar os usineiros a fazerem rotação de culturas – uma medida que visa impedir a multiplicação de pragas e doenças – e a pesquisa deveria produzir o maior número de variedades de cana-de-açúcar possível e manter o mais amplo banco genético dessas plantas.

    Afinal, qual é a variabilidade genética entre as variedades de cana-de-açúcar atualmente cultivadas no país? Quanto menor ela for, maiores são as chances de problemas sanitários graves surgirem e comprometerem a produção.

  14. Quanto ao terceiro item,
    Quanto ao terceiro item, Nassif, da concorrência entre ácool e alimentos, mais uma vez, serão criados mecanismos artificiais de equilíbrio para, mais tarde, se perceber que o próprio mercado ajustaria isso de uma forma mais harmônica. Basta que o álcool se transforme em produto cotado internacionalmente, e nos países em desenvolvimento a produção não esteja restrita apenas a grandes conglomerados.

  15. O crise do álcool nos anos 80
    O crise do álcool nos anos 80 mostrou que o Brasil pode não ser um fornecedor confiável de álcool.

    Além disso , no Brasil não há respeito à propriedade privada, o MST está aí para não me deixar mentir.

  16. Nassif,grato pela clareza nas
    Nassif,grato pela clareza nas explicações sobre o nosso debate,e eu particularmente concordo contigo,quando coloca o que seria necessário para desenvolvermos todo nosso potencial de produção de álcool,e etanol,alem de outros derivados para fins energéticos ,sem perdermos a nossa vocação agrícola,que pode ser perfeitamente conduzida sem sobressaltos,pois terras ociosas,em condições de serem exploradas, para decuplicarmos a produção destes futuros “comodities agrícolas”como querem nossos visinhos do norte,se isso não implicar em perdermos a independencia,apenas para conseguirmos investimentos.É bom lembrar que até a nossa Petrobrás,quando resolveu “investir” na Bolívia,estava.na verdade sugando seu gáz natural e suas reservas,coisa que nenhum país,com um mínimo de independencia deve permitir.Por isso temo a oferta dos Norte-americanos de elevar o nosso país à condição de parceiro comercial nesta empreitada de transformar o nosso etanol e afins,em comodities internacionais cuja propriedade seria dos 2 países.Isso é um pouco temeroso,quando sabemos que o que eles querem efetivamente é ter garantias de combustíveis baratos e sem contrapartidas. é necessário ter uma política de exploração,comercialização,exportação, que não nos deixe vulneráveis,e sem prejudicarmos os atuais produtores de alimentos,tendo como princípio que sem subsídios ao produtor neste segmento,e com a “promessa”de rios de dinheiro,na mudança de cultura,certamente estes atuais agro-industriais,seriam tentados a migrar para o novo eldorado,o que é perigoso e contraproducente para a Nação.

  17. Concordo plenamente com a
    Concordo plenamente com a análise, porém conhecendo nossos governantes, e a dificuldade de grande parte da agricultura nacional, creio ser preocupante o cultivo da cana de açucar. Os produtores deixarão sim, de investir em outros produtos de consumo interno, e passarão a ,cultivar a cana em virtude de não necessitar do mesmo cuidado que outras culturas, e garante um retorno maior, ou pelo mesmo certo. Também é sabido, que após um periodo de quatro anos, o solo estará desgastado e provavelmente durante um ano, essa terra não servira para plantar nem cana, tão pouco outra coisa qualquer. E ai, como ficaremos?

  18. Quanto a pesquisa: quem está
    Quanto a pesquisa: quem está realmente inovando neste setor não é a Embrapa, mas o Centro de Cana do IAC e no setor privado a CTC.
    A cultura da cana tem sérios problemas ambientais e sociais, desde assustadoras perdas de solo na renovação da plantação (devido ao solo descoberto e ao excesso de preparo deste), o consumo de água para a irrigação é altíssimo (a cana necessita de muita, muita água) e o modo como está ocorrendo a expansão canavieira está levando ao desmatamento em estados como Mato Grosso e na expulsão do pequeno produtor, como em São Paulo. Outro ponto é ampla aplicação de agrotóxicos que estão afetando áreas vizinhas as plantações, por exemplo, levando a problemas na citricultura. Além da concorrência direta entre álcool e açúcar, a expulsão dos pequenos produtores ameaça o abastecimento de outros produtos básicos que são cultivados em pequenas propriedades. Quem vai pagar pelo passivo ambiental a ser gerado pela expansão generalizada da cana?

  19. Os claros contornos da
    Os claros contornos da politica americana sobre o etanol estão dados pela expansão acelerada da produção de etanol de milho, com a construção simultanea de 60 novas destilarias, programa unicamente viável com a manutenção da sobretarifa de 54 cents por galão. O aumento da produção do etanol de milho vai provocar alta mundial dos preços do milho, prejudicando toda a cadeia alimentar. A lógica americana é ter o máximo possivel de produção do etanol em casa, não importa a que custo para o resto do mundo. Esse pano de fundo deve estar sempre presente nas nossas avaliações politicas do tema. Considerar tambem que a politica do etanol de milho, inclusive a sobretarifa, é dada pelo Congresso e não pelo Executivo.
    Pedir a Bush para reduzir a tarifa é apenas um gesto, Bush não tem poder para faze-lo nem que quisesse.
    O outro ponto fundamental para essa avaliação é definir qual o preço do petroleo que afetará a equação economica do etanol combustivel. Fala-se em 40 dólares mas parece mais um palpite que uma análise. Melhores estudos são fundamentais para definir os quantitativos da expansão do etanol de cana no Brasil e nas demais áreas tropicais possiveis.

  20. O Brasil precisa fazer o que
    O Brasil precisa fazer o que os países desenvolvidos fazem:
    O Estado deve coordenar a pesquisa e a política industrial com foco nos seus interesses geopolíticos e industriais.
    É necessária que ocorra uma interrelação nas ações de empresas nacionais, pesquisadores, diplomatas. Tudo no sentido de manter as vantagens e tecnologias nacionais em um processo em que o Brasil conduza a expansão do etanol (cultura e tecnologia) pelos países tropicais.
    Ou conduzimos ou continuaremos sendo conduzidos.

  21. Oi Nassif
    Apesar de não ser a
    Oi Nassif
    Apesar de não ser a estrada dos tijolos amarelos é uma saída ( parcial )para a nossa econômia.
    O efeito sobre o meio ambientel , por outro lado pode ser devastador.
    O pior de tudo é a concentração dos negócios em um pequeno número de mega produtores. Fragiliza a estrutura da cadeia de produção do etanol combustível ( ecos do Próalcool ? ).
    ( )s Paulo

  22. O Brasil não pode se
    O Brasil não pode se perder!

    Há muitos anos o Brasil vem se desenvolvendo com sucesso na area de combustiveis alternativos. Podemos afirma que já existe um amparato quase que completo para o pais se posicionar no mercado internacional como um verdadeiro provedor de soluçoes de problemas no abastecimentos de veiculos em todo mundo. A América começou a perceber que essa realidade poderá afetar cronicamente uma de suas bases economicas, e por isso a vinda de seu lider por aqui significa uma real tentativa de “engolir o leão que ainda nao aprendeu a rungir” (Brasil). Vivemos num periodo da historia que sentimentos de compartilhar bens para o bem da humanidade nada mais é do que um discurso mentiroso e sem escrupulos, portanto, o Brasil deve acordar e se desfazer desse sentimento que o alimenta desde remotas datas. Se existe alguma naçao nesse mundo que pode monopolizar o mercado internacional dos biocombustiveis, esse pais é o Brasil, porém, a America mesmo sem ter o poder necessario, mas usando de sua inteligencia estrategica tem quase a certeza de que assaltará mais uma vez o Brasil com o pleno consentimento de nossos lideres e empresarios. Acredito que este momento deve ser uma oportunidade do governo brasileiro ver que a vinda do lider americano nada mais do que um desespero de alguem que está preste a ficar sem um belo pescoço de onde possa tirar sangue para a propria sobrevivencia.Lembra do projeto ALCA? É hora do Brasil por mais uma vez o pé no freio, a america precisa ser parada urgentmente antes que venhamos perder todo o trabalho que tivemos para conseguimrmos o que conquistamos na area do etanol e do biocusbustivel. Precisamos sentar junto a mesa com a América, mas apenas quando soubermos que essa nossa tecnologia nos permite o luxo de nao nos submetermos aos americanos, ate´quando vamos produzir para outros usufruirem sem ter que pagar um prreço por isso? Pagamos o olho da cara para termos tudo que o mundo produz de melhor, e porque temos que dar tudo de graça para os exploradores de nossas riquezas? No Brasil ainda falta alguem que tem a visão da conquista universal dos mercados. Porque tanta timidez de buscar o seu lugar ao sol? Chegar de tanto bronzeador, o sol pode ser parado de outra forma, se alguem nao sabe como para o sol, procure-me e estarei disposto de queimar minha propria mão.

    Sandoval D´rodri

  23. Energia x Alimentos

    Eu chamo
    Energia x Alimentos

    Eu chamo a atenção para o fato de que na produção moderna de alimentos há intenso uso de energia. Na agricultura capitalista localizada na América do Norte, na Europa, em alguns pontos da América do Sul e na Austrália, que emprega alguns milhões de agricultores, a produção por trabalhador é 10 vezes superior a produção do trabalhador das áreas onde a agricultura tem acesso parcial aos modernos meios de produção, e cerca de 100 vezes em relação as áreas onde esse acesso é nenhum.

    O milagre é explicado pelo uso de irrigação a base de combustível, mecanização intensiva a base de combustível em todas as fases de produção, adubos e insumos obtidos diretamente do petróleo ou com o emprego dele. Sem mencionar que os alimentos são preservados a base de combustível, e chegam as nossas mesas a custa de combustível. Calcula-se que um frango nos EUA viaja em média dois mil kilometros antes de chegar a mesa do consumidor. Viajem feita em veículos refrigerados e hospedagem em câmaras idem.

    Portanto, uma subida geral dos combustíveis trás em si mesma uma subida dos preços dos alimentos. Se além desse efeito “natural” do preço dos combustíveis nos alimentos for somado o efeito da redução de área de plantio para alimentação, isto está ocorrendo na Europa e nos EUA, teremos um efeito explosivo nos preços da alimentação, com as conseqüências conhecidas.

    É preciso compreender que por trás da substituição dos combustíveis fosseis reside uma crise no modelo de civilização. Temos de enfrentá-la com realismo e radicalidade.

  24. Esta sequência de comentários
    Esta sequência de comentários partindo da inicial do Sr.Nassif está bem interessante pois revela que o assunto é conhecido por muitos e isto é bom. Da minha parte quero comentar apenas dois aspéctos. Primeiramente é fundamental que se recupere a Embrapa que foi destruída de modo particular no governo FHC mas já vinha sendo desmanchada (confiram isto com funcionários comprometidos com os objetivos da empresa) e ainda assim podemos notar os benefícios de suas pesquisas, álcool, pragas agrícolas, sementes, etc. (Imaginem duas Embrapas?, três Embrapas? que retorno fabuloso nos trariam!). Outro aspécto é que embora se conheça o assunto o mesmo não é conduzido, pior não é decidido, por pessoas comprometidas com o bem comum, ou são imediatistas, é só lembrar da turma do contra do pró álcool, ou são venais onde quem pagar mais, “por fora é claro”, leva.

  25. Outra conexão fundamental com
    Outra conexão fundamental com o tema é saber o que faremos com as divisas resultantes da grande produção de excedentes de etanol para exportação. Estaremos usando intensamente o capital físico e humano do País para produzir esse excedente, cada tonerlada de cana tem suor, nutrientes do solo, esforços de toda uma grande cadeia produtiva, do inteiro do País até São Sebastião, que será o grande porto do etanol. Exportamos e fazemos o que com os dólares? Vamos disponibiliza-los para a turma do Itanhangá e do Gávea Golf Club remeter para suas off-shores ? Se for para isso é melhor não exportar etanol. Pelo meos não gastamos a terra.

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