A velha e a jovem Microsoft

O colunista do “Estadão” Ricardo Anderaos prevê que, com o lançamento do Zune, a Microsoft aplicará sobre o iTunes a mesma estratégia vencedora que adotou contra a Apple nos anos 80, contra o Netscape nos anos 90 (clique aqui).

É uma boa discussão. De minha parte acredito que os tempos sejam totalmente diferentes, assim como a velha Microsoft de hoje é totalmente diferente da Microsoft de Bill Gates.

Até os anos 90 havia um modelo gerencial campeão, um estrategista fantástico, Bill Gates, o poder de monopólio do Windows, um sistema de participação em resultados e uma estratégia de copiar as melhores práticas, e depois pagar as indenizações no Tribunal, que só funciona para empresas em expansão. A curva de crescimento sustenta os empregados que trabalham com participação e torna economicamente viável a estratégia de copiar, crescer, e depois pagar a indenização.

O que se tem agora? Primeiro, a empresa tornou-se gigante, tendo que trabalhar programas cada vez mais complexos. Depois, perdeu seus quadros mais criativos no final da bolha da Nasdaq. As sucessivas demandas judiciais fizeram-na abrir a caixa preta do Windows, e o avanço da Internet criou uma portabilidade extraordinária dos programas. Com isso, as comunidades de software aberto ganharam uma condição de competitividade que não tinham antes.

As sentenças judiciais, além disso, restringiram sua capacidade de copiar antes e fazer acordo depois.

Hoje a Microsoft tem uma curva de crescimento de empresa madura, o que torna mais difícil a aposta dos talentos nela. Além disso, o mundo caminha para ser online. Por mais que a Microsoft consiga avançar em algumas áreas, sua alma, a sua essência, a fonte principal de seus lucros é offline. E essa briga interna entre o novo e o velho é imobilizante.

Anderaos menciona que a única derrota da Microsoft foi para o Google. E o Firefox? Não só está comendo mercado do IE, como a versão 7 do Explorer não conseguiu se aproximar dele -apesar de copiar inúmeras funcionalidades.

No campo dos tocadores de MP3, não dá para comparar a disputa da Microsoft com a Netscape (uma idéia sem nenhuma gestão) com a disputa com uma empresa consolidada como a Apple, tendo à frente um gênio do entretenimento como Steve Job.

Em suma, a Microsoft vai continuar grande, mas será cada vez mais lenta.

Luis Nassif

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