Agnelli passou a bola?

Em um post atrás Nassif cita uma reportagem da Folha em que notaria-se pelo título do post um recuo de Roger Agnelli na sua campanha de se manter na presidência da Vale – Roger Agnelli baixa a bola.

Lendo a Folha deste sábado creio que o melhor seria dizer Roger Agnelli passou a bola – para a Folha.

E neste domingo o passa bola continua com Elio Gaspari

VALE X BUFFETT
O comissariado resolveu derrubar Roger Agnelli da presidência da Vale. Se ele cometeu algum erro, foi o de se aproximar demais do Planalto.
Quem comprou R$ 1.000 em ações da Vale em 2001, quando Agnelli assumiu a presidência da empresa, tem hoje R$ 16.830. Se tivesse entregue a mesma quantia ao mago Warren Buffett, teria uns R$ 2.000. O trabalhador que aplicou os mesmos R$ 1.000 de seu FGTS na Vale em março de 2002 tem agora R$ 13.230.

Sábado

Editorial pagina A2

Vale tudo

Não será por certo o único aspecto do governo Dilma Rousseff a revelar-se em perfeita continuidade com o de seu padrinho e antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, mas já basta: a compulsão de interferir politicamente na gestão das maiores empresas do país.
O caso mais gritante, no presente, é o da Vale. O Planalto fez de tudo para derrubar Roger Agnelli, presidente da empresa, escolhido por acordo de acionistas.
Tal padrão intervencionista de comportamento não é novo. Dilma era ainda ministra, mas já também aspirante a candidata, em outubro de 2009, quando vocalizou mais uma birra de Lula com a direção da empresa, qualificando como “questão de honra” a retomada de investimentos da Vale no polo siderúrgico de Marabá (PA).
Houve outras escaramuças com Agnelli, todas com o mesmo propósito: impor rumos e decisões, como se a Vale ainda fosse estatal.
Não é. O processo de privatização da empresa teve a terceira e última fase concluída em 2002. Quase dois terços de seu capital total se encontram hoje pulverizados entre investidores brasileiros e estrangeiros. O acionista principal é a Valepar, com 33%, repartidos entre o fundo de pensão Previ (58,1%), Bradespar (17,4%), Mitsui (15%) e BNDESPar (9,5%).
O governo federal detém 5,5% do capital total. Seria um acionista como qualquer outro, não fosse pela “golden share” que lhe garante poder de veto em certas questões -nenhuma, contudo, prevê fazer e desfazer presidentes.
A direção da empresa responde apenas a seus investidores, e eles têm motivos de sobra para satisfação. A Vale teve lucro líquido recorde de R$ 30,1 bilhões em 2010.
O governo federal costuma recorrer à Previ para interferir nos rumos da empresa, o que já soa excessivo (a lealdade primeira dos administradores do fundo é devida a seus cotistas). Desta feita, porém, escalou o próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, para pedir a cabeça do dirigente desafeto.
Trocando em miúdos, a administração Dilma reincide em um dos piores vícios da era Lula, subordinar os interesses do público e de investidores a maquinações palacianas. E o faz com consistência, como se pode notar pela repetição do mau hábito no loteamento político das diretorias da Caixa Econômica Federal entre apaniguados do PT e do PMDB.

 

É pouco? Então tome lá Painel do Leitor página A3

Vale
Na qualidade de microacionista da Vale, rogo ao Bradesco que evite a troca de comando na companhia. Para sustentar essa posição, basta ver o que acontece com a Petrobras, cujas ações perderam muito valor ultimamente por causa de decisões tomadas pelo governo e por diretores nomeados também pelo governo. Fique firme, sr. Lázaro Brandão. Os microacionistas agradecem.
LUIS EDUARDO BARRICHELLO (Mogi-Mirim, SP)

 

E para arrematar, na página A10 a tal reportagem da qual o Nassif  falava, Com Agnelli dando a sua versão

mercado em cima da hora 

Bombardeado, presidente da Vale nega jogo político para manter posto 

Executivos do setor financeiro dão como certa a saída de Agnelli 

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO 

Bombardeado nos últimos dias, o presidente da Vale, Roger Agnelli, veio a público ontem para dizer que não faz jogo político para se manter no comando da empresa, a maior produtora de minério de ferro do mundo.
Executivos do setor financeiro dão como certa a saída de Agnelli da presidência da Vale, após forte pressão do governo, que alega ter maioria acionária na empresa e reivindica um profissional mais antenado com os interesses governistas.
“A decisão sobre a escolha do diretor-presidente da Vale compete exclusivamente aos acionistas controladores da empresa. O que tenho feito nos últimos dias é o mesmo que fiz ao longo de toda a minha carreira: trabalhar. Não tenho envolvimento com qualquer questão política relativa a este assunto”, afirmou Agnelli, em nota.
A substituição foi tema de várias reuniões ao longo da semana entre o governo e os principais acionistas, entre eles o Bradesco. A provável substituição só deve ser anunciada após os acionistas chegarem a um consenso sobre o nome do substituto.
Agnelli conseguiu escapar de diversas investidas do governo com base no prestígio que tem no mercado de capitais. A última resistência era do Bradesco, que indicou Agnelli em 2001 à presidência da Vale, mas que teria concordado em ceder o posto.

GOLDEN SHARE
Desde a privatização, o governo federal relegou aos sócios do setor privado o comando da Vale. Após a privatização, em 1997, o governo ficou com uma “golden share” que dá poder de veto em assuntos como mudança de nome, sede, falência, venda e assuntos relacionados a jazidas, entre outros assuntos.
No mês, a ação PNA da Vale caiu 5,48%, enquanto o Ibovespa subiu 0,57%.

Redação

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