Alta do dólar é política, diz especialista em câmbio

 
Jornal GGN – Para Sidney Mehme, diretor da corretora NGO e especialista em câmbio, a alta do dólar é motivada por razões políticas, e não há o que o Banco Central possa fazer para segurar a valorização da moeda americana, porque os agentes financeiros já estão protegidos contra a oscilação do dólar, limitando sua demanda.
 
Mehme acredita que há uma supervalorização do fator político, resultando numa situação classificada como ‘subida no vazio’.  “Cria-se um clima psicológico e ela vai subindo, porque todo mundo passa a apostar no pior cenário”, afirma.
 
Da Folha
 
Alta do dólar é política, e não há nada que o BC possa fazer
 
Especialista em câmbio afirma que o mercado já está protegido, o que torna inúteis operações do Banco Central
 
TATIANA FREITAS
 
O dólar não cede às intervenções do Banco Central porque os agentes financeiros já estão protegidos contra a oscilação da moeda, o que limita a demanda por ela.

 
A avaliação é de Sidney Nehme, especialista em câmbio e diretor da corretora NGO. Para ele, não há mais nada que o BC possa fazer para segurar a desvalorização do real. Nehme avalia o atual movimento do mercado como “puramente emocional”.
 
Folha – O BC só vendeu 20% do que ele ofertou em leilões de swap nesta quarta. Por quê?
Sidney Nehme – Porque, na realidade, não tem demanda. O BC quis provar isso. O pessoal está reclamando que o BC não tem atitude, mas o momento não sugere atitude. O BC já fez tudo o que tinha de ser feito. O dólar sobe por razões políticas. Há vários fatores políticos que estão tendo um peso acima do normal.
 
O mercado está exagerando?
Existe uma supervalorização do fato político, em cima de uma economia que está fragilizada. Essa situação resulta no que chamamos de “subida [do dólar] no vazio”. Ela acaba acontecendo sem razões. Acaba sendo especulada, cria-se um clima psicológico e ela vai subindo, porque todo mundo passa a apostar no pior cenário.
 
É isso o que está acontecendo?
Isso. Nós tivemos na terça-feira dois fatos extremamente relevantes, positivos, que deveriam ter reduzido a taxa. Um é a própria manifestação da Moody’s, que tirou o receio de um rebaixamento de grau de investimento imediato.
 
O outro um dado era até recentemente imprevisto: a tendência de equilíbrio da conta investimentos com o deficit em transações correntes. Nós temíamos muito o efeito no setor externo de um desequilíbrio fiscal.
 
Temíamos que o Brasil precisasse usar suas reservas ou de um financiamento externo. Mas houve uma redução expressiva do deficit em transações correntes, o que é um fato extremamente positivo para um país que está lutando com dificuldades e com baixa atratividade. Esses dois fatores foram ignorados pelo mercado em detrimento de um movimento puramente emocional que está envolvendo o campo político.
 
Não há uma fuga de capitais do Brasil?
Os analistas têm dito que estão saindo dólares do país. Isso não afeta a taxa e o BC só quis provar isso fazendo o swap. O mercado está hedgeado [protegido]. Os R$ 110 bilhões que o governo colocou de swaps cambiais [desde 2013] estão protegendo os preços dos passivos. Não existe razão para efeito manada nem desespero de saída. Todos estão com os preços protegidos e podem sair a qualquer momento. É só desfazer o hedge e sair. O BC deu proteção aos preços antes e hoje está monitorando a liquidez no mercado à vista, em que não há pressão.
 
O fluxo cambial mostra isso?
Na semana passada, o fluxo cambial foi positivo em US$ 899 milhões, sendo US$ 186 milhões na conta comercial e US$ 714 milhões na financeira. Esse resultado reverteu o resultado no mês para positivo em US$ 383 milhões. Se houvesse saída em massa, esse fluxo estaria extremamente negativo. Vivemos um momento onde prevalece a especulação em cima de uma situação fiscal.
 
Alguém pode ser prejudicado por essa especulação?
Isso deixa um perigo. Acertada a questão política, pode ter uma queda muito acentuada.
 
Isso pode prejudicar uma boa parte que foi no embalo do mercado, o sujeito que entra intempestivamente nesse clima, compra a moeda e depois sai no prejuízo.
Redação

19 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Por que o banco central ainda compra dólares?

    Prezado Nassif,

    Aí está uma grande dúvida minha… Por que o Banco Central ainda fica intervindo e tentando controlar a subida do dólar? Qual o custo dessas “intervenções”? Elas são realmente necessárias? Elas têm algum efeito prático? Ou o governo está apenas queimando reservas a toa e financiando especuladores?

  2. A Tatiana Freitas a moça que

    A Tatiana Freitas a moça que falou (isso) não entende porra nenhuma de Brasil e de governo Dilma. Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim”

    Demissão já.

    1. Palavrões e falta de entendimento

      Nassif, Agora pode falar palavrão nos comentários? Senhor AL quem disse não foi a senhora Tatiana (menos machismo  pq Moça?). Foi o entrevistado que emitiu opinião, ela apenas fez perguntas. Antes de criticar leia, pense … Opa exagerei. .. Pedi muito … pensar, deve ser difícil para o Senhor.

      1. Especulação é legitima e é o

        Especulação é legitima e é o centro da economia financeira global,  é da essencia do capitalismo, não é um palavrão, é um tipo de jogo que ocupa os mercados todos os dias, é a mesma coisa dizer que no futebol o que vale é bola no gol.

  3. Mercado de Fx nervoso hoje (carnificina no mercado de moedas)

    Currency Carnage: The Global FX Heatmap Is A Bloodbath

     

    If it was Janet Yellen’s intention when deciding not to hike rates to stop the surge of the USD against emerging market currencies in hopes of halting the relentless global capital outflows and the resulting Quantitative Tightning, to avoid a new global currency crisis… she failed.

    As of this moment, at least four EM currencies had crashed to record lows against the dollar:

    the Brazilian Realthe Turkish Lirathe Mexican Pesothe South African Rand

    Expect many more to follow.

    Here is the carnage for the key pairs:

    And the heatmap for today:

    And over the past 52 weeks:

     

    The biggest embarrassment for the Fed: the global FX carnage is only accelerating and the USD is surging since Yellen “chickened out”

     

     

  4. Se o problema é político

    Se o problema é político então está nas mãos do Cunha. Disse ele na semana passada que ate quinta feira, 24, teria uma posição sobre o pedido de impedimento da Dilma.  Ontem  apresentou os caminhos do rito mas, não se posicionou quanto ao mérito, quando o fará? Hoje, quinta, é dia da bruxa acionar as turbinas da vassoura, portanto os caras vão manter a alta. Ou as razões técnicas botam um fim nessa especulaçao até segunda feira  ou só quando o Cunha se definir, até mesmo optando pela indefinição.

  5. Como o Brasil tem reserva
    Como o Brasil tem reserva confortável, Qual o problema de vender na alta? Isso é politico, já que o mercado quer forçar a adoção de medidas ortodoxa.

  6. Swap cambial dá

    Swap cambial dá prejuizo.

    Tentar controlar o dólar neste momento via swap é enxugar gelo. Como não se tem controle da moeda que flutua ao sabor da especulação, controla de outra forma. Mecanismos tem.

  7. LUIS NASSIF VIRA CONSULTOR DAS ORGANIZAÇÕES GLOBO:

     

    Dólar igual, bolso diferente após 13 anos

    Moeda volta ao patamar de R$ 4, como em 2002. Mas, considerando efeito da inflação, valor hoje é menor

    por Ana Paula Ribeiro24/09/2015 10:31/ Atualizado 24/09/2015 10:32  – Chris Ratcliffe / Bloomberg News

     

    SÃO PAULO – Treze anos separam o dólar a R$ 4. Em outubro de 2002, quando a moeda americana fechou a R$ 3,999 — cotação que, até esta semana, era a maior já registrada — o país também vivia uma crise econômica e política. Desde então, o Brasil obteve e perdeu o status de porto seguro para investimentos. A inflação, que chegou a dois dígitos em 2002, caiu a pouco mais de 3% anuais em 2006 e, agora, deve fechar o ano perto de 10%.

    Veja o que um dólar podia comprar há 13 anos e hoje em http://infograficos.oglobo.globo.com/economia/passado-e-presente.html

    Também a economia global teve altos e baixos. Quando a crise financeira eclodiu nos Estados Unidos, em 2008, o dólar no Brasil chegou a então estratosféricos R$ 2,50 — patamar que, na época, levou muitas empresas à bancarrota. No rescaldo do colapso financeiro, os EUA entraram em crise e quase precisaram adiar o pagamento de sua dívida, derrubando o dólar no mundo inteiro. Em 2011, a moeda americana atingiu seu menor patamar frente ao real nesses 13 anos: mero R$ 1,53. Hoje, é a recuperação da economia americana que leva o dólar a subir com força não só no Brasil, mas em quase todo o mundo.

    Mas, embora nominalmente a taxa de câmbio, hoje, seja praticamente a mesma de 2002, ou seja perto de R$ 4, nesses últimos treze anos a inflação no Brasil foi de 127%. E, nos EUA, de 72,55%. Por isso, segundo cálculo de Clemens Nunes, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), uma cotação do dólar de R$ 4 em 2002, em termos reais (ou seja, corrigido pela inflação) seria atualmente de R$ 6,90. Isso quer dizer que o poder de compra, em reais ou em dólares, caiu com uma intensidade maior no Brasil.

    A dança dos preços — em dólar e em real — aparece em vários itens, básicos ou não, da cesta de compras dos brasileiros. Enquanto um celular top de linha ficou mais barato, graças ao avanço da tecnologia, um quilo de abacaxi subiu 63% nesse período.

    (http://oglobo.globo.com/economia/dolar-igual-bolso-diferente-apos-13-anos-17587057#ixzz3mgBMr35D)
     

  8. Hoje, as reservas internacionais somam US$ 370 bilhões.

    Tombini não descarta venda de dólares das reservas internacionais
    24/09/2015 12p4—Brasília—Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil

    O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, não descartou a possibilidade de venda de dólares das reservas internacionais, no mercado à vista. O dólar está em forte alta, nos últimos dias. Hoje (24), a moeda chegou a ser cotada a R$ 4,2479, às 10p9, e às 12h09, estava em R$ 4,2026. Ontem (23), o dólar comercial fechou cotado para venda em R$ 4,146.
    Hoje, as reservas internacionais somam US$ 370 bilhões.

    “Todos os instrumentos estão no raio de ação do Banco Central caso seja necessário”, disse Tombini, que participou, pela primeira vez, do início da coletiva de imprensa sobre o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje (24) pelo BC.

    Nessa quarta-feira, o BC fez leilões de venda de dólares das reservas internacionais com compromisso de recompra futura e de novos contratos de swap (operação equivalente à venda de dólares no mercado futuro), o que não era feito desde abril. O BC vinha fazendo apenas operação de rolagem (renovação) de swaps cambiais.
    Tombini destacou que a atuação do BC tem o objetivo de fazer com que o mercado de câmbio funcione e para diminuir as volatilidades (fortes oscilações).

    O presidente do BC não descartou mudanças nos depósitos compulsórios, recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC. Ele disse que está monitorando as condições de liquidez (recursos disponíveis) na economia. Ao reduzir compulsórios, o BC libera mais recursos para circulação no mercado. “Temos todos os instrumentos à disposição no nosso raio de ação para tratar em período de maior estresse da economia brasileira”, disse.

    Tombini também afirmou que a estratégia de política monetária é de manutenção da atual taxa básica de juros, a Selic, em 14,25%, “por período suficientemente prolongado”. Segundo Tombini, as elevações de juros no mercado, maiores nos últimos dias, “não devem ser entendidas como expectativa para a trajetória futura para a taxa Selic. Não servirá de guia para a condução da política monetária nos próximos meses”, enfatizou.

    Tombini acrescentou que o BC trabalha em conjunto com o Tesouro Nacional para reduzir as fortes oscilações nos mercados financeiros, em momento de “maior estresse financeiro”.
    Edição: Carolina Pimentel

    URL:

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2015-09/tombini-nao-descarta-venda-de-dolares-no-mercado-vista

  9. Vendas de Swaps cambiais e de dólares no mercado à vista.

    Mais importante do que impedir novas altas exageradas dólar, é impedir que o dólar volte a cair de forma acentuada, por meio de compra de dólares para aumentar novamente as Reservas Cambiais, caso seja necessário.

    A atual taxa de câmbio é mais do que suficiente para aumentar significativamente as exportações de manufaturados, bem como proporcionar uma substituição de parte dos importados pela produção nacional.

    Para o mercado comprar US$ 100 Bilhões das Reservas Cambiais a US$ 3,80 seriam necessário R$ 380 bilhões, o que provocaria uma nova roda de queda em real dos preços dos ativos, já que para comprar dólares os agentes econômicos precisariam vender os ativos que estão reais, ações, títulos públicos, títulos privados e imóveis

    Já ocorreu uma depreciação significativa dos ativos, imóveis, ações. títulos públicos e  títulos privados. Esta depreciação dos ativos reduz a quantidade de dólares que pode ser comprada com a venda de ativo que torna a ação de venda de parte de dólares das Reservas Cambiais mais do suficiente para impedir novas altas na taxa de Câmbio, único fator que pressiona a inflação em reais no momento.

    A estratégia do Banco Central de tentar conter o aumento da taxa de câmbio com apenas a venda de swaps cambiais não deu certo, e a  correção da taxa de câmbio se completou de forma mais rápido do que todos esperavam, tendo como um dos impactos a inflação acima da meta estipulada pelo CMN.

    É preciso complementar a ação de vendas de swaps cambias com a venda de dólares no mercado à vista, o que levaria parte dos agentes econômicos a também a vender dólares no mercado à vista, principalmente os exportadores.

    Os agentes econômicos estão em  posições compradoras no mercado de câmbio, com exportadores retendo ao máximo os dólares das exportações, os importadores comprando o mais rápido possível os dólares para quitar as importações, as instituições financeira e empresas cancelando a contratações de novos empréstimos e quitando antecipadamente os empréstimos já realizados, alterando significativamente a fluxo normal de  dólares no mercado de câmbio,

    Nestes momentos alguns exportadores além de reter os dólares das exportações, passam a comprar dólares  para obter lucros financeiros, o mesmo ocorre nas instituições financeiras. o que torna necessário a ação do BC vendendo dólares para restabelecer a normalidade e sinalizar o patamar da taxa de câmbio.

    Daqui para frente precisamos manter a atual taxa de câmbio e reduzir os juros da Selic.

  10. Hedge

     Tem duas pontas, quem adquiriu não tá nem ai se a moeda sobe, já quem forneceu a proteção quer mais é que ela caia, então meus filhos, até dia 29 quem conseguir “puxar” mais margem para seu lado, vence e irá liderar a corrida de outubro.

      Não comento sobre mercado fisico/turismo, o negócio que importa são os contratos, já os swaps que não encontram comprador, é por que todo mundo tá, como diz o cara, hedgeado, e quem forneceu a proteção, corre para os papeis de tx. de juros. + cambio de vencimentos mais futuros ( melhores que os leiloados pelo BACEN),  desencaixa ações, fundos, opções, para “fazer caixa”.

       Especulador MESMO,  parte  importante do mercado,  que da liquidez a ele, nunca “perde”, as vezes empata, ou no maximo “troca”.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador