As remessas de múltis brasileira

Do Estadão

Remessas de múltis brasileiras disparam

De janeiro a maio, recursos de filiais enviados ao País já somam US$ 16,5 bi, mais de cinco vezes o registrado em igual período de 2010

Fernando Dantas, O Estado de S. Paulo

As multinacionais brasileiras estão enviando recursos maciçamente das filiais para as matrizes, acompanhando o movimento geral de atração de capitais pelo Brasil em razão das altas taxas de juros e das oportunidades de investimento no País.

De janeiro a maio, os empréstimos intercompanhia de filiais de multinacionais brasileiras para matrizes atingiram US$ 16,5 bilhões, mais de cinco vezes o registrado em igual período de 2010, e mais do que em todo o ano passado, quando somaram US$ 15,3 bilhões.

Na verdade, hoje as multinacionais brasileiras estão enviando mais recursos para o Brasil do que investindo no exterior. De janeiro a maio, as participações de capital – isto é, o investimento direto em aquisições de empresas, ou de parte delas – ficaram em US$ 6,2 bilhões.

Em termos de investimento direto brasileiro no exterior, portanto, houve repatriação líquida de capitais de US$ 10,3 bilhões nos primeiros cinco meses do ano.

Assim, apesar do propalado objetivo do governo de promover a internacionalização dos grandes grupos nacionais, inclusive com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as multinacionais brasileiras desinvestiram no exterior de janeiro a maio de 2011 – ao menos, a julgar pelos números do balanço de pagamentos divulgados pelo Banco Central (BC). Em 2010, houve um investimento líquido de empresas brasileiras no exterior de US$ 11,5 bilhões.

Arbitragem

“É claro que é arbitragem de juros”, comentou o diretor de um banco brasileiro, com passagem pela equipe econômica, para explicar o salto nos empréstimos intercompanhia das filiais de empresas brasileiras no exterior para as matrizes. Ele se refere ao fato de que, hoje, a taxa de juros americana está próxima de zero, até um ano, e em menos de 3% para dez anos, enquanto a remuneração no Brasil é acima de 12%. Assim, empresas brasileiras com operações no exterior ganham ao trazer recursos de fora do País para serem aplicados no mercado financeiro nacional.

Uma fonte da atual equipe econômica, no entanto, acha que a arbitragem de juros é um fator de menor importância, e que a causa principal é a crise nos países ricos, onde muito dos investimentos de empresas brasileiras foram feitos na fase de internacionalização iniciada em 2004. “A partir de 2008, esses fluxos se inverteram, porque os fundamentos da economia brasileira se tornaram bem melhores do que os daqueles países”, explica.

No caso do investimento estrangeiro direto no Brasil, as participações em capital de janeiro a maio atingiram US$ 20,5 bilhões, o dobro dos US$ 10,7 bilhões do mesmo período de 2010. Já os empréstimos intecompanhia de multinacionais estrangeiras para suas filiais no Brasil atingiram US$ 6,4 bilhões de janeiro a maio, quase dez vezes mais do que os US$ 671 milhões de igual período de 2010. 

Luis Nassif

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