Da Folha
BC mantém juros estáveis pela 1ª vez no governo Dilma
Decisão encerra o mais agressivo ciclo de corte na taxa desde a adoção das metas de inflação
GUSTAVO PATU, SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA
Com a inflação acima da meta oficial e a recuperação da economia ainda incerta, o Banco Central optou, pela primeira vez no governo Dilma Rousseff, por manter estável sua taxa de juros.
A Selic, que serve de base para o rendimento das aplicações financeiras e o custo dos empréstimos bancários, continuará em 7,25% ao ano, menor percentual desde sua criação, em 1986.
Nas cinco primeiras reuniões sob o governo Dilma, o BC, comandado por Alexandre Tombini, elevou os juros.
A decisão de ontem, esperada pelo mercado e tomada unanimemente pelos diretores do BC, explicita o fim do mais agressivo e surpreendente ciclo de afrouxamento da política monetária desde a adoção do regime de metas de inflação, em 1999.
Foi a primeira vez em que os juros foram cortados mesmo sem sinais palpáveis de desaceleração da alta dos preços, que se manteve acima dos 4,5% anuais oficialmente almejados.
De agosto do ano passado para cá, a taxa real (acima da inflação) caiu de 7% para menos de 2% ao ano, o menor patamar desde o Plano Real, mas ainda acima do padrão no mundo desenvolvido.
Houve uma ligeira alta dos juros reais agora, de 1,7% para 1,8%, devido ao recuo das projeções de mercado para a variação futura do IPCA.
Apesar do estímulo inédito, a reação do consumo e, principalmente, dos investimentos ficou muito aquém das expectativas. No total, a atividade econômica ficou praticamente estagnada da segunda metade de 2011 à primeira deste ano.
Os primeiros números favoráveis do PIB, relativos ao terceiro trimestre, serão divulgados amanhã pelo IBGE.
No entanto, as obras de infraestrutura e as compras de equipamentos destinados à ampliação da capacidade produtiva terão, pelas previsões gerais, a quinta queda trimestral consecutiva.
ALTA, SÓ EM 2014
A fragilidade dos resultados e a persistência da crise internacional levam analistas e investidores a crer numa permanência mais longa dos juros atuais.
Há pouco mais de um mês, a aposta central do mercado era que as taxas subiriam em abril de 2013; hoje, a data é janeiro de 2014.
Nas últimas semanas, bancos e consultorias revisaram para baixo as estimativas para o PIB em 2013, e a maioria não acredita mais nos 4% prometidos pela área econômica do governo.
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