Banco de Inglaterra ataca austeridade na zona euro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Enviado por Webster Franklin
 
Da Esquerda.net
 
 
A zona euro está a afundar-se na “armadilha da dívida” que combina cortes na despesa com fraco crescimento, acusa o governador do Banco de Inglaterra.
 
Na semana em que tomou posse o primeiro governo declaradamente anti-austeridade na zona euro, o governador do Banco de Inglaterra juntou-se aos críticos das políticas prescritas por Berlim e Bruxelas.

Numa conferência em Dublin, Mark Carney desafiou o dogma dos cortes orçamentais seguido pela maior parte dos governos da zona euro. “Desde a crise financeira todas as grandes economias têm estado numa armadilha da dívida em que o baixo crescimento aprofunda o peso da dívida, levando o setor privado a cortar ainda mais nas despesas. A persistência da fraqueza econômica prejudica a capacidade de recuperação das economias”, avisa o governador do Banco de Inglaterra, citado pelo diário Guardian.

Carney foi favorável ao anúncio do Banco Central Europeu da compra de dívida nos próximos meses, mas diz não acreditar que essa medida por si só produza algum efeito para contrariar a perspetiva de uma estagnação econômica prolongada na zona euro. A desvalorização interna, com a baixa dos custos de produção para aumentar a competitividade, também não é solução, adverte o governador do Banco de Inglaterra, uma vez que “não serve para aumentar a procura na zona euro como um todo. Ou seja, dado que a competitividade é relativa, uma solução para uns não é uma solução para todos”. “Por mais difícil que tenha sido, alguns países, incluindo os EUA e o Reino Unido, estão agora a sair dessa armadilha. Outros na zona euro estão a afundar-se cada vez mais”, acrescentou Mark Carney, criticando a “timidez” dos líderes europeus em avançar para uma união fiscal integrada na união monetária.
 
Comparando a taxa de desemprego na zona euro – 11,5%, o dobro da britânica – com o defict fiscal – que na zona euro é metade do do Reino Unido – Carney propõe que a Europa adote uma política fiscal “construtiva” com vista a aumentar a procura e travar a estagnação.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Bancos Reclamam Mas Não Querem Abrir Mão dos Seus Lucros
    1. Se os Estados Europeus estão endividados e as famílias Europeis, também,  qual é a solução?   2. Se o Estado gasta deve aumentar impostos para a população pagar.   3. Só que a população não suportaria pagar mais impostos, por que a carga tributária já é elevada, e por que indivíduos e empresas, também, já estão altamente endividados, no Sistema Financeiro Nacional, de cada país.  4. A financeirizacao das economias, de todos os países do mundo, criou uma armadilha,  descrita na matéria, a seguir reproduzida: Início Fonte – Link:https://jornalggn.com.br/noticia/sistema-financeiro-atual-trava-o-desenvolvimento-economico-por-ladislau-dowbor Sistema financeiro atual trava desenvolvimento econômico, por Ladislau Dowbor “A conta é simples. O crédito no país representa cerca de 60% do PIB.  Sobre este estoque incidem juros, apropriados por intermediários financeiros.  Analisar esta massa de recursos, na sua origem e destino é, portanto, fundamental.  Eu simplesmente juntei as peças, conhecidas, pare evidenciar a engrenagem.  Aqui vai o esqueleto do artigo anexo. Pense que o crediário cobra, por exemplo, 104% para “artigos do lar” comprados a prazo.  Acrescente os 238% do rotativo no cartão, os mais de 160% no cheque especial, e você tem mais da metade da capacidade de compra dos novos consumidores drenada para intermediários financeiros, esterilizando grande parte da dinamização da economia pelo lado da demanda.  O juro bancário para pessoa física, em que pese o crédito consignado, que na faixa de 25 a 30% ainda é escorchante, mas utilizado em menos de um terço dos créditos, é da ordem de 103% segundo a ANEFAC.  A população se endivida muito para comprar pouco no volume final.  A prestação que cabe no bolso pesa no bolso durante muito tempo.  O efeito demanda é travado. Efeito semelhante é encontrado no lado do investimento, da expansão da máquina produtiva, pois se no ciclo de reprodução o grosso do lucro vai para intermediários financeiros, a capacidade do produtor expandir a produção é pequena, acumulando-se os travamentos da demanda fraca e do autofinanciamento limitado.  Quanto ao financiamento bancário, os juros para pessoa jurídica são proibitivos, da ordem de 40 a 50%, e criar uma empresa nestas condições não é viável.  Existem linhas de crédito oficiais, mas compensam em parte apenas a apropriação dos resultados pelos intermediários financeiros. Terceiro item da engrenagem, a taxa Selic.  Com um PIB de 4,8 trilhões, um por cento do PIB representa 48 bi.  Se o superávit primário está fixado em 4% do PIB, por exemplo, são cerca 200 bi dos nossos impostos transferidos essencialmente para os grupos financeiros, a cada ano.  Com isso se esteriliza parte muito significativa da capacidade do governo de financiar mais infraestruturas e políticas sociais.  Além disso, a Selic elevada desestimula o investimento produtivo nas empresas pois é mais fácil – risco zero, liquidez total – ganhar com títulos da dívida pública.  E para os bancos e outros intermediários, é mais simples ganhar com a dívida do que fomentar a economia buscando bons projetos produtivos.  Os fortes lucros gerados na intermediação financeira terminam contaminando o conjunto dos agentes econômicos. Assim entende-se que os lucros dos intermediários financeiros avancem de 10% quando o PIB permanece em torno de 1%, e o desemprego seja tão pequeno: o país trabalha, mas os resultados são drenados pelos crediários, pelos juros bancários para pessoa física, pelos juros para pessoa jurídica e pela alta taxa Selic.  É a dimensão brasileira da financeirização mundial. Fechando a ciranda, temos a evasão fiscal.  Com a crise mundial surgem os dados dos paraísos fiscais, na faixa de 20 trilhões de dólares segundo o Economist, para um PIB mundial de 70 trilhões.  O Brasil participa com um estoque da ordem de 520 bilhões de dólares, cerca de 25% do nosso PIB.  Ou seja, estes recursos que deveriam ser reinvestidos no fomento da economia, não só são desviados para a especulação financeira, como sequer pagam os impostos no nível devido.  Já saíram, por exemplo, os dados do Itaú e do Bradesco no Luxemburgo, e do mispricing que nos custa 80 bi/ano.  Junte-se a isto o fato dos nossos impostos serem centrados nos tributos indiretos, e temos o tamanho do desajuste.  O documento que segue é uma sistematização do mecanismo.  As contas batem.  Os dados são conhecidos, aqui se mostra como se articulam. Veja por favor, com cuidado, são dez paginas, não é um “artigo” de opinião, e sim um relatório sobre como a engrenagem foi montada.  Uma ferramenta que espero seja útil para nos direcionarmos, pois precisamos de muito mais gente que se dê conta de como funciona o nosso principal entrave.  Não há PIB que possa avançar com tantos recursos desviados.   O problema não é só de um “ajuste fiscal”, e sim de um ajuste fiscal-financeiro mais amplo.  Tanto o consumidor, como o empresário-produtor e o Estado na sua qualidade de provedor de infraestruturas e de políticas sociais têm tudo a ganhar com isto.” Final

  2. Austeridade

    Meu pai ensinou que austeridade é somente gastar e investir no que dará retorno e que vai garantir a sobrevivência do negócio, cortando superfluos. Ainda não consegui identificar essas caracteristicas na tal austeridade do euro.

  3. Ou seja,

    Estamos indo pelo caminho errado, de novo. 

    Um alienígena que aporte por estas terras brasileiras e leia os jornais ou assista aos jornais notará que o País está desmoronando, e o governo propõe austeridade maior. Contrasenso?

    Otimista nato, creio que fui irremediavelmente afetado pelas previsões pessimistas disseminadas pelo nosso “jornalismo”.

    Enquanto não recupero minha lucidez, vou fazer planos para quando vier o governo do Syriza tupiniquim.

    Abraços e bom final de semana a todos, vocês e eu…

     

  4. carney falaque a soluçãopara

    carney falaque a soluçãopara uns(poucos)não é a solução para todos.

    é a tradução d a noss velha frase tupiniquim:

    poucos têm muito,

    muitos têm pouco.

  5. Esta política recessiva não

    Esta política recessiva não funciona nem nos países que criaram esta cartilha, que dirá aqui no Brasil Só mesmo um Armínio Fraga para exaltar algo que estão tentando se livrar em todos os países do mundo.

  6. Dever de Casa

    Os governos em uma situação de crise, devem também fazer seu dever de casa, isto é, reduzir os gastos com custeio, definir prioridades e investir em áreas deficitárias ou melhorias que gerem empregos.

    A velha fórmula de para qualquer gasto adicional elevar os impostos só trava ainda mais a economia, pois tudo acaba respingando no preço final aos consumidores que são os que, de fato, geram empregos.

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