Brasil perderá empregos e negócios se Bolsonaro mudar embaixada em Israel

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Carne bovina e frango são os dois principais produtos exportados pelo Brasil para os países árabes (ALEX CAPUANO/CUT)

da Rede Brasil Atual

Brasil perderá empregos e negócios se Bolsonaro mudar embaixada em Israel

No ano passado, balança comercial do Brasil com os 22 países da Liga Árabe alcançou um superávit de US$ 7,1 bilhões

por Redação RBA

São Paulo – A ideia do presidente eleito Jair Bolsonaro(PSL) de transferir a embaixada brasileira em Israel para a cidade de Jerusalém pode causar sérios prejuízos financeiros ao Brasil. E comprometer milhares de empregos. Na relação diplomática os problemas já começaram, com o cancelamento por parte do governo do Egito da recepção a uma comitiva brasileira que chegaria ao país nesta quinta-feira (8).

Composta por diplomatas, empresários e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, a comitiva teve de desfazer as malas. A decisão do Egito pode ser prenúncio do que acontecerá caso Bolsonaro concretize sua intenção de transferir a embaixada para Jerusalém.

Em 2017, o Brasil teve um superávit de US$ 7,1 bilhões na balança comercial com os 22 países que compõem a Liga Árabe. O valor representa mais de 10% dos US$ 67 bilhões de superávit que o Brasil alcançou na balança comercial em 2017. “É uma irresponsabilidade”, diz o presidente da Confederação Democrática Brasileira dos Trabalhadores da Alimentação (Contac-CUT), Siderlei de Oliveira, em reportagem de Rosely Rocha no portal da CUT.

O dirigente lembra dos prejuízos causados ao setor no país quando a Operação Carne Fraca da Polícia Federal levou ao fechamento de frigoríficos por causa da denúncia de salmonela. “Agora, vem essa proposta de Bolsonaro que pode quebrar vários frigoríficos”, afirma. “Há inclusive plantas inteiras que abatem frangos somente para os árabes que tem um corte especial, por causa da religião deles.”

Carne bovina e frango são os dois principais produtos exportados pelo Brasil para os países árabes. Ambos seguem um procedimento específico do islamismo para a criação, alimentação e abate dos animais, chamado de “carnes halal”. Entre as regras está a obrigatoriedade de o corpo do animal, no momento do abate, estar voltado na direção de Meca, cidade sagrada do islamismo, situada na Arábia Saudita. O abate também deve ser realizado por um muçulmano.

No ano passado, os países árabes compraram do Brasil cerca de US$ 983 milhões em carne bovina, sendo que o Egito foi justamente o principal cliente, com US$ 519 milhões. No total, em 2017, o Brasil vendeu US$ 2,4 bilhões para o Egito, valor muito superior aos US$ 466 milhões negociados com Israel.

Enquanto o Egito é o maior comprador de carne bovina, a Arábia Saudita é a maior consumidora da carne de frango: em torno de 90% do produto consumido no país é de origem brasileira. Além das carnes, o minério de ferro, o açúcar, soja e milho estão entre os principais produtos exportados pelo Brasil para o mundo árabe. Juntos, os países árabes são o quinto principal destino das exportações nacionais. 

Uma longa disputa

A contrariedade do Egito – e dos demais países árabes – com a intenção de Bolsonaro deve-se ao fato da cidade de Jerusalém ser reivindicada como capital tanto por Israel quanto pela Palestina. A cidade é considerada sagrada pelas três maiores religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.

Em 1948, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Estado de Israel, ela não reconheceu Jerusalém como capital do novo país. Desde então, a ONU recomenda que todos os países do mundo mantenham uma posição de neutralidade com relação a disputa por Jerusalém e tenham suas embaixadas em Israel na cidade de Tel Aviv, e na Palestina na cidade de Ramallah.

Até 1967, os palestinos controlavam a parte oriental de Jerusalém, controle perdido para Israel durante a famosa Guerra dos Seis Dias. Atualmente, apenas a Guatemala e os Estados Unidos, após a eleição de Donald Trump, têm suas embaixadas em Israel na cidade de Jerusalém.

 
 
 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

5 Comentários

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  1. Pais de trouxas…

    Até o Egito, que sofreu um golpe a semelhança do Brasil, uma primavera árabe e depois as forças armadas retiraram a Irmandade Muçulmana, o PT do Egito, do poder…

    Ainda assim eles pensam como países muçulmanos…

    Aqui vai se vender tudo, o Banco do Brasil ser engolido como a Embraer pelo Bank of America dos EUA…

    O Santander deve cobrar os mesmos juros no cartão de crédito e no cheque especial dos espanhóis, daqueles que eles praticam aqui!

    Só o trouxa do brasileiro acredita nisso!

  2. Como sempre,tudo pode

    Como sempre,tudo pode acontecer. Não acredito que nossa embaixada irá mudar de lugar,a menos,é lógico,que os falcões do norte assim exijam. Também não acredito que os árabes deixarão de consumir nosso frango e nossa carne e,se isso vier a ocorrer,será fruto de um rearranjo global de mudança de fornecedores e que não implicará em perda de mercado para o Brasil.

    Assim,é mais um facctóide que está sendo lançado para que fiquemos discutindo as moscas enquanto a m…,que é o que importa,está fedendo na sala,como o fim do ministério do trabalho,o fim da previdência social (chamada pelos incautos de reforma),a entrega do banco do Brasil (quem diria?) ao BofA,justo o BofA,envolvido em tantos escândalos,com certeza perdoados pelo camisa preta do Paraná e pelos zumbis da moralidade.

    Com essa gente não tem jeito:É revolução ou nada

  3. Falando francamente… Não

    Falando francamente… Não creio que Bolsonaro e seu Chicano Boy estejam preocupados com o Brasil. O Sieg Heil Führer tupiniquim quer apenas alguns pretextos para praticar genocídios. O outro cuidará dos interesses do mercado (e dos seus próprios interesses).

  4. Capitão

    Já pensaram se estivessemos numa guerra e o capitão fosse o chefe do batalhão? Dá uma ordem e logo recua. Dá outra e mudad de opinião. Com um comandante destes não é necessário inimigo.

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