Brasil pode ficar isolado em acordo entre União Europeia e EUA

Jornal GGN – O acordo comercial entre o Mercosul e a UE (União Europeia) é mais urgente do que nunca para o Brasil, que corre o risco de ficar isolado no cenário mundial, caso o bloco europeu feche o tratado de livre comércio que está negociando com os EUA (Estados Unidos), de acordo com analistas de mercado.

Para eles, o Brasil será a única grande economia do mundo sem um acordo de livre comércio com alguma outra grande economia. Esse tópico importante deveria servir como um alerta para o país que, se não se mexer para fechar um acordo semelhante, ficará isolado no cenário comercial mundial.
 
As negociações entre Mercosul e a UE vêm desde 1995, e as duas partes se comprometeram a dar um passo decisivo em dezembro passado, com um novo intercâmbio de propostas. No entanto, a iniciativa poderá ser prejudicada pelas negociações entre as autoridades europeias e americanas.

Parceiros conectados

Em entrevista à BBC, especialistas afirmaram que a UE precisa concluir rapidamente acordos comerciais com sócios suficientemente grandes e bem conectados com o resto do mundo para incentivar seu crescimento e sustentar suas políticas macroeconômica e fiscal. A energia da região é absorvida pelas negociações com Japão, Taiwan e Estados Unidos, que têm mais probabilidades de dar certo, e se reduz o entusiasmo com respeito ao Mercosul”.

 
Um acordo entre a UE e os EUA – cujas economias respondem por 49% do PIB (Produto Interno Bruto) global e 31% dos intercâmbios comerciais – criaria a maior área de livre comércio do mundo e teria um impacto inevitável sobre todos os demais países. Mais que eliminar as tarifas sobre exportações, as duas maiores potências econômicas internacionais buscam a harmonização ou o reconhecimento mútuo de normas e padrões técnicos e sanitários para todos os produtos que comercializam.
 
Essa medida por si – que permitirá uma redução de custos e um aumento do fluxo comercial – responderia por 81% do benefício gerado pelo tratado, estimado em 275 bilhões de euros anuais. Os outros 19% viriam da eliminação das tarifas. Tanto a UE como os EUA argumentam que a iniciativa também fortaleceria o comércio internacional como um todo, já que ambos são parceiros comerciais de praticamente todos os países do mundo.
Concorrência

Com a harmonização, os países terceiros teriam de adaptar seus produtos a um único conjunto de normas e padrões ao exportar tanto para o bloco europeu como para os americanos, o que reduziria burocracia e custos. Para o Brasil, esse benefício seria mínimo, comparado ao prejuízo causado pelo aumento da concorrência em dois de seus maiores mercados. Isso porque o maior responsável pelo encarecimento das exportações nacionais para a UE e os EUA são as tarifas comerciais, em geral mais elevadas que as impostas mutuamente pelos dois gigantes, e não a adaptação a normas e padrões de cada mercado.

Um estudo da Fundação Bertelsmann também publicado pela BBC, calcula que as exportações brasileiras diminuiriam 29,72% para os Estados Unidos e 9,4% para a UE, resultando em uma queda de 2,1% no PIB per capta real brasileiro em um período entre 15 e 20 anos.
 
Caso o tratado comercial entre a UE e os Estados Unidos se limite à eliminação de barreiras tarifárias entre os dois países, sem a harmonização de normas e padrões, a redução das exportações brasileiras seria de apenas 2,24% para os EUA e de 3,71% para a UE. No entanto, nesse cenário, o aumento do fluxo comercial entre os norte-americanos e os europeus poderia levar a uma queda de preços dos produtos nacionais no mercado brasileiro, o que resultaria em um aumento de 0,5% no PIB per capta real para o país.
Redação

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