Brasil precisa mudar foco do desenvolvimento econômico para voltar a crescer

“O Brasil atingiu um ponto crítico em seu desenvolvimento econômico. Agora que milhões de pessoas foram retiradas da pobreza extrema, o desafio de hoje é garantir que aqueles que lutam por um ponto de apoio na classe média tenham a oportunidade de desfrutar de forma mais robusta do crescimento da renda e uma maior qualidade de vida”.
 
Na segunda parte do especial “Conectando o Brasil para o mundo: um caminho para o crescimento inclusivo”, baseado em um relatório recentemente divulgado pela consultoria McKinsey, o estudo apresenta possíveis saídas que o país poderia adotar para alçar voos maiores, em meio à crise.
 
“São itens bastante interessantes para inserir o Brasil no desenvolvimento, numa política de investimento que suportasse nosso crescimento. Não adianta, e isso é um consenso entre os economistas, investir no lado do consumo, que já está praticamente exaurido. Do que podemos sentir até agora, mexer no consumo não traz respostas vigorosas no crescimento e no desenvolvimento”, explica Celso Grisi, presidente da Fractal Consultoria e professor da Universidade de São Paulo, que teve acesso ao documento da McKinsey a pedido da reportagem do Jornal GGN.

 
Para os pesquisadores, o Brasil já colheu a maior parte dos ganhos de uma força de trabalho em expansão — e nos próximos anos, precisará focar aumentando a produtividade e as expectativas crescentes dos seus cidadãos. E é improvável que as políticas centradas no passado serão suficientes para atingir essas metas.“O Brasil vai precisar superar as pressões competitivas e construir novas fontes de crescimento, que só estarão disponíveis ao país no momento em que se integrar mais plenamente aos mercados globais”, afirmam.
 
O estudo também estima que nosso maior potencial econômico se encontra numa maior conectividade global. E alguns dos passos necessários para aprofundar as conexões do Brasil com a economia global (como suas melhorias em infraestrutura também resultariam em ganhos de produtividade doméstica.
 
“Com falta de investimento, a competitividade perde, seus ativos ficam defasados, os seus sistemas de produção e comercialização envelhecem, sua mão de obra trabalha em sistemas arcaicos – com tudo isso a produtividade vai embora, perdendo naturalmente competitividade nos preços. Custos Brasil crescem e comprometem nossos produtos no mercado internacional. O preço, a qualidade do produto, que competirá com ofertas similares lá fora, precisa ter benefícios ampliados. O investimento não se faz porque aborda, por exemplo, mudar a regulação e o ambiente de negócios aqui no Brasil. Reformas trabalhista, tributária e burocrática que não se completaram, e que reduziriam esses custos, tornando esse mesmo ambiente de negócios muito melhor, sem conviver com níveis de incertezas tão grandes”, diz Grisi em sua leitura do estudo.
 
Grisi resume as premissas apontadas pelo documento. “Temos de tornar o Brasil um país mais atraente, fazendo as reformas necessárias. Reduzir a incerteza sobre nossa política econômica, de forma que claramente aponte para ajustes no superávit primário. Austeridade na administração da questão das contas públicas, o que nos garantirá termos um bom fundamento econômico. Investimentos em máquinas e equipamentos também garantiriam essa ‘gordura’ dentro da economia. Gordura essa hoje não mais avistada pelos estrangeiros”.
 
 
Brasil pode impulsionar PIB
 
De acordo com o estudo da McKinsey, o Brasil tem a oportunidade de impulsionar seu crescimento médio do PIB acima de 1,25% anualmente. Para isso, precisa gerar 4,2% de sua média anual do PIB, ao longo das próximas duas décadas — a estimativa mostra que uma maior conectividade e parceria com grandes potências poderia ajudar o país a caminhar rumo a este objetivo.
O Brasil já tem agido, segundo o estudo, de maneira forte e sofisticada, a criar uma interessante comunidade de negócios. No entanto, não alcança níveis muito altos no ranking de competitividade, e apresenta uma nítida divergência no desempenho do setor público versus setor privado. Assim, tende a ficar aquém nos aspectos de competitividade que caem dentro da esfera de governo.
 
“Como é que a gente vai inovar? Sou pragmático: ficar investindo em pesquisa e desenvolvimento é sadio, mas demorado. O caso brasileiro é cirúrgico, precisa ser trabalhado rapidamente, em curto prazo. A maturação para transformar completamente estudos em resultados demandará muito tempo. Por que não compramos tecnologia? Busquemos um acordo internacional, que leve menos tempo do que nossos resultados nessas pesquisas. Devemos nos mirar na Índia, cujos avanços universitários se deram na “importação” de talentos que apreendiam as novidades para implementar em seu país”, complementa Celso Grisi.
 
“As conclusões do estudo não trazem novidades tão auspiciosas quanto imaginamos no começo da leitura. Falam em inovação, mas não apontam caminhos, o que demonstra que o país caminha para isso, mas, infelizmente, ainda a passos muito modestos”, diz o economista.
 
Redação

11 Comentários

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  1. Dinheiro desperdiçado com consultorias

    Resumindo, o Brasil está com suas indústrias numa espiral involutiva e precisa mudar o jogo.

    Estes relatórios não são práticos, apesar de usarem a palavra pragmatismo.

    O que o Brasil precisa é uma coisa simples, que consiga mostrar de forma clara, unívoca e fácil que a ação desenvolvida está no caminho certo e não se está disperdiçando tempo e dinheiros escassos e preciosos.

    Sugiro o uso de uma estratégia mais do que manjada no reparo de superfícies pintadas, o contraste de fundo, que se passa antes de se lixar para pintar a demão final.

    Aqui, como se trata do custo Brasil, uso uma indústria multi-setorial de ponta com baixo investimento, a fábrica de bicicletas elétricas, como contraste, uma vêz funcionando e conseguindo produzir com competividade mundial, estará dado as condições para que outras indústrias, por analogia, possam também superar o atual mau momento.

    Dilma, acorda!

  2. Brasil precisa mudar foco do desenvolvimento econômico para volt

    Nassif :

    esse  texto  jusatifica  a remoção do PT  do poder  central. O que ele prega é o retorno a economia  de mercado, o que é repudiado por grande  parte   das  correntes  que compõe o PT.

  3. É muito cansativo ler mais um diagnóstico…

    Como sempre, um diagnóstico não só com a mão mas com o corpo todo de “economistas”…

    Já chega de diagnósticos econômicos para o Brasil.

    Todos nós já sabemos o que precisa e o que não precisa ser feito. A questão é o “como” fazer.

    Vou relacionar alguns pontos deste texto (“diagnóstico”) acima, com outros textos aqui publicados. Em  seguida, vamos apontar ou provocar a discussão do  “como” fazer. Vejamos.

     

    Aumento de produtividade – O que você entende por aumento de produtividade? Como realizar um aumento de produtividade?

    Respostas possíveis:  gerar mais resultado com os mesmos recursos? Mais eficiência, portanto? Mais eficácia? Mais efetividade? Mais economicidade? Mais o que, a final de contas?

    Explique como seriam remunerados os fatores de produção: Capital e Trabalho, com este tal de aumento de produtitividade.

    Fale-nos sobre a distribuição de renda no Brasil. Você acha justa? Se sim porque? Se não, o que fazer para REFORMÁ-LA?

    Maior conectividade global? O que é maior conectividade global?  

    Paralelamenet, explique-nos  como tratar das BARREIRAS TARIFÁRIAS E , SOBRETUDO, das não tarifárias, pelo mundo. Como fazer?

     

    Reformas trabalhistas, tributárias e burocrática.

    Explique como o capital ou , se preferir, a poupança externa, vai ser remunerada e como será remunerado trabalho.

    Explique como será debatido tais reformas no CONGRESSO.  Apenas a título de sugestão, podemos aqui colocar na urna teórica, o livro de Piketty, versus o Livro ação humana de Mises. 

    Aproveintando também, fale-nos sobres os direitos fundamentais de herança, propriedade, e direitos sociais do trabalho.

    Explique como a economia pode contribuir nesse sentido considerando-se o LONGO PRAZO que todos eles já possuem. 

    Explique então, o que fazer, caro economista.

    Explique, nobre ou burguês “economista” o que vem a ser as tais reformas. 

    O que é reforma trabalhista? Como fazer. Porque. Quem ganha com isso? Quando?

    Quanto a reforma burocrática. explique o plano direitor. Porque não foi implementado ainda. Ou foi? Veio de onde as ideias deste plano. 

    Como implementá-lo? Privatizando? Publicizando? Diga-nos o que fazer. 

    Mas , por favor, SEM MAIS DIAGNÓSTICOS.

     

    Explique como devemos tratar a questão dos meios de comunicação no Brasil. Deixar como esta ou deve ser reformado também? Explique como fazer. No CONGRESSO, ou via ESTADO DE SITIO? Outra sugestão? Qual?

    Como fazer para mudar . Mas, sem essa de LONGO PRAZO. 

    O longo prazo já vem ocorrendo desde 1889( por exemplo, foi só uma data qualquer. Poderia ser desde 1988. Também estaríamos no Longo prazo. Ou ainda se preferir uma outra data qualquer, poderia ser  em 1973, com o milagre brasileiro,quando, no longo prazo, após o crescimento do BOLO, as fatias seriam repartidas. )

     

    Enfim, explique o COMO FAZER, caros economistas de escol.

     

     

     

     

     

     

     

    1. Debate interdito

      E não só por questões ideológicas, como a ressaltada no post abaixo que generaliza por baixo o PT, mas também por deficiências técnicas e de gerênciamento.

      Mogisenio pode questionar até ficar rouco ou gastar a língua, não vãor responder. Pode tirar o cavalo da chuva, os que mandam e detêm o poder e o comando do dinheiro brasileiro não vão largar o osso no mole, vai ter que ser com uma estratégia vencedora e impossível de se opor.

      Ai entra a Astrologia, o Tarot e a Geometria, que irão oferecer os andaimes e fundações para que isto ocorra.

      A Dilma e o PT estão mais perdidos que cachorro que cai de caminhão de mudança internacional.

      Sem rumo, sem norte e sem estrela, não dá nem  para se ter dó do desempenho do governo brasileiro, para lá de mediocre e digo mais, com estes relatórios chinfrins ai nem no ano 3.000.

       

  4. Uma empresa nova tem que

    Uma empresa nova tem que perder metade do tempo dos dirigentes para lidar com uma enxurrada de inimigos, desde o primeiro dia de vida, fiscais federais, estaduais e municipais, fiscais do trabalho, sindicatos,  Ministerio Publico do Trabalho, leis ambientais federais, estaduais e municipais, a agencia reguladora do setor, é a “”turma do concurso publico””, profissão mais ambicionada do Brasil, que consome cada vez mais recursos sem nada dar em troca.

    Pais cujo sonho do jovem é ser burocrata e raramente é ser empreendedor, NÃO TEM CRESCIMENTO e nunca va i ter com essa mentalidade que é estimulada pela CULTURA ANTI EMPRESARIAL que a esquerda difunde com grande enfase, com o lema TODO EMPRESARIO É BANDEIRO, é o Estado quem promove o bem estar e a felcidade.

    Só o empresario rural, industrial ou de serviços REALMENTE produz riqueza.

    O Estado e seus funcionarios só consomem riqueza, não produzem um pé de alface.

    Sem mudança de cultura politica não há relatorio Mc Kinsey que faça um Pais crescer.

  5. Não adianta estudar milagres

    Os milagres já foram realizados pela ditadura que endividou, criou desemprego e inflação alta, e por Lula que “comendo pelas beiradas” conseguiu inserir milhões de pessoas no trabalho e consumo.

    O governo já fez o que pode em privatizações, concessões e incentivos.

    O Brasil só conseguirá avançar se quebrar o padrão “casa grande e senzala”:

    Reforma Tributária deslocando o foco das cobranças de impostos para o segmento do lucro e patrimônio, afim de manter a arrecadação do Estado nos mesmos patamares aos mesmo tempo em que desonera o trabalhador e os produtores.

    Reforma Política que retire a dependência dos parlamentares aos seus financiadores de campanha, possibilitando uma representatividade melhor distribuída.

  6. Esses economistas,  só deixam

    Esses economistas,  só deixam claro uma coisa: eles exigem a volta do ermínio fraga comandando a economia do país, onde somente o mercado é que pode tudo, instalando a recessão que eles querem de volta por algum motivo, para o bem do BRASIL e do povo é que não é, né?, As raposas bancando os entendidos, mas não passam de oportunistas que ocupam cargos públicos para beneficiar as empresas privadas que os emprega assim que saem do cargo público.

  7. KKKKKKK só rindo…

    KKKKKKK só rindo… KKKKKK

    Ainda tem gente que da valor a estes economistas. Qualquer proposta de crescimento que me apresentarem se estiver baseada na exportação, eu já caio na risada. Cade a sustentabilidade, o mercado tem que se sustentar, os outros paises querem vender e nós também queremos vender.

    A europa está quebrada, USA também, eles querem vender maquinas para o Brasil para aumentarem suas exportações, não para nós produzirmos e vender para eles… KKKKKKKK

    E tem bobo que cai numa lorota destas… KKKKKKKK Diminuir as cargas trabalhistas e vender plano de saude quebrando o SUS…. KKKKKKKKK acabando com o 13º, ferias etc… São muito cara de paus, montem empresas na França e pagem 70% de imposto de renda seus hipocritas. Ou em qualquer país da Europa que não sai por menos 50% de imposto de renda cambada de safados.

    E o Alexandre de babão ainda cai no engodo…. KKKKKKK

    Parabéns ao Mogisenio, leitura clara e resposta direta ao imperdigado.

    Fora isto a matéria esta desatualizada, o governo já abriu uma linha de fomento a pequena e media empresa que pretende fazer uma restruturação.

    KKKKKK Tem quarenta anos que leio o mesmo discurso que está neste post.

  8. Sai geração, entra geração…

    “Como é que a gente vai inovar? Sou pragmático: ficar investindo em pesquisa e desenvolvimento é sadio, mas demorado. O caso brasileiro é cirúrgico, precisa ser trabalhado rapidamente, em curto prazo. A maturação para transformar completamente estudos em resultados demandará muito tempo. Por que não compramos tecnologia?…”

    Meu caro Celso Grisi, não sei se sabe, mas estamos comprando tecnologia a tempos. E isso não tem adiantado muito em nos colocar na linha de frente. Sabe por quê? Porque comprar tecnologia é comprar obsolescência.

    Para estar na linha de frente da produtividade é preciso inovar tecnologias que não existem ou são segredos bem guardados. E só se obtém essa capacitação de inovar com uma boa comunidade técnica cientifica engajada em projetos autônomos. Buscar o atalho de “comprar tecnologia” é manter atrofiada essa comunidade.

    Enfim, o atalho que tenta vender como solução nova, na verdade é a idéia velha que nos tem mantido no atraso… Uma lástima, sai geração entra geração e não se aprende nada.

    1. Tem mesmo muita confusao

      Tem mesmo muita confusao nessa área… Comprar tecnologia quer dizer o quê, exatamente? Para comprar é preciso saber comprar – o que comprar, onde, como e… o que fazer com aquilo que se compra. Para tudo isso, é preciso, sim, ter muita gente bem formada dentro do pais, com ‘capacidade de absorver”. Até para imitar e melhorar tem que ser bom, muito bom. E isso, sim, demora. Tem um falecido ex-ministro de Educacao (que deus nao o tenha!) que dizia que essa estoria de pesquisa era coisa do velho desenvolvimentismo, que o pais poderia até terceirizar sua educação supeiror como, segundo ele, teria feito a Coréia. Bobagem dita sobre a Coréia e bobagem dita sobre o Brasil. E era ministro responsavel por um grande sistema de universidades e institutos federais. Resultado: sucateou o sistema. E deixou cinzas. O investimento necessário para “treinar” cientistas, engenheiros, pesqusiadores é demorado, sim, mas é indispensavel. Atalhos “importadores” podem funcionar pontualmente, mas não criam lastro.

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