Brasil vive crescimento com equidade: novidade histórica

grafico pib per capita e indice de gini

Nota do Brasil Debate

O Brasil viveu nos últimos anos uma combinação virtuosa de crescimento econômico com distribuição de renda, o que constitui uma novidade na história brasileira.

Mas crescimento do PIB per capita e distribuição de renda não necessariamente andam juntos, mesmo que isso seja desejável para que o crescimento se traduza em melhora de condição de vida para a população em geral.

Pode-se dizer inclusive, que deixado à livre força do mercado, ciclos de crescimento tendem a vir acompanhados de uma piora na distribuição de renda.

Diversos estudos apontam tal relação, como, por exemplo, o do economista francês Thomas Piketty.

O gráfico 1 ilustra muito bem a falta de uma relação única entre crescimento do PIB. É conhecido que o forte crescimento do PIB per capita no período do Milagre Brasileiro foi acompanhado por uma perversa piora na distribuição de renda.

Enquanto na Europa se vivia o Estado de Bem-Estar Social, com a adoção de políticas keynesianas e ampla distribuição de renda, no Brasil vivíamos um regime autoritário, que controlava sindicatos e restringia salários.

Gerou-se crescimento econômico, mas deixando grande parte da sociedade à margem. A ideia por trás? O velho “deixar o bolo crescer para depois distribuir”.

No período recente, a lógica foi invertida. Após um período de relativa estagnação do PIB per capita nas décadas de 80 e 90, o PIB per capita voltou a crescer com mais consistência. Concomitantemente, a desigualdade, medida pelo Índice de Gini, foi reduzida de forma substancial.

Ao mesmo tempo, a Europa intensificou o desmonte do Estado de Bem-Estar social e viu sua desigualdade se ampliar ao longo dos anos 2000.

É, assim, historicamente evidente, que o crescimento econômico pode se dar sem distribuição de renda. Mesmo que a redução da desigualdade numa sociedade tão desigual como a brasileira seja um fim em si mesmo, é possível conciliá-la com crescimento econômico.

Como observado por Ricardo Bielschowsky em artigo para o Brasil Debate (O modelo de desenvolvimento proposto por Lula e Dilma), a estratégia de desenvolvimento apresentada por Lula nas eleições de 2002 já apontava para a redistribuição de renda como eixo dinâmico do desenvolvimento brasileiro.

A ideia é que a própria decisão de distribuir renda cria um ciclo virtuoso, ao ampliar o mercado interno, cuja sustentabilidade resta na indução e expansão de investimentos nas três frentes de expansão apontadas por Bielschowsky: “investimentos em produção e consumo de massa, investimentos em infraestrutura e investimentos na produção de bens e serviços intensivos em recursos naturais”.

Crescer e distribuir renda simultaneamente é, portanto, uma decisão política, geralmente associada a governos progressistas, cujo foco é a justiça social.

Para que ambas ocorram simultaneamente é necessário um Estado forte (em antítese ao Estado mínimo liberal), capaz de equacionar não somente a distribuição de renda em si, mas também de criar e induzir as condições necessárias para a sustentação de longo prazo deste processo.

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Redação

8 Comentários

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  1. Tem uma candidata aí propondo

    Tem uma candidata aí propondo o aumento do PIB PER CÁPITA por via da redução drástica  no quantitativo de participantes.

  2. Me chamou atenção que os

    Me chamou atenção que os níveis de desigualdade estão similares aos da década de 60. Taí a razão da histeria da nossa elite venezuelana com a “república sindical”, o “chavismo”, a “cubanização”, o “stalinismo”…

  3. espero que esse modelo de

    espero que esse modelo de crescimento seja

    irreversível para que possamos finalmente

    crescer com inclusão, com dilma e quem mais vier,  

    sem interrupções abruptas.

  4. O problema é quando se

    O problema é quando se compara com o índice de Gini médio dos países da OCDE – próximo a 0.3. E percebe-se no gráfico uma tendência de queda na redução da desigualdade.

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