Coluna Econômica: não há luz à vista na economia

Tudo isso indica que a flexibilização do isolamento levará, em pouco tempo, a um recrudescimento da pandemia, lotação dos hospitais, provocando uma nova quarentena.

Para tentar estimar o cenário econômico, são necessários dois desenhos. O primeiro, o nível da atividade econômico hoje; o segundo, os desdobramentos do enfrentamento do Covid-19.

Vamos por partes.

O nível insuficiente do setor de serviços

Não se iluda com desempenhos positivos de alguns setores da economia, quando comparados com o mês anterior. Os níveis da economia continuam muito abaixo do período pré-pandemia.

O quadro abaixo mostra o desempenho dos grandes grupos do setor de serviços em junho, em relação a maio.

Quando se compara com os níveis de janeiro, o tamanho do tombo é enorme. Os dados abaixo mostram um nível 54$ menor para serviços prestados às famílias; 4,5% para serviços de informação e comunicação; 15,2% para serviços profissionais; 19,1% para transporte e 4,8% para outros serviços.

Desdobrando em subsetores, a comparação com janeiro mostra um panorama desolador.

Aqui, a tabela é mais nítida, comparando a variação de maio a junho e de janeiro a junho.

Em relação a maio, houve alta em 16 setores e queda em 2. Em relação a janeiro, queda nos 18 setores.

A flexibilização em São Paulo

O problema da falta de coordenação nacional, no combate ao Covid-19, é que decisões em uma região tem impactos sobre outras. Por exemplo, a cidade de São Paulo é o maior centro de comércio e serviços do país. Abrindo o comércio, atrai naturalmente viajantes de inúmeras cidades do estado e do sul de Minas que, voltando para suas cidades, levam junto o Covid-19.

Há consenso de que a flexibilização levará a um aumento maior dos casos de Covid-19 e das internações. Por isso mesmo, as regras de flexibilização levam em conta a capacidade da rede hospitalar e o comportamento da curva de novos casos.

No caso de São Paulo, a situação é a seguinte:

Curva de casos

Há um engano analítico de tratar como acomodamento a curva parando de crescer em níveis muito elevados. O quadro abaixo mostra o comportamento da curva de casos de 1o de julho para cá. Observa-se, na ponta, a manutenção dos níveis de crescimento de fins de julho até agora.

Não é o fato mais grave.

Ocupação das UTIs

No gráfico abaixo, pegamos as 23 regiões de São Paulo e dividimos por faixas de ocupação de leitor.

Em 22 de julho, três semanas atrás, havia 12 regiões com níveis de ocupação inferiores a 60%. Havia 5 regiões com níveis entre 60% e 75%; 5 com ocupação entre 75% e 100% e 1 acima de 100%.

Ontem, o quadro era totalmente diferente.

Na faixa de alto risco – acima de 75% de ocupação – encontram-se 14 regiões, 13 entre 75% e 100% e uma acima de 100%. Abaixo de 60% existem apenas 6 regiões entre as 23.

Tudo isso indica que a flexibilização do isolamento levará, em pouco tempo, a um recrudescimento da pandemia, lotação dos hospitais, provocando uma nova quarentena.

A recuperação da economia não se dará no curto prazo.

Luis Nassif

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