Do leitor Igor Cornelsen
Tenho tentado sensibilizar alguns amigos, sobre uma convicção, generalizada e equivocada, que há entre os analistas econômicos. Talvez você, por olhar para as coisas com objetividade, e pensar, tenha condições de me entender.
Dizem que o Brasil só pode ser investment grade quando a dívida pública interna tiver 50% dos seus títulos pré-fixados e com um prazo médio de rolagem bem superior ao atual.
Bobagem. A dívida externa pode se tornar investment grade em poucas semanas, independente da interna seus ratings não necessariamente são coincidentes.
O Brasil tem mais reservas do que dívida externa pública. Se o Tesouro amanhã disser que não tomará mais empréstimos em moeda que não seja a local — assim como os EUA, a Alemanha, a Grã-Bretanha, a França e a Suíça –, e que fará recompras mensais em leilões públicos da sua dívida pública externa em circulação no mercado, em pouco tempo estará com os juros externos a 100 pontos base dos EUA, mesmo sem efetuar qualquer compra.
A confiança gerada por esta atitude teria duas conseqüências.
1) Forçaria as empresas de rating a darem o investment grade da dívida externa pública do Brasil, baixando o custo de captação das empresas brasileiras que queiram financiar novos projetos em moeda estrangeira, independente do que seja o rating da dívida pública interna, Botswana por exemplo é AAA, não por ser uma nação virtuosa e desenvolvida, mas porque não tem dívida externa.
2) Melhoraria a percepção de risco e a credibilidade da dívida interna pública, reduzindo o custo e o prazo de sua rolagem, eventualmente até a dívida indexada à SELIC poderia deixar de ser atraente, como foi o caso da indexada ao dólar, evidentemente que com a taxa SELIC inferior à taxa de curto e médio prazo dos títulos pré-fixados vendidos em leilões pelo Tesouro.
O Tesouro já tem os recursos para peitar esta recomprar da dívida. Só falta competência.
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