Conforme esperado, Copom mantém juros em 11%

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Em decisão esperada pela grande maioria do mercado, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) encerrou o ciclo de alta dos juros e manteve a taxa básica de juros em 11% ao ano.

“Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11,00% a.a., sem viés”, disse a autoridade monetária, em comunicado. Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (presidente do BC), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

Em entrevista ao Jornal GGN, a economista Tatiana Pinheiro, do Banco Central, afirma que a decisão vem de acordo com a sinalização emitida pela autoridade monetária na última reunião, realizada nos dias 1º e 02 de abril. “O Banco Central sinalizou que avaliaria os dados, uma vez que o ciclo de aperto monetário já era grande, que grande parte dos efeitos ainda estavam por vir, e que o fato da confiança do consumidor e do empresário estarem em nível bastante baixo potencializaria o efeito da política monetária sobre a atividade econômica e a inflação”.

Tatiana explica que, desde a última reunião, entrevistas concedidas tanto por diretores da autoridade monetária como pelo próprio presidente do BC deixaram “bastante claro” que o patamar de câmbio também ajudava no cenário de suspensão de juros, e o câmbio não sofreu grandes mudanças no intervalo entre as duas reuniões. Ao mesmo tempo, os últimos dados de atividade econômica vieram igualmente enfraquecidos, o que só deu mais força para a hipótese de interrupção do ciclo de alta dos juros.

Entretanto, a economista do Santander disse que a mudança de tom no comunicado – principalmente com o uso da expressão “neste momento” pode gerar algum debate no mercado, dado que tal colocação não era empregada pelo BC há algum tempo: as sinalizações relacionadas foram emitidas apenas em algumas reuniões realizadas em 2010. “Eu acho que o mais importante nesse comunicado foi que o mercado pode implicar com o ‘neste momento’. O caso do ‘avaliando’ pode ter a ver com o comunicado anterior, em que (o BC) indicou o acompanhamento dos dados, meio que respondendo aos questionamentos do passado”. Tatiana Pinheiro ressalta que “os analistas vão ficar um bom tempo acreditando que o Banco Central deve manter os juros nesse patamar, esperando para que a próxima decisão não tenha um movimento de baixa de juros” e, ao sinalizar que a análise está sendo feita neste momento, “ele (Banco Central) pode dar a entender a alguns de que a decisão de agora é muito temporária, vinculada ao momento atual, sem um comprometimento com as próximas reuniões, e uma sinalização de expectativa de que algo mude”.

Em outras palavras: a economista acredita que essa indicação pode acabar com a sensação de consenso quanto ao ciclo de juros, e incitar questionamentos sobre os próximos passos a serem tomados pelo BC. Debates esses que podem esbarrar nas questões inflacionárias.

Quanto aos movimentos futuros da inflação, ela mostra ceticismo. “Apesar da inflação mostrar uma desaceleração bastante expressiva ante o primeiro trimestre, ainda está longe da meta de 4,5%. Vamos continuar vendo o total acumulado subindo e ficando até acima do teto da meta no terceiro trimestre, sem muito alívio para a inflação”.

Segundo Tatiana, o próximo passo do Copom pode ser de um novo ciclo de ajuste dos juros, apesar da atividade econômica fraca. “Vamos ver aperto adicional, mas está longe de ser consenso, principalmente quando começar a ver inflação de curto prazo. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) vai ser baixo, e obviamente vai ter uma análise pensando no próximo passo, até em questão de taxa de juros”.

No curto prazo, além do comunicado, a economista do Santander diz que a divulgação de alguns indicadores de inflação vão dar alívio, e indicadores de atividade econômica vão trazer dados mais fracos, fazendo com que o movimento do fechamento de taxas acompanhe tanto os indicadores econômicos como a combinação de análise do cenário econômico. “Com relação ao mercado, a gente tem visto que ele é mais movido a movimentos de curto prazo do que de longo prazo, e essas pressões dão uma certa resistência para manter a inflação mais perto do teto do que no centro, em uma avaliação de longo prazo”. Para este ano, o Santander estima um fechamento de IPCA em 6,50% em dezembro, e um novo ajuste de 0,50% na taxa Selic, mas apenas para a reunião de dezembro.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

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  1. Ôh glória!

    Nós, brasileiros e brasileiras, agradecemos ao santo FT (Finacial Times) – “A Máquina de Propaganda da Canalha Retista” – pela graça alcançada. Onze ao ano, é nois no topo, não tem prá ninguem. 

    Por tudo isso, compungidos e penhorados, principalmente penhorados, vos lovamos.

    Amém.

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