Delegado aponta falhas na abordagem da PM

Do O Globo

Para delegado, PMs falharam ao abordar empresário em São Paulo

Vítima foi perseguida e morta ao não parar carro em blitz. PMs confundiram celular com arma

SÃO PAULO – O delegado seccional Oeste de São Paulo, Dejair Rodrigues, afirmou que houve falha dos três policiais militares na tentativa de abordagem ao carro do empresário Ricardo Prudente de Aquino, de 39 anos, morto a tiros no fim da noite desta quarta-feira, na Avenida das Corujas, Alto de Pinheiros, Zona Oeste da capital paulista. No boletim de ocorrência, registrado no 14º Distrito Policial (Pinheiros), os PMs Luis Gustavo Teixeira Garcia, de 27 anos, Adriano Costa da Silva, de 26, e Robson Tadeu do Nascimento Paulino, de 30 anos, admitiram que atiraram em Ricardo mesmo sem o empresário ter esboçado resistência, depois dele não ter obedecido a ordem de parar seu carro, um Ford Fiesta preto, em uma blitz e ser perseguido. Os policiais teriam atirado por confundir o celular de Ricardo com uma arma, segundo a corporação.

Dos pelo menos cinco tiros disparados contra a vítima, por volta das 22h30m, dois atingiram a cabeça do empresário. Ele ainda foi socorrido ao Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo, mas não resistiu aos ferimentos. No local da ocorrência, segundo boletim policial, foram recolhidas quatro cápsulas calibre 0.40.

Segundo Dejair Rodrigues, “nem a Polícia Civil nem a (Polícia) Militar compactuam com ilegalidades”. O delegado disse, ainda, que os tiros foram disparados à curta distância. De acordo com boletim de ocorrência, registrado como homicídio simples, no carro do empresário não foram encontradas armas – um tablete de 50 gramas de maconha, que estaria no Ford Fiesta, e o celular da vítima foram apreendidos, além das armas dos policiais militares.

Os PMs envolvidos na ocorrência foram presos em flagrante e levados para o presídio militar Romão Gomes, na região do Barro Branco, Zona Norte de São Paulo.

De acordo com a Polícia Militar, uma outra viatura que participou do cerco tentou interceptar o carro do empresário e, na perseguição, acabou batendo contra o veículo. Em nota, a PM diz que os três policiais militares “de acordo com os primeiros dados apurados, no momento da abordagem, visualizaram Ricardo com um objeto na mão e atiraram, pensando se tratar de uma arma”. Além disso, segundo o texto, “apura-se se os policiais, devido às circunstâncias, teriam confundido o aparelho de celular com uma arma”.

Ainda na nota, a corporação diz que “policiais militares do estado de São Paulo são submetidos a treinamentos constantes quanto aos Procedimentos Operacionais Padrão e que tal atitude será apurada com rigor pois dão indícios de falhas de procedimento inaceitáveis” e que “dessa forma, a Polícia Militar pede desculpas à família, à sociedade e esclarece que, após as apurações, os envolvidos pagarão pelos seus erros na medida de suas atitudes”.

A viúva, Lélia Pace Aquino, de 35 anos, foi acordada as 3h desta quinta-feira com uma ligação da PM. Ela não acredita na versão da polícia. Juntos há nove anos, o casal planejava ter um filho.

– Eu não acredito que tenha tido perseguição. Uma pessoa para o carro e estaciona perfeitamente, porque o carro está perfeitamente estacionado na rua – disse Lélia.

Câmeras de segurança da região registraram imagens, que serão investigadas pela Polícia Civil. Um dos equipamentos fica em frente ao trecho onde Aquino foi morto, mas não estaria com imagens nítidas, segundo a polícia.

Aquino havia saído da casa de um amigo em Alphaville, região de condomínios residenciais de luxo em Barueri, na Grande São Paulo.

Outro caso

Em Santos, no litoral paulista, quatro policiais militares foram presos acusados de excessos durante perseguição e troca de tiros contra seis ocupantes de um carro considerado suspeito pela PM, nesta madrugada. No tiroteio, Bruno Vicente de Gouveia e Viana, de 19 anos, morreu e outros dois jovens ficaram feridos.

O carro dos rapazes foi atingido por mais de 30 tiros. No veículo, de acordo com boletim de ocorrência, foram encontrados um revólver calibre 22 e um outro de brinquedo – os jovens, porém, disseram que não eram deles as armas. À polícia, o motorista disse que fugiu porque estava com a carteira de habilitação vencida.

Luis Nassif

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