Déficit nas contas externas cai 40% no ano

Jornal GGN – Em novembro, o déficit do Brasil em transações correntes foi de US$ 2,931 bilhões, muito abaixo dos US$ 4,5 bilhões previstos pelo Banco Central. No ano, o déficit acumulado é de US$ 56,406 bilhões, uma redução de 40% em relação ao ano passado.

O Valor Econômico entrevistou o chefe do Departamento Econômico do BC, que disse que a queda reflete a desvalorização do câmbio e a redução da demanda por bens e serviços externos.

Do Valor Econômico

Déficit do Brasil nas contas externas cai 39% no ano

Por Eduardo Campos e Edna Simão

Brasília – (Atualizada às 11h51) O Brasil registrou, em novembro, déficit de US$ 2,931 bilhões nas suas transações correntes, que contabilizam as operações internacionais relativas a comércio, serviços, rendas e transferências unilaterais. A cifra ficou menor que os US$ 4,5 bilhões previstos pelo Banco Central (BC).

No ano, o déficit acumulado é de US$ 56,406 bilhões, uma redução de quase 40% em comparação com igual período do ano passado. De acordo com o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, essa queda reflete a desvalorização do câmbio, que no ano chega a quase 40%, e a perda de dinamismo da atividade doméstica, que reduz a demanda por bens e serviços externos.

Em 2014, o déficit acumulado nos 11 meses era de US$ 92,528 bilhões. Segundo Maciel, metade da redução desse déficit se deve à balança comercial, que saiu de um déficit de US$ 6,2 bilhões para um superávit de US$ 11,663 bilhões. Para o ano, o BC projeta superávit de US$ 15 bilhões, cifra que deve dobrar para US$ 30 bilhões em 2016.

Medido em 12 meses, a diferença entre o que país gastou e o que recebeu nas transações correntes alcançou US$ 67,955 bilhões, o equivalente a 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pela autoridade monetária. Nos 12 meses encerrados em outubro, o déficit foi de 3,93% do PIB.

Investimento direto

O Investimento Direto no País (IDP), nova denominação do Investimento Estrangeiro Direto (IED), somou US$ 4,93 bilhões em novembro e foi suficiente para cobrir integralmente o déficit em conta corrente do mês. A autoridade monetária previa US$ 4,8 bilhões de ingresso para o mês.

No ano, o IDP cai 31% em relação ao mesmo período de 2014, totalizando US$ 59,853 bilhões. Em 12 meses, as entradas somam US$ 69,856 bilhões, ou 3,81% do PIB, uma alta em comparação com os 3,74% do PIB vistos até outubro. O montante também é suficiente para cobrir o déficit em conta corrente de US$ 67,955 bilhões do intervalo, algo que não acontecia desde agosto do ano passado.

Dezembro

Maciel disse estimar um déficit de US$ 5,6 bilhões nas transações correntes para dezembro. “Os déficits estão bem inferiores se comparados com o ano passado”, ressaltou. Em dezembro de 2014, o déficit em transações correntes somou US$ 11,5 bilhões.

O técnico também projeta uma entrada de investimentos diretos de US$ 6,1 bilhões. Segundo Maciel, até o dia 17 de dezembro, o país já recebeu US$ 5,2 bilhões. Ele destacou que, em 12 meses, o investimento estrangeiro direito soma US$ 69,9 bilhões, financiando novamente o déficit em transações correntes.

Projeções para 2015

O Banco Central atualizou suas projeções para o balanço de pagamentos do país em 2015. O déficit em conta corrente deverá ser de US$ 62 bilhões, ou 3,48% do Produto Interno Bruto (PIB), previsão inferior à de US$ 65 bilhões ou 3,73% do PIB feita em setembro. O déficit de 2014 foi de US$ 104,076 bilhões, ou 4,31% do PIB. Esse é um dos maiores ajustes das contas externas do país desde o começo dos anos 2000.

Para o Investimento Direto no País, o BC estima ingresso de US$ 66 bilhões, que equivale a 3,7% do PIB estimado pela autoridade monetária. No ano passado, o IDP somou US$ 96,895 bilhões ou 4,01% do PIB.

O BC agora espera um superávit da balança comercial de US$ 15 bilhões, em comparação com os US$ 12 bilhões estimados anteriormente. No ano passado, o saldo comercial foi negativo em US$ 6,529 bilhões.

Para a balança de serviços o BC trabalha com déficit de US$ 38,7 bilhões, contra US$ 40,3 bilhões anteriormente. Em 2014, a saída foi de US$ 48,107 bilhões. Dentro dessa conta, os gastos com viagens devem somar US$ 11,7 bilhões (US$ 13 bilhões na projeção anterior e US$ 18,724 bilhões em 2014), transportes US$ 6 bilhões (US$ 7 bilhões anterior e US$ 8,697 bilhões em 2014) e aluguel de equipamentos outros US$ 22 bilhões (US$ 23 bilhões anteriormente e US$ 22,629 bilhões em 2014).

Redação

3 Comentários

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  1. Já vi projeções que

    Já vi projeções que apresentam deficit em conta corrente de US$ 40 bi e US$ 20 bi em 2016 e 2017, respectivamente.

    E daí ? Isto impacta positivamente a economia brasileira ?

    Por que o silêncio sobre o assunto ?

    1. Infelizmente são poucos os

      Infelizmente são poucos os que se interessam por este tema que é, na minha opinião, primordial. Quão mais próximo estiver o balanço de transações correntes do equilíbrio (ou seja, de valores pequenos ou próximos a zero) mais o país estará próximo de entrar em um ciclo virtuoso de equilíbrio econômico.

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