Em documento, órgão estratégico do Exército diz que Estado será protagonista na recuperação da economia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Entre as medidas de auxílio econômico, alto órgão de inteligência fala em estabilidade social, com programas como Bolsa Família, e manutenção de empregos

Foto: Divulgação

Jornal GGN – Um setor de inteligência do Exército, o Centro de Estudos Estratégicos do Estado-Maior (CEEEx), emitiu um documento em que traça o avanço do coronavírus no país, as últimas informações do meio científico e os impactos desta pandemia na economia global. Neste último, o alto órgão estratégico prevê um “novo ordenamento do papel dos Estados na economia” e conclui que “será o Estado o grande protagonista dos processos de auxílio e de recuperação econômica”.

O documento de 21 páginas foi produzido após o presidente Jair Bolsonaro sair à público para defender o fim do isolamento social. Ao traçar o que vem sendo feito no mundo contra a pandemia, são destacados “o amplo esforço de testagem da população” e as quarentenas. “Observa-se que, ainda que considerando os aspectos culturais e a qualidade dos sistemas de saúde, de maneira geral, os países destacados fazem uso maciço de testes rápidos e empregam a tecnologia para acompanhar os indivíduos e dosa a intensidade das medidas restritivas.”

O estudo ainda prevê que o mês de junho, em pleno início do inverno brasileiro, será o marco “para a necessidade de uma atenção especial para a região centro-sul do país” e que as práticas para evitar a propagação do vírus devem ser focalizadas, a nível municipal.

Ao elencar os impactos econômicos, o Centro de Estudos Estratégicos do Estado-Maior afirmou que o objetivo principal hoje é “resguardar vidas” e que “as economias dos países em desenvolvimento sofrerão de forma mais intensa, com graves reflexos no campo social e um provável aumento da dependência econômica Sul-Norte”.

E as previsões não foram encorajadores: “De maneira geral, espera-se uma alta no desemprego em diversos países, com tendência de difícil recuperação, além de uma redução do fluxo de investimentos, com reflexos para a retomada do crescimento mundial”.

Por outro lado, o estudo acredita que os impactos do novo coronavírus na economia significarão “uma reconfiguração do comércio mundial, com retração continuada nos preços das commodities e incertezas quanto ao ambiente de conflitividade comercial pós-crise. Apesar de incerta, pode ocorrer uma retomada da importância da atuação dos mecanismos econômicos multilaterais para a concertação pós-crise (OMC, OIT, FMI, etc)”.

Ainda, sem explicitar qual caminho deve ser adotado pelo Brasil, o setor estratégico do Exército acredita que “haverá incertezas quanto aos rumos políticos aplicados à economia (abertura x protecionismo), além dos rumos da atual interdependência econômica”, mas não titubeia ao mencionar “provável novo ordenamento do papel dos Estados na economia”.

Especificamente para o Brasil, o órgão diz esperar “redução da produção industrial, com impactos imediatos para setores específicos e possível espraiamento para a cadeira de pequenos fornecedores das grandes empresas”. Diante do lockdown, que são as paralisações da atividade econômica, negócios e serviços com o confinamento, o estudo fala na “probabilidade de colapso econômico”.

Entre as conclusões, o documento destaca diretamente o papel de proteção do Estado entre as medidas econômicas: “No contexto de fragilidade econômica ora emergente, é possível identificar a relevância do papel do Estado na mitigação dos efeitos negativos da crise, bem como a centralidade da sua atuação como indutor e protagonista do grande processo de recuperação que, inevitavelmente, terá que ocorrer”.

Nessa linha, caracteriza como “fundamentais e urgentes” a manutenção dos programas sociais, como Bolsa Família e auxílio a microempreendedores e agricultura familiar.

E continua: “Ações centradas no socorro financeiro às parcelas mais vulneráveis da sua população são prioritárias, pois fazem parte do ‘contrato social’. Os segmentos da economia mais afetados merecem destaque no planejamento nacional. As ações devem priorizar práticas com maior impacto para a manutenção de empregos, assim como para a recuperação da capacidade produtiva dos setores estratégicos, visando a estabilidade econômica e social do país”.

Leia o documento completo:

Crise COVID-19 - estratégias de transição para a normalidade

 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Nao entendi a relevância. Apenas homologam diversos artigos disponibilizados diuturnamente pelos mais diversos veículos de comunicação.
    Nao precisa de um “órgão de inteligência” para conclusões deste tipo.

  2. Sério que a gente paga essa gente para falar o óbvio? Aliás, o óbvio não. Se não, não teriam ajudado a golpear a presidenta Dilma, prender o presidente Lula e colocar esse sujeito que está na presidência da República. Se não tivessem atrapalhado,era isso que o país já estava fazendo.
    Viram comunistas os azeitonas?

  3. PQP É SO PAPEL E TINTA PRA ENGANAR TROUXA Q PORRA É ESSA NASSIF ??
    OBS: PRECISA ELES FAZEREM O Q MAIS PRA VEREM Q SÓ MENTEM E ENGANAM?BRINCADEIRA!TÔ QUASE DEIXANDO O GGN!!!

  4. Ora façam-me o favor! Não vá o sapateiro além das chinelas. Quem faz e comanda esse tipo de trabalho nas três armas, melhor faria, todos, participar de colóquios, seminários, junto aos centros de excelência que temos nas universidades do país, ou mesmo fazendo cursos de extensão, nesses locais muito, sem nenhum demérito, mais aparelhados intelectualmente e com dados de fontes adequadas e suficientes para fazer esse tipo de análises econômico-sociais. Ainda mais num verdadeiro caos, num pandemônio, que está deixando economia mundial, praticamente todos os países, impactos pelos problemas que vinham se acumulando especialmente no país líder e hegemônico, os EUA. Muito difícil até para especialistas. Havia a expectativa de que não tardaria acontecer problemas generalizados, que impactaria todos. O coronavírus somente antecipou e amplificou os problemas e a necessidade de correções, tudo ficando bem mais oneroso e de difícil solução. Espera-se, e é óbvio, problemas políticos, que o uso da força em nada ajudará, para se chegar a alguma solução, uma acomodação social, tendo em conta o impacto dos problemas em todo o tecido social dos países. Claro, sem barreiras ideológicas, será possível se chegar a um documento mais fundamentado e completo, além de treinar quadros para melhor se desempenhar nesse tipo de tarefa. Em resumo: não precisam os militares, sem as qualificações necessárias, procurarem ter um documento próprio de análise, quando esse tipo de conhecimento encontra-se disseminado em todo país, e é realizado, em nossas Universidades.

  5. O documento do exército acima visa justificar o caos econômico e social fomentado desde o início deste governo militar miliciano empresarial financeiro é só atentamos para as palavras cheias de desculpas,é preciso lembrar q este governo estava e está ainda desestruturando td q estava estruturado com a finalidade só Deus sabe !(ou sabemos?)
    Obs:Qual o número da pesquisa?Quem assina? Qual a data ?Esse doc aí é do nível do Guedes e sua reforma da previdência q se aprovada AUTOMATICAMENTE viria os investimentos e o Brasil já cresceram mil por cento no primeiro mês,mas tem q aprovar viu!? Medíocres e vamos para de acreditar em contos da carochinha (ou é intencional?)

  6. Nassif: malditos VerdeSauvas, executores dessa DemocraciaDaBaioneta, onde o objetivo é o lucro mercantil para seus escolhidos e cuja razão é sempre a bala! Que se danem seus “relatórios” da Inteligência, mostrando como devem sacrificar constitucionalmente os do Povo. Como diziam os romanos, “morituri te salutant”.

    Canto das Três Raças

    Ninguém ouviu
    Um soluçar de dor
    No canto do Brasil
    Um lamento triste
    Sempre ecoou
    Desde que o índio guerreiro
    Foi pro cativeiro
    E de lá cantou
    Negro entoou
    Um canto de revolta pelos ares
    No Quilombo dos Palmares
    Onde se refugiou
    Fora a luta dos Inconfidentes
    Pela quebra das correntes
    Nada adiantou
    E de guerra em paz
    De paz em guerra
    Todo o povo dessa terra
    Quando pode cantar
    Canta de dor
    Ô, ô, ô, ô, ô, ô
    Ô, ô, ô, ô, ô, ô
    Ô,
    E ecoa noite e dia
    É ensurdecedor
    Ai, mas que agonia
    O canto do trabalhador
    Esse canto que devia
    Ser um canto de alegria
    Soa apenas
    Como um soluçar de dor

    — Clara Nunes

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