Ronaldo Bicalho
Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Uma agenda para o gás natural no novo governo

Por Marcelo Colomer, do Blog Infopetro

No dia 14 de dezembro de 2010 foi realizado no Rio de Janeiro pela Associação Brasileira de Estudos de Energia – AB3E – o seminário “Uma Agenda para a Política Energética Brasileira nos Próximos 4 Anos”. Entre todos os temas abordados destaca-se o papel do gás natural na passagem de uma matriz energética predominantemente fóssil para uma matriz energética sustentada em energias renováveis. Nesse contexto, faz-se necessário pensar em uma nova agenda para o gás natural no Brasil.

O cenário atual que se põe à indústria de gás natural mostra-se muito diferente do cenário sobre o qual foi elaborada a lei 11.909. As incertezas sobre a segurança do abastecimento de gás natural trazidas pela reestruturação do setor de hidrocarbonetos na Bolívia em 2006, e o crescimento acelerado da demanda davam sinais de que o Brasil passaria de uma situação de excesso para uma situação de escassez de gás natural.

A partir de 2009, contudo, o panorama da indústria de gás natural muda. A queda acentuada no consumo dos setores que vinham puxando o crescimento da demanda de gás natural, como o setor industrial e o de geração elétrica, a conclusão dos projetos de GNL no Ceará e no Rio de Janeiro e as descobertas das imensas reservas de gás natural do pré-sal reverteram a potencial situação de escassez em um potencial excesso de oferta. Ademais, o temor de que a reestruturação da indústria de gás natural na Bolívia pudesse comprometer a segurança do abastecimento mostrou-se infundado uma vez que desde 2006 não houve interrupção – a não ser por motivos técnicos – do fornecimento de gás do país vizinho.

Nesse novo contexto da indústria de gás natural no Brasil, os principais desafios para o novo governo mostram-se muito mais relacionados ao desenvolvimento do mercado e da infra-estrutura de escoamento do gás natural do que com o esforço de exploração e produção. Se considerarmos ainda que grande parte do gás produzido no Brasil encontra-se associado ao petróleo, o desenvolvimento de um mercado maduro para o gás natural mostra-se essencial para o esforço de redução das queimas, que em outubro de 2010, atingiram o valor de 5,50 milhões de m3 cúbicos por dia.

Outro importante fator que explica a importância do desenvolvimento do mercado interno é o cenário de preços baixos que se projeta para os próximos anos. O crescimento da produção do gás não convencional nos EUA, principalmente a partir do shale gas, a expansão da capacidade de liquefação acima da capacidade de regaseificação e as alterações das cláusulas contratuais na Europa vêm contribuindo para o descolamento do preço do gás em relação ao preço do petróleo. Sendo assim, o mercado internacional não se mostra um destino muito atrativo para o excesso de gás natural que se projeta no Brasil.

Para o diretor da consultoria Gas Energy, Carlos Alberto Lopes, a oferta de gás natural no Brasil poderá atingir 170 milhões de m3 dia em 2020, o que evidencia a mudança de cenário para a indústria de gás na próxima década. Nesse contexto, de excesso de oferta, os principais desafios enfrentados pelo novo governo seguindo a visão do especialista são: (…) continua no Blog Infopetro.

Ronaldo Bicalho

Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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