Governo Central registra maior déficit primário da história

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A queda da arrecadação e a alta dos gastos com subsídios e a Previdência Social fizeram o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrar o maior déficit primário da história em outubro. De acordo com os dados divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional, as contas do Governo Central ficaram negativas em R$ 12,279 bilhões, o pior resultado para o mês. Em outubro de 2014, o governo tinha registrado superávit primário de R$ 4,086 bilhões. No acumulado de 2015, o déficit primário atinge R$ 33,099 bilhões, também o pior resultado para os dez primeiros meses do ano desde o início da série histórica, em 1997. No mesmo período de 2014, a conta estava negativa em R$ 11,630 bilhões.

De acordo com os dados divulgados, o resultado, comparado com o mesmo mês do ano anterior, é explicado pela elevação de R$ 11,5 bilhões nas despesas totais, conjugado com uma queda de R$ 4,9 bilhões na receita líquida total. O aumento nas despesas totais deveu-se à elevação de R$ 15,4 bilhões nos benefícios previdenciários, parcialmente compensados pela redução de R$ 3,9 bilhões nas despesas do Tesouro. A queda na receita líquida, por sua vez, é explicada por uma diminuição da receita total de R$ 2,9 bilhões, conjugada com um aumento de R$ 2 bilhões nas transferências a estados e municípios.

Comparativamente ao acumulado até outubro de 2014, também a preços correntes, houve decréscimo de R$ 21,5 bilhões no resultado primário do Governo Central, passando de um déficit de R$ 11,6 bilhões em 2014 para déficit de R$ 33,1 bilhões em 2015. Em proporção ao PIB de cada período, o resultado primário passou de -0,26% nos dez primeiros meses de 2014 para -0,69% do PIB em 2015.

Segundo o levantamento, o resultado é reflexo do aumento da Despesa Total (5,1%) em maior proporção que o crescimento da Receita Líquida Total (2,6%). Vale ressaltar que, em termos reais, a arrecadação registrou redução de 5,4%, explicada principalmente pela evolução dos indicadores macroeconômicos relevantes para arrecadação de tributos, desonerações tributárias, compensações tributárias e queda na receita de dividendos.

A queda real das despesas está sendo puxada pelos investimentos, que somaram R$ 45,851 bilhões nos dez primeiros meses do ano, queda real (descontada a inflação) de 38,6% em relação a 2014. Desse total, os gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) somaram R$ 32,750 bilhões, com redução real de 41,4%. Outra despesa que apresentou diminuição ao considerar a inflação foi a do funcionalismo, com queda real de 2%.

No entanto, outros tipos de gastos estão subindo em 2015, como o custeio (manutenção da máquina pública), com alta real de 0,6% em 2015 e subsídios e subvenções, com alta real de R$ 14,452 bilhões (167,4%) em relação aos dez primeiros meses de 2014, impulsionada pelos financiamentos do Programa de Sustentação do Investimento, concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo pagamento de repasses em bancos públicos que tinham ficado acumulados nos últimos anos.

As despesas da Previdência Social acumulam alta de 1,9% acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2015. Em valores absolutos, os gastos com as aposentadorias, pensões e auxílios aumentaram R$ 6,742 bilhões acima da inflação de janeiro a outubro. Segundo o Tesouro, o crescimento real deve-se ao aumento de 2,8% no número de benefícios pagos.

No início do ano, o governo tinha estipulado meta de superávit primário – economia para pagar os juros da dívida pública – em R$ 55 bilhões para o Governo Central. No entanto, as dificuldades para cortar gastos e aumentar as receitas fizeram a equipe econômica revisar a meta fiscal de 2015 para déficit primário de R$ 51,8 bilhões, que subirá para R$ 119,9 bilhões por causa do reconhecimento dos atrasos nos repasses a bancos públicos.

 

(com Agência Brasil)

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

3 Comentários

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  1. Governo não é uma empresa.

    Governo não é uma empresa. Déficits públicos só serão problemas se não existirem fontes de financiamento baratos, estáveis e de longo prazo. O orçamento mais deficiário do mundo é o da matriz do capitalismo, EUA. O interessante é que o americanófilos tupininquins alardeiam o fim do mundo acerca dos nossos déficitis e se calam quanto aos da “pátria mãe” deles. 

    O nosso histórico e grave problema é o financiamento desses déficits que em parte irão formar a dívida pública. Aí, sim, a coisa pega. Além das aviltantes taxas de juros há ainda por cima os prazos curtíssimos. Os títulos do Tesouro americano vencem em  décadas, aqui em anos. 

    Outra diferença é que lá tem um banco central que não se fixa apenas na defesa da moeda, mas e principalmente, na estabilidade do mercado de trabalho. Aqui os indicadores desse item se deteriorando e o BACEN assobiando e olhando para cima fazendo  de conta que não é com ele. 

  2. Falar em defict quando se

    Falar em defict quando se sabe que país tem poupança de trilhões e ainda créditos de mais dos isso de Cuba, Venezeula, Argentina e dezenas de países africanos, soa mais como piada.

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