Governo quer passar exploração de urânio para iniciativa privada

Objetivo foi confirmado pelo ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, em viagem ao Canadá: “Estado tem o poder de controlar e fiscalizar para que esse empreendimento possa ser feito por empresas privadas”, disse

Jornal GGN – O ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque disse que a exploração de urânio no Brasil passará para a iniciativa privada. Pela Constituição Federal do país, a mineração do elemento químico, usado tanto na produção de energia quanto na construção de bombas atômicas, é da União na figura da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB).

A declaração do ministro foi feita ao jornal Valor na segunda-feira (04) durante uma sessão do Prospectors and Developers Association of Canada (PDAC), um encontro tradicional da indústria de mineração em Toronto.

Segundo Albuquerque, o Brasil não faz mineração de urânio há seis anos “por diversas questões”, mesmo tendo a sexta maior reserva do mundo com um terço do território prospectado. “Eu considero isso um absurdo”, acrescentou tendo antes pontuado que o país é um dos poucos no mundo que também domina a tecnologia nuclear ao mesmo tempo que tem grandes reservas de urânio. O ministro é almirante da Marinha e tem experiência com pesquisas na área de energia nuclear.

A entrada da iniciativa privada não querer, necessariamente, mudanças na Constituição. “Da mesma forma que o petróleo, mas isso pode ser flexibilizado porque o Estado tem o poder de controlar e fiscalizar para que esse empreendimento possa ser feito por empresas privadas”, analisa Albuquerque. A proposta vem sendo defendida também dentro do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro.

A exploração de urânio não vale tanto financeiramente como há cerca de 15 anos quando a libra do minério que chegou a US$ 137 e caiu para US$ 17 em 2007. Hoje a libra do urânio é comercializada a US$ 28. Para completar, na última década o Cazaquistão veio ganhando mais espaço no mercado mundial e hoje oferece o produto com baixo custo de produção, comparado ao Canadá que chegou a dominar o setor e se viu obrigado a fechar diversos empreendimentos nos últimos anos.

Executivos de empresas de exploração de urânio que estão no Canadá, entrevistados pelo Valor, apontaram a decisão do Brasil como positiva. “É sempre uma oportunidade quando um monopólio estatal antigo é aberto porque as novas tecnologias e o capital privado podem revelar muito bons [negócios] que não eram até então conhecidos”, comentou o CEO da SkyHarbour Resources Jordan Trimble.

Redação

2 Comentários

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  1. Demorou

    Uranio natural não é elemento estratégico há décadas, e no momento até é economicamente desinteressante sua prospecção, pois abrir novas areas somente faria o preço cair ainda mais, e no final, o que importa mesmo, é conseguir o ciclo completo, tanto do combustivel – o que já fazemos faz tempo, tanto para reatores de energia como para deslocamento – enriquecimentos diferentes – como para ” explosivos” *, um outro nivel de enriquecimento, o qual não nos interessa desde os anos ’80.
    Armas “nucleares” são simples de fazer – tecnologia dos anos 40 – nas quais o “explosivo” somente é parte, hoje infima, do sistema, o problema são torna-las efetivas, tipo assim: a) lançadores; b) tecnologia de lançamento; c) controle de ação/dispersão e d) ” o mais dificil “, a conformação das ogivas.

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