Grécia e zona do euro entram em acordo

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Os chefes de Estado e de Governo da zona do euro, reunidos em Bruxelas desde domingo (12) à tarde, chegaram hoje (13) de manhã a um acordo sobre a Grécia, após 17 horas de negociações.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou que seu governo travou uma “batalha dura” durante seis meses e “lutou até o final por um acordo que permitirá ao país se recuperar”.

“Enfrentamos dilemas difíceis e tivemos que fazer difíceis concessões para evitar a aplicação dos planos de alguns círculos ultraconservadores europeus”, disse Tsipras ao final do encontro.

O acordo fechado hoje avança com um terceiro programa de resgate à Grécia e impõe condições ao país com calendários de curto prazo, segundo o texto das conclusões adotado.

Até quarta-feira (15), o Parlamento grego tem que aprovar medidas como o aumento de impostos e o alargamento da base tributária para aumentar as receitas fiscais, a reforma do sistema de pensões – incluindo a garantia da sua sustentabilidade a longo prazo –, a garantia da independência do Instituto de Estatísticas Grego (Elstat) e a aplicação integral das principais normas previstas no Tratado de Estabilidade, Coordenação e Governança na União Econômica e Monetária.

Até o dia 22 de julho, os deputados gregos têm de aprovar também a adoção do Código de Processo Civil que inclui disposições que aceleram os processos judiciais, reduzem os custos e transpõem para a legislação nacional – com o apoio da Comissão Europeia – as regras comuns para a recuperação e a resolução bancárias (diretiva DRRB). As regras regulamentam a prevenção das crises bancárias e asseguram a resolução ordenada dos bancos em situação de insolvência, minimizando, ao mesmo tempo, o impacto desses fenômenos na economia real e nas finanças públicas.

Os líderes da zona do euro destacam que imediatamente após a adoção do primeiro pacote de medidas (as mais urgentes), bem como a validação parlamentar dos compromissos constantes no acordo, é que pode ser decidido um mandato para que as instituições negociem um memorando de entendimento com Atenas.

Até outubro, as autoridades gregas têm também que implementar reformas ambiciosas nas pensões e aplicar a cláusula do déficit zero ou medidas alternativas aceitas pelas partes. O texto prevê também a privatização do operador de distribuição de energia elétrica (Admie) ou medidas de substituição, com valor equivalente.

Sobre o mercado de trabalho, o acordo prevê a modernização da negociação coletiva, incluindo as demissões. Um programa de privatizações também está inscrito no acordo, sendo as verbas destinadas a um fundo de financiamento ativo para os gregos.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

16 Comentários

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  1. Humilharam a Grécia

    Colocaram os emissários de joelhos, ditaram as ordens e  após isso os mandaram para casa com as mãos abanando.

    Pobres gregos.

  2. Segundo Paul Krugman, “a

    Segundo Paul Krugman, “a lista de exigências do Eurogrupo é loucura… é mais que dura, é vingança pura, destruição completa da soberania nacional e sem esperança de alívio” (para o povo grego) – http://goo.gl/1ZnjD7

  3. Resumindo

    A Grécia entrou num acordo em que vai promover privatizações no total de 50 bilhões de euros. A economia grega é um décimo da brasileira. Seria o equivalente ao Brasil topar privatizar ativos no valor de 500 bilhões de euros, ou 1,5 trilhão de reais.

    Vai ter que aprovar ainda idade mínima para aposentadoria aos 67 anos, restringir direitos obtidos em convenções coletivas, reduzir direito de greve e facilitar demissões coletivas. E só daqui a três meses, se provar que é bem comportado, o governo poderá rolar a sua dívida. É por isso que eu fico de mau humor quando a gente passa mais tempo descascando nosso governo federal do que o monstro do capital que ele enfrenta dia a dia. E isso que lá o Syriza tinha maioria na Câmara (149 deputados em 300), maioria no governo (só um ministro não é do partido) e apoio da população (60% num plebiscito, quase o dobro da votação que teve no início do ano).

    1. Allan, eu não costumo

      Allan, eu não costumo descascar nosso governo federal – salvo no caso de algumas  MPs recentes do ajuste fiscal – mas como é que se faz para descascar o monstro do capital sem criticar a política econômica adotada em 2015 ? Preciso de subsídios para discutir educadamente com alguns conhecidos que estão perdendo a paciência.

  4. Plano alternativo de Varoufakis

    Varoufakis, ex-ministro da Economia, tinha um plano B para a Grécia. O Syriza não topou:

    http://www.eldiario.es/economia/BCE-Yanis_Varufakis-Grecia-Grexit_0_408759865.html

    Yanis Varufakis, el exministro de Finanzas de Grecia ha explicado a la publicación NewStatesman cómo gestionó la última parte de la crisis griega y su propuesta para poner en circulación pagarés referenciados al euro. “Mi punto de vista era -y así se lo propuse al gobierno- que si se atrevían a cerrar nuestros bancos, lo que yo consideraba un movimiento agresivo de una increible potencia, deberíamos responder agresivamente pero sin cruzar un punto de no retorno”, así explica Varufakis cómo veía la situación antes de imponer el corralito. “Deberíamos poner en circulación nuestros propios IOUs (pagarés), o al menos anunciar que íbamos a crear nuestra propia liquidez denominada en euros; deberíamos recortar el valor nominal de los bonos de Grecia de 2012, y deberíamos tomar el control del Banco de Grecia. Este era el tríptico, las tres cosas, con las que pensaba que deberíamos responder si el BCE cerraba nuestros bancos”, prosigue el exministro de Finanzas al desgranar cómo fue el proceso de control de capitales del país.

    La propuesta de Varufakis no salió adelante en la votación. “Estaba advirtiendo al gabinete de que esto iba a ocurrir [que el BCE cerrara los bancos] durante un mes con el objetivo de arrastrarnos en un acuerdo humillante. Cuanto esto ocurrió -y muchos de mis colegas no podían creer que estuviera ocurriendo- mi recomendación para responder enérgicamente, vamos a llamarlo así, perdió en la votación”, explica Varufakis.

    (…)

    Original em inglês no http://www.newstatesman.com/world-affairs/2015/07/yanis-varoufakis-full-transcript-our-battle-save-greece

  5. ,

    A crise grega deixou há muito de ser economica e tornou-se política.

    A rebeldia do povo grego, diante do sofrimento imposto pela Troika, foi punida de forma exemplar pelo conservadorismo europeu, como forma de intimidar “futuros rebeldes” e deixar claro que quem manda é quem tem o dinheiro e obedece quem tem juízo.

    Mas nem somente a Grécia perdeu. O alicerce da EU ruiu e ruiu com ajuda de quem o construiu.

  6. Sonho de uma noite de inverno. Ou Tsipras Genro

    Domingo 05, redes sociais em festa, neguinho rolando no chão “…chupa, Alemanha”. Não compartilhei nem uma única notícia a respeito da vitória do NÃO no referendo por um motivo muito simples. O sistema financeiro internacional foi concebido, amarrado para não permitir que os países saiam fora do roteiro. Podem até sair, mas serão transformados imediatamente em párias, serão escorraçados do “clube” da gente de “bem”. Acontece que o Tsipras Genro não tinha um plano B para o day after. Simplesmente não tinha. Daí vem a ressaca. Sem crédito, sem dinheiro, pagar as importações com o quê? A menos que os gregos fossem autossuficientes em tudo, não precisassem comprar nada do exterior. E a Alemanha pôs a Grécia na roda, fez ajoelhar no milho. Na boa, estava esperando isso. 

    A única análise sensata partiu do José Luiz Del Roio, na TVT, para quem a única alternativa de sobrevivência da Grécia seria a Rússia e o turismo das 6 mil ilhas. A Rússia teria de despejar dinheiro de caminhão por lá. E o Tsipras Genro não tinha plano B!!!!!!! Como é fácil fazer discurso. E o “Chupa, Alemanha!” durou…5 ou 6 dias!! Estava esperando por isso. E a dívida continua impagável, nada mudou, sem um desconto de 50%, sem chance. 

    É exatamente o que a Luciana Genro faria se um dia chegar lá. No dia da posse, decreta uma revisão/moratória da dívida. Dali uma semana, o BACEN entra no mercado para vender títulos públicos, como faz toda semana. E o mercado, que antes comprava títulos a 12,75% a.a., prazo de 2, 3 anos, passa a exigir juros de 40% a.a., prazo de 90 dias. E o mercado internacional dá uma sonora banana. 

    Paulo Henrique Amorim, Tsipras não é igual ao FHC, é igualzinho à Luciana Genro. 

    1. Pois é

      Falei que era cedo pra comemoração e os amigos reclamaram comigo. Prática é bem diferente de discurso, ainda mais pertencendo a uma união política e econômica.

  7. Lamentável …………………….

    Realmente lamentáel ver a Grácia de joelhos frente ao fascismo europeu, mais precisamente da Alemanha !!!

    Culpar os gregos por terem gastado muito, não seria uma análise justa, tendo em vista que fo bem provável que os governos alidados aos rentistas, previram todo este desfecho, para finalmente se apoderarem dos recusros da Grecia.

    Deixá-la de joelhos, seria mais específico !!!!

    Daí se vê que, não basta ter mazioria na Camara e muiton menos apoio da população se que estiver no leme, não tiverr também aquilo roxo !!!

    Seria o caso de se espelharem no que foi feito na Alemanha após o vergonhoso Tratado de Versalhes, e se tomar medidas para não ficarem de joelhos frente aos saqueadores !!!!!

    É esperar para ver o que fará o povo grego, independentemente de seu recém governo eleito, que pelas fotos divulgadas após o acordo, não anda com aparência nada festiva !!! 

  8. eu peço um esclarecimento (sou leigo)

    Se pensarmos que os bancos são sa, com trocentos acionistas que esperam receber dividendos pelas ações que possuem, 1) os empréstimos sem garantias não seria gestão temerária; 2) Se perdoarem as dívidas ou criarem condições especiais que tragam prejuízos, não estariam sendo igualmente, digamos, negligentes, uma vez que os acionisas querem os dividendos?

  9. Nada como ser revolucionário fora do poder

    Torci pela Grécia, é claro, e muito. Ser revolucionário fora do poder é facílimo, que o diga Luciana Genro e o PSTU. 

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