Gustavo e o sistema financeiro

enviada por João Villaverde

Estive essa semana em um evento apresentado por Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central (1997-1999) e um dos formuladores do Plano Real (1994). A apresentação foi sobre os juros, mas o melhor estava na conversa informal após sua fala.

Com os recentes cortes na taxa de juros Selic, hoje em 12,5%, a possibilidade, inédita, de praticarmos uma taxa de juros de um dígito se tornou visível e plenamente possível. Mas, segundo Gustavo, com esse patamar, uma revolução está por vir na economia.

“O sistema bancário não está preparado para juros de um dígito. O sistema foi criado nos tempos de inflação alta” diz o economista. Com juros de 7%, ficará mais barato captar depósitos à prazo que os depósitos à vista, que seriam de 15%.

Gustavo cita os balanços dos bancos publicados nos jornais. Nesses balanços aparecem as despesas e as receitas. As despesas de custeio (aluguel de agências, conta de luz, manutenção, etc.) e salários dos vários funcionários por agência. As receitas são os obtidos através dos pagamentos de recebíveis, juros e liquidação de contrato de crédito.

Com juros de um dígito, como 7%, os bancos terão de cortar despesas. Ou seja, diminuir pessoal, número de agências, etc. (…)
Ele cita o “caos instalado depois que o Plano Real acabou com a inflação”. Segundo Franco, “todos os bancos estaduais, sem exceção, quebraram. Banco do Nordeste, Nossa Caixa, o Banco do Brasil quebrou duas vezes”. (…)

Outro dado apontado pelo economista, hoje presidente do banco de investimentos Rio Bravo, que vai causar problema são os investimentos. Afinal os fundos de DI, com rendimentos de 70% do CDI (os mais comuns, com taxa de administração de 3%) renderão bem menos que os depósitos na Caderneta de Poupança. Até porque, na Poupança, não se recolhe imposto de renda.

E, uma vez alocados na poupança, 60% de cada depósito efetuado deve ser direcionado para os compulsórios bancários e para crédito habitacional. A poupança rende uma taxa referencial (TR) – calculada pelo CMN – mais 6% ao ano. Com juros Selic, abaixo de 10%, a poupança passará a render mais que os fundos de renda fixa. “E o governo não têm mais o que fazer para diminuir a TR” diz Gustavo.

Para ele uma adequação do atual sistema está por vir.

Luis Nassif

34 Comentários

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  1. As explicações reservadas do
    As explicações reservadas do ex-Presidente do BACEN, a primeira vista, deixa transparecer que a política monetária e sua contrapartida cambial esta engessada e é há robustos argumentos para deixá-la assim.
    Ora os custos operacionais e as fontes geradoras de receitas dos bancos teriam de mudar, diante de crescente redução dos ganhos em fundos DI, incluindo neles as taxas de administração. A perda de atratividade da captação de recursos em linhas de curto prazo e a preferência por aplicações de longo prazo, hoje condicionadas a retenções sob formas de elevados depósitos compulsórios, tambem deveriam ser repensadas, diante de um novo quadro. A fatia que o governo capta em rendimentos , sob forma de tributos financeiros , também exige uma profunda avaliação e adequação, a luz da experiência de outras nações.
    Será que o País necessariamente deve perseverar na manutenção de política torta e difenciada das nações bem sucedidas na corrida do desenvolvimento.
    Os bancos no Brasil são os melhores negócios em termos planetários.
    Que venha logo a adequação do sistema financeiro, mas com base na sabedoria chinesa e da lavra do Confucionismo: seguindo os caminhos das pedras e por experimentação e ajustes.
    Não é projeto para principiantes e muito menos para ficar a cargo de reducionistas.
    Hah! Mas se isto vier acontecer seria necessário mudanças nas cabeças coroadas do governo nacional.
    Por tras dele impõe-se a existência de um verdadeiro Plano de Desenvolmento Nacional.

  2. não precisa cortar despesas é
    não precisa cortar despesas é só manter o lucro líquido (nominal) no nivel que está….
    agora se os banqueiros acham que um lucro líquido de 5 bilhões por ano é pouco, ai é outra história….

  3. Bem, eu nunca aposto contra
    Bem, eu nunca aposto contra um oligopólio. Uma revolução é sim iminente, mas na direção oposta à formulada pelo Gustavo Franco: para manter os atuais níveis de lucratividade aos bancos vão ter que alavancar todos os seus negócios ao mesmo tempo (gestão de recursos de 3os, seguros, crédito pessoal, crédito ao produtor, crédtio rural, crédito imobiliário, cartões de crédito, bancarização dos pobres, etc e tal). Noutra palavras, mais funcionário, menos rentabilidade por total de ativos, e nisto eu aposto cegamente, mais lucro!

    Ruben

  4. Balela. O Gustavinho
    Balela. O Gustavinho “esqueceu-se” das receitas de prestação de serviços (tarifas) que cobrem grande parte das despesas de pessoal, deixando apenas um valor residual a ser coberto pelas receitas de operações de crédito. Ademais, as taxas praticadas nas operações de crédito, tanto pelos bancos privados como pelos bancos públicos, são imorais, extorsivas e totalmente descoladas da taxa básica SELIC. Clientes preferenciais chegam a ter, por exemplo, descontos de até 73% na taxa de utilização do cheque especial, o que demonstra como os pobres clientes normais são tosquiados…

  5. Por que nao baixar este
    Por que nao baixar este rendimento de 6% da poupança?

    Acho tambem que banco nao é um setor que gera muito emprego.

    PS. Ontem comprei um dvd recorder chines, estao mais baratos mesmos!

  6. Pelo menos um ponto
    Pelo menos um ponto favoravel. Já tá na hora dos rentistas e os bancos tambem sofrerem.
    Não é possivel pretender que todos sofram menos os rentistas. Produtores, consumidores, comerciantes e industriais já pagaram sua cota de contribuiçao para a diminuiçao da inflaçao e dos ajstes economicos.
    Agora se o fenomeno tambem pode ocorrer entre bancos e rentistas. Poderemos assistir ao ajustamento em setores da economia até hoje intocados.
    Esperamos que os funcionarios dos bancos que ocupam posiçao de diretoria do Bacen façam valer seu papel como funcionarios publicos agora. Não somente de representantes dos agentes financeiros. Não ´somos apenas empresas que devemos nos ajustar a modernidade e a valorização cambial.
    O ajuste e a modernidade tambem passam pela taxa de juros.

  7. Gustavo Franco, como sempre,
    Gustavo Franco, como sempre, revela a sua visão estreita e vulgar dos problemas econômicos. O guru da euforia especulativa, do capital fictício e dos ganhos parasitários não consegue sequer perceber os problemas que os juros altos trazem para o setor dito “produtivo” do capitalismo dependente. Classe trabalhadora, para ele, sequer existe.

  8. Oi Nassif. Isso é uma bomba.
    Oi Nassif. Isso é uma bomba. Para o bem ou para o mal. Me parece que para o bem. Parabéns novamente pelo furo. E pela democratização da informação. Pelo jeito nenhum economista, jornalista ou outro ista qquer se atreveu até agora tocar no assunto. Ou por ignorância (desinformação), talvez a mairia, ou para não expor o ridículo do “mercado” sempre “tão eficiente”. Os ineficientes que desapareçam. Não é isso que dizem alguns cabeções. Ou não vale para esse setor? Porque todo esse cuidado com os bancos? Não são os que mais tem gordura para queimar? Sempre ganharam. Primeiro com a inflação e depois com os juros. Agora à discussão: como desarmar a bomba e que venha para o bem da sociedade. Será isso Nassif que tanto tem atrazado a queda dos juros?

  9. Será que este é o motivo para
    Será que este é o motivo para que o nosso Banco Central manter a taxa de juros de modo tão alto por tanto tempo?? Será que esta fala do Gustavo Franco é a prova de que o BC foi capturado pelo sistema financeiro?? Vai saber…

  10. A análise do Gustavo Franco
    A análise do Gustavo Franco está certa e há alguns detalhes interessantes a acrescentar: dos aproximadamente 160 bancos do SFN o primeiro impacto vai ser justamente sobre os bancos menores que não acharam um nicho específico de mercado. Esses reproduzem o que fazem os maiores sem ter o ganho de escala que os grandões tem. Podem ser comprados para evitar turbulências, mas não valem grande coisa. Depois sofrem também os bancos que acharam algum nicho (tipo crédito consignado) mas que tem custo de captação elevado e justamente por isso estão perdendo espaço nos nichos que desbravaram. Nos grandões (grupo dos 10 maiores), quem ficar muito para trás em tamanho (portanto em ganhos de escala) é candidato a virar noiva da vez e isso vale inclusive para os estrangeiros (se alguém dúvida, lembre do BBVA). E na indústria de fundos de investimento a água já está batendo pelo menos nos países baixos, pois há pelo menos dois anos o pessoal de mesa está penando para acompanhar o CDI, principalmente por causa da redução da proporção dívida PIB : o volume de recursos disponíveis para aplicações tem crescido mais que o volume de papéis públicos em mercado, daí que os spreads em dívida pública estão justos, justos. O que se tem tentado é manter os ganhos anteriores com papéis que embutem maior risco de crédito que o do Tesouro (CDBs, Debêntures, FIDCs, CCBs), o que é bom para o país por diluir a atual liquidez na economia como um todo (e não só para o estado), mas exige mais dos operadores e das áreas de risco dos bancos e não dá o mesmo retorninho filé que deu durante muito tempo (ganho fácil com pouco risco). Tempos novos para o mercado pois já está dando trabalho ganhar dinheiro e não tem sido para todo mundo, pois a ponta perdedora deixou de ser sempre o governo e passou a ser também muito os próprios outros bancos e assets. (Tchau bônus milionários no fim do semestre…). Tempos novos também para os aplicadores que terão que assumir mais riscos, especialmente de crédito, pois os ganhos em renda fixa com o governo estão secando.

  11. a revolução que está por vir
    a revolução que está por vir depende do governo para direcioná-la:

    o mercado de capitais passará a financiar o desenvolvimento.

    mas não será permitindo que fundos de investimento apliquem no exterior.

    “Bastaria uma redução na oferta dos títulos -por conta da diminuição da dívida pública- para disponibilizar uma dinheirama no mercado, para financiar o desenvolvimento. Os gestores terão que buscar ativos com rentabilidade para substituir títulos públicos. E aí se terá que preparar o ambiente para essa realocação.

    É erro pensar que o sistema bancário é quem irá prover recursos para financiar empresas e consumo. No mundo inteiro, o funding é dado pelos fundos, financiando a produção por meio de debêntures e o consumo por meio de instrumentos como os Fundos de Direitos Creditórios (recebíveis, já regulamentados no Brasil).

    Fundos e investimento
    14/08/2003

  12. Nassif, de fato seria
    Nassif, de fato seria necessário checar quanto das receitas dos bancos vem do spread entre custo do dinheiro captado e o o prêmio pela compra de títulos do governo. Mas digamos que isso seja verdade, então os bancos terão que procurar outras formar de investir os recursos captados, dar mais crédito me parece o óbvio.
    Nisso o crescimento do crédito imobiliário vai ajudar muito, o percentual deste tipo de crédito sobre o PIB é irrisório quando comparado a países desenvolvidos. O crédito direto ao consumidor também. Não sei se só isso dá, acho que terão que inovar, por exemplo, financiando novas empresas, criando fundo próprios de Private Equity, etc.
    Sobre os fundos de investimento, aleluia! Está mais que na hora das taxas de administração caírem. Fundos de varejo chegam a cobrar 4% para comprar títulos públicos sem agregar nenhum valor, um bom trainee faz isso com um pé nas costas. É uma vergonha o que os bancos fazem com o cliente do varejo.
    O fato é que o tesouro quer diminuir mais e mais os papéis pós-fixados e isso acabou com a moleza que era a vida de um administrador de fundos DI (onde se concentra as maior parte dos investimentos do varejo), agora vão ter que rebolar.
    No mercado de institucionais (grandes clientes, as taxas de administração vêm caindo há quase uma década e mais fortemente há 5 anos. Eu chutaria que desde o início do real (a inflação camuflava a taxa exagerada) as taxas de grandes clientes já caíram uns 70%.
    Como o pequeno poupador não percebe a taxa alta, só mesmo um movimento em direção à poupança é que fará os bancos reduzirem suas taxas. Não por acaso, o governo mudou o ganho da poupança e também e permitiu os investimentos no exterior.
    O problema é que os bancos terão que baixar as taxas e melhorar as equipes.
    Por fim, cabe aqui um reflexão ao que disse o Gustavo Franco, como o mercado caminha para práticas mais parecidas com o primeiro mundo, o que é ótimo) será que o lucro relativo dos bancos brasileiros também não tem que caminhar?

  13. O senhor Gustavo Franco
    O senhor Gustavo Franco tambem conhecido como ,> realmente desta vez estah demonstrando
    a sua sincera preocupacao,,, pois
    de juros ele eh profundo entendido\,,,
    afinal ele ,,,na epoca de ,,,apos estudos aprofundados e consulta aos
    seus pares de ,,,,decretou por forca das injuncoes mercadologicas
    a TAXA DE JUROS DE 49,75%%%%,,,
    o CARA ESTAH DEVERAS PREOCUPADO !!!

  14. Ora essa turma não é a que
    Ora essa turma não é a que diz que as empresas que tenham ganhos de produtividade ou morram? Que os bancos tenham ganhos de produtividade ou morram. Foi o único setor que teve um plano de recuperação bancado pela viúva – o PROER. Nassif o setor financeiro não está se apossando de parcela do PIB além do que lhe caberia? Acredito que sim, e para o país voltar a crescer deverão devolve-lá forçosamente.

  15. Nassif,
    Pelo que sei atravez
    Nassif,
    Pelo que sei atravez de um alto executivo bancario os ganhos com tarifas bancarias são uma mina de dinheiro desde a sua instituição, hoje cobre as despesa e sobram lucros, claro voce matou a charada de cara, foi no cesne da questão, nesse mato tem coelho e muito cabeção.

  16. Eu gostaria que alguém, com
    Eu gostaria que alguém, com um mínimo de independência, perguntasse ao Sr. Gustavo Franco o porquê de ele ter permitido que o esquema BANESTADO atuasse na fronteira com o Paraguai ao mesmo tempo que o BACEN impunha restrições ao mercado formal de importações.

    Eu gostaria de saber também se ninguém ganhou com as operações realizadas pelo Banco Central no mercado de derivativos por anos a fio durante a presidência do referido Gustavo Franco, operações essa que culminaram com os escândalos do Banco Marka e Fonte Cindam.

    Mas chamam o homem para falar de economia… Logo ele…

  17. A queda da Selic forçará os
    A queda da Selic forçará os bancos a aumentarem sua carteira de empréstimos que aliás, deveria ser a maior fonte de renda de um banco.

    A Selic, praticada em níveis exorbitantes distorce o perfil de receita do banco, que passa a ganhar muito, e fácil, aplicando em títulos do governo, administrando fundos e cobrando tarifas extorsivas dos clientes.

    Os empréstimos ficam em segundo plano…basta observar as propagandas de bancos. Falam de quase tudo, ou apenas sobre coisas que não tem nada a ver com atividade bancária…

    A queda mais acelerada da Selic forçaria alguns ajustes estruturais, mas nada que leve ao famigerado “risco sistêmico”, se é isso o que o Gustavo quis deixar colocado nas entrelinhas.

  18. Estou comovido, com o estado
    Estou comovido, com o estado de penúria ,anunciado dos bancos.
    A informatização,reduziu os custos de “mão de obra”, há algum tempo. Loterias e postos de correios,são “agências”,computadores doméstico,também.Se o país, não consegue desenvolver-se, sem inflação e moeda apreciada,alguma coisa, ocorre ,com seus formuladores econômicos. Ou competência,ou honestidade.

  19. Num país sério esse sujeito
    Num país sério esse sujeito no mínimo estaria respondendo a um processo criminal e não figurando como colunista e referência na mídia.

  20. Nassif,
    Não acho que os
    Nassif,
    Não acho que os bancos estejam numa situaç]ao tão frágil assim não.
    Com certeza os grandes vão saber se virar, a começar pelos fundos variáveis tipo multimercado.
    Terão que mudar de perfil: ficar mais ágil do que antes quando era só esperar o tempo/juros.
    O GF gosta de proteger os bancos hein!

  21. Nassif:

    Por se tratar de
    Nassif:

    Por se tratar de informacao publica, porque Voce nao publica uma tabela com os balancos trimestrais dos principais bancos no Brasil, nos ultimos 3 años?

  22. Daniel Valadão, num país
    Daniel Valadão, num país chavista certamente o Gustavo Franco já estaria exilado. Talvez o Brasil consiga esse extraordinário avanço, que foi a revolução Bolivariana, ao longo dos próximos 2 anos.

  23. Daniel Franco
    Daniel Franco Valladão:

    Concordo plenamente com vc!

    Não sei pq insistem em dar ouvidos a este ineficiente.

    Ele é apenas mais um q usou o BC de trampolim. Uma vergonha…

    Recuso-me a saber o q este energúmeno pensa!

    Este país é uma vergonha… Do contrário, Gustavo Franco estaria em cana!

    Abraço

  24. Não sei se tem a ver, mas
    Não sei se tem a ver, mas nunca vi os bancos tao interessados em dar credito habitacional a tr + 12% a.a. Até a poucos anos tinhamos que ‘correr atrás’ dos bancos e pedir para conseguir alguma coisa. Agora eles é que estao pedindo projetos…….

  25. Muito engraçado! Quando os
    Muito engraçado! Quando os juros no Brasil sobem nas alturas os expertos dizem que as empresas/correntistas é que se devem ajustar ao juros “de mercado”. Pois bem, quando os “juros de mercado” caem os bancos não podem se ajustar a isso!
    Que belo capitalismo o nosso!

  26. As causas mais ignóbeis
    As causas mais ignóbeis costumam atrair talentos para defende-las. Quando os alemãos ocuparam a parte norte da França, incluidno Paris, em junho de 1940, os melhores economistas franceses passaram a servir aos ocupantes, não à ponta de baioneta mas sim voluntaria e alegremente, felizes da vida em justificar a ocupação do solo pátrio pelo inimigo de véspera.
    À frente, Paul Baoudain, presidente da Banque de l Indochine, que passou a ocupar a pasta de Economia no Governo Petain. Baudoain, um tecnocrata brilhante passou a ser o símbolo do colaboracionismo com o inimigo na economia. Poucos, muito poucos economistas se juntaram aos Franceses Livres de De Gaulle.
    A maioria preferiu apoiar os nazistas por uma razão t %!@$&@#de economistas desse perfil : os alemães estavam vencendo e esses economistas adoram vencedores. Se a causa do nazismo era maldita, isso não importava a eles, o Terceiro Reich era o futuro glorioso, vamos ficam com os vitoriosos, uma reação racional de mentes racionais.
    No Brasil de hoje temos vitorioso um grupo anti-nacional e anti-brasileiro, o Partido do COPOM, um grupo que trabalha contra o futuro do País, contra o crescimento, contra o emprego, indiferente aos milhões de jovens sem qualquer perspectiva, indiferente à situação das periferias das grandes cidades mas entusiasmados com o “investment grade”, com a baixa do dolar, com a alta do BOVESPA, com todos os sinais de euforia financeira, tal qual os economistas franceses se entusiasmavam com as vitórias seguidas do Terceiro Reich, que em ano conquistou a Tcheco-Eslovaquia, a Polonia, a Duinamarca, a Noruega, a Béligica, a Holanda e a França acima de Paris. Não era uma maravilha? O brilhante Baudoain só podia vestir essa camisa, assim como o pessoal da Casa das Garças só pode querer o bem dos bancos, afinal quem não se entusiasma com os seus balanços?
    A postura dos grandes bancos é hoje de tal forma anti-nacional que um novo regime, se aparecer, não terá muita saida a não ser estatiza-los, pelo menos os dez maiores privados, como fez o México em 1983, nem que depois se possa reprivatiza-los, como tambem fez o México. A hipertrofia da rentabilidade e do patrimonio líquido dos dos bancos será uma barreira a qualquer relançamento da economia brasileira, um quisto a ser extirpado para que a economia produtiva possa florescer.
    Os grandes processos de reconstrução de economias passam pela solução da hipertrofia financeira, como fez a Republica Federal Alemã na reforma monetária de 49, a França e a Italia no imediato pós-guerra. Recentemente, a nossa vizinha Argentina fez implodir o sistema bancário (com a pesificação) para poder viabilizar novamente a economia produtiva.
    Gustavo Franco, um economista com maior brilho que a média da PUC-Rio, um interessado na história economica, uma raridade entre economistas, se presta a esse papel de colaborador da Febraban, lançando um apelo à comiseração da Sociedade brasileira à miserável situação dos bancos se e quando se tocar na sua rentabilidade. É realmente de condoer. Infelizmente homens inteligentes se prestam a esses papéis, há algo de mais profundo que a inteligência não explica, talvez raiva por ter nascido no Brasil e não às margens do Charles River, em Cambridge, perto de Boston, onde fica a Harvard University e seus belos gramados, avizinhados ao não menos nobre MIT.
    O que fez a diferença entre Paul Baudoain e Charles De Gaulle é a conciência de País e de povo, a conciência da história, que poucos economistas conservadores tem.
    É por essa razão que poucos países através da história, entregaram seu futuro a economistas profissionais, há uma certa carência de percepção mais profunda de um País complexo, como um motorista que só sabe dirigir em linha reta e pode cair no abismo.
    Que nos perdoe o elegante e educado Gustavo Franco, mas essa defesa dos bancos é de chorar, nem o Malan se atreveria a tanto..

  27. Não foram só os bancos que
    Não foram só os bancos que quebraram. Pelo que lembro, no periodo FHC, o Brasil quebrou duas vezes.
    É sabido que as taxas cobradas pelos bancos cobrem, com folga, as despesas com pessoal. É o velho raciocínio: o trabalhador é sempre o maior beneficiado e nada se pode fazer a não ser que se queira prejudicá-los. E isto nunca se fez no Brasil. Os trabalhadores sempre foram devidamente protegidos.
    Este raciocínio já está superado sobretudo na área bancária onde o corte de pessoal foi severo. E mais cortes virão com diminuição ou não das taxas de juros. Nessas horas e somente nessas horas, esse pessoal sempre lembra do bancário e das pobres viuvas que vivem dos rendimentos da caderneta de poupança. Uma graça. Tão bonzinhos!!!

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