Huawei banida para agradar Trump deve impactar economia do Brasil

O possível veto do governo Bolsonaro a participação da Huawei do leilão de equipamentos para a rede 5G no Brasil pode trazer consequências negativas à economia

Foto: REUTERS/Hannibal Hanschke

Enviado por Marcos Silva
comentário no post Fora de Pauta

Huawei sendo banida para agradar Trump, trará consequências ao Brasil.

Do Suno Notícias

Veto de Bolsonaro a Huawei pode trazer complicações à economia

Por Vinícius Pereira

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ainda estuda se irá banir a Huawei de fornecer equipamentos para rede 5G, cujo leilão entre as operadoras telefônicas deve ocorrer no segundo trimestre de 2021, enquanto integrantes do governo dos EUA pressionam a favor do veto da companhia chinesa.

 

De acordo com Vinicius Rodrigues Vieira, professor dos cursos de Economia e Relações Internacionais da FAAP, o veto a Huawei deverá trazer retaliações por parte do governo chinês ao Brasil, prejudicando investimentos de empresas chinesas por aqui e as exportações do País.

“No curto prazo são investimentos. O Brasil já precisava e, depois da covid-19, necessita ainda mais. O governo tem uma agenda ampla de privatizações e concessões e a China é um dos poucos atores com capital para isso. O governo busca alternativas pelos árabes e da Índia, mas, mesmo assim, a China ainda é a mais forte”, disse.

Já no longo prazo, a China poderia procurar alternativas para os produtos brasileiros comercializados por lá, como a soja e o minério de ferro, de acordo com a avaliação de Vieira.

“Os chineses agem estrategicamente, conhecem muito sobre os países e eu entendo que eles vão procurar fontes alternativas para suprir as matérias primas das quais eles precisam. Uma é o minério de ferro e a outra é a soja. Ela é o principal produto de exportação hoje e a guerra comercial entre China e EUA”, afirmou.

Para o professor, apesar de o Brasil ter poder de barganha agora, já que a China possui dificuldade de encontrar outro fornecedor com a capacidade brasileira, o jogo pode mudar no longo prazo.

“No longo prazo, não me surpreenderei se a China estimular um projeto de desenvolvimento de plantio de soja em áreas com clima e solo parecidos com o Cerrado brasileiro, como na África, por exemplo”, completou.

Vale, BRF e JBS seriam afetadas?

Para Pedro Galdi, analista da Mirae, esse poder de barganha do Brasil ajudaria o País a segurar o ímpeto de retaliações chinesas, não afetando a balança comercial, as contas públicas e, também, as empresas brasileiras.

“Eles precisam de nossa soja, de petróleo e minério de ferro brasileiro”, disse.

De acordo com Henrique Esteter, analista da Guide, apesar de existir uma preocupação em relação a possíveis retaliações, a China necessita da proteína cedida por empresas como JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3), além do minério de ferro da Vale (VALE3) para manter o incentivo a infraestrutura local.

“Caso ela não compre minério da Vale, ela vai ter que pagar muito mais caro para outras fornecedoras e também não será suficiente”, disse o analista.

“A mesma coisa para BRF e JBS. Com a febre suína africana, que acabou dizimando o rebanho na China, eles precisam comprar carne e se não comprarem dessas empresas, o país como um todo vai pagar muito mais caro”, afirmou.

Por isso, na avaliação de Esteter, a China não tomaria medidas consideradas contraproducentes como vetar o mercado doméstico para empresas brasileiras — ao menos no curto e médio prazos.

China é principal parceiro comercial

Mesmo em meio as tensões acerca da Huawei, os especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias acreditam que a questão é estratégica e deve ser conduzida com cuidado pelo governo Bolsonaro dado a importância do país asiático para a economia e o crescimento futuro do PIB brasileiro.

No acumulado deste ano até setembro, mês do último dado disponível, a China é a principal fonte de contribuição para o superávit da balança comercial do Brasil, com saldo de US$ 28,7 bilhões no acumulado do período, segundo dados do Ministério da Economia. O país comprou nos nove primeiros meses do ano US$ 53,4 bilhões de produtos brasileiros, enquanto vendeu US$ 24,63 bilhões.

O país é destino de 35% das exportações brasileiras -longe do segundo lugar, ocupado pela União Europeia, com 14%.

O resultado expressivo em relação a China é oriundo da exportação de commodities, como soja em grão, minério de fero e petróleo, que, juntos, correspondem a cerca de 80% das exportações brasileiras ao país.

Pressão contra a Huawei

É nesse contexto econômico que o Brasil estuda o veto a empresa Huawei. No início deste mês, o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, afirmou que uma decisão do País de permitir, ou não, que a Huawei Technologies forneça a tecnologia para estruturar a sua rede 5G ajudará a definir o relacionamento mais amplo com a China.

A posição foi comunicada semanas após os Estados Unidos advertirem o País sobre “consequências” na hipótese de os chineses participarem do desenvolvimento da rede móvel de quinta geração brasileira.

O presidente dos EUA, Donald Trump, vem fazendo campanha aberta para que países aliados dos EUA vetem a presença da Huawei em leilões de 5G.

Nesta semana, a delegação dos EUA, que está no Brasil para a conclusão do acordo comercial, afirmou que o país norte-americano está disposto a financiar “qualquer investimento” no setor de telecomunicações.

A proposta tem como objetivo a campanha contra a empresa chinesa Huawei no território brasileiro e segue a linha de pressões que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) historicamente enfrenta.

“Acho que o Brasil tem condições de fazer uma barganha de uma melhor maneira. Se for para vetar a Huawei, há um ditado na política internacional que você não cede para um amigo sem ter nada em troca. Então, poderíamos melhorar nossa entrada de produtos manufaturados nos EUA, por exemplo”, disse.

 

Redação

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Nassif: quero ver se Cavalão (e sua Trupe) é macho o suficiente pra peitar os chinas, nessa da 5G. Ou se se passa por GaloDeTerreiro e acaba botando ovo (quadrado). Duvido que façam como em 1964, quando prenderam uma DelegaçãoChinesa, que veio pra uma FeiraComercial, e ainda pegaram, na mão grande, a grana que eles traziam pras despesas (falava-se à época em US$120 mil). Não fosse a ousadia de SobralPinto os 9 coitados estariam até hoje nas masmorras ou naquela “residência” de Petrópolis. Todo extremista só fala grosso com Povo desarmado. Tô torcendo pra ver os milicos (palacianos e aquartelados) enfiarem o rabinho entre as pernas, como PerrosLocos, e engolirem essa. Tô só anotando. Mas, capacho como têm mostrado ser (até batem continência à Bandeira dos gringos) não vou estranhar se mantiverem a ameaça. Para esses o importante é a lealdade ao Patrão. Povo ou o que esses chamam de País ou Nação, isso (como dizia o TogaSuja) não vem ao caso…

      1. Vai mudar a “forma”, mas não o “conteúdo”.
        Se com o “amigão” Trump nós só tomamos no fiofó (etanol, aço, alumínio, etc., imagina brigando com o Biden (ou vão fingir?).
        Pra que inimigos externos (que virou cultivo)?
        Nossos inimigos mesmo são internos!
        Este desconjunto de ideo-psicóticos que elegemos pra nos desgovernar.

  2. Se os americanos acusam a chinesa de dotar seus equipamentos com “portas traseiras” para espionagem, é porque querem fazer justamente isto com seus equipamentos. O que explica serem mais caros e demorarem muito mais para ficarem disponíveis.

    E os chineses devem ser mais baratos e rápidos justamente por não perderem tempo com estes truques. Sabem que seriam descobertos e teriam tudo a perder.

    Não é apenas pelo mercado. É muito mais pela mercadoria mais disputada atualmente: informação escondida.

  3. De pleno acordo com os dois primeiros comentaristas. Mas só acho lamentável que a China ainda não tenha dado uma resposta à altura para esses cafajestes que governam EUA e brasil. Minha opinião (e provavelmente muitos a achem ruim) é que a China deveria dar prazo de uma semana para o Boçal pedir desculpas ou, se não pedir, simplesmente expulsar embaixador e pessoal diplomático brasileiro lá na China (obviamente retirando os seus daqui) e avisando que, se se repetirem as provocações, estaria decidido que nenhum grão de soja ou do diabo a quatro seriam comprados do nosso agronegócio e nenhum investimento chinês seria mantido por aqui, causando prejuízo de mais alguns bilhões aos exportadores brasileiros que, para chineses voltarem a comprar do brasil teriam que ir para as ruas em massa (todo o pessoal do agronegócio que votou e até aqui apoia o boçal maldito) exigindo a deposição imediata do cafajeste…….e dos bandidos (fardados ou não) que o apoiam……

    1. Valdir: penso os chinas têm suportado os chiliques de Cavalão e do dono do Quintal onde moramos para responder a cada um no seu tempo. Por exemplo, são os únicos que podem quebrar o dólar, vez por todos, pois são donos das maiores reservas dessa moeda. Entretanto, suas perdas seriam também grandes. Não são bobos. Devem ter sob controle o andamento, traçando resposta mais a frente. Com os fardados de Pindorama, de quem são os maiores importadores (40%?) de matériasprimas, as respostas virão com o andar da carruagem. São metódicos e comerciantes. Tanto ou mais que europeus e outros. Nossa situação, com esses doidivanas fardados e sabujos, aquartelados na CasernaAlvorada, é de “se correr um bicho pega, se ficar o bicho come”. Aliás, parece sermos os únicos no planeta a manter “mercenários” que nada são além de seus próprios algozes! Caso de Sadomasoquismo?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador