Juros despencam no mundo

Coluna Econômica – 07/06/2010

Nos últimos dias, houve uma redução nas taxas de juros de longo prazo no mercado interbancário. Isso apesar de recentemente o COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central) ter aumentado a taxa Selic. E o mercado continuar apostando na alta.

Todas as condições indicariam um quadro para a redução da Selic.

O Banco Central se baseou em avaliações incorretas para referendar o último aumento das taxas.

Falava-se em aquecimento da economia. Era consequência de um processo de recomposição dos estoques por parte das empresas. Depois da crise, em que os estoques quase foram zerados, as empresas voltam a recompo-lo. Ao fazer isso, o ritmo de compras aumenta bastante, uma parte para atender o novo ritmo de vendas (maior que o anterior), outra parte para recompor estoques. Terminada a recomposição de estoques, permanece apenas a reposição normal.

Além disso, era sabido que, por conta das eleições, haveria sensível redução nos investimentos públicos no segundo semestre.

Finalmente, era de conhecimento geral que o aumento da inflação, no início do ano, foi decorrência exclusiva de alta de alimentos – influenciada por fatores sazonais, sem ligação nenhuma com a demanda.

***

Finalmente, o quadro econômico mundial sugere uma longa fase de estagnação. O que provocará redução das exportações e menos pressão nos preços das principais commodities brasileiras.

***

O nó da economia européia é que existe uma crise fiscal em vários países. A crise obriga a apertos orçamentários que, por sua vez reduzirão o crescimento da região. A queda da atividade européia afetará a economia dos Estados Unidos e do Japão.

A maneira de amenizar essa situação tem sido a dos Bancos Centrais atuarem na redução dos juros de longo prazo de seus títulos públicos – o que acaba influenciando a estrutura de taxas brasileira.

***

Em quase todos os países desenvolvidos, a ameaça maior não é a inflação, mas a deflação – a queda de preços indicando redução substancial da atividade econômica.

A União Européia trabalhava com uma meta de inflação de 2%. Até abril, a inflação anual estava em 0,7%.

A economia norte-americana apresentou alguma melhora nos últimos meses, mas a valorização do dólar frente ao euro e às moedas asiáticas ameaça a recuperação.

Nos EUA, o FED estimou a meta de inflação para 2% ao ano. Até abril, o Índice de Preços ao Consumidor aumentou apenas 0,9%, com o nível de emprego ainda baixo

Apenas no Reino Unido a situação é um pouco diferente. Até abril o núcleo da inflação estava em 3,2%, acima da meta de 2%. Mas as previsões são de queda no nível de atividade.

A atividade econômica do Japão tem melhorado um pouco devido às exportações para a Ásia. Mas ainda é pequeno o crescimento e a economia japonesa enfrenta um processo de deflação.

Nos EUA, o FED conseguiu reduziu a rentabilidade das obrigações de 10 anos. O mesmo ocorreu no Reino Unido. Mas ainda há resistências no Japão e na Zona do Euro.

***

A próxima rodada de crise fiscal na Europa levará inevitavelmente a uma queda ainda maior nos títulos de longo prazo. Só o BC permanece firme, em uma alienação escandalosa. 

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador