Mangabeira e as políticas alternativas

Coluna Econômica – 10/02/2009

O Ministro de Ações de Longo Prazo, Roberto Mangabeira Unger, é um indignado com a falta de imaginação global para enfrentar a crise.

Os dois paradigmas de desenvolvimento que sustentaram a discussão econômica nas últimas décadas estão superados, diz ele. De um lado, o modelo americano, do Estado como um mero regulador da atividade econômica. Do outro, o que ele chama de neo-coreanismo – o BNDES usando o dinheiro do trabalhador para transformar meia dúzia de grupos em campeões mundiais, como se isso fosse suficiente para o desenvolvimento.

***¨

A crise, o advento das novas tecnologias, dos novos paradigmas gerenciais, mudou o mundo e abriu espaço para novas propostas – que, por enquanto, estão totalmente fora das plataformas econômicas dos partidos.

Parte dessas idéias desenvolvi anos atrás, em uma série de colunas – que depois entraram na parte final do livro “Os Cabeças de Planilha”, que Mangabeira me diz ter lido da primeira à última página.

São conceitos embrionários, ainda, mas que estão sendo burilados pela capacidade analítica de Mangabeira.

***

O ponto central é que, em um país com as dimensões do Brasil, só se chegará ao desenvolvimento com a criação de redes econômicas interligadas – juntando desde grandes empresas, como centro da cadeia produtiva, até cadeias produtivas sem dispor necessariamente de uma cabeça.

Mangabeira define esse modelo de colaborativo concorrencial. Trata-se de organizações tipo Arranjos Produtivos Locais, em que as empresas compartilham de atividades não diretamente ligadas ao produto final (compras e outros serviços) e concorram na ponta final.

***

Para Mangabeira, o grande laboratório desse novo desenho será o nordeste brasileiro. Trata-se de uma região pujante, a verdadeira China Brasileira, diz ele. Só a indústria têxtil local está estruturada em torno de 12 mil empresas familiares, terceirizando produção, trabalhando dentro do conceito de rede.

Hoje em dia, diz ele, o nordeste está prisioneiro de dois estereótipos de políticas públicas: o pobrismo e o sãopaulismo.

Por pobrismo, se entenda a idéia de que cabem, na região apenas políticas que amenizem a miséria. Por sãopaulismo, a idéia de que, para se desenvolver, o nordeste tem que se passar por todas as etapas pelas quais São Paulo passou 50, 60 anos atrás. Uma refinaria aqui, uma siderúrgica ali, outra empresa ali, pirâmides de um metro, diz Mangabeira.

***

Para ele, o nordeste deve ser o laboratório para uma nova experiência, a de entrar no pósfordismo sem passar pelo fordismo.

Por fordismo se entenda os modelos de trabalhadores especializados, mão-de-obra barata trabalhando em produtos padronizados. Por pós-fordismo, a possibilidade de contar com trabalhadores hábeis, com conhecimento nãoão especializado, capazes de customizar produtos com uso intensivo de mão-de-obra.

Será uma China para o mal, se visto apenas como fornecedor de mão-de-obra barata. Para o bem, se visto como uma região efervescente, de pequenos empreendedores, que necessitam de políticas públicas para o grande salto.

Por H. de Carvalho

Não sei de onde Unger tira essas suas teses fordistas e pós-fordistas. Mesmo na China, o fordismo não vige mais! Ainda que seja uma economia de escala, isso não quer dizer que não há “(…) trabalhadores hábeis, com conhecimento não especializado, capazes de customizar produtos com uso intensivo de mão-de-obra.” Primeiro que não são os trabalhadores que customizam os produtos, mas, sim, a camada gerencial da empresa. Em função da subsunção formal, isto é, da separação entre execução (mão-de-obra) e planejamento da produção (gerência), quem determina o que vai ser produzido não são os trabalhadores. O que ocorre é que a camada gerencial faz uso parcial da capacidade criativa dos trabalhadores, tendo em vista o aumento da eficiência, da produtividade e a redução de desperdícios; reduzindo custos e, por conseguinte, aumentando a lucratividade. Tal é o modelo toyotista de produção.

O fato é que as pessoas costumam detectar no toyotismo, que faz uma oposição gerencial ao fordismo, como o estágio final do desenvolvimento da capacidade produtiva humana. Não! Isso é falso. O toyotismo é, antes de tudo, a realização plena do pensamento de Taylor. É, sem dúvida, a base do estágio superior do modo de produção capitalista. E isso se deu ,fundamentalmente, pelas modificações empreendidas por Ohno na fábrica da Toyota, na década de 50 em diante, pelo desenvolvimento da máquinas capazes de parada automática (autonomização), o treinamento multifucional dos trabalhadores e o rearranjo físico constante no chão-de-fábrica.

Na China, isso também ocorre! No Brasil, apesar da coexistência até de trabalho escravo, o modelo fordista foi superado há muito tempo. O problema da China é que não há uma racionalidade técnica devidamente desenvolvida, capaz de aliar economia de escala (baixo custo unitário das mercadorias) e economia de escopo (sortimento de mercadorias). Ainda! Mas isso vai acontecer lá dentro em breve. E O Brasil não terá como competir.

Se Unger pensasse mesmo o Brasil objetivamente, deveria pensar, na verdade, no desenvolvimento e no apoio a empresas autogestionadas, como é o caso da Economia Solidária. Esse sim é um desafio que ele desconhece ou não quer dar crédito. O cooperativismo aliado com um bom respaldo técnico transformaria o Brasil de Norte a Sul.

Por Edmar Roberto Prandini

Nassif,

Não conheço suficientemente a proposta ou sequer a análise do ministro Unger. Mas, gostaria de tecer duas considerações.

1. Há uma proposta governamental em curso que vem sendo estruturada há cerca de um ano e meio que visa, identificadas regiões nitidamente localizadas, cujos indicadores diversos demonstram constituirem-se em áreas de baixo desenvolvimento humano, agregar diversas ações governamentais e estimular a mobilização local, envolvendo desde representações estaduais quanto municipais, além de lideranças de organizações não-governamentais e movimentos diversos, no intuito de impelir ações conjuntas e articuladas entre si, de modo a que sejam promovidas “viradas” no cenário. Trata-se do Programa Territórios da Cidadania, concebido no MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas que conta com a interlocução de diversos ministérios.

2. O modelo avança algo para além dos APL porque, ainda concebido similarmente, incorpora no esforço de mudança variáveis outras, além das econômico-cêntricas (desculpe o neologismo, mas não poderia usar “economicistas”, uma vez que não vislumbro o APL como tal).

Em certo sentido, os programa Territórios da Cidadania contém algo da proposta inicial do Programa Fome Zero, que estruturava-se, muito mais do que exclusivamente em política de transferência de renda, em um processo de organização da comunidade local para o desenvolvimento de uma gama de iniciativas de segurança alimentar, que envolviam desde processos produtivos, até logísticos, ou ainda medidas e soluções para os probemas de comercialização, sempre com elevado nível de engajamento, através de Conselhos Gestores, compostos em 2/3 pela sociedade civil local. O centro de gravidade, na proposta do Fome Zero, residia, portanto, na mobilização da sociedade civil. Nisto talvez residisse sua mais revolucionária característica e sua maior fonte de resistência. Tanto os atores políticos locais quanto estaduais ou federais, bem como os quadros de servidores públicos, não lidam bem com o conceito do Estado submetido ao verdadeiro instituinte do poder, a população. Os estudos sobre o Orçamento Participativo revelam a enorme resistência contra ele e a pressa em acabar com ele, sempre que há mudança de governo, onde antes estava funcionando. Por curioso que possa parecer, o tal conceito de “empoderamento” contém a idéia de uma concessão à sociedade, que na verdade não o é. Ou a democracia se realiza pelo efetivo poder do cidadão ou não é democracia. Deste ponto de vista, não há empoderamento. Não se concede o que já é próprio de outrém.

Modelos centrados na concepção da mobilização da sociedade civil, envolvidas as lideranças de todas as áreas, inclusive econômicas, em redes horizontais de agregação e interlocução, mapeamento das necessidades e planejamento de intervenção, terão que ser desenvolvidos em todas as áreas. Esta é a revolução de gestão que ainda se faz necessário trilhar. A sociedade, como um todo, deve ser o centro gravitacional e o agente principal de mudança, num exercício de inovação democrática, de redefinição do papel do Estado e de transformação econômica.

Luis Nassif

55 Comentários

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  1. ,,,enquanto isso

    Enquanto
    ,,,enquanto isso

    Enquanto isso não visualizo medidas que mirem mudanças de fato, no médio e no longo prazo …algo que indique mudança de atitute

    sempre do mesmo

    …industria do transporte individual, atrelado ao petróleo, com tudo de preferência automatizado e dando muito, muito, muito POUCO emprego

    ruas entupidas, vidas perdidas, poluição e, só com o IPVA, Estados arrecadando MAIS um carro em 20 anos …e há quem, ainda pense em por Pedágio

    e isso lá tem sustentação?

    Claro que a industria automobilística puxa uma cadeia imensa …mas justamente pro planeta e pras sociedades estaria aí o grande e VERDADEIRO desafio …como se livrar disso sem cairmos num precipício?

    E os EUA salvam a industria automobilística americana, a Alemanha a alemã, a Itália a italiana, a coreana a japonesa e a chinesa salvam a deles, a França a francesa …e o BRASIL tenta salvar a de todos, menos a dele, que não tem …nem de carro, muito menos de trem

    aqui índio só quer apito

  2. …e enquanto isso 2

    e lá
    …e enquanto isso 2

    e lá vem o Paulo Henrique Tamborin

    Olha, pra mim PHA fala muito coisa que presta …mas dentre estas, como tem merd? não? …fora que el é daqueles (que já são muitos) que CENSURA se você SE ATREVER a desdizer, se opor ou questionar, de suas ideias

    Vez em sempre o cara fala mal de São Paulo e dos Paulistas, como se aqui fossemos uma espécie PURA, diferente e mantida a parte do resto do país

    …aliás neste particular ele criou moda ao inspirar outros “imortais”, como Eduardo Guimarães do Cidadania, que só da voz e respeito pra quem compra o PACOTE completo de petistas e do governo

    PHA esta numa cruzada, não na dos 318 pastores da universal …mas contra José Ferra ..e aqui vale tudo, até investir contra o projeto de DESfavelamento …parecendo até a dupla de DEMO-tucanos quando foram contra a CPMF

    PRA mim favela é favela, NUNCA foi e NUNCA vai ser exemplo de comunidade …no mínimo o é de DESUMANIDADE, de barbárie

    Do que lembro, este papo de que FAVELA é comunidade foi inventado pelos Cariocas, pelos políticos INCOMPETENTES e pela imprenssalona que tinha medo de sequestros e arrastões …..que pra não ficarem mal na fita dos mano e das escolas de samba, acabaram tendo que achar aquilo lindo

    FAVELA BOA é favela no chão ! SEM QUE no entanto deixemos aqueles pobres coitados na mão

    O dia que os governos entenderem que a reurbanização traz consigo o RESPEITO ao morador e a coletividade, o CONSUMO, o emprego a riqueza e a cidadania talvez aí os felizes contemporâneos poderão se dar conta de quanto minha geração perdeu tempo tentando contemporizar com a invasão e o CAOS dos guetos

  3. O discurso é bonito, mas não
    O discurso é bonito, mas não é prático. Anos de seca, coronelismo e abandono fizeram o nordeste passar por um processo de seleção natural, em que tem sobrevivido o inteligente, o criativo, o empreendedor. Mas para cada um desses, pelo menos uns 3 nordestinos têm ficado na miséria absoluta, tanto financeira como intelectual. As políticas públicas para o nordeste não podem se limitar a visar o desenvolvimento. Precisam antes, atacar o problema da miséria absoluta e da fome. E nós, do sul e sudeste, precisamos olhar para o nordestino com admiração, precisamos ver este povo como ele realmente é. Um povo de garra e de muita inteligência.
    Abraço a todos

  4. Nassif, o que você acaba de
    Nassif, o que você acaba de defender nada mais é do que a estratégia DRS-Desenvolvimento Regional Sustentável, na qual um dos pilares é justamente as APL por você mencionada. A estratégia DRS procura aproveitar as aptidões regionais para alavancar o desenvolvimento. Infelizmente, poucas ações estão sendo desenvolvidas no âmbito DRS: Algumas na área de Biodíesel, artesanato, no setor agrícola, poucas enfim. O brasileiro, se incentivado produz. Produz mais ainda se houver cooperação. Porém, um dos pilares da estratégia DRS tem se mostrado falho: A SUSTENTABILIDADE. A sustentabilidade decorre principalmente de um mercado comercializador capaz de absorver a produção, o que não tem acontecido, entrando as ações em espiral contrária e se extinguindo. A cadeia das ações no âmbito do Desenvolvimento Regional Sustentável pode ser incrivelmente alavancada. Vejamos um exemplo: Sabemos que o Nordeste tem uma aptidão histórica na produção de mamona, porém não temos notícias de projetos na área de biodíesel. Poder-se-ia incentivar o cultivo da mamona com a criação de pequenas usinas regionalidadas que se obrigariam a adquirir a matéria-prima e produzir o biodíesel, que por sua vez deveria ser adquirido pela Petrobrás, fechando assim o ciclo. O resíduo da produção é a torta de mamona, que é excelente adubo orgânico. E do proccessamento extrai-se ainda a glicerina, que é bastante valorizada. E assim, poder-se-ia fazer em várias áreas: Psicultura, aproveitando os lagos formados pelas usinas hidroelétricas, etc. É uma questão de “Ação de longo Prazo”.

  5. A crise mundial nos oferece
    A crise mundial nos oferece oportunidades que não podemos desprezar.
    O momento é este! O desenvolvimento do País não pode mais continuar com o modelo adotado nos últimos séculos. Entendo que não podemos pensar sob o aspecto de reforma ou emendas. O pensamento tem que ser construído sob o tema transformação.

    O desenvolvimento local, com participação ativa das comunidades e o respeito ao meio ambiente, é, para mim, o princípio desse novo modelo.

  6. Almir Wagner,

    “Anos de seca,
    Almir Wagner,

    “Anos de seca, coronelismo e abandono fizeram o nordeste passar por um processo de seleção natural, em que tem sobrevivido o inteligente, o criativo, o empreendedor.”

    Seu discurso é contraditório ou no mínimo falta mais conhecimento sobre a estrutura social da região. Pois, como pode o mais inteligente, o mais criativo e o mais empreendedor sobreviver em um ambiente onde ainda impera coronelismo? É evidente que a sua dedução lógica, por si mesma, é falsa. O que há, no nodeste, assim como em todo o Brasil, é uma falta de coesão social generalizada. O povo brasileiro ainda não atingiu a consciência para si. Sabemos que existimos como um povo mestiço, multicultural, mas não nos reconhecemos como uma nação soberana na prática. E isso, ao que me parece, ainda está longe de acontecer…

  7. Quem compra banco fálido está
    Quem compra banco fálido está doando o meu, o seu, o nosso.
    http://www.Elpais.com.
    El presidente del BBVA ganó 16 millones entre sueldo y pensión
    Francisco González tiene un blindaje de 93,7 millones
    El BBVA publicó ayer las retribuciones de sus directivos en su informe anual de gobierno corporativo. El presidente del banco, Francisco González, ganó 16,6 millones entre sueldo fijo, paga variable y dotación para su fondo de pensiones. Esa cifra no incluye un bono en acciones, de carácter trianual, valorado en 3,4 millones que se devengó entre 2006 y 2008.

  8. Não sei de onde Unger tira
    Não sei de onde Unger tira essas suas teses fordistas e pós-fordistas. Mesmo na China, o fordismo não vige mais! Ainda que seja uma economia de escala, isso não quer dizer que não há “(…) trabalhadores hábeis, com conhecimento não especializado, capazes de customizar produtos com uso intensivo de mão-de-obra.” Primeiro que não são os trabalhadores que customizam os produtos, mas, sim, a camada gerencial da empresa. Em função da subsunção formal, isto é, da separação entre execução (mão-de-obra) e planejamento da produção (gerência), quem determina o que vai ser produzido não são os trabalhadores. O que ocorre é que a camada gerencial faz uso parcial da capacidade criativa dos trabalhadores, tendo em vista o aumento da eficiência, da produtividade e a redução de desperdícios; reduzindo custos e, por conseguinte, aumentando a lucratividade. Tal é o modelo toyotista de produção.

    O fato é que as pessoas costumam detectar no toyotismo, que faz uma oposição gerencial ao fordismo, como o estágio final do desenvolvimento da capacidade produtiva humana. Não! Isso é falso. O toyotismo é, antes de tudo, a realização plena do pensamento de Taylor. É, sem dúvida, a base do estágio superior do modo de produção capitalista. E isso se deu ,fundamentalmente, pelas modificações empreendidas por Ohno na fábrica da Toyota, na década de 50 em diante, pelo desenvolvimento da máquinas capazes de parada automática (autonomização), o treinamento multifucional dos trabalhadores e o rearranjo físico constante no chão-de-fábrica.

    Na China, isso também ocorre! No Brasil, apesar da coexistência até de trabalho escravo, o modelo fordista foi superado há muito tempo. O problema da China é que não há uma racionalidade técnica devidamente desenvolvida, capaz de aliar economia de escala (baixo custo unitário das mercadorias) e economia de escopo (sortimento de mercadorias). Ainda! Mas isso vai acontecer lá dentro em breve. E O Brasil não terá como competir.

    Se Unger pensasse mesmo o Brasil objetivamente, deveria pensar, na verdade, no desenvolvimento e no apoio a empresas autogestionadas, como é o caso da Economia Solidária. Esse sim é um desafio que ele desconhece ou não quer dar crédito. O cooperativismo aliado com um bom respaldo técnico transformaria o Brasil de Norte a Sul.

  9. Caro Nassif

    Me parece que o
    Caro Nassif

    Me parece que o Mangabeira leu o livro do Giovanni Arrighi, principalmente o primeiro capítulo. Neste, ele descreve de forma bastante clara e didática esse modelo chinês e o diferencia do modelo ocidental (britânico, especialmente). Como foi colocado, do ponto de vista da exploração da mão-de-obra é ruim, mas permite outras alternativas que poderão ser pontencializar em novas oportunidades futuras. Abraço, Agostinho

  10. “(…) em um país com as
    “(…) em um país com as dimensões do Brasil, só se chegará ao desenvolvimento com a criação de redes econômicas interligadas – juntando desde grandes empresas, como centro da cadeia produtiva, até cadeias produtivas sem dispor necessariamente de uma cabeça. Mangabeira define esse modelo de colaborativo concorrencial. Trata-se de organizações tipo Arranjos Produtivos Locais, em que as empresas compartilham de atividades não diretamente ligadas ao produto final (compras e outros serviços) e concorram na ponta final.”

    Com isso todo mundo concorda, mas o que há de novo nisso? Quem disse que precisamos passar pelo fordismo? Não vejo correlação alguma. Unger desconhece aspectos básicos da engenharia de produção.

    Talvez, ele nunca tenha visitado uma fábrica na vida dele. Unger quer superar Marx, mas Marx fez bem a sua lição de casa. Ele passou mais de dez anos estudando sobre os processos de fabricação mecânica, entendendo o funcionamento das máquinas devidamente. O cara fez até um curso de torneiro mecânico 🙂

    Unger visita uma fábrica antes de propor um modelo de desenvolvimento decente e genuíno, mas mostra também como atingi-lo, pois propor é fácil, pô-lo em prática nem tanto.

  11. Nassif,

    Cabe ressaltar o
    Nassif,

    Cabe ressaltar o seguinte, os dois modelos citados de desenvolvimento ultrapassado nunca chegaram ao Brasil: nunca houve aqui um Estado regulador na verdadeira acepção do termo; oxalá pudessemos falar de um neocoreanismo, o que existe hoje é pseudo-coreanismo.

    A intervenção do Estado na Coréia teve um mínimo de planejamento. A inversão em projetos passou antes por uma análise crítica onde inclusive se buscou primeiro o desenvolvimento de estruturas capazes de assegurar um mínimo de eficácia e eficiência na aplicação dos recursos. No caso dos grandes projetos de engenharia, foram criados imensos departamentes, com os melhores engenheiros e doutores, para pensar e executar o projeto.

    Nesse último aspecto, vale a pena ressaltar que os projetos que estão em curso hoje no Brasil, com dinheiro do BNDES, vão a reboque do capital internacional. Isso quer dizer que se compra os pacotes dos empreendimento que já foram realizados no primeiro mundo sem que antes tenha sido desenvolvido uma estrutura mínima capaz de fazer uma avaliação crítica do projeto.

    Quando alguém ver em uma dessas licitação de grandes projetos aquela cláusula exigindo o repasse de tecnologia, dúvide primeiro da competência do Brasil para saber exigir essa teconologia.

    A abordagem de desenvolvimento que se tem hoje no Brasil é a Napoleonica: uma arregimentação ad hoc de batalhões. No caso do Brasil, uma improvisão grosseira mesmo.

    Pelo menos na Coréia nunca se ouviu falar em “brincar com o dinheiro do trabalhador”.

  12. Romanelli

    “Favela boa é
    Romanelli

    “Favela boa é favela no chão” é discurso de empreendedor imobiliário que não se conforma com tanta área nobre ocupada pelos pobres.

    Solução para favela é, sim, urbanização, serviços públicos e inclusão.

    Se o senhor não sabe o que é inclusão, primeiro vá aprender, depois vem discutir.

  13. De vez en quando o Mangabeira
    De vez en quando o Mangabeira aparece com umas idéias interessantes:

    ————————————————
    Ministro quer o fim dos cargos de confiança

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1002200909.htm
    Folha de São Paulo, 10 de fevereiro de 2009

    Em reunião com empresários ontem em São Paulo, para discutir melhorias na gestão pública, o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, ministro Mangabeira Unger, defendeu a substituição dos atuais cargos comissionados por carreiras de Estado. Para Mangabeira, a nomeação de assessores deve se basear no “mérito” e não em interesses partidários.

    “Nunca completamos a obra do século 19 em matéria de administração pública, que é a construção de uma burocracia profissional baseada no mérito. Continuamos numa situação em que há ilhas de profissionalismo burocrático que flutuam num oceano de discricionarismo político. Precisamos acabar com isso. Rumo a uma situação em que a grande maioria dos cargos comissionados seja substituída por carreiras de Estado”, disse o ministro.

    A sugestão constará da Agenda Nacional para a Gestão Pública, a ser divulgada em 12 de março.

    Mangabeira também sugeriu o fortalecimento dos órgãos de controle, como Tribunal de Contas e o Ministério Público. Para o ministro, “o Brasil está numa camisa de força” que suprime sua vitalidade.

    Há seis categorias de cargos de comissão, em escala crescente de salário e responsabilidade. Nesses postos, a nomeação é livre.

    Um decreto de 2005 estabeleceu limite mínimo de servidores concursados. Os postos de 1 a 3, mais baixos, devem ter 75% dos cargos ocupados por concursados. No 4, o percentual cai para 50%. Não há limites para os postos 5 e 6. A regra, porém, não era cumprida por 16 ministérios e Presidência. (CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA)

  14. Então, Romanelli, qual é a
    Então, Romanelli, qual é a solução para as favelas? Mandar as pessoas que moram lá ir morar em Ferraz de Vasconcelos ou Poá e enfrentar 3 horas de trens e ônibus para vir trabalhar na zona sul de São Paulo porque a região onde eles moram continua a ser subdesenvolvida, apesar de 14 anos de governos do PSDB? Essa é a solução?

  15. Interessante a abordagem. Há
    Interessante a abordagem. Há algum tempo venho elaborando um pensamento a esse respeito que ainda não coloquei no papel, mas que pretendo fazer logo que tiver minhas idéias mais organizadas. Um dos aspectos mais importantes no meu pensamento é que a grande riqueza de um país é seu mercado interno de consumo. Não se fica rico com riqueza alheia. para desenvolver o Brasil é necessário incluir as massas no consumo. A verdade é que hoje, mesmo com a pequena recomposição da renda do trabalhador, o Brasil ainda não é mercado de consumo.

  16. Nassif,

    Não conheço
    Nassif,

    Não conheço suficientemente a proposta ou sequer a análise do ministro Unger. Mas, gostaria de tecer duas considerações.

    1. Há uma proposta governamental em curso que vem sendo estruturada há cerca de um ano e meio que visa, identificadas regiões nitidamente localizadas, cujos indicadores diversos demonstram constituirem-se em áreas de baixo desenvolvimento humano, agregar diversas ações governamentais e estimular a mobilização local, envolvendo desde representações estaduais quanto municipais, além de lideranças de organizações não-governamentais e movimentos diversos, no intuito de impelir ações conjuntas e articuladas entre si, de modo a que sejam promovidas “viradas” no cenário. Trata-se do Programa Territórios da Cidadania, concebido no MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, mas que conta com a interlocução de diversos ministérios.

    2. O modelo avança algo para além dos APL porque, ainda concebido similarmente, incorpora no esforço de mudança variáveis outras, além das econômico-cêntricas (desculpe o neologismo, mas não poderia usar “economicistas”, uma vez que não vislumbro o APL como tal).

    Em certo sentido, os programa Territórios da Cidadania contém algo da proposta inicial do Programa Fome Zero, que estruturava-se, muito mais do que exclusivamente em política de transferência de renda, em um processo de organização da comunidade local para o desenvolvimento de uma gama de iniciativas de segurança alimentar, que envolviam desde processos produtivos, até logísticos, ou ainda medidas e soluções para os probemas de comercialização, sempre com elevado nível de engajamento, através de Conselhos Gestores, compostos em 2/3 pela sociedade civil local. O centro de gravidade, na proposta do Fome Zero, residia, portanto, na mobilização da sociedade civil. Nisto talvez residisse sua mais revolucionária característica e sua maior fonte de resistência. Tanto os atores políticos locais quanto estaduais ou federais, bem como os quadros de servidores públicos, não lidam bem com o conceito do Estado submetido ao verdadeiro instituinte do poder, a população. Os estudos sobre o Orçamento Participativo revelam a enorme resistência contra ele e a pressa em acabar com ele, sempre que há mudança de governo, onde antes estava funcionando. Por curioso que possa parecer, o tal conceito de “empoderamento” contém a idéia de uma concessão à sociedade, que na verdade não o é. Ou a democracia se realiza pelo efetivo poder do cidadão ou não é democracia. Deste ponto de vista, não há empoderamento. Não se concede o que já é próprio de outrém.

    Modelos centrados na concepção da mobilização da sociedade civil, envolvidas as lideranças de todas as áreas, inclusive econômicas, em redes horizontais de agregação e interlocução, mapeamento das necessidades e planejamento de intervenção, terão que ser desenvolvidos em todas as áreas. Esta é a revolução de gestão que ainda se faz necessário trilhar. A sociedade, como um todo, deve ser o centro gravitacional e o agente principal de mudança, num exercício de inovação democrática, de redefinição do papel do Estado e de transformação econômica.

  17. Caro Nassif, concordo
    Caro Nassif, concordo plenamente com o professor Mangabeira, porém o problema vai muito além de estratégias desenvolvimentistas. O problema do Brasil é o histórico parasitismo das regiões sul e sudeste em detrimento do resto do país. A coisa se acentuou com Pedro II. Curioso é falar de “coronelismo” nordestino, quando no máximo seriam “cabos”. Os “coroneis” estão no sul e sudeste à exemplo da RBS, família Frias, Marinho, etc. Sem falar nos “coroneis industriais” concentrados nessas duas regiões.

  18. José Arlindo

    Acho que este
    José Arlindo

    Acho que este espaço é deveras pequeno pra vc tentar medir do que sei ou do que deixo de saber

    Aliás, independente disso ou daquilo, penso que eu, ou qq outro aqui, desde que com respeito, TEMOS o direito de dar nossa opinião, como CIDADÃO, fundamentados nas nossas experiências, valores, ideais e visão de vida, do que julgamos ser o melhor pro nosso tempo e mundo

    penso que FAVELA BOA é favela no CHÃO sim !

    Favela é desrespeito, esquecimento, anulação, insalubridade, precariedade, miséria HUMANA (mais até do que material, miséria d´alma)

    …é antro e esconderijo pra marginais e desocupados, que vão lá pra se apossar do espaço publico e dos cidadãos abandonados … pessoas e seres humanos abandonados que estão pela sociedade, pelo Estado e pelos empresários

    …embora reconheça, tem muito favelado que deve ter muitos amigos ativistas de ONGs a lhes dar a mão …vai ver por causa da carne suculenta que mantem-lhes as TETAS …ONGs que tiram do Estado marmitão (do imposto pago pelo próprio pobre) ….grana usada em projetos INÚTEIS e inservíveis para a vida, como os de artesanato com garrafa PET ou os artísticos de teatro (haja peça) ou do tipo bum-bum-baticundum-prucurundum que NÃO preparam ninguém pra vida, ou sequer conseguem prover uma mínima alma dum unico salário

    …e enquanto isso faltando emprego e FUNCIONÁRIO pra profissões como pedreiro, eletricista, encanador, ladrilista, serralheiro, marceneiro, pintor etc

    Se você conseguir imaginar bairros Pré-fabricados, com prédios baixos, de boa qualidade exigindo baixa manutenção e pouco gasto de funcionamento ..bairros com área de laser e infraestrutura …isto seria muito mais eficiente e decente do que se tentar cimentar uma viela torta ou uma rua que não passa nem um carro do correio (tipo como Erundina tentou aqui em SP)

    …e isso só é viável em larga escala (necessitamos de no mínimo 10 milhões de moradios) se jogando este monte de entulho no chão

    só com bairros mais adensados (VERTICALIZADOS) é que podemos JUSTIFICAR linhas de metrô e maior infra-estrutura se instalando

    Você conhece cidade Ademar, Pq Novo Mundo, Favela da V.Prudente, Cidade Dutra? …é impossível alguém de bom senso compactuar com aquela desgraceira ..aliás tem uma favela surgindo na Av. Juntas Provisoria DENTRO DO RIO, embaixo do NOVO Fura-Fila …pode uma coisa dessas aqui em SP?

    vai ver as favelas de Minas são diferentes das daqui né?

    PS – moro num bairro que é cercado de favelaS …PAGO iptu, paguei pelo meu lote e pela minha casa …NÃO consigo sair à rua ….aqui, na minha realidade, me chamar de PALHAÇO é pouco

    e a GRADISSÍSSIMA MAIORIA chegou e tomou conta de tudo MUITO depois de eu já estar aqui …como pode uma coisa assim? Simples, porque somos e nos acostumamos a ser BOBOS

    e evidente, quem disse que pobre é BURRO, evidente que todos querem ficar próximos dum METRÔ …inclusive eu se tivesse dinheiro pra pagar …porque CARA DE PAU pra invadir ou construir em lugar irregular eu não tenho

    PORQUE permitir o errado se podemos fazer direito ?

    Porque gastar recursos financiando parede torta se o custo pruma reta é o mesmo?

  19. H de Carvalho.

    Aprende-se no
    H de Carvalho.

    Aprende-se no primeiro ano de faculdades de Administração (se é que é possível aprender algo lá) que a emergência de um novo modelo de trabalho não significa o fim de um modelo anterior.

    Explico: não é por que inventaram um computador fantástico que o resto da economia não pode operar usando computadores convencionais. Ou seja, é óbvio que o Fordismo existe, segue existindo. Talvez não de forma dominante ou hegemônica, mas existe. Aqui ou na China.

  20. Vou trazer de lá
    Vou trazer de lá (diagnósitco da Crise) pra cá, já que no dia em que foi postado o Blog, este sim, estava em crise:
    O Cenário Brasil nos demonstra que os problemas ainda continuam estruturais. Somado a uma crise, que não é só financeira, mas na dimensão da formulação do pensamento, em seus princípios e conceitos: mentais, operacionais, e éticos. Pensamentos fragmentados ou direcionados por uma única dimensão não combinam com uma proposta de um “novo modelo”. Neste processo a participação é fundamental, portanto o arcabouço político e institucional é fundamental. Dar a sociedade voz e comando para determinar suas escolhas, sua trajetória…Nossa matriz industrial é aproximadamente de 98% de micro e pequenas empresas. Significa, de acordo com a proposta de classificação por porte feita pelo SEBRAE: Micro empresas entre 4 e 19 funcionários e pequenas empresas ente 20 e 99. Neste universo de empresas são elas que operam e constroem o local e a participação dos municípios na elaboração de políticas voltadas para o “novo modelo” é de caráter estratégico. Desenvolvimento sustentável passa a ser um processo e a sustentabilidade, em suas múltiplas dimensões, a meta a ser alcançada resguardada as características locais, resgarda a relação sociedade-natureza. Neste ponto a valoração econômica, na formulação de indicadores, dá lugar e voz aos outros aspectos: sociais, culturais, pol´tico, institucional, tecnológicos e ambientais. A proposta é alavancar o país com um processo voltado para a distribuição de trabalho e renda, educação, saúde, etc… integrados? Hoje no Café com o Presidente, Lula, quer renovar o pacto com os municípios e terá esta semana uma reunião com os prefeitos eleitos. Não é a toa, segundo a Folha, que o Presidente coloca, falando do PAC, que ” Queremos que essas obras sejam agilizadas, que elas possam andar mais rápido porque, muitas vezes, a demora da licença ambiental, do projeto básico e do projeto executivo faz com que uma obra atrase um ano ou dois. É preciso que a gente trabalhe todo mundo junto”. Queremos, presidente, esteja certo disso. Mas a obra que o mundo contruiu em zilhões de anos por ser destruida com uma canetada. E as atuais e futuras gerações comprometida. Também acredito na gestão e no planejamento, mas não passando um rolo compressor retificando, mascarando, replicando ou até mesmo, nem apresentando, conceitos e princípios e respeitando as características sócio-ambientais locais para fundamentar para onde queremos ir e como. Para isto uma base para dar o salto em qualidade e eficácia é necessária e urgente. A China com sério problemas sócio-ambientais propõem a economia circular. O grupo que formulou um estudo, elaborado pelo CGEE para o Min. do Planejamento, voltado para a avaliação da sustentabilidade da carteira de investimentos do PPA 2008-2001, e para o Brasil que queremos em 2027, é norteado pelos princípios do ecodesenvolvimento de Sachs. Vemos Ignacy Sachs viajando pelo Brasil falando pela Amazônia Sustentável. No Ministério do Trabalho e emprego temos Paul Singer com a autogestão e a Economia Solidária. Os dois, Sachs e Singer, se complementam no trabalho e emprego puxando a economia. Ainda temos a economia evolucionista-cepalina dos Arranjos Produtivos Locais. Em recente trabalho realizado para um Seminário na FAE, se estabeleceu um paralelo entre a Economia Circular e o ecodesenvolvimento de Sachs, O Desenvolvimento Sustentável e a Economia Circular: a Experiência Chinesa, (http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/IIseminario/pdf_praticas/praticas_18.pdf).
    Então fico aqui a maturar, e caso possa, amigo Nassif, veja se algo se apresenta neste sentido: E no Brasil qual é a base de nossa proposta? Ainda replicamos o modelo do crescimento linear legitimado pelo desenvolvimento sustentável do Relatório Bruntland ?
    Para somar no debate trago uma entrevista de Istvan Meszaros dada à revista inglesa Socialist Review. Na falando da crise mundial e que está na Agencia Carta Maior .Citando Edmund Phelps, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, em 2006, como um dos pensadores da onda neokeynesiana diz: ” (…)l i recentemente Edmund Phelps (…) Ele estava, é claro, glorificando o capitalismo e apresentando os problemas atuais como apenas um contratempo, dizendo que “tudo o que devemos fazer é trazer de volta as idéias keynesianas e a regulação.”John Maynard Keynes acreditava que o capitalismo era ideal, mas queria regulação. Phelps estava reproduzindo a idéia grotesca de que o sistema é como um compositor musical. Ele pode ter alguns dias de folga nos quais não pode produzir tão bem, mas se você olhar no todo verá que ele é maravilhoso! Pense apenas em Mozart – ele deve ter tido o velho e esquisito dia ruim. Assim é o capitalismo em crise, como dias ruins de Mozart. Quem acredita nisso deveria ter sua cabeça examinada. Mas, no lugar de ter sua cabeça examinada, ele ganhou um prêmio”. (…). Agora estamos falando da crise estrutural do sistema. Ela se extende por toda parte e viola nossa relação com a natureza, minando as condições fundamentais da sobrevivência humana. Por exemplo, de tempos em tempos anunciam algumas metas para diminuir a poluição. Temos até um ministro da energia e da mudança climática, (Ingleterra) que na verdade é um ministro do lero lero, porque nada faz além de anunciar uma meta. Só que essa meta nunca é sequer aproximada, quanto mais atingida. Isso é uma parte integral da crise estrutural do sistema e só soluções estruturais podem nos tirar desta situação terrível”.

  21. Maria Isabel,

    Valiosa sua
    Maria Isabel,

    Valiosa sua contribuição!

    Mas, faltou traduzir a sigla CGEE. Desculpe, mas poderia dizer-nos que organização é essa e com que atua?

    Obrigado!

  22. Enfim, alguém com coragem de
    Enfim, alguém com coragem de escrever o que pensa.
    Sem hipocrisia, sem demagogia, sem se preocupar em ser politicamente correto.

    “FAVELA BOA é favela no CHÃO sim !”

    Pelos motivos que Romanelli enumerou e muinto mais.
    Qual a solução??
    Não sei, mas certamente não é exaltando qualidades que a favela não tem.

  23. Thiago,

    Ninguém na face da
    Thiago,

    Ninguém na face da terra seguiria os preceitos do fordismo na atualidade. É verdade que podem haver manchas de sistemas assemelhados ao fordismo, mas são mínimas e rapidamente sucumbiriam, pois o modo de produção fordista jaz em problemas estruturais e logísticos que resultam em estagnação. As críticas ao fordismo são pertinentes. Assim, o onhoísmo é hegemônico, mesmo na China ou no Brasil. Porém, o onhoísmo não é o último estágio no desenvolvimento das relações sociais de produção da humanidade, nem mesmo no capitalismo, mas, certamente, ele é a base técnico-produtiva para uma nova estrutura social; isto é, devemos conservar o que há de positivo no mesmo, qual seja, adequar produção à demanda quantitativa e qualitativamente.
    Só quis mostrar que Unger ataca a causa errada do problema.

    Essa do fordismo e do pós-fordismo foi, digamos, uma firula conceitual dele para separar APLs e outras formas de organização das linhas tradicionais de montagem.

  24. Nossa! Quem é esse Edmar
    Nossa! Quem é esse Edmar Roberto Prandini? Como diria minha avó, falou e disse. É isso aí, sem tirar nem por. Que bom saber que o blog do Nassif tem a participação de pessoas com essa capacidade reflexiva sobre os rumos do Brasil. Parabéns ao Nassif e a todos que contribuem para alto nível dos debates que aqui são realizados.

  25. Eu concordo com a Maria
    Eu concordo com a Maria Isabel. Creio que a autogestão da Economia Solidária é o passo inicial para a mudança das relações sociais de produção, com distribuição de renda e de trabalho mais equitativa. É necessário aproveitar esse momento para irradiá-la Brasil afora.

    A autogestão não é uma invenção brasileira. Ela já é realidade em muitos países europeus desenvolvidos. Com o fim da hierarquia taylorista, ainda recorrente no ohnoísmo, a democracia passaria a ser realidade nos empreendimentos solidários. A sustentabilidade seria um processo concomitante e, de certa maneira, já está em potência no modo de produção toyotista. O incentivo à reclicagem e à reutilização de materiais devem ser levados ao extremo; o que reduziria ainda mais os custos de produção, como já acontece naquelas empresas convencionais que os adotam. Paralelamente, o desenvolvimento de meios de produção cada vez mais avançados, interligados por sistemas computadorizados em rede, culminará no aumento da produtividade do trabalho humano, possibilitando assim uma tendência decrescente nas jornadas de trabalho, liberando efetivamente o ser humano para dedicar-se a outras atividades, suprassumindo a alienação do trabalho e saciando suas necessidades naturais e sociais devidamente.

    Assim, não fará mais sentido a produção social humana visar ao lucro, ao menos não como o vemos na sociedade capitalista da acumumlação de riquezas, pois teremos em vista apenas a satisfação das necessidades sociais quantitativa e qualitativamente.

  26. Fica mais que evidente que
    Fica mais que evidente que nossa economia mesmo com os reflexos da crise financeira provocada nos EUA, consegue superar as expectativas e caminhar no rumo do crescimento, contudo, o governo federal, não tem sintonia com as necessidades do setor produtivo.

    Ontem durante uma palestra o Sr. Mangabeira Unger no IPEA, Ministro de assuntos estratégicos eu acho, disse que o Brasil necessita sair do modelo pré e pós Fordismo, para que as indústrias possam dar um salto de modernidade e criação de novas tecnologias, e assim, crescer independentes do mundo externo. Obviamente ele não coloca a interferência do Governo Federal em dificultar essa tarefa.

    Em 08 anos de Fernando e Luis, que não são veríssimos, perde-se novamente a oportunidade de criar uma nação soberana e com poder de produção em massa, aprimorando a mão de obra e a utlização de recursos naturais, que por Deus, foram aqui colocados.

    Infelizmente ainda somos uma nação de moldes anteriores a sua própria descoberta! O Estado com um imenso atraso tecnológico, sem velocidade, atrapalhando o desenvolvimento do ser! lidamos no dia a dia com a insensatez da burro-cracia, que afeta vários setores da economia.

    Oxala! que venha o carnaval e que a partir desse vil momento, possamos retomar o rumo da nossa nação! Pois como já disseram! Aqui só se trabalha no início das águas de Março!

    um abraço,

    Marcos Melhado

  27. Acho que talvez, Nassif,
    Acho que talvez, Nassif, amanhã você irá mencionar, entre outras, a questão da educação, a formação nos níveis técnicos e universitários. Posso estar equivocado, mas tenho a impressão de que os jovens formados pelo sistema educacional nordestino nesses níveis, a exemplo daqueles com pouca escolarização, também abandonam o Nordeste com vistas às melhores oportunidades de salário, que imaginam existir nos estados desenvolvidos, sobretudo no de São Paulo.
    É como se diz, não criam raízes. A tão propalada aridez da região não pode ter impregnado as idéias dos jovens nordestinos. Não podem ter aceitado, sem oposição, que uma região subdesenvolvida jamais lhes oferecerá qualquer possibilidade de atuação profissional digna. E, desse modo, terem buscado o afastamento e, no meu ponto de vista, o afastamento mais desastroso que é aquele que distancia os jovens com baixa escolaridade daqueles com escolaridade mais avançada.
    Sabemos que há pouca integração entre os interiores e os centros urbanos.
    Um fosso profundo, cavado há dezenas de anos, que deixou a região sob a tutela dos apadrinhados pelo regime que se deslocava para outras regiões do país. Esse fosso consubstanciou a divisão entre cidade e campo, entre centros urbanos mais industrializados e interiores remanescentes do feudalismo, entre capitais e/ou regiões turísticas e outras regiões do Estado, etc.
    Evidentemente, isso ocorre em todos os estados do país. Entretanto, as regiões desenvolvidas voltam-se para si próprias e procuram fomentar situações em que primeiro se desenvolvam, e depois, com as condições implantadas, saiam para conquistar novos níveis de crescimento, em intercâmbio com outras regiões. Isso provém desde o final do século XIX.
    Porém, o Nordeste jamais teve o desejo de se desenvolver. Estranhamente, com o subterfúgio nas intempéries, sempre serviu para criadouro de escravos que, se no passado ali aportavam em navios negreiros, a partir da década de cinqüenta, foram trazidos para as regiões desenvolvidas, envoltos em promessas de uma vida digna, tais como as melhores condições de trabalho e de auto-sustento, mas terminaram por encontrar outra forma de escravidão, mais sofisticada.
    E, nessas contradições infernais, sempre aconteceu que, sendo um ninho para a gestação de mão-de-obra barata, servindo principalmente ao Sudeste e Sul do país e trazendo fortuna e boa aventurança aos senhores feudais; o Nordeste jamais pode sonhar com desenvolvimento de fato, muito menos, com a possibilidade de ser uma região produtiva, muito além das regiões que oprimem trabalhadores na China.
    Mas penso que, na verdade, o que você chamou de pequeno empreendedorismo é uma situação que poderia ser implementada com a confluência de uma colaboração mútua. Um encontro entre os jovens mais escolarizados e capacitados com os jovens do interior, os quais, mesmo não sendo tão escolarizados, não perdem em dinamismo e capacidade para o trabalho. E, se enfatizei o encontro entre jovens para os projetos, não quis com isso excluir a participação dos demais setores da população. Ao contrário, o motivo que me ensejou foi o de procurar mostrar que a carência nas áreas educacionais necessita de urgente atenção. E não apenas a educação oficial, mas também aquelas que visam despertar a população para a nova realidade das formas de produção econômica. E isso certamente também passa pelo acesso do povo às informações, que pode ser conquistado, por exemplo, com a colaboração de pessoas de outra regiões do país, tais como professores, médicos, dentistas, jornalistas, etc. Enfim, uma grande cruzada que objetive despertar o enorme potencial daquela região, que é inesgotável. Faz-se, portanto, necessário trazer o Nordeste para o centro das decisões que atualmente – e hoje temos – objetivam o desenvolvimento do país. Não mais podemos conviver com aquela região degradada e desgastada, com a população vitimada por toda sorte de flagelos. Temos o Bolsa-Família, porém, como o pres. Lula e a min. Dilma têm enfatizado, ele é um estágio a ser ultrapassado. E hoje, quando esse degrau está quase consolidado, é hora do país iniciar uma subida mais ousada, criar patamares mais elevados, colocar o Nordeste no local em que merece figurar, dada a grandeza de seu povo e a riqueza natural da região.
    Mas, evidentemente, ele precisará contar com a colaboração da população nordestina mais esclarecida, aqueles jovens que precisam adquirir gosto pelas coisas de sua terra e observar que estão num dos pontos mais importantes e potencialmente mais ricos do país. Que precisam perder a mania das idéias adstritas ao subdesenvolvimento, a de achar que outras regiões têm aquilo de que precisam, quando, na verdade, as coisas que de fato necessitam estão ali, ao seu lado, na sua terra. Bastando, para tanto, desenvolverem as condições para adquiri-las, as quais não difíceis de serem criadas.
    Não se trata de questões de foro íntimo, de exortação à ação. Não. Nada disso. Trata-se de uma vontade política, de ações governamentais que descortine à população do Nordeste, compreendida em sua totalidade, o vislumbre de que, caso queira deitar raízes num dos lugares mais bonitos do planeta, e continuar vivendo na terra em que nasceu, o governo bradará em coro com ela, a frase hoje em moda:
    Sim. Nós podemos.
    Afinal, a solução para os problemas do Nordeste nunca esteve tão próxima.

  28. esta funcinonando
    Detectado
    esta funcinonando
    Detectado comentário repetido; parece que você já disse isso!

    EU não disse nada. Acabei de chegar.

  29. H de Carvalho
    Vocâ não
    H de Carvalho
    Vocâ não entendeu minha colocação. Quis dizer o seguinte: o povo nordestino, com um potencial criativo muito grande e muita garra, tem sido sufocado pelas condições adversas (naturais e humanas). A seleção natural a que me refiro, se dá na medida em que somente alguns nordestinos conseguem êxito, diferente do que ocorre em regiões mais desenvolvidas. Se aqui no sul, qualquer “meia boca” consegue prosperar, no nordeste o cara precisa ser 3 vezes meia boca (150%). E neste processo, tem muita gente na miséria. Quando você se depara com um miserável, não adianta chegar pra ele com projeto de desenvolvimetno. Antes precisa suprir-lhe o básico (comida, água, banho, roupas, um mínimo de conforto). E nisso o bolsa família cumpre o seu papel.

  30. reforço meu comentário no
    reforço meu comentário no post anterior onde havia um resumo das colocações do ministro mangabeira (como não estava presente opero a partir de um pressuposto de confiança na autenticidade e transparência do relato): não vejo consistência nos pressupostos propostos para superação da crise apresentados:
    democratização do poder aquisitivo (um deslocamento semântico para onde? interessante pensar nisso), democratização do parque industrial (idem), participação, descentralização, cultura de inovação. palavras de ordem que podem estruturar tanto discursos progressistas como conservadores .
    Indo direto ao que me parece inadiável é saber:
    qual o papel das pessoas, do povo e da política, e do povo na política? na construção dos valores, objetivos, táticas e estratégias que irão definir um novo projeto pós colapso neoliberal.
    será que dá pra deixar esse componente a reboque de um pósfordismo descentralizado num modelo de inovação tecnológica acelerada, centrado na democratização do poder aquisitivo onde estado e empresariado estão unidos de uma forma inovadora, pluralista e participativa diferente do resto do mundo (E ONDE OS ESPECIALISTAS ILUMINADOS DECIDEM O QUE É BOM PARA O COMUM DOS MORTAIS – FALTOU ACRESCENTAR).
    Concordo com uma coisa que não é dita mas me parece presente: só se aprende fazendo, e fazendo a gente vai aprendendo, o importante é não repetir o que a gente já aprendeu que não se faz

  31. Edmar,
    É o Centro de Gestão
    Edmar,
    É o Centro de Gestão de Estudos Estratégicos ligado ao MCT que tem feito estudos prospectivos para o governo federal. Este estudo do PPA, mesmo em um curto espaço de tempo, 1 ano, grupos pequenos, foi uma inciativa que espero dê frutos. Um proposta com novas metodologias para novas regionalizações. Campo para boas discussões. Contém contém 8 módulos de estudos o da Avaliação da Sustentabilidade é omódulo 7. De acordo com a chamada do estudo que está site (http://www.cgee.org.br/publicacoes/dim_territorial.php)

    Estudo da Dimensão Territorial do PPA 2008-2011 CGEE |

    O estudo servirá para subsidiar a abordagem da dimensão territorial no planejamento nacional, além de apresentar alternativas para se alcançar uma organização territorial do país que promova o desenvolvimento sustentável de suas diversas regiões e a redução das desigualdades sociais e regionais. Sete grandes diretrizes orientaram o desenvolvimento do projeto:

    1) superação das desigualdades sociais e regionais;

    2) fortalecimento da unidade (coesão) social e territorial;

    3) promoção do potencial de desenvolvimento das regiões;

    4) valorização da inovação e da diversidade cultural e étnica da população brasileira;

    5) promoção do uso sustentável dos recursos naturais encontrados no território brasileiro;

    6) apoio à integração sul-americana;

    7) apoio à inserção competitiva e autônoma do país no mundo globalizado.

  32. As políticas publicas no
    As políticas publicas no Nordeste não podem se limitar a atacar a miséria. Isso é o que Mangabeira chama de pobrismo. Deve haver políticas publicas TAMBÉM para promover o empreendedorismo, até como porta de saída das anteriores.

  33. José Arlindo,
    O Sr. leu com
    José Arlindo,
    O Sr. leu com atenção o que o Sr. Romanelli respondeu?
    Caso o Sr. tenha lido, permita-me perguntar: O Sr. Romanelli foi convincente?
    Caso não tenha sido, Sr. José Arlindo, sugiro que leia de novo de maneira pausada e tranquila.
    Estou certo de que se convencerá: FAVELA BOA É FAVELA NO CHÃO !!!
    Ainda está em dúvida? Mude pra uma…

  34. Nassif,

    Ainda nao tive o
    Nassif,

    Ainda nao tive o prazer de ler seu livro mas, o farei em breve.

    Duas observacoes:

    1- O modelo que vc citou ja existe. Esta sendo implantado em Sao Paulo via tecnopolis. Ha algumas empresas no centro. E varios atores; pequenas empresas, fundos de investimento, universidades em volta.
    Claro que a sua ideia e um pouco mais abrangente. Algo como a terceirizacao da confeccao na China ou a formacao de “clusters”. Particularmente, acho que o pais daria um salto enorme se o Ministerio da Saude formasse uma rede com os hospitais conveniados do SUS pra aquisicao e desenvolvimento de equipamentos.

    2- O Mangabeira esta equivocado ao dizer que o Nordeste nao precisa passar pelo que Sao Paulo passou. Porque a diferenca entre Sao Paulo e o Nordeste, ou o resto do pais se quiserem, sao apenas 3: boas estradas, um conjunto de boas universidades estaduais e a industrializacao do interior. E e claro que se vc nao tem nenhum dos tres itens vc tem que construi-los. Nao tem jeito.

    No caso especifico do Nordeste, eu fico PASMO que o Senhor Mangabeira nao veja que o principal atrativo da regiao e a proximidade com os principais mercados consumidores: Europa e Estados Unidos.
    Pra industria automobilistica seria uma “mao na roda”. E por que ela nao vai pra la entao? Porque faltam engenheiros, tecnicos, etc, etc e etc.
    Construir escolas e universidades ninguem quer.

  35. È Nassif, estou na contra mão
    È Nassif, estou na contra mão do entendimento de muito de seus leitores e, concordo em muito com o professor Mangabeira, ainda que, acreditar fortemente que o fordismo jamais foi abalado e está mais forte e vibrante de quando foi instituído. Foi sim, remodelado, adaptado aos meios de produção atual, mais jamais superado. Então, não há de se falar em pós fordismo. Até no meio jornalístico seu, da noticia a produção do conteúdo jornalístico, obviamente tirando a Internet, é puro fordismo, ou não é?

    Quanto ao desenvolvimento do nordeste, não resta nenhuma duvida que a primeira grande medida seria dar estrutura mínima de fixação e atração de homens para aquela região, ou seja, colocar a primeira grande idéia de mangabeira no papel. Buscar água do amazonas e distribuir para aquela vasta região. Esse é o grande desafio.. Se para desviar um copo de água do Rio são Francisco quase matou um bispo, imagina buscar água do amazonas para o nordeste !!!!!. contudo…se buscam gás na Bolívia e levam-o no rio grande do sul, porque não água do amazonas para o nordeste… Padim Padre Cicero que se cuide, senão vai perder a batina… Pena que no Brasil, grandes projetos assim devam ser pensados como forma de ultratividade desenvolvimentista, sem estar explicito os fins. Imagina se os bancos e a classe política tivessem previstos os resultados alem do sucesso econômico, aceitariam informatizar todo sistema bancario dando oportunidade de nivelar todos os eleitores e todos o políticos…. Leia se ultratividade não esperada, mas de grande beneficio para todos os brasileiros… loucura não… mas verdade.. Assim deve ser pensado o nordeste, a grande fronteira agrícola (como não quero ser modesto) do mundo. ” imagina Nassif, se em vez de copo, metade do rio sao francisco fosse para o infinito do nordeste…. imagina quanto gwats seria convertidos da produção de de alimentos em $….. maravilhoso não?

  36. Almir Wagner. Parabéns. Os
    Almir Wagner. Parabéns. Os blogueiros de plantão costumam ser exímios teóricos. Nunca descem ao “chão de fábrica”, ao “sertão”. Falam do Nordeste mas conhecem apenas os resorts do belíssimo litoral nordestino.
    Precisamos, sim, antes de mais nada, melhorar o que já está sendo feito através do Bolsa Família, que muitos neo-lib chamam de bolsa esmola. Eles nem imaginam a diferença que 100 reais fazem naquele mundo. Para muitos é a diferença entre a vida (comer) e a morte.

    Quem seria o blogueiro de plantão? Se for eu, se enganou. O Projeto Brasil tem um conjunto de eventos sobre o nordeste, com a participação das melhores cabeças da região. E há muitos anos venho divulgando as políticas sociais para a região e defendendo com unhas e dentes o papel da Bolsa Família e da Previdência para a revitalização do nordeste. E conheço também os melhores resorts do nordeste.

  37. Uma coisa que eu não consigo
    Uma coisa que eu não consigo compreender direito é o porque de não haver uma atividade industrial pujante baseada em matérias-primas minerais no Nordeste brasileiro, especialmente no semi-arido. O potencial mineral é riquíssimo, os problemas ambientais serão minimos em virtude da propria tipologia florestal, de relevo e de ausência de agua em superfície. Soma-se a isso uma população desejosa de emprego. Acho que todos os governos, até agora, não viram o óbvio. Arranjo produtivo no semi-árido deve ser baseado em mineração, livre de amarras tributárias e principalmente com licenciamento ambiental facilitado.

  38. A causa da crise e o remédio
    A causa da crise e o remédio errado

    Muito interessante o artigo de Fevereiro de 2009 do Prof. Iorio (http://www.ubirataniorio.org/) sobre a causa da crise e os remédios (venenos) que estão sendo aplicados pelos governos mundo afora.
    No artigo, ele cita um paper (http://www.nber.org/papers/w14631) de John B. Taylor (Stanford), um renomado economista americano que se diz keynesiano, no qual se afirma que o intervencionismo governamental do Fed não apenas foi a principal causa da crise financeira que se abateu sobre o mundo em 2007-2008, mas também que é o responsável por seu prolongamento e por sua gravidade.
    Ou seja, um adepto de Keynes dizendo que o diagnóstico errado (pra variar um pouco!) e o excesso de intervenção (errônea) do governo na economia é que provocou a atual crise.
    Se a economia vai mal, os políticos vão bem e vice-versa, isto é, nestas épocas de crise, eles aparecem como salvadores da pátria, estão direto na mídia e podem gastar o dinheiro do contribuinte (ou imprimir moeda – hiperinflação) sem nenhuma cerimônia. O pior é que nunca serão responsabilizados por isso. A verdadeira política do pão e circo.
    E tem gente que ainda acredita em planos do governo pra salvar a economia !

  39. Almir Wagner,

    Eu entendi o
    Almir Wagner,

    Eu entendi o que você quis dizer, mas seus argumentos não me convencem. Essa idéia de “seleção natural” muito me incomoda, pois vivemos em sociedade e não em uma selva.

    Tanto no Nordeste quanto no Sul há pessoas brilhantes e medíocres. O fato é que o sistema mais justo é aquele que recompensa os mais preparados e esforçados, mas que não precisa castigar os mais medíocres. Na verdade, a recompensa deve ser proporcional ao esforço de cada um e, nesse sentido, não faz sentido julgar fracos ou fortes naturalmente (isso é um pensamento fascista). Isso é o que justiça social!
    Para tal, é necessário estabelecer as condições materiais mínimas para que a maioria (quiçá, todos) possa se desenvolver multifacetariamente e de maneira consciente; cada qual atualizando suas capacidades, buscando uma realização ontológica cada vez mais rica e tendendo à plenitude de ser humano.

    O fato é que, em função da estrutura social arcaica, mas ainda viva, no Nordeste (recorrente também em praticamente todas as outras regiões brasileiras; talvez um pouco menos evidente no Sul em função de outras causas históricas), somente um punhado de pessoas, com as melhores condições financeiras, consegue ascender socialmente.

    Assim, no Nordeste, não são os “melhores”, os mais “empreendedores” que se destacam, pois eu conheço vários de lá que são medíocres, ainda com as melhores condições, (eu mesmo nasci e morei por mais de 20 anos no Nordeste), mas somente aqueles que, diante de uma concentração de renda abissal – poucos riquíssimos e uma imensa massa paupérrima – se mantém por parentesco e por heranças no poder.

    Esse paradigma social deve ser quebrado de alguma maneira. A questão é que se estabeleceu um enraizamento simbiótico entre política e assistencialismo, de tal maneira que parece que o povo está tão conformado com a inércia vigente que as famílias que controlam os municípios nordestinos perpetuam-se cretinamente no poder. Eu acho que as mudanças, nesse caso, devem ser feitas de cima para baixo, fomentando o desenvolvimento industrial e logístico nas várias camadas da economia, visando a conformação de classes médias mais consistentes e com alto nível de escolaridade e sendo crítico.

  40. Nassif,
    Se tudo ou se todo
    Nassif,
    Se tudo ou se todo esse planejamento, pesquisas, análises, palestras, conversas, que são e já foram realizadas ao longo desses anos, em cada governo que já habitou o planalto central, começassem agora nesse exato momento a serem aplicadas em nossa modesta sociedade, qual seria o tempo estimado para que tudo pudesse dar resultados? Talvez uns 100 ou 200 anos?
    Sabe por que? Desde que sou pequenininho, e isso já faz um certo tempo, escuto que vamos ser o país do futuro e que aqui vamos ter uma nação próspera e de igualdade para todos!
    Puts! Caramba! Como podemos ser tão tolos não eh mesmo! Tenho certeza que seus filhos e netos vão continuar aqui no Blog, e nada vai mudar!
    Triste! Não é mesmo!

  41. Gostaria que o senhor H. de
    Gostaria que o senhor H. de Carvalho explicasse um pouco mais as idéias de toyotismo, toyotismo como desdobramento do modelo taylorista e como ele concebe esta superação no Brasil do modelo fordista.

    Obrigado

  42. Maurício Sérgio Dias,

    Talvez
    Maurício Sérgio Dias,

    Talvez fosse melhor que você tomasse contato com as seguintes referências que tecem sobre o tema referido:

    1 – Ricardo Antunes. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. Editoria: Boitempo Editorial, 1999.
    2 – Eurenice de Oliveira. Toyotismo no Brasil: desencantamento da fábrica, envolvimento e resistência. Editoria: Expressão Popular, 2004.
    3 – Gilberto Cunha França. O trabalho no espaço da fábrica: um estudo da general motors em São José dos Campos. Editora: Expressão popular, 2007.
    4 – Benedito de Moraes Neto.Século XX e trabalho industrial: taylorismo/fordismo, ohnoísmo e automação em debate. Editora: Xamã, 2003.
    5 – Geraldo Augusto Pinto. A organização do trabalho: taylorismo, fordismo e toyotismo. Editora: Expressão popular, 2007.
    6 – Daniel Romero. Marx e a Técnica: um estudo dos manuscritos de 1861-1863. Editora: Expressão Popular, 2005.

    Essa tese do “toyotismo como desdobramento do modelo taylorista” não é minha, mas de Moraes Neto (2003), o número 4 da lista acima. Para o mesmo, o fordismo, focado na produção em massa, com a invenção da linha de montagem, levou rigidez ao taylorismo, enquanto o toyotismo, pautado na variedade de mercadorias, aprimorou e flexibilizou as técnicas de análise do trabalho, do estudo de tempos e movimentos, inciadas por Taylor e aperfeiçoada pelos seus seguidores. A obra de Taylor estabeleceu as bases do pensamento da administração moderna (no âmbito operacional), no livro intitulado “Princípios da Administração Científica”, e da engenharia de produção ou industrial.

    Na verdade, o próprio Ohno, em seu livro intitulado “Toyota production system: beyond large-scale produtcion”, desenvolve, ainda que implicitamente, principalmente quando critica o modo de produção fordista, uma retomada dos preceitos tayloristas mais fundamentais, quais sejam: redução de desperdícios, utilização eficiente e cada vez mais reduzida da mão-de-obra, hierarquia do planejamento e do controle da produção.

    A superação do fordismo se deu mais efetivamente a partir da década de 90, mas já vinha se desenhando a partir do choque do petróleo da década de 70. É evidente que, como o Brasil é um país periférico, há sempre um descompasso técnico-histórico, mas a própria presença de empresas multinacionais trouxe formas gerenciais mais avançadas, tal como o é o toyotismo ou acumulação flexível, em um sentido mais amplo.

    Mas se você discorda de mim, exponha a sua tese. Vamos discutir.

  43. Não sei de qual nordeste
    Não sei de qual nordeste estão falando. Referem-se à região como um lugar de gente miserável e ignorante, onde se concentram os problemas do país, e ao sul e sudeste como ilhas de prosperidade. Alguem até citou a falta de educação de nível no nordeste e eu me pergunto se a referência é ao nordeste brasileiro. Sou nordestino e fui muito bem educado lá mesmo. Moro em Curitiba e vejo problemas semelhantes aos encontrados lá; tempos atras, uma pesquisa do IBGE apontava que a porcentagem da população de Curitiba que morava em favelas era maior que no Rio e Belo Horizonte.
    Tambem é notório que uma das regiões de menor desenvolvimento humano do Brasil é o Vale do Jequitinhonha, em Minas (o 3º Estado mais rico do Brasil). O sudeste e o sul tem economias mais punjantes? claro; mais o nordeste não é nenhum Haití. Nenhuma ideia ou proposta baseada em estereótipos pode ser levada a sério. Todos os problemas do país ocorrem em todo território nacional e são concernentes a todos os brasileiros.

  44. Quem conhece o interior do
    Quem conhece o interior do Brasil, só pode fazer uma coisa ao ler os textos acima: Dar risadas…. é realmente cômico!

    Gustavo, seja mais específico, até para entendermos os furos no raciocínio do Mangabeira.

  45. Os engenheiros da economia
    Os engenheiros da economia mundial e principalmente do Brasil, sempre seguiram os conceitos biblicos dos economistas norte-americanos. Mas, se olharmos algumas excessões como a Coréia do Sul, que até os anos 60 estava em guerra …. hoje é uma economia puljante. O que falar então dos economistas alemães de 1933, 1934 …. ! Em pouco mais de uma década colocou a Alemanha na maior potencia economica do mundo ! Então, vamos estudar um pouco os economistas alemães que mudaram a Alemanha falida em uma Alemanha próspera e forte . Guerras à parte, pois é um fato isolado, pois a guerra levou a Alemanha à bancarrota , vejamos os pontos positivos da superação dos alemães, assim como também dos coreanos da Coréia do Sul. No mais , se não libertarmos dos fundamentos economicos americanos, vamos ficar sempre subservientes e colonizados. A China adotou um postura de um governo duas filosofias e está funcionando muito bem . Então o que quer o Brasil ??????

  46. Os donos do capital vão
    Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar
    bens
    caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever
    cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago
    levará
    os bancos à falência, que terão que ser
    nacionalizados pelo Estado” (Karl Marx, in Das Kapital, 1867)

    Alguém confirma isso?

    Parece tão visionário e atual!

  47. Exmo. Sr. Augusto Conde
    Exmo. Sr. Augusto Conde (bloguista)! Há muito , mas muito tempo os políticos mineiros estão sujando suas mãos com roubos, faucatruas, e ou pensando …. atuando em benefício próprio. Vejamos. José Dirceu, agora o deputado do Castelo ( mineiro do DEM), Eduardo Azeredo (mensalão, desvio de verbas da Copasa, Cemig, do leite das crianças mineiras) , e assim vamos enterrando o bom esteriótico do mineiro, terra onde o fio de barba era dado como honestidade ! Um doido está fazendo uma Brasília próxima a Belo Horizonte e outros estão sujando o bom nome dos mineiros.
    Minas era celeiro de bancos e hoje só se encontram “tamburetes”. Minas era celeiro de cabeças e hoje só vemos por aqui cabeças de bagre !
    As empresas estão saindo de Minas Gerais e indo para Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro . E assim o Estado de Minas não tem tido mais credibilidade nacional.

  48. Caro Nassif,

    De onde vem
    Caro Nassif,

    De onde vem esse Mangabeira, que nem manga dá ? Pano pra manga menos ainda.
    Acho que como estrategista a longo prazo teríamos de ressucitar o Eliezer Batista. Planejava, pensava, executava e, ainda por cima ensinou o filho a ficar muito rico. Espero que não seja por influencias condenáveis. Mas isso é um detalhe apenas.
    O Estado tem de regular o mercado. Não há outra razão para existir o estado se ele não age em todos os sentidos da vida do cidadão, visando o equilíbrio entre partes, protegendo os menores, já que o maiores por si só avançam, inclusive sobre os menores. Não tivesse havido a desregulamentação iniciado por Clinton, acelarada por Busch e atacada de forma envergonhada por Paulson, o clima já seria outro. Não a crise em si, mas o clima. Tenho de concordar com Lula, embora nele não tenha votado em nenhuma ocasião, que o ingrediente fatal para uma crise é o convencimento dela que acaba por paralisar todo o tipo de boa iniciativa. Obama, está aprendendo com Lula. Promete o que não tem, e, muito provalvelmente não poderá prover, mas se não manter a platéia animada, não haverá mais jogo, pois ele estará perdido para a crise.
    O que o Sr.Mangabeira deveria fazer é escrever e, esperar 200 anos para alguém o reconheça. Pois depois de afirmar que o governo Lula é o mais corrupto da história passar a trabalhar para o governo que acusou, sem que nenhuma grande polemica de corrupção tenha sido levado a efeito, acho que não merece ser lido ou ouvido. Muito menos em um enxame de opiniões desconexas entre si, quando a questão essencial é tratar de manter reservas, empregos, fábricas funcionando e, o governo agindo a Roosevelt: Um torrão de açúcar e um porrete, até que as coisas se normalizem mais o porrete. Vai ver que se agirem assim, todas as demais teorias sucumbem ao óbvio. A coisa toda começa a funcionar, e, quando nos dermos conta, já passou. Pois passará com certeza a um preço muito alto para os pequenos e a algibeira do Mangabeira cheia com o pecúlio que recebe e as bobagens que prega, pois sempre tem alguém que ve algo de bom no inútil – Jair

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