Na UTI, mas com saúde

Conclusões dos economistas Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti em artigo no “Valor” de hoje (clique aqui), no qual comparam a Turquia – que está passando por crise avassaladora — com o Brasil.

Nos últimos meses, em função da crise internacional:

· A lira turca depreciou-se em 30%, a taxa básica de juros foi elevada em 400 pontos base. No Brasil as taxas estão caindo, o Banco Central está comprando dólares para evitar apreciação maior do Real e o risco Brasil refluiu.

· Na Turquia a inflação continua se acelerando, passando dos 10% nos últimos 12 meses. No Brasil está em queda.

· Na Turquia, o déficit nas contas correntes chegou a inacreditáveis 7% do PIB. O Brasil é superavitário, ainda que à custa do aumento nos preços das commodities. Mas o ajuste externo brasileiro foi feito com desdolarização da dívida pública, aumento das reservas internacionais.

· As dívidas líquidas do setor público são semelhantes nos dois países, em torno de 50% do PIB

· Mesmo assim, segundo os autores a Turquia está mais preparada que o Brasil para enfrentar crises futuras, embora esteja se desminlingüindo-se na crise presente. A razão? A Turquia vem fazendo superávits primários da ordem de até 7% do PIB, enquanto o Brasil parece ter arrefecido, com as queixas em relação às altas taxas reais de juros, “quando as condições para reduzi-las estão na conquista da austeridade fiscal”.

Mas se a Turquia já faz 7% de superávit primário, porque as taxas básicas de juros foram elevadas em 400 pontos-base e ela está passando por toda essa tempestade? E e ainda ostentando um déficit de contas correntes da ordem de 7% do PIB, quando, pela chamada “teoria dos déficits gêmeos” (utilizada por vários economistas de mercado para justificar as taxa de juros escandalosas praticadas nos últimos doze anos no país) bastaria o ajuste fiscal para equilibrar o quadro externo. Faltam elementos adicionais na análise.

Luis Nassif

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