Presidente da Abimaq critica incentivos a montadoras

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Sugerido por Henrique Torres

Para dirigente da Abimaq, incentivo a montadoras é ‘pornográfico

Do Globo

Recém-eleito presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o espanhol naturalizado brasileiro Carlos Pastoriza assumiu a direção da principal entidade do setor de bens de capital do país atirando. Dono de uma fábrica de equipamentos de mineração, o empresário contesta as medidas de incentivo promovidas pelo governo Dilma Rousseff, que beneficia setores específicos, como o automobilístico. Pastoriza disse que as montadoras vêm recebendo “favores pornográficos”. Ele cita o InovarAuto, novo regime criado para promover a competitividade do setor, mas que, na prática, adiciona mais 30% à barreira do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) para carros feitos fora do país.

— A indústria automobilística, assim como outros setores industriais, só não desapareceu porque tem um lobby gigantesco em Brasília e conseguiu favores pornográficos — dispara Pastoriza, acrescentando que, apesar disso, o país é motivo de “chacota” no exterior porque o brasileiro paga o dobro pelos carros feitos aqui.

SETOR ESTÁ MINGUANDO

Para ele, quem está fora desse “ecossistema” protegido está morrendo. Ele cita o exemplo do seu setor, que está “desidratando” — as filiadas à Abimaq devem ter neste ano o terceiro recuo seguido em vendas e faturamento. Em 2013, a queda real nas vendas foi de 5,8%. Este ano, até setembro, a retração na carteira de pedidos chega a 30%. No faturamento, a estimativa é de queda de 15% em relação a 2013: as vendas do setor devem render menos de R$ 70 bilhões, contra os R$ 85 bilhões de 2013.

O executivo também é implacável em relação à poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que, na sua opinião, “perdeu o protagonismo” desde que Paulo Skaf assumiu a presidência da entidade. O fato de Skaf ter usado a Fiesp para se lançar candidato ao governo paulista nas últimas eleições causou “desconforto entre os industriais”.

— Hoje, o problema da indústria paulista se chama Fiesp. Ela está sendo usada para fins particulares e seu dirigente é eleito pelos votos de cabresto de pequenos sindicatos de gaveta, que estão fisicamente instalados na sede da Fiesp e dependem financeiramente dela — diz.

FIESP NÃO COMENTA

Procurado, o presidente da Fiesp disse que não iria se pronunciar, e Luiz Moan, presidente da Anfavea, que reúne as montadoras, afirmou ser amigo de Pastoriza e que o seu setor gera empregos e impostos ao país há quase 110 anos.

Sobre o escândalo que atinge a Petrobras e o eventual envolvimento de empresas filiadas à Abimaq, Pastoriza diz não acreditar nessa possibilidade, uma vez que, geralmente, elas são fornecedoras contratadas pelas grandes construtoras.

— São esses caras (as empreiteiras) que compram de nossas empresas. Pelo que sei, não tem empresa do nosso setor envolvida no escândalo.

Para maximizar seus lucros, acrescenta ele, as grandes construtoras ainda costumam comprar a maior parte dos equipamentos da China, por um terço do preço, burlando as regras de conteúdo local dos editais de licitação.

— E nós ficamos todo esse tempo chupando os dedos. Tanto que a área de óleo e gás é a que está em maior crise no nosso setor. Essa história de conteúdo local é a maior mentira que este país já viu — diz

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Descentralização de protagonismos

    Este é um dos efeitos acentuados com a mudança de capital para Brasília em 1960, bem aproveitada por SP.

    Outros protagonismos como o financeiro (bancos, Bolsa de Valores) também foram … mas não pra Brasilia.

    Há muito que a FIESP ou qualquer ESP deveriam estar sob o protagonismo de uma “FIBras”.

    Descentralizando o Brasil.

    Ou continuaremos num eterno ciclo “Tostiness”?

     

    PS: lógico que a culpa não é de quem faz, mas de quem deixa.

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